Laços Fraternos: Megera escrita por MyKanon


Capítulo 33
XXXIII - Visita tão esperada




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Lorrayne também não pôde ir à escola na sexta-feira. E nem ao curso de espanhol. No fim de semana percebeu que Layane e Martha atenderam alguns telefonemas de seus amigos.

No jantar de domingo, Martha quebrou o silêncio:

_ Lorrayne, amanhã você volta pra escola. Mas se você sair da linha, já sabe.

A garota sentiu vontade de pular e gritar, mas contentou-se em sorrir para si mesma.

Voltou para seu quarto com muitas idéias fervilhando em sua cabeça. Não dormiu durante a noite pensando na melhor forma de aproveitar aquela chance.

Ainda estava sentada em sua escrivaninha quando Martha bateu na porta:

_ Está na hora.

Mais que depressa se trocou e desceu com seu material. Na mesa, somente Martha tomava o café. A mulher disse:

_ Você está com uma cara horrível.

_ Tive uma noite difícil.

_ Mas acordou bem cedo.

_ Eu já estava acordada, perdi o sono.

_ Você está realmente ansiosa pra voltar pra escola?

_ Estou. Preciso conversar com pessoas que me compreendam.

_ Não seja ingrata, Lorrayne.

_ Só falo o que penso.

Layane adentrou a cozinha, e enquanto se sentava, perguntou:

_ O que foi Lorrayne? Você está bem?

_ Ótima. Só tive uma noite de insônia.

_ Que coisa. E por que você não fica em casa pra descasar?

_ Porque esse é o último lugar que eu viria pra descansar...

_ Lorrayne! – exclamou Martha repreendendo a garota.

Cansada da noite em claro e da discussão em pleno café da manhã, Lorrayne saiu da cozinha e esbarrou em Renan que se dirigia para a cozinha. Ignorou o garoto e esperou na sala.

Ao chegar à escola, entrou com Layane e Renan, mas assim que cada um seguiu seu caminho, voltou para a escadaria do colégio, esperando por Marco e Yshara.

Correu a abraçar Yshara assim que avistou a colega:

_ Yshara! Não agüentava mais aquela casa!

_ Você nos deixou muito preocupados! O que aconteceu? Marco me ligou, e disse que deu tudo errado, o que ela fez?

Lorrayne puxou Yshara para longe da multidão que subia e descia as escadas. Disse:

_ Ela me bateu, brigou comigo, me colocou de castigo, por isso não pude vir pra escola na quinta e na sexta.

_ E o que você pretende fazer agora? Tentar mais uma vez?

_ Vou tentar. Hoje. Agora. Não vou entrar na aula. Vou até a casa da Catharina. E queria saber se você vem comigo.

_ Mas agora?

_ É. Assim estaremos de volta antes da aula terminar.

_ Mas sua irmã não vai te encontrar no intervalo...

_ Não faz mal, arrumo uma desculpa qualquer!

_ É que... – Yshara suspirou -...Tá certo. Vamos pelo menos esperar o Marco?

_ Vamos. Se ele não quiser ir, tudo bem, ele já fez muito por mim.

_ É. Ele fez. Eu fiquei sabendo o que aconteceu... Que vocês... Vocês estão ficando?

_ Ele contou, é? Mas não estamos ficando. Foi... Coisa de momento. Já passou.

_ Como já passou? Você beija o garoto só por beijar? Justo ele que é uma pessoa tão boa pra você?

_ Não Yshara, eu não queria, mas aconteceu. Ele sabe que não fiz de propósito...

_ Mas você sabe se ele está mal? Sabe se ele está de fossa? E se ele gosta de você?

_ Yshara, ele não gosta de mim, ele estava quase ficando com a Caroline, lembra?

Antes que Yshara pudesse argumentar, o assunto juntou-se às duas e perguntou:

_ Mas o que está acontecendo aqui?

Lorrayne hesitou.

_ Nada. Só tivemos uma divergência de opiniões, mas, Lorrayne, você deve ter sacado qual é a minha, né? – respondeu Yshara baixando o olhar.

