Last Time... escrita por valentinavale


Capítulo 1
...


Notas iniciais do capítulo

Desculpe os erros, fizeram correndo, espero que gostem!Xo.
Outro aviso, não fui eu quem escrevi, foi o P.S.B., se quiserem sigam @teampedrosbing .



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/216473/chapter/1

E pela primeira vez, e última, em três meses eu voltei aqui, nesse apartamento onde não há mais móveis, antigos Lp’s e muito menos o seu cheiro de canela da Índia, o qual ficava dias impregnado na roupa de quem quer que a abraça-se.

Vida, nossa vida juntos, já não habitava esse lugar faz tempo, era uma falsa alegria tendo como trilha sonora algum Jazz totalmente barato e, para brindá-la, um vinho de tão boa qualidade quanto o Jazz. Seria assim, definida por mim, nossa ultima semana juntos como um casal, aos lhos dos outros, é claro.

Julgar culpada você pelo nosso fracasso seria totalmente errôneo, visto que você era perfeita, como uma boneca de porcelana, só que mais corada. Olhos claros, pele bronzeada, tipicamente latina eu diria, cabelos longos da cor de trigo e o cheiro de canela tal qual ao de Gabriela de Jorge Amado! Desenhada e idealizada por mim, para ser somente minha.

Mas, como em um jogo de cartas que tudo muda em apenas uma rodada, sua perfeição virou minha maldição. Não era eu o único a desejá-la, tinha um milhão atrás de si, mas eu tinha a plena confiança de que era somente minha, e, apesar de que eu não possua beleza alguma para você ficar encantada por mim sei que minhas palavras e gestos substituíam essa falta.

Mas naquela noite tudo mudou, nossos sentimentos e conforto sumirão! Tarde da noite eu cheguei, como várias vezes antes, cheirando a bebida, cigarro e perfumes femininos baratos. Você se dera conta de onde eu estava, não disse nada, apenas deixou que uma lágrima, a última, escorresse pelo seu rosto e trancou-se no quarto.

Na manhã seguinte, como uma tentativa de desculpas pelo meu erro, eu preparei o café de forma alemã, como sabia que gostava. Ajeitei os cabelos, ainda que estivessem sujos, vesti uma roupa limpa e coloquei o LP dos Beatles que você tanto gostava, algo simples e romântico a meu ver, mas você estava demorando para levantar-se aquela manhã.

Fui até o quarto, nosso quarto, e já tinha na mente que não me atenderias, errei novamente! A porta estava aberta, a cama arrumada e o guarda roupa meio vazio, somente a minha parte estava cheia.

Não queria acreditar naquela visão que parecia-me mais com o fim de uma guerra. Deixei-me cair na cama e encontrei um pequeno bilhete com poucas palavras que diziam apenas que voltaria para terminar de buscar suas coisas. As coisas escureceram, ficaram pretas, até não lembrar-me mais de nada.

Era tarde quando você, bem vestida e silenciosamente, entrou em “nosso” lar, assustando-se ao encontrar com meus castanhos olhos.

– Achei que não estaria aqui!

– É assim que você espera terminar as coisas?!

– Shannon, por favor!

– Você acha que isso é o que, algum casinho?! O qual você entra e sai quando quiser?! O qual você pode dominar a pessoa ao seu lado?! É isso?! – te agarrei pelos braços, a assustando.

– Me solta, ou eu vou gritar!

– Não! – conseguia ver o medo em seus olhos, mas não lágrimas ou arrependimento, a soltei.

– Acabou! Eu não aguento mais todo dia a mesma história, chega! – falou entre os dentes.

– Mais uma chance, por favor?!

– Já teve todas que pude dar, agora acabou! – fiz menção de ajoelhar mas me segurou, fria – Tenha um pouco de dignidade sim? Agora dá licença!

Não trocamos mais nenhuma palavra, você pegou suas coisas rapidamente e, com a mesma rapidez, fora embora. Eu a tinha matado, aos poucos, mas tinha, e não ver o quão mal eu fazia a você. Sufocava-a com meu amor e ciúme, e traia seus sentimentos e confiança todas as noites.

E aqui estou eu, pela última vez, arrependido do que fiz e do que deixei de fazer, e para velar por essa nossa morte eu ascendo esse último cigarro, dou a última tragado, e ainda aceso, derrubo o cigarro ao chão, vendo as suas cinzas queimar, pouco a pouco o assoalho. E não corro dali, nem da vida e nem para a vida, apenas deixo com que tudo siga o fluxo normal do existir até chegar ao seu fim.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!