Sangue Winchester escrita por N Baptista


Capítulo 9
Treinamento com o Bobby




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De volta à casa do Bobby, eles comemoravam o sucesso da noite anterior, e Natale se sentou no sofá com o diário nas mãos para registrar o que tinha acontecido:

- Você acha boba essa história de escrever em diário? – Ela perguntou para Sam que tinha sentado ao seu lado.

- Não – Ele respondeu – Minha mãe escrevia um diário, e depois que ela morreu o meu pai passou a escrever também.

- Então é herança genética – A garota riu.

- O que vocês estão conversando aí? – Perguntou Dean entrando na sala.

- Não é nada. – respondeu Sam.

- Escuta Dean – Natale se virou para o pai – Quando vocês vão começar a me ensinar tudo sobre caçar?

- Você quer aprender sobre isso? – Dean ficou sério.

- Pelo que eu entendi – Ela fechou o diário e sentou direito – O 4 ainda vai me perturbar por um tempo, e eu não posso depender de guarda-costas.

- Acho que eu vou na cozinha. – Disse Sam se levantando pra sair da conversa.

Bobby também ia sair da sala quando Dean falou:

- Acho que o Bobby daria um bom professor.

- Não me mete nisso – Disse Bobby voltando à sala – Eu não queria ter ensinado nem pra você.

- Quebra essa Bobby – Insistiu Dean – Eu e o Sammy temos mesmo que ver aquele caso do fantasma do fazendeiro que paramos por causa da Natale.

- Vocês já estavam parados antes de descobrirem sobre a Natale – Lembrou Bobby.

- Isso é porque o fantasma esta atacando a cada três semanas...

- Olha – Interrompeu Natale – Se é pra me tratarem que nem batata quente é melhor esquecer essa ideia.

Ela se levantou e foi para a cozinha falado:

- Só espero que estejam preparados pra próxima vez que alguma coisa vir atrás de mim.

Ela se sentou na mesa, ao lado de Sam que pesquisava alguma coisa no computador:

- Não leva pro lado pessoal – Ele disse – Eles são assim mesmo.

Natale bufou e Sam continuou falando:

- Mas a história do fantasma é real. Ele sumiu quando estávamos investigando e como não achamos mais nada, resolvemos dar um tempo até que ele reaparecesse.

A garota olhou para a sala a onde estavam Dean e Bobby:

- Tenho uma coisa pra você – Disse Sam mexendo na mochila e entregando para ela um caderno sobrecarregado e gasto – Era o diário do meu pai. Pode te ensinar algumas coisas.

Natale abriu um grande sorriso enquanto foleava o diário:

- Mas, por favor – Disse Sam chamando a atenção da garota para que olhasse pra ele – Não tente nada sozinha.

Ela assentiu com a cabeça e quando ouviu passos vindos da sala, se apressou em esconder o diário (sentia que era isso que devia fazer):

- Então – A garota se virou para Dean e Bobby – Já se entenderam?

- Nós vamos terminar o caso que ficou pela metade, enquanto isso o Bobby vai te ensinar algumas coisas – Disse Dean indo em direção a porta com o Sam atrás dele – Se precisar é só ligar. E isso vale pros dois.

- Por onde começamos? – Perguntou Bobby quando eles ficaram sozinhos.

- Não faço ideia – Respondeu Natale andando em direção a sua mochila para guardar o diário de John.

A aula começou logo depois do almoço, Bobby fez um tour pela casa explicando para que servia cada um dos símbolos escondidos, e ele respondia pacientemente (ou quase) todas as perguntas da garota. No fim do dia eles jantaram e Bobby foi ver TV enquanto Natale se sentou na escada e ficou foleando o diário do avô se interessando mais a cada página que virava.

Eram 7h da manhã quando Bobby acordou Natale, ele queria ensina-la a usar uma arma. Não tiveram muito avanço, pois a garota ficava nervosa com a ideia de atirar, e não acertou uma única bala:

- Já tentamos com latas, pneus e CARROS. Como você conseguiu não acertar nenhum alvo? – Disse Bobby quando eles deram uma pausa.

- É que... – Gaguejou Natale – Armas me deixam nervosa. Eu tomei um tiro quando tinha 12 anos e digo que não é uma boa sensação.

- Mas você tem que entender – Disse Bobby olhando para ela – Que a arma pode ser a diferença entre caçar e ser caçado.

