Alex POV

– Alex, Alex acorda, acorda Alex. ALEX ACORDA!

– Da pra parar de sacudir Victória? E é sabado- resmunguei ainda de olhos fechados.

– Você tem que se arrumar, seu voo sai daqui à 2 horas - respondeu Vick.

– Só mais cinco minutinho.

– Não! - Vick disse tentando puxar meu cobertor.

– Já to levantando, espera um pouco. Que horas são? – falei segurando meu cobertor para ela não arrancar ele de mim.

– São sete horas da manhã. É verão e você está dormindo de cobertor, eu não te entendo.

– Não é pra entender, já vou levantar – resmunguei.

– Vou contar até três, se você não se levantar vou chamar a mamãe. Um, dois, três. O MÃ... AI. Isso não é justo, estou tentando te acordar para não perder o voo e você me joga um travesseiro.

– Desculpa – eu disse sentando na cama - mas foi preciso.

Levantei fui em direção ao espelho e vi o reflexo de uma menina de olhos verdes brilhantes e cabelo loiro desarrumado com cara de sono. Olhei para trás e vi minha irmã mais nova me fitando com seus olhos cheios de tristeza.

– O que foi? - perguntei sentando ao lado dela.

– Eu vou sentir saudades, muitas saudades. – Vick disse e me abraçou forte.

– Também vou sentir saudades de você pequena – disse retribuindo o abraço.

Minha irmã mais nova, com treze, quase quatorze anos, Victória Lorenzi é muito corajosa e madura comparada com outras meninas da sua idade.

– Querida, você está pron... – minha mãe nem terminou, entrou no quarto, sentou no nosso lado e perguntou: Vocês estão bem?

– Sim – respondemos em coral.

– Mas eu vou ficar com saudades da Alex mãe – Victória disse já não segurando mais as lagrimas.

– Eu sei Vick, eu também vou ficar com saudades, mas nós vamos ter que ficar com saudades já que a Alex conseguiu o que tanto queria: estudar na Universidade de Cambridge, em Londres. Isso é um orgulho para qualquer mãe – minha mãe disse limpando as lágrimas formadas pela emoção que já escorriam no seu rosto.

– Vocês duas chorando, assim eu não aguento - disse segurando as lagrimas que estavam querendo escorrer.

– Então nós vamos descer e deixar você se arrumar, eu não quero que você chegue no aeroporto com os olhos vermelhos e eu acho que você não vai querer ir para Londres de pijama não é?

– Tenho certeza que não – respondi sorrindo olhando para baixo e vendo o meu pijama favorito.

Elas saíram do quarto e me olhei novamente no espelho, fiquei pensando em tudo que aconteceu em minha vida. Alexandra Lorenzi, com seus 18 anos indo para a melhor Universidade de Londres, em sua opinião, estudar jornalismo - meu sonho está se realizando - pensei. Me virei e fui para o closet, olhando minhas roupas de marca e me lembrando de todo o sacrifício que meus pais fizeram para mim e minha irmã termos uma vida confortável. Eles venceram todas as barreiras e hoje em dia são os empresários mais bem pagos de São Paulo. Sempre tive orgulho disso, vendo eles subirem degrau por degrau.

Escolhi minha roupa, fiz minhas higienes básicas e me vesti. Fui até o corredor e gritei:

– Mauro, tem como me ajudar com as minhas malas?

– Eu já o chamei e ele já vai subir querida - minha mãe berrou lá de baixo

–Ok! - berrei em resposta

Mauro é o motorista da família a muito tempo, ele deve ter uns 40 anos e mora na casa onde deveria ficar o caseiro. Ele é sozinho e é considerado da família já, todos adoram ele. Principalmente Vick, Mauro encobre o namoro dela com Rafa, um menino da sua sala.

– Fico feliz por você Alex - Escutei ele dizendo.

Olhei para trás e lá estava ele com seu sorriso cativante segurando as minhas malas.

– Nem escutei você chegar - eu falei

– Você deveria estar no mundo da lua, como sempre - Falando isso ele riu e eu ri também

– Eu não sou tão desligada assim ta bom?

