Laços Fraternos: Megera escrita por MyKanon


Capítulo 16
XVI - Conflitos com Eduardo




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Eduardo jogou as tachinhas violentamente no chão e disse:

_ Layane, não sou tão estúpido quanto você!

Antes que Layane pudesse bater boca com o primo, Lorrayne a segurou e foi até Eduardo:

_ Fui eu quem as coloquei lá, e lamento que meu plano não tenha dado certo.

_ Eu deveria imaginar! Parente da Layane... Tinha que ser assim mesmo!

_ Do que você está falando? Você também é parente dela!

_ Para mim, é o fim ter esse sangue.

_ Como você é estúpido, garoto!

_ E você? Chega sem mais nem menos nessa casa e já se sente a dona?

Layane levantou-se e concluiu:

_ Ela está aqui porque é obrigação da mamãe. Agora você...

O garoto virou-se e foi para seu quarto, batendo a porta. Atônita, Lorrayne perguntou:

_ Layane, você não acha que exagerou?

_ ‘Magina! Ele está acostumado. Bom, agora vou para meu quarto. Ainda tenho umas lições para fazer antes de dormir. Boa noite.

_ ...Boa noite...

Lorrayne fechou a porta logo que Layane saiu. Sentiu-se culpada por aquela discussão. Na verdade, tinha consciência de que aquelas discussões eram freqüentes, mas sentiu-se mal por ter participado de uma. Jogou-se sobre sua aconchegante cama e sentiu seu confortável colchão. Pensava em como Lorrayne havia sido rude com seu primo. E tudo aquilo por sua culpa. Realmente, a vida de Eduardo parecia não ser fácil naquela casa, afinal, se estava mesmo acostumado com aquele tipo de humilhação como Layane havia dito... Tudo por sua culpa, por querer se vingar. Não tinha nem motivo para querer se vingar... Eduardo não havia rido de sua cara. Quase, mas não riu...

A garota estava perdida em suas reflexões, quando bateram na porta:

_ Posso entrar?

Lorrayne conhecendo a voz de sua mãe, prontamente respondeu:

_ Claro! Está aberta!

Martha entrou e sentou-se ao lado de Lorrayne. Perguntou:

_ Gostou do jantar?

_ Muito.

_ Mas você comeu tão pouco...

_ Eu estava mesmo sem fome.

_ Você me parece preocupada. O que houve?

_ Nada...

_ Ora essa! Vamos, se abra comigo!

_ É que... Bom... Sabe... O Eduardo...

_ Não me diga que já teve problemas com ele?

_ Não vai mais acontecer, prometo! Eu só perdi a cabeça e discutimos, e Layane também...

_ Lorrayne, não precisa se preocupar, sei que você não teve culpa...

_ Sabe?

_ Sei. Conheço Eduardo há anos... Você percebeu que é um garoto rebelde, e que está sempre em conflito conosco. Não vai ser diferente com você.

_ A senhora não entendeu... Fui eu que...

_ Lorrayne, Eduardo também vive perseguindo Layane. Eu sei. Só acho que ele começou com as gracinhas cedo demais, não acha?

_ ... Acho que... Não sei...

_ Se você quiser posso ter uma conversinha com ele...

_ Não! Por favor, não! Não precisa! É que... É que... Ele pode acabar ficando com mais raiva de mim...

_ Ele que se atreva!

_ Não, por favor, mãe! Tenho que aprender a me virar sozinha com ele. Eu quero aprender a me virar sozinha com ele. Pode ser?

_ Como você quiser.

_ Obrigada.

_ Bom, eu vim aqui na realidade para saber se você está bem instalada. Está?

_ Muitíssimo. Obrigada pelo quarto!

_ Não precisa agradecer! Era o mínimo que eu podia fazer. Agora tenho que ir. Amanhã tenho que trabalhar. Chega de férias! Boa noite, meu amor!

_ Boa noite, mãe!

Martha beijou Lorrayne e saiu do quarto. A garota arrumou-se e deitou.

Acordando no horário de sempre se levantou e se trocou. Logo Martha bateu na porta e perguntou:

_ Já acordou, querida? Está pronta?

_ Acordada, eu estou, pronta já é outro assunto!