A garota virou a garrafa de água na boca em uma tentativa de prolongar o momento de silêncio. Depois do almoço Bobby foi dar uma olhada em seus livros e pesquisas para tentar achar algo mais fácil de ensinar para ela, enquanto isso Natale saiu escondida e voltou para o ferro velho a onde eles estavam treinando. Ela não se conformava com a ideia de não conseguir dar um tiro simples, então resolveu continuar tentando, as suas mãos ainda tremiam muito cada vez que tocavam na superfície fria da arma, mas ela sentia que estava cada vês mais perto de conseguir. Deu cinco tiros, e acertou o pneu duas vezes. Animada passou o alvo para as latas que estavam no chão, disparou várias vezes, mas não conseguiu nada e isso a tirou do sério. Ela foi tomada por uma determinação que  permitiu que visse exatamente a onde tinha que mirar, disparou acertando as três latas de uma só vez. Aquilo parecia surreal e assustou a garota que colocou a arma no chão e deu um salto pra trás, ela ouviu uma risada e se virou para olhar para Samuel:

- O que acabou de acontecer? – Perguntou Natale assustada.

- É só não ter medo da sua arma. – Respondeu o Arcanjo bem humorado.

- Não sou medrosa.

- Sei que não é – Ele continuou – Mas a ideia de tirar uma vida te assusta.

- E como eu combato isso? – Natale ainda se sentia assustada com aquela realidade.

- Só depende de você. – Respondeu Samuel se afastando.

Ela se virou para as latas, fez outro disparo e acertou em cheio, então a garota se virou para Samuel que não estava mais lá:

- Não acredito que fez isso sozinha – Disse Bobby analisando os estragos – Pelo menos acertou o alvo.

Eles voltaram para a casa e Bobby explicou algumas coisas sobre fantasmas e espíritos malignos no geral (nada que ela não tivesse lido no diário, mas a aula estava valendo a pena), ele explicou que quando uma pessoa morre, mas se recusa a se desapegar das coisas da sua vida, o seu espírito não pode ser levado e ela acaba se tornando um fantasma. Estudaram sobre criaturas não corpóreas a tarde inteira e quando anoiteceu fizeram o mesmo que no dia anterior.

Ao amanhecer do terceiro dia Natale estranhou já serem quase 10h e Bobby não a ter acordado, ela desceu as escadas e o encontrou andando de um lado para o outro com uma porção de jornais nas mãos e um café frio em cima da mesa:

- O que aconteceu? – Perguntou a garota confusa.

- Eu vou ter que deixar você aqui. – Respondeu Bobby bebendo um gole do café.

- Aonde você vai?

- Apareceu um caso – Ele mostrou o jornal – Vou ter que resolver isso e depois continuamos com as aulas.

Natale pulou de uma vez só os degraus que faltavam e correu para agarrar o jornal:

- Me leva com você – Ela implorou olhando as manchetes – Que jeito melhor de ensinar do que na prática?

- Não mesmo – Ele foi andando para a cozinha – Você não está pronta pra isso.

- Eu consigo – Ela correu pra frente dele tentando manter contato visual – Sei que consigo. Me deixa tentar.

Bobby hesitou por um instante, mas acabou concordando. Natale deu um salto comemorativo e correu para se preparar enquanto Bobby repensava o que tinha feito.

Internos de um hospital estavam agindo de maneira estranha, delirando e fazendo coisas como subir no telhado, pouco depois dos surtos passarem eles eram encontrados completamente sem energia. Esse era o caso que Natale e Bobby foram investigar, ela deveria esperar no carro enquanto ele fazia o número do FBI pra tentar descobrir alguma coisa entre os funcionários, mas a garota não suportava a ideia de ficar fora da ação, então ignorou as ordens de Bobby e entrou escondida no hospital:

- Você não deveria estar aqui. – Disse um enfermeiro quando Natale começou a fazer perguntas.

- Me desculpe – Ela choramingou – É que o meu irmão esta internado aqui, e eu estou com muito medo. Se for algum tipo de virose...

- Não é – Gaguejou o homem – Olha, eu não devia te contar isso, mas seja lá o que for que está acontecendo aqui, não é normal.

- Como assim? – Ela forçou.

 - Os corpos – Ele olhou em volta para se certificar de que ninguém ouvia – Estão liberando uma gosma preta.

- Gosma preta? – Ela se fez de surpresa.

- Não conta pra ninguém. Nem você deveria saber.

- Não vou contar.

