Ultimo Suspiro escrita por Yuko


Capítulo 1
Ele havia me encontrado ...




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/216086/chapter/1

O tempo não estava ao meu favor e correr não era a mesma coisa que fazia no colégio. Do pouco de minha corrida, meu coração já estava acelerado, não aguentava mais bater, mas ele tinha que continuar. Quanto mais respirava, mais o ar congelava minhas veias, esta era a coisa ruim de correr em pleno inverno. A neve me fazia escorregar a cada passo que dava. Esse era o momento em que me culpava por estar usando um vestido de época, não era necessariamente culpa minha, tinha que vestir algo para a formatura.

Sabia que se parasse, ele chegaria para me pegar a qualquer momento. Ele só esperava o momento em que eu estivesse distraída demais com meus próprios pensamentos para me capturar, como uma presa. Enquanto isso não acontecia, ele me observava tropeçar a cada passo. Conseguia sentir o vento gelado em minha cara, e sentir meus olhos enxerem de lágrimas.

Meus pensamentos foram interrompidos por um toque alto, e pelo som percebi que vinha de meu celular, tentei me lembrar de aonde tinha o colocado. Por meio do vestido, não dava para descobrir, continuei correndo e tentei procurar o mais rápido possível ele. Comecei a me sentir observada, como se alguém esperasse que achasse a qualquer modo aquele aparelho. Quando achei o toque continuava, sem ver quem estava me ligando, coloquei no meu ouvido, mas sem para de correr.

- Mon petit, achaste mesmo que pudesses me esquecer. Nunca conseguiras fugir de mim...

Mesmo sem terminar de ouvir o que ele tinha para falar, já tinha jogado o celular longe, as lágrimas continuaram a cair e me sentia horrível. Sabia que ele não pararia de me procurar, porque simplesmente tive que ser a escolhida? Sempre tentei ser uma pessoa boa, que não machucava os outros, nem nada do tipo. Seria por isso que ele me escolheu?

Quanto mais corria, mais percebia que este jogo estava perto de terminar. Era assim nos filmes, a mocinha corria contra o vilão e ele a surpreendia e a matava. Queria que fosse assim, uma morte rápida, para esquecer tudo depressa. Percebi que nada estava escuro, agora havia ao longe alguns pontos de luz. Não sabia o quanto tinha corrido, mas se meu professor tivesse vendo isso, ele nunca mais me chamaria de perdedora, como tinha costume de fazer.

Em minha frente tinha a ruina de uma antiga casa, seu teto poderia estar acabado, só que as paredes e portas permaneciam intactas. Parei por alguns instantes, e não escutei nenhum barulho de passos vindo da floresta e pensei que talvez ele pudesse ter parado para me procurar. Respirei fundo e percebi que a lua estava no seu ponto mais alto no céu, estava perfeito de olha-la. Não poderia parar por muito tempo, contornei a casa e avistei ao longe um pequeno vilarejo, não estava tão distante, mas mesmo assim era uma boa caminhada. Se conseguisse chegar lá, poderia ter alguma chance de sobreviver.

Escutei barulhos vindos atrás de mim, e lembrei que ele ainda estava por perto. Comecei a correr e segurar a parte da frente do vestido, assim poderia correr mais rápido sem tropeçar. Uma dor incontrolável veio de um dos meus braços, senti algo escorrendo por eles. Como não poderia parar de correr apenas levantei meu braço para um pequeno ponto de luz e percebi que estava muito vermelho. Sangue escorria por um corte feito por uma lamina bem afiada. Isso significava que o jogo estava terminando.

Não tinha mais chance nenhuma. Aquela lamina voltou e desta vez atravessou minha barriga, meus pés fraquejaram e pararam de correr, me deixaram quase cair. Mas num piscar de olhos estava sendo pressionada contra uma arvore, pude ver que era uma adaga na minha barriga. Minha cabeça parecia que agora tinha percebido que estava em perigo, mas sabia disso desde o momento em que tinha sido sentenciada a morte.

Tentei manter forças e olha-lo bem, seu rosto que sempre foi angelical, agora tornava a forma de um verdadeiro mostro. Seus cabelos pretos estavam cheios de ganhos e folhas secas. Suas roupas estavam amassadas e sujas de meu sangue, seu rosto era o pior de todos, tinha um corte no canto perto da orelha, tinha feito aquilo quando tentou abusar de mim quando fugi dele pela primeira vez, seus olhos mostravam amor. Não aquilo era obsessão.

- Disse-lhe, mon petit. Não podes fugir de mim, fomos feitos um para o outro.

-Por favor, Matt. Deixe-me viver, serei apenas sua e não fugirei mais. – Ele riu de minhas palavras que saiam com dificuldade. E passou sua mão pelo meu rosto. Ele tinha estudado muito bem, para saber em que lugares eram vitais para uma pessoa morrer. E certamente o ponto onde me acertou era apenas para provocar um pouco de dor.

