Sangue Winchester escrita por N Baptista


Capítulo 21
A sombra da rodovia




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/216240/chapter/21

- Caramba! Pega leve na aceleração Dean, o carro acabou de sair da oficina.

- deixa de ser chata, você não conhece ele como eu, o meu bebê aguenta.

- “Aguenta”, sei. Você pelo menos descobriu o que tinha de errado com ele?

 Dean se remexeu desconfortavelmente no banco e bufou:

- Não.

- Isso tudo é muito estranho – Disse Sam olhando para a estrada – Primeiro o carro fica todo esquisito, depois do nada todos os vidros quebram, aí nós somos pegos por uma criatura e quem nos salva é um cão do inferno. Não faz o menor sentido...

- Na verdade foi uma garotinha que mandou aquela coisa atacar o Kitsune.

- Os cães do inferno são leais aos seus donos Natale – Disse Dean olhando para ela no banco de trás – Aquela garota era um demônio.

 Natale estava olhando para o pai, mas logo algo desviou o seu olhar para a estrada e ela gritou:

- Dean, olha a estrada!

 Ele virou para a frente e viu um homem que vestia um casaco grosso e velho manchado de sangue no peito onde havia uma porção de cortes. Ele era pálido, com profundas olheiras e sua boca parecia estar costurada. O Impala chegou a atravessar a figura antes que Dean conseguisse parar, então os três Winchesters olharam para trás e não havia mais ninguém.

Os rapazes desceram e caminharam pela estrada deserta com o detector de fantasmas apitando como louco, depois de alguns minutos Natale baixou o vidro e gritou para os outros dois:

- Eu duvido que vocês encontrem alguma coisa aqui, mas tem uma vila de pescadores logo a frente, nós podemos fazer umas perguntas.

- E como você sabe sobre a vila? – Perguntou Dean.

Natale dispensou a resposta verbal e apenas mostrou o telefone, Dean olhou para o irmão e suspirou:

- Santa tecnologia!

Os dois voltaram para o carro e avançaram os quilômetros que faltavam até a vila que Natale tinha mencionado. Era um lugar aparentemente calmo que ficava próximo a uma baia onde vários barquinhos buscavam a pesca do dia:

- E aí, por onde começamos?

- Fácil Sammy. O fantasma apareceu na estrada, então vamos para onde os viajantes se encontram.

- Tá, já saquei.

- Eu não. – Natale olhou confusa para o tio.

- Vamos para o posto de gasolina, é o melhor lugar para perguntar sobre estradas.

Não demorou até o Impala parar ao lado da bomba de combustível, Sam foi pagar e deixou os outros sozinhos. Ele já tinha entregado o dinheiro ao caixa quando reparou na manchete do jornal que anunciava estranhos acidentes na rodovia, os carros perdiam o controle de repente e rodopiavam na pista resultando na morte de todos os passageiros:

- Cara, isso sim é estranho. – Comentou o Winchester com o homem atrás da registradora.

- É só aquela época de novo.

- “Aquela época”?

- Foi mal, você não deve ser daqui. É que a cada dois anos isso acontece, a chuva e a neblina se misturam e acontecem vários acidentes na estrada, sem falar nos malucos que aparecem aqui jurando que viram um fantasma.

- Um fantasma? E disseram como ele é?

- Cara, é só o delírio de gente que viajou a noite toda e estava com sono naquele momento.

- É claro – Riu Sam – Mas a verdade é que eu sou um curioso por folclore e lendas regionais, e todo o tipo de estória me interessa.

- Tá legal. – O homem coçou a careca antes de continuar – Alguns dizem que é o fantasma de Conor River, um pescador que desapareceu há alguns anos. Sempre descrevem com um casaco manchado e a boca costurada, mas eu mesmo nunca vi.

- Conor River é? E o que sabe sobre ele?

- Se quer saber sobre o Conor var ter que perguntar a George Stevens, era o melhor amigo dele tem uma loja de aluguel de barcos há duas quadras daqui. Pode tentar a sorte, mas já vou avisando que o George é um pouco difícil de lidar.

- Ok, obrigado.