Lorrayne entendendo a mensagem, abraçou a amiga e disse:

_ Me desculpa, Yshara. Eu não sabia. Se eu soubesse, jamais teria feito isso. Me desculpa, a última coisa que eu quero agora é perder sua amizade, que é uma das únicas coisas boas que me aconteceu esse ano.

Yshara correspondeu o abraço alegando que estava tudo bem.

_ Garotas, isso é muito comovente, mas eu acho que temos aula...

_ Não, nós não vamos ter. – precipitou-se Yshara animada. – Nós não vamos entrar na aula. Nós vamos ver a Catharina. Você vem? Ou prefere ver a Carmem, a Luzia e o Paulo?

_ Ainda tem a Camila que volta hoje... – argumentou o garoto.

_ Hoje? – perguntou Lorrayne surpresa.

_ É. Foi a Marly que avisou sexta-feira, e com uma cara... – contou Yshara.

_ Que chato... Mas eu preciso mesmo ver minha mãe...

_ Você nos convenceu. –afirmou Marco - Falando nisso, Lorrayne, o que aconteceu? Ligamos na sua casa pra saber se você ainda estava viva...

_ Pois é. No caminho te explico tudo. Melhor irmos logo. Ah! Antes tenho que telefonar pra Catharina, pra avisar pra ela não ir trabalhar!

Lorrayne ligou para Catharina que saía de casa, e deixou a mulher muito surpresa com o recado rápido:

_ Não vai trabalhar hoje, por favor, estou indo aí.

_ Lorrayne, você não pode...

_ Não sai! Estou indo! Até daqui a pouco!

Antes de Catharina poder fazer qualquer outra objeção, Lorrayne desligou o telefone. No caminho explicou com riqueza de detalhes o que havia se passado na noite da tentativa de fuga, deixando os amigos indignados:

_ Lorrayne, essa mulher é louca ou o quê? – perguntava Yshara a todo o momento.

_ Tenho certeza que ela estava alterada por causa dos remédios que a Layane tem trocado! – afirmou Lorrayne. – E a Layane disse que não vai parar com isso. Ela pouco se importa se a Martha vai morrer ou não. Ela sim é louca. Fiquem de olho, vocês é que sabem onde é! Estamos perto?

_ É logo ali.

Chegando ao local tão esperado, Yshara tocou o interfone do apartamento vinte e um. A voz tão familiar de Catharina perguntou:

_ Quem é?

Lorrayne vacilou por um momento, mas então disse:

_ Eu, Lorrayne.

_ Não acredito que você tenha feito isso! Entre.

Lorrayne entrou seguida de seus dois fiéis amigos. Ao aproximar-se do apartamento desejado, avistou Catharina já a sua espera. Correu até a mulher e a abraçou como a muito tempo não fazia:

_ Mãe, mãe, que saudade! Eu não acredito que troquei você por aquela casa! Sei que você tem o direito de nunca me perdoar, mas, por favor, tenta, por mim!

_ Tudo bem, Lorrayne, minha filhinha, está tudo bem! Eu te perdôo, você sabe! Não fique assim... Você está comigo, está tudo bem!

_ Eu te amo tanto! Você acredita em mim, não acredita?

_ Acredito, claro que acredito, meu amor! Vem, vamos entrar e conversar direito. Vem meu amor.

Catharina também pediu a Marco e Yshara que as acompanhassem. Todos se acomodaram nos sofá da sala e dispensaram os refrescos que Catharina oferecia:

_ Não, mãe, temos que ser rápidos para podermos voltar pra escola.

_ Escola? Vocês estão matando aula?

_ Foi o único jeito que Lorrayne encontrou de vir aqui! – defendeu Yshara.

_ Ela tentou fugir durante a madrugada de sexta-feira, mas a Martha a pegou, e até bateu nela. – testemunhou Marco.

_ O quê? O que aconteceu Lorrayne? O que a Martha fez? Você está bem?

