– Você acha ridiculo mulher que usa batom ? - Olhei para o fantasma durão que estava ao meu lado, deitado no gramado.

– Acho tanta coisa ridícula. - Responde ele, sem tirar os olhos do céu. - Mas... batom ? Nada a ver. - Conclui ele, dessa vez, olhando para o lado, o outro lado. Sem olhar diretamente para mim.

Minha melhor amiga tá toda apaixonada, não tem tempo para mim... Esses dias andava bem melancolica, cabisbaixa. Não tinha ninguém para conversar. Martim passava o dia todo com a Débora, e Félix estava tão paranóico com a ameaça de Demétrius, que mal aparecia para mim.

Estava tão carente de amigos, que resolvi passar mais tempo com o Daniel, vê se pode ?... No inicio, ele tentava disprezar a ideia de que nós dois estavamos sem quase amigos nenhum... Já que nós tinhamos os mesmos amigos. Mas depois, ele aceitou minha proposta de passarmos mais tempos juntos. Afinal, seria bom para ambos os lados.

Estava deitada no gramado, junto com Daniel. Derrepente, sinto a vibração do meu celular no bolso de trás da minha calça, me fazendo levantar e sentar no gramado, dessa vez, apoiada na arvore.

– O que foi ? - Pergunta Daniel, vindo para o meu lado, se sentando com as costas apoiadas no tronco da árvore.

– Esse dispertador idiota. - Desliguei o dispertador. - Hoje é sabado, não preciso me preocupar com o horário. - Disse me lembrando da dura rotina escolar, ensaios com a banda, reuniões de fofocas na casa da Bia...

– Huum... - Essa foi a sua resposta.

Eu não entendo o Daniel, ele sabe que estamos sem amigos, que todos os seres da face da terra precisa de alguém, alguém para compartilhar risadas e conversas, e era isso que eu precisava. E ele também, porém, ele continuava sendo frio, do mesmo jeito em que nos conhecemos.

– Não tem nada de interessante para falar?.. - Quebrei o gelo. Daniel me olhou.

– Com você não.

– Então porque está aqui ? Para me encarar ?. - Disse, olhando para o céu, estava com as bochechas levementes rosadas, pois Daniel me olhava desdê a primeira pergunta.

Minha pergunta o calou fundo, pela primeira vez, ele não tinha resposta.

Encostei minha cabeça em seu ombro, minha carência estava tão grande, que precisava urgentemente de um ombro amigo, até mesmo o ombro de Daniel.

Estranhei o Daniel estar calado, e não disser algo do tipo '' Virei apoiador? Não te dou permissão para apoiar em mim... ''

O fantasma suspirou fundo, parecia estar entediado com tudo isso.

– Quer ir embora, pode ir... - Disse. AInda apoiando minha cabeça em seu ombro.

– Posso mesmo?! - Ele deu um sorisso de lado, me senti um pouco triste ao ver que ele logo se animou com a proposta, já que Daniel era a unica pessoa que não estava ocupada para mim.

– É... claro. - Disse em um tom de voz um pouco triste.

Daniel iria se levantar, quando deitei minha cabeça seu peito, o imobilizando, por algum motivo. Ele se sentou novamente.