- COMO ASSIM O HARRY ERA SEU NAMORADO ? – Tracy gritava comigo enquanto eu procurava a minha lista telefônica.

- Pela décima quinta vez, Tracy. Sim, ele era meu namorado. Só que ele terminou comigo para ir pro XFactor! – disse de saco cheio.

- Porque nunca me contou? – ela perguntou se aproximando de mim.

- Porque eu sabia que você ia reagir assim. – ela pareceu pensar no assunto, mas não foi o suficiente.

- Eu ainda não consigo acreditar. – ela disse para si mesma.

- ACHEI!- eu gritei quando pegava a agenda onde tinha todos os números de meus “amigos” daqui. Tracy deu um pulo:

- Que susto, AMBER! – ela gritou e me deu um tapa no braço.

- Me chamando de Amber? – eu disse me sentando na cama.

- Tenho que me adaptar né. – ela disse se virando para o espelho. – O que foi isso no seu joelho?

-Bom, eu voltei andando, ou melhor, correndo ai eu acabei caindo... – eu expliquei sem nem olhar para ela.

- Esse curativo ai não foi você quem fez. Você não sabe fazer curativo. – ela exclamou examinando mais de perto.

- Realmente, foi a Celine que fez. – A feição de Tracy passou de zombeteira para chocada.

- Celine? Aquela sua “amiga”- ela fez com os dedos aspas no ar.

- É... – eu fui curta e grossa, pois podia sentir o tom de ciúmes na voz de Tracy.

- Estranho- ela murmurou e logo voltou ao assunto. -  Você tem foto? Eu quero ver, bora lá Amber!- eu já não aguentava mais, me levantei e peguei uma caixa no fundo do armário.

- Aqui tem tudo, desde que a gente começou a namorar. – eu falei entregando a ela. – Agora não me peça mais nada. – ela assentiu freneticamente.- Eu já volto.

Então sai do quarto e fui em direção ao de minha irmã. Abri a porta sem bater.

- AMBER! NÃO SABE BATER? – Ela gritou, mas Poline estava apenas com uma toalha na cabeça e com um pôster do Niall na mão. Eu ignorei e fui entrando.

- Como pode? Continuava falando com o Harry depois de tudo que aconteceu? – eu disse pegando o braço dela delicadamente.

- Amb, você não entende... – ela falou soltando o braço e se sentando na cama.

- O que eu não entendo? Me explique- falei me ajoelhando no chão.

- Quando vocês terminaram ele me ligou. – ela começou – e me pediu para que eu sempre o deixasse informado de você. Nada demais, apenas se você estava bem.

- Pera, ele pediu para você me espionar? – perguntei indignada, aquilo era golpe baixo.

- Claro que não, Amber. Deixa de ser idiota! Ele ainda ta amava, mas não tinha como ficar com você sem te machucar.

- Me diga o que você falou para ele. TUDO. – eu exigi irritada, não vendo outra opção ela começou:

- No começo ele me ligava sempre que possível, mas ele tava no XFactor ai ficava muito difícil. Eu apenas dizia que você não estava bem e tals. Ele começou a ficar preocupado, por isso quando eles estavam na final ele escolheu vim visitar Holmes Chapel e pediu para eu te levar até a casa dele no dia. Só que você sumiu o dia inteiro, porque sabia que ele estava vindo. Então eu fui até lá e ele me disse que não teria jeito que iria se mudar para Londres e etc. Só que continuou me telefonando. Há um ano ele parou. Harry nunca mais tinha me ligado, até que no dia do seu aniversário ele ligou, mas como você estava em Londres foi impossível ele  falar com você. Hoje ele falou que só veio pra cá na esperança de te ver. Só que entenda uma coisa, eu nunca te espionei sempre estive do seu lado nessa historia.

Ta vendo que eu disse que às vezes ela parecia mais velha que eu?

-Então quer dizer que ele não parou de se importar comigo? – perguntei boba.

- Não, Amb. – ela falou acariciando meu cabelo.- Eu só não podia falar nada para você não ficar com esperanças, mas agora não tem mais nada entre vocês...Então acho que não tem problema. -  Eu me levantei bruscamente e corri até o telefone – AMBER? O QUE VOCÊ VAI FAZER?

-Relaxa, nada demais- eu respondi com o telefone na mão. Disquei o numero que por incrível que pareça eu sabia de cor.

- Alo? Poline? – ele falou do outro lado da linha.