Lorrayne abriu a porta e lembrou:

_ Só posso voltar para a escola sexta-feira, lembra?

_ Ah! Havia me esquecido! Mas... Que coisa! E o que você vai ficar fazendo sozinha nessa casa?

_ Quanto a isso não se preocupe! Sempre fiquei sozinha na minha casa. Posso assistir TV, ouvir música, ou só navegar na Internet...

_ Você não vai se sentir mal?

_ Não. Tudo bem. E também, eu devia era ficar de castigo...

_ Não foi culpa sua. Foi você que me disse... E eu confio em você!

_ Obrigada!

_ Então, nos acompanha no café?

Lorrayne acompanhou Martha no café da manhã. Logo Renan desceu e juntou-se às duas. Terminavam o desjejum, quando Martha reclamou:

_ Layane, Layane... Como sempre, atrasada! Renan, ela levantou?

_ Levantou, tia. Ela disse que já estava descendo quando eu chamei. Ah! Falando nela...

_ Bom dia para todos... – disse Layane sonolenta quando se sentou à mesa.

Impaciente, Martha perguntou:

_ Layane, por que a demora? Vai ser todo dia a mesma coisa?

_ Ih mãe, vai começar?

_ Olhe só a Lorrayne! Já estava pronta quando eu a chamei! Já terminou o café! E nem precisa ir à escola! Agora que você tem alguém para seguir o exemplo, vê se segue!

Layane pousou a xícara no pires, e olhou de Lorrayne para Martha. Perguntou:

_ Como é, mãe? Agora você quer que eu seja como Lorrayne?

_ Layane, só quero que seja mais responsável!

_ “Mais responsável”, no lugar de “Lorrayne”! - concluiu.

Revoltada, Layane atirou o guardanapo na mesa e levantou-se. Disse:

_ Terminei meu café! – e saiu da mesa.

Receosa, Lorrayne perguntou:

_ Será que ela vai ficar com raiva de mim?

Renan respondeu:

_ Que nada! É só ciuminho passageiro! Logo ela se acostuma!

Surpresa, Lorrayne perguntou:

_ Ciúmes? De mim? Não achei que Layane fosse desse tipo de coisa...

Terminando com o papo, Martha disse:

_ Ok, ok. Deixe Layane sentir o ciúme dela à vontade, mas agora vamos nos apressar, estamos na hora! Vamos? Lorrayne, vamos até a escola conosco? Depois eu a trago de volta!

_ Legal.

Lorrayne e Renan levantaram-se da mesa e seguiram Martha, que encontrou Layane sentada na sala de braços cruzados e cara amarrada. Disse:

_ Está pronta Layane?

_ Sim, estou.

_ Então vamos.

Layane trombou em Lorrayne quando entrava no carro, e Lorrayne teve a nítida impressão que não havia sido um acidente. Não havia nem se desculpado, indiferente... Então Lorrayne entrou no carro e sentou-se ao lado de Renan, e percebeu: Martha dirigia, Layane estava ao seu lado, e no banco de trás, apenas ela e Renan. Onde estava Eduardo? Também estaria suspenso? Era de se esperar... Mas... Passar a manhã inteira sozinha com ele? Aquilo seria tortura!

_ Mãe, onde está Eduardo? Ele não está suspenso, está?

_ Não, Lorrayne querida. Ele já foi. Ele sai mais cedo porque não gosta que eu o leve. Hoje ele saiu mais cedo ainda porque ia passar na casa de uma colega.

Rindo-se, Renan comentou:

_ Quem diria! Aquele energúmeno namora!

Aproveitando a deixa, Layane também brincou:

_ Pra aturar aquilo, deve ser uma menininha boba. Temos que avisar essa garota para que tome cuidado com ele...

“Nossa, ele é mesmo motivo de chacota... Ele deve ser realmente um monstro...” Pensou Lorrayne.

Martha deixou os jovens na escola e levou Lorrayne de volta para casa. Custou a Martha confiar na palavra de Lorrayne que dizia que ficaria bem.

A garota não estava totalmente sozinha, como pensou que estaria. Estava na companhia da empregada. E mesmo se esta não estivesse, não se sentiria sozinha. Passou grande parte da manhã em seu quarto, mexendo em uma de suas novas aquisições: a Internet super veloz.

