Samuel tinha ido embora e agora Dean, Bobby e Sam estavam na sala inquietos:

– Isso deve ser tudo mentira – Disse Dean inconformado.

– Pensa bem Dean, você namorou mesmo uma garota chamada Isabel naquele ano, e eu acabei de conferir na internet... Ela foi MESMO encontrada no cemitério – Sam tentava convencer o irmão.

– Mas isso não quer dizer que a menina exista – Dean se sentou no sofá e logo se levantou de novo – E todo aquele papo de se preocupar com ela... Quantos Arcanjos que nós conhecemos têm sentimento?

– Acho que o único jeito é vocês irem encontrar a Natale – Disse Bobby entregando a Sam um pedaço de papel onde tinha anotado o endereço da suposta casa da menina – Ai sim vão poder tirar conclusões.

Tanto Sam quanto Dean não sabiam mais o que dizer, e demorou um pouco até que acatassem a sugestão de Bobby e entrassem no carro para ir atrás de Natale.

A cidade era longe e a viajem foi longa, Sam passou quase o tempo todo fingindo que dormia para dar a Dean tempo pra pensar. O caçador durão que Dean costumava ser, duma hora para a outra tinha se tornado o pai de uma garota adolescente que ainda nem sabia sobre a existência do sobrenatural, e ele só conseguia pensar que agora teria de arrastar essa garota para a vida que tanto detestava. Dean ficava lembrando de como Sam se sentiu quando teve que largar a faculdade, e depois como ele mesmo se sentiu quando teve que largar a vida com Lisa e Ben. Quem conhece a vida normal não consegue se acostumar com esse mundo de monstros, demônios e motéis baratos no qual eles se encontravam.

Quando finalmente chegaram se depararam com um enorme prédio branco com detalhes verdes. Samuel os esperava próximo à portaria e eles se apressaram para falar com o Arcanjo:

– Então – Disse Dean tentando parecer despreocupado – Onde está a menina?

Samuel demonstrando uma calma que não tinha tido antes, olhou para o céu e depois para o outro lado da rua:

– Já passou do meio-dia. Ela vai chegar a qualquer momento.

Sam buscou abrigo na sombra da guarita, enquanto Dean andava de um lado para o outro esperando qualquer movimento do outro lado da rua, ele estava no auge da sua impaciência quando viu alguém aparecer ao longe, conforme a pessoa ia chegando perto, eles puderam ver a sua pele clara, que contrastava com os seus cabelos escuros e compridos, e quando Natale passou por eles, Dean pôde notar os olhos claros que acompanhavam os Winchesters.

A garota entrou no prédio e subiu pelo elevador sem que qualquer um dos três pudesse se mover. Dean também se abrigou na sombra da guarita e se sentou no chão colocando as mãos na cabeça, naquele momento lhe veio a lembrança do rosto de Isabel no dia em que ele foi embora.

– O que vamos fazer agora Dean? – Perguntou Sam, mas como não obteve resposta continuou – Precisamos de um plano, um jeito de nos aproximarmos dela sem assustar-la.

Dean continuou quieto e Samuel desapareceu. Sam respirou fundo e depois foi puxando o irmão até o carro, e então os dois partiram para um motel da região. Dean foi aos poucos voltando a si e pulou da cadeira a onde estava sentado. Já tinha um plano completo perfeitamente arquitetado em sua cabeça. Sam queria saber o que estava acontecendo, mas foi abandonado pelo irmão que correu para o carro dizendo apenas que já sabia o que fazer.

Eram quase 18h quando Dean retornou ainda eufórico, Sam perguntou (já sem esperar resposta) onde o irmão tinha ido e Dean respondeu:

– Amanhã nós começamos a trabalhar na escola dela.

Sam deu um salto da cadeira e quase engasgou com a cerveja que estava bebendo:

– Eu não vou me passar por faxineiro de novo Dean, você não se lembra da última vez? Faz alguma idéia de quantos banheiros eu tive que lavar naquela escola...

– Não é nada disso Sammy. Nas últimas semanas, algumas garotas têm desaparecido nessa cidade sem deixar rastro. Ta todo o mundo preocupado e por isso algumas escolas vão contar com policiais infiltrados para tomar conta dos alunos, e é aí que a gente entra. Eu chequei no banco de dados da polícia e a escola da Natale não está nesse programa. Nós vamos poder ficar de olho nela até que possamos contar toda a verdade...

– E quando vai ser isso Dean? Quando vamos contar para ela?

– Eu não tenho como saber de tudo Sam.