As crônicas do Lobo - A torre do silêncio escrita por Dimitri Gerevine


Capítulo 2
Morcegos


Notas iniciais do capítulo

O enredo deste de capítulo acontece uma semana antes de Ariel chegar no Rio de Janeiro.



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Baldomero já estava na quinta xícara de café, em uma tentativa frustrada de vencer o sono. Enquanto seu companheiro de turno fazia a ronda pelo setor 2, não podia dar um cochilo pois tinha uma grande responsabilidade nas mãos.
Era o seu terceiro dia de trabalho no Museu Nacional de Antropologia do México. Pai de 2 filhos, ele havia conseguido o emprego através de um amigo que tinha forte influência política no estado, e como sua esposa margarida estava desempregada ele ficou com a carga de sustentar toda a família. Aqueles dias eram difíceis, a inflação o aumento de preços obrigaram Baldomero a fazer hora extra para poder sustentar a família.

O museu tinha um ar fantasmagórico pois abrigava itens de diversas épocas e culturas. Dentre os que se destacavam estava a estátua Xochipilli do século XVI, que era venerada em cultos pagãos dos povos nativos do México, além deste havia um em especial, a estátua do deus morcego, era um dos itens mais preciosos e tenebrosos do museu, os povos nativos acreditavam que o deus era responsável pela abundancia da colheita e fertilidade, devido a isso eram feitos rituais de sacrifícios ao deus como agradecimento, alguns historiadores encontraram vestígios de que havia a prática de hematofogia entre os nativos, na qual eles bebiam o sangue de pessoas sacrificadas.

Haviam outros e tantos, mas Baldomero detestava aquilo, para ele tudo não passava de velharia que só trás má sorte. Um dos locais que ele mais odiava era o corredor 15, onde se encontravam jóias da época colonial, pois no seu primeiro dia de trabalho ao fazer a ronda por aquele local teve a impressão de que um dos quadros o observara e de um leve sussurro no ouvido, outros seguranças chegaram a pedir demissão devido as “assombrações” do Museu Nacional.

_É, pelo visto a dieta do café não vai me servir de nada. Uma cerveja até que cairia bem em numa hora dessas - Disse Baldomero, esfregando as mãos nos olhos, mexendo dentro dos bolsos e tirando de lá uma caixa de cigarros Strike, um dos mais vagabundos da atualidade, porém com a pouca grana servia para relaxar.

_Droga, onde foi que eu deixei a porra do esqueiro, vamos lá, cadê você – Baldomero procurava em seus bolsos em vão, até que uma voz fina e fanha lhe respondeu:

_ Está procurando isso Sr. Giácomo? – disse o homem com um pouco mais que 1.68 de altura, magro e cabelos loiros. – O senhor deixou o isqueiro na mesa da recepção, eu vi seu nome escrito nele e achei que estivesse procurando.

– Me dê isso aqui! – Resmungou Baldomero, fitando o jovem nos olhos - Como é que está o nosso lado?.

– Está tranquilo senhor, nada de anormal até agora, nenhum fantasma – Disse o Jovem dando uma leve risada. – Se passarmos de hoje o emprego é nosso por um bom tempo.

_ hahahahaha tens razão Rafael, até porque segundo as más línguas outros seguranças não duraram nem dois dias. E eu estou indo para o terceiro – Baldomero, riu e pouco depois repousou sobre a cadeira e começou a cantarolar My Corazon Partido.

Rafael Gonzalez, assim como Baldomero estava no emprego recentemente, porém este entrou através de um processo seletivo da prefeitura local. Fora um castigo imposto pela mãe por não ter passado para a faculdade de medicina. Ele pouco se importava com isso, pois seu sonho era ter um grande restaurante, porém devido a condição financeira, não tinha condições sequer de alugar um lugar pra montar o negócio, então não teve alternativa a não ser trabalhar como segurança do museu nacional.

Na rua, havia um casal de namorados que se pegavam em cima do banco da praça como animais em época fértil, não havia policiamento na área naquele dia, e a praça estava quase deserta, um bêbado que falava sozinho dizendo que era parente do Senador José Salazar e que o mesmo menospreza o resto da família, cantava sobre a mulher que lhe traíra e lançava maldições ao vento.

A noite estava fechada, com muitas nuvens, princípio de chuva como havia previsto o instituto de meteorologia. Enquanto isso Baldomero estava imaginando como seria bons estar com a sua esposa, a bela Juliana Sodré, o amor da sua vida como ele mesmo dizia, fazia quase uma semana que não se falavam direito, a saudade do seu belo corpo moreno ecoava em seus pensamentos.

Já eram 3 da manhã quando o rádio de Rafael ligou, a voz rouca e grossa de Juan Carlos assustou o pobre segurança que tentava tirar um cochilo.
_ Rafael! Preciso de você e do Baldomero no setor B, há algo de estranho por lá, Roberto diz ter visto algo nas câmeras. Rápido!
_ Ok Senhor, estou a caminho – Respondeu Rafael.

