Laços Fraternos: Megera escrita por MyKanon


Capítulo 1
I - Problemas


Notas iniciais do capítulo

Bem pessoas, levem em consideração que essa foi minha primeira fic... Estou pensando em melhorá-la, mas por enquanto... Apreciem minha falta de habilidade com a coisa... Rsrsrs.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/21647/chapter/1

_ Então, Lorrayne, qual é o problema em sua opinião?

A garota sentada no divã olhava repetidas vezes para o relógio e ignorava cada pergunta feita. Isso não era o suficiente para fazer a doutora desistir.

_ Lorrayne, querida, estou lhe fazendo uma pergunta.

Silêncio. A psicanalista se levantou, para olhar a paciente nos olhos. Ficaram a se encarar por alguns momentos, até que a doutora começou:

_ Lorrayne, sei que você não deve estar feliz por fazer sessões semanais com uma psicanalista. Ninguém gosta. Mas mesmo não gostando, todos lutam para melhorar. Você não está fazendo isso, e é exatamente isso que chateia sua mãe. Sei também que você está morrendo de vontade de me contar várias coisas e me pedir ajuda. Vamos, fale comigo, me diz o que está se passando com você.

Lorrayne olhou novamente no relógio e disse sua primeira frase:

_ Cinco horas.

_ Sei que são cinco horas.

_ Acabou a sessão. Com licença.

Lorrayne se levantou e se dirigia a porta. Rosana a alcançou primeiro. Informou a garota:

_ Hoje vamos até cinco e meia.

_ O que?

_ Vamos até cinco e meia hoje, por isso, por favor. – apontou a poltrona

_ Não vou ficar aqui até cinco e meia! Com licença, quero ir embora!

_ Sinto muito, mas fui paga por 90 minutos. Sente-se, por favor.

_ Eu não quero ficar aqui até cinco e meia, será que você não entendeu?

_ Entendi, mas preciso fazer o serviço que sua mãe contratou...

_ Minha mãe! Outra vez minha mãe! O que ela pensa que vai conseguir com isso? Se ela acha que vou sair daqui correndo para os braços dela, está querendo demais! Ah! E sabe qual o problema em minha opinião? Você e minha mãe!

_ Agora que você já me disse qual é o problema, me diga o porquê.

_ Certo. Minha mãe porque me traz a pessoas como você, e você porque não me deixa em paz, não se enxerga, e não percebe o que se passa a sua volta!

_ E o que se passa a minha volta?

_ Você não percebe que é o meu problema e por quê! Agora, eu posso ir?

_ Já disse que a sessão é até cinco e meia.

_ Por que você quer que eu fique? Você sabe muito bem que não vou dizer nada.

_ Já está dizendo. Agora, faça-me o favor de sentar.

_ Não vou sentar!

_ Então fiquemos de pé. Diga-me, Lorrayne, qual seria a solução de seus problemas?

_ Quem sabe a morte.

Rosana se calou por alguns instantes. Estaria a garota falando de suicídio? Mas a psicanalista sabia que não podia se deixar levar por uma adolescente rancorosa cheia de crises existenciais.

_ Seja mais clara. Morte de quem?

Lorrayne voltou a seu estado silencioso novamente. E ficaram assim até cinco e meia, Rosana envolvendo Lorrayne em perguntas, e a garota, quieta, desinteressada.

Catharina já estava à espera da filha, quando a porta do consultório se abriu. Lorrayne, como de costume, ignorou a mãe e foi para o carro. E Catharina, como de costume, perguntou:

_ Então, doutora, nada também?

_ Hoje tivemos uma pequena diferença, não sei se boa ou má.

Rosana olhava pela janela atentamente, procurando Lorrayne com os olhos. Deu com a garota sentada no carro, com os olhos fechados, talvez refletindo sobre algo.

_ Então doutora, o que foi?

_ Consegui fazê-la falar algumas coisas.

_ Que coisas?

_ Na verdade, consegui tirá-la do sério. Ela queria ir embora, e acabou me dizendo, quais eram seus problemas, por que, e qual a solução.

_ Quais eram os problemas?

_ Eu e a senhora.

_ Por quê?

_ A senhora, por fazê-la vir aqui, e eu, por incomodá-la. Esse tipo de conversa raivosa...

_ E o que ela disse que seria a solução?

_ A morte.

_ O que? Mas do que ela estava falando? Morte de quem? No que ela estava pensando?

_ Eu não sei Catharina. Mas não se preocupe, Lorrayne é uma garota de quinze anos, está com problemas. Só quer atenção. A senhora já devia esperar esse tipo de coisa da sua filha.

_ Minha filha fala de morte, e a doutora acha normal?

_ Catharina, a palavra morte é a que eu mais ouço no meu consultório. Pessoas querendo se matar, pessoas querendo matar outras, etc... Mas nenhuma delas estão convencidas do que dizem. Assim é com sua filha. Não se preocupe.

_ Então, doutora, o que devo fazer, como devo tratá-la?