-Não, Amber. – falei baixinho. Pude ouvir a respiração dele ficar ofegante quando ouviu minha voz.

-Amber? – ele disse surpreso.

-É. – eu falei sem sabem o que dizer. Apenas ficamos em silencio por um tempo. – Eu queria te pedir desculpas. De como eu agi hoje e ontem...

- Tudo bem, Amb. Eu não te culpo – ele falou.

-Queria poder ser sua amiga, você faz uma falta... – eu disse logo me arrependendo.

- Você não tem noção de como eu sinto a sua. – ele falou dando um risinho.

- Bom saber disso. – falo sem saber o que responder- Poline me contou que ligava para ela. Você podia ter me ligado facilitaria as coisas.

- Agora não importa mais, Amb. Já foi. Éramos crianças, agora vamos fazer do jeito certo. Vamos começar devagar. Que tal sairmos com a galera? Não vai ser apenas nós dois.. Vai ser menos silencioso, digamos assim. – eu não pude me conter, tive que rir do comentário.

- Concordo. Já sei... A Celine me chamou para ir no Pub hoje... Vamos?

- É. Ela falou comigo também. – ele completa. – Então está marcado.

-Ótimo- falo indo em direção ao meu quarto. – Até logo.

- Até – ele disse e eu desliguei. Não podia acreditar no que eu tinha acabado de fazer. Estava voltando a  falar com o Harry, coisa boa não ia dar. Só que eu nunca saberia se não tentasse e uma coisa era verdade, ele fazia falta.

[....]

-Porque ta se arrumando tanto dona Amber Lynn? -  Tracy me perguntou quando eu colocava rimel nos cílios. – Por acaso o Harry vai? – ela insinuou cantarolando.

- Primeiro, sempre que saio uso maquiagem e segundo ele vai sim. – falei tentando parecer despreocupada, mas por dentro super nervosa.

- Hmm e o que você tem a dizer sobre isso? – ela pegou a escova de cabelo e fingiu ser um microfone colocando perto de minha boca. – Será que vai rolar o flashback?

- Cala a boca, Tracy. Nada de flashback, nós somos amigos. – eu disse batendo na escova de cabelo fazendo ela cair no chão .

- Essa desculpa é muito velha, eu mesma já a usei varias vezes. – ela disse sorrindo para mim.

- Tanto faz. Até parece que ele quer voltar comigo. – eu disse suspirando, calma para tudo. Eu não quero voltar com ele, então de onde veio esse suspiro? Tracy bufou e disse me puxando pelo braço.

- Vamos descobrir . Bora logo! – então eu peguei minha bolsa em cima da cama e descemos as escadas. Logo saímos de casa e entramos no carro. Em apenas alguns minutos chegamos ao nosso destino. Um barzinho onde eu e Celine desde pequenas planejávamos em ir, mas éramos muito novas.

- Finalmente conheci esse lugar por dentro! – eu disse abraçando minha amiga que tinha se levantado da mesa.

- Não é? Lembra quando o Harry conseguiu entrar e a gente ficou para trás? – ela exclamou dando muita risada.

- Claro que eu lembro! Foi no dia que você ficou com o Josh pela primeira vez e eu fiquei de vela. – ela corou e sussurrou em meu ouvido.

- Não fica falando muito dele não. Estamos meio que brigados. – eu assenti e o olhei sentado na mesa já em uma conversa animada com Tracy. Ela não sabia o que estava fazendo. Dando em cima do namorado da Celine não ia dar certo. Elas já não estavam indo muito bem porque uma sentia ciúmes da outra, imagine tentando roubar o namorado?

- Ei, Amb! Você chegou. – Harry apareceu vindo do outro lado do bar com Natasha. Ficamos meio sem graça, mas eu o abracei para provar para Tracy que éramos sim só bons amigos.

- Você e a Natasha... ta rolando? – perguntei sem conseguir me conter.

-Não, não de jeito nenhum. – ele respondeu imediatamente e o silencio entre nos se estabeleceu.

- Vamos sentar né. – falei puxando a cadeira e me sentando. Logo ele pegou o lugar do lado do meu.

- Então... Poline te contou que eu ligava para ela? – ele perguntou me olhando com um sorriso repuxado.

- Contou sim. – falei balançando a cabeça afirmativamente. – Não acredito que ela escondeu tanto tempo de mim.

-Ela não te deu a carta?– ele perguntou me deixando confusa.

- Carta? Que carta, Harry? – eu fiquei exaltada. Como assim uma carta?