Ela saiu do hospital surpresa com a facilidade com a qual tinha conseguido a informação, e viu que Bobby já estava no carro:

- Eu disse pra você não sair. – Bronqueou Bobby.

- Eu sei – Ela deu um sorriso torto pra tentar amenizar a situação – sinto muito. O que você descobriu?

- As vítimas não seguem um padrão, tem jovens e velhos, doentes e feridos. Parece uma epidemia.

- Epidemia não faz os corpos liberarem gosma preta. – Natale puxou seu trunfo.

- Como sabe da gosma? – Bobby ficou surpreso.

- Um enfermeiro contou – Respondeu a garota – Acho que eu passo uma boa impressão.

Eles foram almoçar em um restaurante próximo, e Natale ficou mexendo no Ipod:

- O que você tanto mexe ai? – Perguntou Bobby se esticando em cima da mesa para olhar o aparelho da garota.

- Aqui tem WiFi, então eu aproveitei pra fazer umas pesquisas sobre o hospital, e olha só.

“Há vinte anos, aconteceu a mesma coisa que está acontecendo agora e as pessoas pensaram que era alguma epidemia também. O mesmo aconteceu vinte anos antes e antes... Tem mesmo alguma coisa lá, e agente tem que resolver isso antes que desapareça por mais vinte anos.”

Bobby parou por um instante para refletir sobre a eficiência que a garota estava demonstrando:

- Vamos voltar pro hospital e dessa vez, você me dá cobertura enquanto eu dou uma olhada nos registros internos – Disse Bobby se levantando pra pagar a conta – Vamos ver se eles estão escondendo alguma coisa.

Natale estava sentada em frente a sala do diretor do hospital, que tinha saído a algum tempo, enquanto Bobby remexia os arquivos confidenciais em busca de algo que fosse útil, foi quando começou uma gritaria por todo o lugar, ela o chamou e os dois correram para ver o que estava acontecendo. Uma senhora de idade estava no telhado e repetia sem parar “luz”, mas ninguém estava entendendo nada, então alguns enfermeiros subiram lá para ajudar a senhora a descer.

Bobby alugou um quarto no motel mais perto do hospital possível, passou a tarde lendo e relendo as diversas reportagens que a Natale lhe mostrou, e quando finalmente anoiteceu, ele esperou até que a garota dormisse e saiu pra investigar. Já passava das 3h de manhã quando Bobby cruzou a porta do quarto com pressa, fez tanto barulho que Natale acabou acordando e viu que ele tinha um corte profundo no braço:

- O que aconteceu? – Perguntou a garota assustada enquanto corria para socorrê-lo.

- Não foi nada – Respondeu Bobby – Eu estou bem.

- É, tô vendo – Ela falou em um tom irônico enquanto colocava um pano molhado sobre a ferida – Para de se mexer. Fala a verdade durão, o que aconteceu lá?

Ele hesitou por um instante, mas acabou contando que quando chegou ao hospital estavam TODOS dormindo e a atmosfera estava estranha e empoeirada, a senhora de mais cedo estava caída no chão e escorria uma gosma preta do nariz dela (Natale tremeu ao imaginar a sena), uma sombra correu pelas paredes e Bobby foi atrás. A seguiu até a sala de cirurgia a onde a coisa partiu pra cima, ele tentou dar alguns tiros com os cartuchos de sal, mas a coisa continuou vindo e o derrubou em cima de uma mesinha que tinha aparelhos cirúrgicos, e foi quando o bisturi cortou o braço dele, a criatura desapareceu e tudo no hospital voltou a ficar normal, mas as pessoas começaram a acordar e ele não podia ser pego naquela situação, ou seria culpado por tudo o que está acontecendo, então se apressou em ir embora.

- Mas pra onde aquela coisa foi? – Perguntou Natale.

- Eu não faço ideia – Respondeu Bobby – Mas agora é melhor você voltar a dormir.

A garota bufou, mas acatou a sugestão e voltou a se deitar, embora só tenha conseguido dormir algumas horas depois.  Quando acordou, Natale se viu novamente sozinha no quarto e começou a chamar por Bobby, ela olhou pela janela para ver se o carro ainda estava no estacionamento e estava, então ele não poderia ter ido longe. Ela reparou em um grupo de pessoas que estavam se juntando na calçada e olhavam para cima, o coração da garota foi apertando a medida que ela se aproximava para olhar também e viu Bobby no telhado repetindo “luz”.


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