Correram rapidamente ao setor B, não havia ninguém no corredor, as luzes estavam pagadas, a escuridão e o frio tomavam conta do lugar, Rafael e Baldomero ligaram as lanternas e empunharam as pistolas automáticas nas mãos.

_Só pode ser brincadeira - Disse Baldomero.

_Espera, olha só. Disse Rafael apontando para a parede a esquerda, onde se via uma grande mancha de sangue.

Baldomero tentou se comunicar através do rádio com a outra equipe, mas as tentativas foram em vão.

_Eu vou ao centro de vigilância, rafael, chame a polícia.

Rafael, parecia um tanto que assustado, sem responder saiu correndo pelo corredor central enquanto baldomero subiu as escadas para o segundo andar onde se situava a central de vigilância.

_Só pode ser brincadeira - Baldomero estava cada vez mais assustado, as mãos tremiam com a arma nas mãos - O alarme não disparou - Pensou ele...

Central de Vigilância, somente pessoas autorizadas

Baldomero pôs as mãos em cima da maçaneta, lentamente, como se a qualquer momento a maçaneta fosse reagir e atacá-lo.

_Guilhermo? Perguntou de vagar ao entrar na sala.

Na imensa sala havia diversos monitores com câmeras espalhadas por todo o museu, de frente para as câmeras havia uma cadeira imensa onde um homem estava sentado.

_Guilhermo? Perguntou Baldomero novamente, chegando mais perto.

Se tivesse algo errado ele já teria chamado a polícia - Pensou Baldomero.

_Guilhermo seu patife! Gritou baldomero impaciente e indo em direção a cadeira e virando-a para si.

_Meu deus! Gritou ele levando a mão a boca, enquanto olhava chocado para o corpo de guilhermo com os olhos negros e fundos, a pele pálida e um ferimento no pescoço, como se tivesse sido atacado por algum, monstro, demônio...

Baldomero imediatamente pegou o celular para ligar para a polícia.

_Droga! Mas que filha da puta! - O celular estava sem serviço, então resolveu sair o museu pra procurar ajuda, mas nisso, ouviu um berro vindo do corredor próximo a central de vigilância, uma voz pedindo socorro...A voz parecia ir desfalecendo.

Baldomero, resolveu ver nas câmeras pra ver quem era, e ficou em choque quando viu a criatura. Um ser magro, de pele branca e com asas de morcego, usando uma túnica negra, sugando a ultima centelha de vida do seu amigo Rafael.

O medo tomava conta do seu corpo, a imagem da criatura não saia de sua cabeça. Baldomero armou-se com sua pistola e ficou na sala esperando pelo pior, não tinha coragem de sair da sala. A criatura parecia ter terminado de se alimentar, em um de seus braços estava um objeto que parecia uma pequena estatueta de morcego. A criatura se virou e saiu caminhado pelo corredor até desaparecer.

Baldomero não conseguiu dormir até amanhã, às seis da manhã a polícia chegou no museu e encontraram o pobre vigia sentado no chão da sala da Central de Vigilância, com os olhos fundos, como se tivesse sido congelado ou tivesse visto algo fora do comum.

"Massacre no Museu Nacional do México - Ladrões invadem o museu nacional do México, matam seguranças de forma brutal e roubam artefatos valiosos; Diário Del México"

"Polícia não sabe explicar quem invadiu e matou seguranças do Museu do México, comissário diz que a única testemunha do caso está hospitalizada e não está em condições de falar; Clarim Mexicano"

"Criatura misteriosa invade museu do México, mata seguranças e rouba artefatos históricos;" (Fatos Sobrenaturales)

Havia passado dois dias após a ocorrência no museu do México, Baldomero ainda estava abalado quando eles entraram na sala onde ele estava internado. Um alto e forte trajava um terno preto, seus cabelos curtos bem penteados, usando um cavanhaque, porte físico de um lutador peso meio pesado de MMA, a cara carrancuda de um assassino; o outro um negro com porte de atleta vestia-se da mesma forma.

_Olá Sr. Baldomero, eu sou o Sr. Kevin Riddle e este é meu amigo Scott Jhonson, o Sr. poderia nos contar o que aconteceu no museu do México? Disse o negro e o mais simpático.

_Nada, não aconteceu nada, nem sei o que vi - Disse Baldomero com a expressão assustada e tentando procurar o botão que é serve pra chamar as enfermeiras.

_Você vai contar Baldomero, diga-nos se quiser sair vivo daqui hoje! - Scott colocou as mãos sobre o ombro de Baldomero empurrando-o contra a cama.

_Enfermeira!!

_Você viu isso? - Kevin, mostrou uma foto a Baldomero, onde se via a criatura que invadiu o museu do México. Baldomero ficou em silêncio por um tempo, pareceu ter ficado em transe por um tempo.

_Diabo, o diabo esteve lá, eu o vi, vi...

_Sr. Baldomero, o sr. precisa de alguma coisa? - A enfermeira entrou rapidamente no quarto, onde Baldomero se encontrava sozinho com os olhos fixos em direção a janela.

_Não, não preciso mais...


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Notas finais do capítulo

Estou corrigindo o restante do capítulo para postar outra hora ;)



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