Navegava distraidamente, quando ouviu alguém entrar na sala, no andar de baixo. Olhou no relógio e falou consigo mesma:

_ Nossa... Ainda faltam quinze para o meio dia... Layane e Renan deveriam estar aqui no mínimo uma hora... Eles podem ter saído cedo... Mas nossa mãe vai buscá-los uma hora... Sei lá! Pode ser... Essa não! Deve ser o Eduardo!

Lorrayne desligou o computador e desceu até a sala. Realmente, era Eduardo. Só ficou surpresa com o fato de estar beijando uma garota. Pensou no que deveria fazer. Voltar para seu quarto, torcendo para que não a vissem, ou cumprimentá-los?

A segunda opção parecia um tanto inconveniente. Voltou para a escada e ia subir, quando ouviu uma pergunta:

_ Ah! Essa que é sua tão querida prima Layane?

Lorrayne virou-se e até tomaria coragem de se apresentar, quando Eduardo respondeu com desânimo:

_ Não. É irmã dela...

_ Não sabia que ela tinha irmã! – surpreendeu-se a garota.

_ Nem eu. Agora, o que você está fazendo aqui, Lorrayne?

Para Lorrayne aquilo era o fim. Perguntou ao primo:

_ Por que? Está incomodado?

_ Estou.

_ É uma pena. Mas não se preocupe, já estou saindo.

_ Não precisa. Nós sairemos.

_ Se você faz questão... Mesmo assim, eu só queria saber quem era. Divirtam-se.

Lorrayne já subia as escadas, quando Eduardo perguntou:

_ Já está matando aula?

_ Melhor que isso! Estou suspensa!

E voltou para seu quarto. Era melhor ficar por lá até que Layane batesse na porta. O que não aconteceu depois de Lorrayne ouvir o carro de Martha. Resolveu se arriscar e descer. De fato, haviam chegado. Vendo Layane e Renan sentados na sala, cumprimentou:

_ Oi! E aí, como foi a aula?

_ Bem. E você? Se divertiu sozinha? – perguntou Renan.

Percebendo a apatia de Layane, Lorrayne tentou quebrar o gelo tratando do assunto que ela mais gostava: Eduardo.

_ Pessoal, o Eduardo não está por aqui, está?

_ Não. Não o vimos por aqui ainda. – mais uma vez, Renan respondia. – Por que?

_ Eu o vi hoje. Com uma garota. Precisamente, beijando uma garota.

Interessada, Layane perguntou:

_ O quê? Onde? Aqui?

_ É. Aqui na sala. Eu desci para ver quem era, e lá estavam os dois...

_ Ah! Provavelmente ele pensou que estivesse sozinho em casa, e aproveitou para praticar toda a imoralidade que ele já deve estar acostumado a praticar aqui! Na minha casa! Mamãe vai ficar sabendo disso quando chegar! Ah se vai! – descarregou Layane.

E mais uma vez Lorrayne percebeu que havia colocado Eduardo em uma situação embaraçosa. Tentou consertar:

_ Mas Layane, eles estavam só se beijando...

_ Só? E o que ele já não deve ter feito? – Layane avaliou.

_ E a garota era bonita Lorrayne? – perguntou Renan.

_ Não sei, não vi direito, porque logo depois eles saíram...

_ Bom mesmo que tenham saído! E só porque você apareceu, senão, tenho certeza que continuariam! – insistia Layane.

_ Bom, meninas, não sei quanto a vocês, mas eu vou tomar um banho que logo eu tenho que ir para o espanhol. Você também Layane...

_ Não enche Renan.

_ Beleza, então.

O garoto levantou-se e foi para seu quarto. Sem jeito, Lorrayne sentou-se no sofá e perguntou:

_ E a mãe? Foi trabalhar?

_ Foi. Às vezes ela almoça com a gente, mas hoje ela tinha um cliente muito importante para atender. Deve ser mesmo importante, senão ela não perderia a oportunidade de almoçar com a mais nova filha dela, né não?

Lorrayne riu. Mais sem jeito ainda, perguntou:

_ Layane, você não está com raiva de mim, está?

Continua


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