– E o que dizer daquele dia que você saiu apressada de casa e esqueceu de levar seu material pra aula?

– Ah, aquele dia... Bem, eu... Er...

– Viu? Você é muito desligada - Mauro provocou

– Ei, vamos parar né? Isso não é legal. Foi só aquela vez que eu esqueci algo importante!

– Mesmo? E aquele outro dia que você esqueceu de avisar seu pai que viria aquele empresário aqui falar com ele e...

– Tudo bem, eu já entendi, eu sou esquecida ok?

– Assim está melhor, só não vá esquecer o que você acabou de admitir.

Se você está triste, Mauro é a melhor pessoa para levantar o seu astral. Não que eu estava triste, é que eu estava com medo. Só isso.

– Mas tenho que te fazer uma pergunta Alex: você vai para o polo Sul para estar vestida assim em pleno verão?

Olhei para minha roupa, eu estava de calça e um moletom masculino.

– Lá é inverno Mauro. Eu não posso chegar de shorts e blusa.Vão achar que eu sou louca

– Aqui no Brasil vão achar que você está louca com uma roupa dessa.

Rimos juntos e o resto do dia passou como um borrão, eu no carro, no aeroporto de Guarulhos, comendo uma bolachinha aqui, outra ali, pessoas me olhando por causa da minha roupa, fazendo check in, me despedindo de todos os meus amigos que foram no aeroporto, entrando no aviao, a aeromoça dando as instruções em cinco línguas diferentes. Duas horas de voo e eu estava cansada mesmo estando na primeira classe, faltavam ainda nove horas para chegar em Londres. Pedi fones de ouvido para a aeromoça e ela me entregou. Coloquei no IPad do avião e selecionei a pasta da minha banda favorita. One Direction

Eu percebi que tinha pegado no sono quando fui acordada pela voz da aeromoça pedindo se eu não queria acordar para olhar pela janela pois já tínhamos chegado me Londres. Eram quase oito horas da noite.

Olhei e foi a coisa mais linda que eu vi. Estava de noite, as luzes dos prédios são a coisa mais linda de se ver. Chamei a aeromoça e perguntei:

– Quanto tempo ainda para chegar ao Aeroporto de Heathrow?

– Mais uns dez minutos senhorita.

– Obrigado.

– A senhorita não gostaria de uns docinhos?

– Ah sim, eu gostaria.

Comi os docinhos que a aeromoça me trouxe. Uma delicia. Pedi para ela o que era e ela respondeu:

– Nossas especialidades.

Eu ia pedir o nome mas outro passageiro a chamou e ela pediu licença para ir atende-lo. Fiquei olhando pela janela e quando me dei conta o avião já estava pousando.

Desci do avião e estava um pouco friozinho. Fui procurar minha mala e achei estranho quando um homem alto de terno segurava uma placa escrita "Alexandra Lorenzi" nela.

– Oi, eu sou a Alexandra, quem é você? - Perguntei

– Sou Carlos você deve se lembrar de mim. Seu pai me pediu para que te pegasse no aeroporto, te mostrasse a cidade e o apartamento que você vai ficar.

Carlos é o amigo de infância do meu pai, eu o conhecia, só não tinha reconhecido. E para falar a verdade, eu nem tinha pensado em como eu ia achar meu apartamento. Eu estava pensando em pegar um táxi, mas bem que minha mãe disse que papai já havia cuidado de tudo.

– Ah sim, obrigado.

– Gostaria que eu pegasse as suas malas? - ele disse

– Claro, são três, pretas com bolinhas rosas.

– Vou indo buscar. O nosso carro está na entrada do aeroporto. Deve ser o único Porsche amarelo que deve haver lá.

Ele falou e foi buscar minhas malas. Fui para a entrada do aeroporto e chegando na porta avistei um Porsche amarelo. Só podia ser aquele, me encostei no capô e fiquei esperando o Carlos.

– Posso ajudar? - disse uma voz atras de mim.

Quando eu me virei não acreditei quem estava ali. Niall James Horan.