- Ah, nada. Esquece. – ele disse se mexendo desconfortavelmente. Reparei em uma corrente de ouro em seu pescoço e automaticamente toquei no meu para ver se a minha estava ali. – o que foi? – eu balancei a cabeça.

- Nada. É que ainda to achando tudo isso estranho.

- Eu também. – ele falou – Nem parece que a galera ta aqui... Estão nos excluindo.

- Eu não tava falando disso. – ele pareceu surpreso. – Ainda acho estranho você ser famoso. Seu eu contar a alguém que namorei com você eu não viveria em paz.

- Não mesmo. Achei estranho não ter saído na imprensa sobre nós. – ele gesticulou bebendo um pouco de seu copo. Peguei para cheirar. Vodka.

- Eu não sou do tipo de pessoa que falo de minha vida para todo mundo. – eu falei tomando um golinho de seu copo.

- Eu sei, mas toda a cidade sabia sobre nós. – eu dei de ombros.

- Acho que sou insignificante.

- Pra mim você nunca foi. – eu fiquei muito vermelha, quase me escondi atrás do cardápio para ele não notar, mas era tarde demais e ele apenas deu risada. – Tudo bem, você fica muito linda envergonhada.

- Ai eu amo essa música. – eu disse quando  a banda começou a tocar. Ele deu um sorriso e pegou minha mão.

- Vamos dançar.

- O que ? Harry, não! – eu recolhi minha mão ele e sorriu.

- Amb, é só uma dança. Eu não vou sair correndo para Londres durante ela. – ele brincou comigo e estendeu a mão. Me dei por vencida e levantei só que não lhe dei minha mão. Ele pareceu não ligar, mas percebi que ele deu uma risadinha. Ele foi na frente me conduzindo até um espaço lá trás onde tinha um pessoal dançando.

-Desde quando você sabe dançar? – eu perguntei quando ele colocou as mãos em minha cintura.

- Com o tempo algumas coisas mudam. – ele disse arriscando uma voltinha. – O que foi? – ele perguntou ao ver minha cara de chocada e surpresa ao mesmo tempo.

- Essa música não é meio animada demais para se dançar assim? – disse olhando para suas mãos em minha cintura e meus braços ao redor de seu pescoço.

- A gente dança como quisermos. Eu sou Harry Styles. – ele fez cara de deboche e eu dei um chute fraco em sua perna. – Lembra que sonhávamos em entrar aqui? Ficar se agarrando nos cantos e beber o quanto quiser? – ele falou me olhando nos olhos. – Parece que tudo isso foi em outra vida. Não se sente as vezes assim?

- Sempre. Pra mim essa vida só existiu nas memórias.

- Hoje em dia entrar aqui nem é algo demais, ainda mais que a primeira vez que vim não foi com você, como eu imaginava que seria.- Depois disso eu apenas sorri e ficamos em silencio por alguns instantes apenas sentindo a música até que ele interrompeu. – Você acha que esse capitulo vai para o livro?

- Que livro? – falei sem entender do que ele estava falando.

- Se esse feriado vai entrar em seu livro, você sabe aqueles com os melhores capítulos da sua vida. – eu abri a boca surpresa, não esperava essa pergunta.

- Eu.. é... o livro não são os melhores capítulos e sim os mais significativos. Outra coisa, vou ter que te colocar nele assim todo mundo vai comprar. – brinquei e ele deu uma risada gostosa e começou a fazer carinho em minhas costas. – O que estamos fazendo?

- Eu também não sei. –ele falou colocando a cabeça em meu ombro. – Sei que estou gostando.

- Promete que não vai me deixar? – falei no impulso e ele levantou a cabeça rápido.

 - Pensei que fossemos amigos. – ele deixou transparecer a surpresa.

- Nós somos, mas não posso me aproximar e depois fingir que nada aconteceu. – falei tudo que estava sentindo. – Pode ser que depois do feriado você esqueça de tudo.

- Impossível. No XFactor não teve um dia que não me lembrei de você.

- Eu sou assim tão fácil de se esquecer? – falei quando a música terminou.

- Não. Pode ter certeza que não. – ele disse e sorriu. – Só que a vida é assim, temos que continuar. – eu assenti e completei:

- Se não nunca sairemos do lugar. – então ele se virou e por alguns segundo pensei ter visto ele olhar para minha boca, mas provavelmente estava delirando, pois ele disse:

- Vamos voltar para a mesa.