_ Não tenha medo da sua filha, trate-a como sempre tratou. E não se esqueça, quando precisar, dê umas broncas nela. Não se deixe levar por ela.

_ Tudo bem. Obrigada doutora Rosana. Até logo.

_ Até logo.

Catharina entrou no carro e deu a partida, não olhou, nem falou com a filha.

Lorrayne também não conversou. Era uma adolescente de quinze anos. Tinha longas madeixas castanhas do mesmo tom dos olhos. Não era alta nem baixa e por vezes se achava gorda mesmo que suas amigas invejassem sua cintura.

Era muito parecida com Catharina que tinha apenas os cabelos um pouco mais curtos que os da filha.

Quinze minutos mais tarde, estavam em casa. Enquanto Catharina trancava o carro, Lorrayne abria a porta e entrava. Subiu direto para seu quarto, que era seu refúgio de todo momento. Sentou-se em sua penteadeira, e ficou de frente ao espelho por alguns segundos. Pegou seu diário e quando se preparava para escrever, alguém sua mãe bateu na porta:

_ Lorrayne, querida, venha jantar.

_ Não estou com fome.

_ Você tem que comer, anda.

_ Eu já disse que não estou com fome!

_ E eu já disse que você tem que comer!

_ Me deixe em paz!

_ Você não pode falar assim com sua mãe!

_ E você por acaso... - e parou de súbito.

_ Lorrayne? Você está bem?

_ Estou ótima, agora me deixe em paz. Estou com sono, vou dormir um pouco.

_ Lorrayne, abre essa porta, por favor.

_ O que você quer? Estou cansada.

_ Por favor, filha. Temos que conversar, e não vamos mais adiar essa conversa.

Lorrayne abriu a porta, mas antes que Catharina pudesse falar qualquer coisa, disse:

_ Não temos nada para conversar.

_ Isso é o que você pensa. O que foi, heim? O que está acontecendo com você?

_ Nada! Não está acontecendo nada!

_ É porque você vai estudar em um colégio? Será que você não entende que é o melhor para você...

_ Não é por isso!

_ Então é por quê?

_ Por nada! Eu já disse!

Lorrayne sentou-se na cama e apoiou a cabeça nas mãos.

_ Lorrayne, sou sua mãe, sei que você está assim por algum motivo, você nunca foi assim! Você sempre foi uma garota carinhosa, obediente, quero saber por que você mudou, e também quero que você volte a ser a mesma de antes!

_ Olha, estou muito cansada e com sono, me deixe dormir, por favor.

_ Se você dormir agora, não vai dormir à noite e vai ficar cansada para seu primeiro dia de aula.

_ Então me deixe descansar! Você não sabe o que é passar uma hora e meia com uma pessoa que você detesta!

_ Lorrayne, por favor, quero te ajudar...

_ Então você devia tentar.

_ Mas isso é o que eu mais faço!

_ Está fazendo errado! Agora, por favor, me dê licença!

_ Você tem que comer.

_ Não estou com fome.

_ Não perguntei se você está com fome, estou dizendo que você tem que comer. Quero você lá em baixo em dez minutos, estou mandando.

Catharina desceu para cozinha. Lorrayne levantou-se e foi até seu diário, e escreveu:

"Diário, não sei mais o que fazer, qualquer dia eu explodirei e direi tudo. Ela estava aqui no meu quarto e me mandou descer em dez minutos. Ela quer que eu coma. Não sei mais o que fazer para que ela me deixe em paz! Será que eu digo pra ela? E o pior ainda está por vir! Amanhã é meu primeiro dia no colégio. Não sei por que ela está aceitando essas ordens! Por que ela não abre o jogo e conta tudo de uma vez? Não sei como ela quer que eu acredite que ela vai pagar centenas de reais por mês em um colégio que eu não preciso ir! Hoje fui novamente na psicóloga. Sabe, lá eu tive umas idéias estranhas, e eu acabei dizendo pra ela, que a solução dos meus problemas seria a morte. Ela não entendeu, é claro, mas eu também não expliquei. Ela deve imaginar que estava planejando um homicídio, mas não era bem nisso que eu estava pensando.

Pensei em morte, sim, mas não em homicídio. Bom, na verdade, nem eu sei direito no que eu estava pensando. Desde aquele dia, estou ficando louca! Não sei por que eu tive que sair mais cedo! Eu podia ter ido dar uma volta com as minhas amigas, em vez de vir para casa e descobrir isso. Naquele dia, eu não devia ter saído de casa, eu devia continuar ouvindo, e melhor, eu devia ir lá na cozinha, e mandá-las me explicar tudo. Agora não tenho coragem de dizer que sei. O que eu faço? Estou muito triste e magoada, será que ela não percebe o por quê? Por que ela não conta tudo de uma vez? Não agüento mais isso! Quero ir embora dessa casa! Nunca mais vê-la!

Continua


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Laços Fraternos: Megera" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.