Amélia estava atrasada. Meia hora. Isso nunca havia acontecido antes, ela era perfeita. Estou com Amélia há dois meses, e esses foram os melhores da minha vida. Ela fazia brotar flores em qualquer local, e seus olhos... Seus olhos sorriam de um modo que eu não conseguiria descrever nem em um milhão de páginas. Era algo que apenas ela conseguia fazer. Determinada e forte.

Ela não chegou. Comecei a caminhar pelo bosque. O pequenique que preparei ainda está fresco, o suco ainda frio. Sentei em um dos bancos de pedra do local e comecei a lembrar do dia que ela me contou. Vamos ter um filho.

"Se for menina vai se chamar Cassie" Eu não conseguia me conter de felicidade. Ela queria escolher Adam se fosse garoto. Naquela tarde, ela fez um caminho de ursinhos da cozinha dela até o quarto, com um bilhete escrito: Parabéns papai. Eu não sabia se chorava ou se abraçava Amélia. Ela é perfeita. Perfeita demais até para mim.

Então ela chega com aquele rostinho perfeito totalmente enrubecido e triste. O que se passa na minha cabeça é apenas o pior. Amélia sorri de um modo estranho, quase forçado. Seus olhos não sorriem mais e estão cheios de olheiras. Só consegui abraçá-la.

- O que... Digo, Você está bem, meu amor?

- Sou uma péssima atriz, não sou? - Ela se desmanchou em lágrimas e agarrou minha camsa, enterrando o rosto.

- Olha, se você não quiser comentar agora... Eu respeito. Porque além de qualquer coisa, eu te amo, Amélia. - Eu apenas a abraço mais forte - Agora vamos comer. Preparei um pequenique. E temos que alimentar a Cassie - Tentei fazê-la sorrir

- Não tem Cassie - Ela se afastou e olhou séria para mim

- Ou Adam, como você preferir - Sorri para aqueles olhos. Que não retribuíram o sorriso.

- Não tem Cassie nem Adam - O pranto aumentou - Sofri aborto espontâneo.

Aborto. Espôntaneo. Essas palavras vieram para mim como uma facada. Me vi ali, caido de joelhos na frente da minha namorada, sem saber o que pensar de nada. Eu queria essa criança, eu queria um filho da Amélia. Mas ela estava muito pior do que eu. Eu não podia deixar o amor da minha vida naquele estado.

Levantei e peguei Amélia pelo braço.

- Vamos comer - Foi o melhor que consegui fazer. Amélia me seguiu e sentou em um dos banquinhos, ainda chorando. Peguei o pãozinho com queijo e geleia que ela adora e a fiz comer. Depois de comer bastante, caminhamos em silêncio e sentamos perto de um penhasco, até anoitecer. O choro de Amélia cessou com a Lua, mas ela ainda não sorria.

- Pode não ter dado certo agora. Mas ainda teremos uma Cassie e um Adam - Eu disse para os olhos dela.

- Promete? Os dois?

- Sim. - Sorri e a abracei. E os olhos dela sorriram de novo.