 Sam saiu andando em direção ao carro, contente por ter conseguido um bom material inicial para o caso, mas a cena que encontrou era completamente inesperada. Dean estava atravessado na janela do Impala com o tronco e os braços sobre o banco do motorista enquanto as pernas balançavam do lado de fora chutando o ar e ele gritava furioso com Natale que se encontrava do outro lado do carro rindo sem parar:

- O que aconteceu aqui? – Perguntou Sam contendo o riso.

- A culpa não foi minha. – A garota já foi logo se defendendo.

- Como assim não foi sua? A culpa foi toda sua! EU TO PRESO AQUI SAMMY!

Sam e Natale agarraram as pernas de Dean para que o puxassem para fora:

- 1, 2, 3... – Contou Sam e eles libertaram o outro.

Dean jogou o braço para o lado para agarrar a garota que foi mais rápida e saiu correndo pelo posto de gasolina:

- Mas como isso aconteceu? – Perguntou Sam.

- Eu tava tentando alcançar a fita do Led Zeppelin que tinha deixado no banco quando aquela garota me empurrou e eu acabei preso em certa situação.

- Na janela do carro?

- Ah, não enche Sammy! Encontrou alguma coisa?

- Muita coisa. Natale vem cá, você vai querer ouvir isso também.

 A garota se aproximou receosa e se pôs atrás do tio:

- Em minha defesa eu não empurrei ninguém. Foi um acidente.

- Tá, isso não importa agora, vamos focar no caso. – Disse Sam diretamente para Dean que já estava se preparando para armar uma confusão – O cara do caixa falou que há relatos de aparições do fantasma a cada dois anos. E não é só isso, muitos motoristas perdem o controle e terminam em acidentes sérios, o jornal dizia que essa é a estrada com maior índice de mortes de todo o estado, sempre no mesmo período.

- Ele falou da aparência?

- falou sim Dean, e bate com o cara que vimos lá atrás.

- Algum palpite de quem seja?

- Ele falou de um pescador, Conor River, parece que ele desapareceu há alguns anos. O melhor amigo tem uma loja de aluguel de barcos e parece que pode nos dizer mais alguma coisa.

- Então vamos para lá.

Os três Winchesters entraram no carro (embora Natale permanecesse o mais longe possível de Dean) e partiram em direção a loja de aluguel de barcos. Encontraram, no entanto uma casinha de madeira velha com alguns pequenos barcos na água próxima e ao fundo um galpão também velho e gasto:

- Cara, – Comentou Dean antes que eles saíssem do carro – Esse lugar tá precisando de uma reforma.

Os rapazes saíram do carro e estavam andando em direção a casinha quando Natale correu atrás deles e os deteve:

- Esperem, não podemos colocar todas as cartas na mesa de uma vez.

- Como assim? – Perguntou Sam.

- E se aquele cara resolver não falar ou não contar a verdade? Não vamos ter outra chance.

- E o que você sugere miss Sherlock Holmes?

- A minha ideia é apenas um de vocês entrar lá e usar algum truque de curioso informal, assim se precisarmos vamos ter o outro para se passar por FBI ou coisa do tipo. E eu to mais pra Enola Holmes se você quer saber.

- Temos que admitir Dean, a ideia é boa.

- Então tá sabichão. Cara ou coroa para ver quem entra.

- Cara.

Dean jogou a moeda para o alto e vibrou com a vitória:

- Tenta ser delicado. Era o melhor amigo do cara.

- Eu sempre sou delicado.

- Tá legal – Disse Natale – Eu vou esperar no carro.

O mais velho atravessou a pequena porta gasta e Sam deu a volta na casa para ver o galpão. O caminho estava coberto por cascalho e lodo e o Winchester teve dificuldade em caminhar sem escorregar, ele analisou as grandes portas de ferro que se mantinham trancadas por um grande cadeado. Sam se aproximou ainda mais e estudou bem a fechadura, foi quando um som alto semelhante a um guincho que vinha de algum lugar dentro d’agua fez Sam pular de susto e escorregar no cascalho caindo de costas.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Sangue Winchester" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.