_ Estou, mãe. Sério. Já passou, mas pode se repetir! E o pior é a Layane! Mãe, ela tentou me matar! Duas vezes! Ela tentou me envenenar, mas acabou envenenando o Eduardo! Ele quase morreu! O médico disse que era uma virose, e a Martha não acreditou em mim! Eu tive que arranjar um antídoto com meu professor de biologia, e pensei que tivesse envenenado ele ainda mais! Depois ela tentou me jogar da escada! Tentou não, jogou! Só não rolei abaixo porque o Eduardo apareceu, mas eu podia ter morrido!

_ Espera Lorrayne! Você está me dizendo que Layane é uma delinquente?

Lorrayne suspirou e compreendeu:

_ Eu entendo se você não acreditar. São coisas bárbaras. Mas, eu estou falando a verdade.

_ Eu confio em você. Só quero ter certeza que você não distorceu ou confundiu as coisas...

_ Não! Mãe, a Layane colocou o veneno em uma torta de morango. Ela mesma me disse que o Renan deu os doces errados... E o Eduardo pode confirmar que ela me jogou da escada!

_ Mas, Lorrayne, você contou isso pra Martha?

_ E quem disse que ela acredita em uma palavra do que eu digo? A Layane também tem trocado os remédios dela por umas drogas estranhas...

_ Mas então, nós devíamos contar isso pra polícia!

_ Não! A Martha não ia permitir esse tipo de acusação contra a Layane, e também, você sabia que você tem que ficar a cem metros de distância de mim? Ela te acusou de perseguição, portanto, se formos vistas juntas, você pode até ser presa.

_ Não posso acreditar que Martha fez uma coisa dessas!

_ Ela não te contou?

_ Não! Ela me ligou há poucos dias pra me dizer que era pra eu ficar longe de você, que não era pra me aproximar e coisa e tal, mas não me falou nada de acusação, e como eu não fiquei sabendo disso?

_ Talvez seja mentira dela.

_ Talvez ela tenha arranjado um meio de eu não saber, para que eu não pudesse fazer nada contra...

_ Mãe, eu não agüento mais... Não posso sair pra lugar nenhum sem que ela ou a Layane estejam de olho em mim. Não posso ver meus amigos, não posso sair de casa! Quando ela me pegou em flagra fugindo, ela me proibiu até de ir pra escola!

_ Ela não pode fazer isso!

_ Mãe, eu quero ficar aqui, com você!

Catharina abraçou a filha com um grande aperto no coração. Disse:

_ Eu também queria que você ficasse, minha querida. Nós vamos dar um jeito! Vamos resolver tudo! Não vou deixar Martha continuar a te maltratar!

_ Por favor, mãe! Faça isso o mais rápido possível!

_ Eu vou! Eu vou! Confie em mim. Vai dar tudo certo.

_ Eu confio.

Catharina pensou em telefonar para a irmã, mas estaria entregando sua filha. Lorrayne ficou mais algum tempo com Catharina, e logo já era hora de ir:

_ Mãe, temos que ir. A Martha vai me pegar na escola, e não quero nem imaginar o que pode acontecer se ela não me encontrar...

_ Então me deixa levar vocês...

_ Melhor não. Alguém pode ver. E vai complicar mais ainda a nossa situação.

_ Então certo. Puxa, você está tão magrinha, tão fraquinha...

_ Tudo bem. Eu estou bem. Por enquanto... Melhor você só se preocupar em me ajudar a resolver isso logo, tá bom?

_ Tá. Tá bom, mas é que eu me preocupo, você é minha filhinha...

_ Eu sei. Mãe, nós temos mesmo que ir... Senão...

_ Claro, me desculpe por estar atrasando vocês... – disse Catharina voltando-se para os amigos de Lorrayne.

_ Não tem nada... – disse Yshara.

_ Sem problemas... – concordou Marco.

_ Mãe, agora a gente tem que ir.

Lorrayne levantou-se e Catharina os acompanhou até o ponto de ônibus. Com um nó na garganta, Catharina despediu-se de sua filha Lorrayne.

Continua


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