Ele colocou uma de suas mãos no meu pescoço, e pressionou até o ponto que minha respiração ficasse mais fraca, não a ponto de me deixar sem respirar. Mas apenas para mostrar que minha vida estava nas mãos dele. Ele fechou os olhos e respirou fundo, o ar estava gelado, mas seu corpo colado ao meu me deixava com calor. Seus lábios ficaram passando ao redor de meu rosto, como se quisesse memorizar cada caminho até minha boca, mas ele não chegou até lá. Ficou apenas seguindo em voltas, me deixando tonta com seu perfume perfeitamente inebriante, pronto para me envenenar.

Sua mão saiu levemente do meu pescoço, quase não percebi seu movimento. E foi parar em minha cintura, ele me levantou e percebi que estava sendo carregada. Estava certa sobre aquele perfume, tinha algo que me deixava fora de mim. Não conseguia prestar mais atenção no que me acontecia, tudo estava mais calmo, mais leve...

Quando sai daquele transe, estávamos dento de uma casa, não uma qualquer, mas sim a que tinha visto antes. Ele me deixou em uma cadeira, num tom escuro de vermelho. E saiu sem dizer mais nenhuma palavra. Meu corte tinha parado de sangrar, mas ainda estava dolorido. Não poderia ficar naquele local, tinha que fazer algo para escapar. Como pude esquecer tudo apenas por um perfume?

Juntei forças para consegui me levantar, mas o pior foi conseguir dar um passo a minha frente. Era quase inútil lutar, mas quando estava quase morrendo, tudo era pouco. Consegui depois de muito tempo chegar até a porta, me joguei na parede e de lado tentei abri-la, mas estava trancada. Algo me virou e fez que eu batesse a parte de trás da minha cabeça. Fechei os olhos e respirei fundo, quando o olhei, ele tinha um olhar com ar de inocência e pureza.

- Mon Petit, achas mesmo que a deixaria escapar tão facilmente de mim? Agora ficaremos juntos para sempre...

Após dizer isto, ele me pressionou mais forte contra a parede. Respirei fundo para gritar, mas antes que conseguisse, ele colou seus lábios nos meus. Ele me beijava violentamente, realizando todos os seus desejos.  Suas mãos pararam em minha cintura e me pressionou contra ele, era impossível de fugir dos seus braços. Ele me beijava desesperadamente, e em sua fúria e luxuria ele começou a beijar meu pescoço, me fazendo esquecer o porquê não o queria mais.

Depois disso, ele pareceu se controlar. Lembrando-se do que queria de verdade. Estávamos sem folego, e tentei me segurar em seu corpo. Seu sorriso era notável parecia que se sentia feliz em me ver assim.

- É melhor se comportar, Amélia. Posso não ser tão gentil na próxima vez, logo todo esse desejo dentro do seu corpo será satisfeito.

Um barulho alto ecoou naquela sala. Agora tinha conseguido reparar melhor no local, não tinha moveis, apenas aquela cadeira vermelha. Tudo era tão velho e sujo. Como se estivesse por ali há muito tempo. Quando ele saiu de perto, percebi que tinha me prendido na parede, minhas mãos estavam presas na parede por correntes. Isso tudo para eu nunca fugir. Ele ainda me olhava e passava sua mão em meu rosto, tentando me confortar. Meu cérebro começou a avisar o resto do corpo que deveria sentir medo.

Lembrei-me de quando o conheci, uma pessoa tão boa e pura. Era tão diferente de agora, e diferente do que já tinha pensado, ele nunca tinha se drogado ou feito nada de errado. Até me conhecer, ele era uma pessoa boa. Mas nunca tinha amado, e não sabia como amar. Infelizmente seu amor era incondicional, era superior a tudo. Isso me sufocava, parecia que nunca acabava.

Não demorou muito até ele sair novamente, me deixando sozinha. Como o lugar era muito antigo, as correntes que me prendiam estavam quase se soltando. Ou ele não tinha percebido isso ou era mais uma parte do seu plano. Quando me soltei, logo fui para o chão. Estava fraca, cansada e praticamente morta.

Poderia até fugir, mas não aguentaria correr. E ele me acharia e me puniria de uma maneira pior. Ao longe uma melodia ecoava, e consegui me levantar. A melodia era conhecida e tentei me segurar nas paredes até uma porta onde ele tinha ido, poderia ser a minha pior escolha, mais era a única coisa que poderia fazer. Parei em frente de uma porta de madeira, parecia que o som vinha de lá de dentro, seria uma armadilha? Tudo na minha vida tinha sido uma armadilha, mais uma não faria diferença.

De tão velha que estava à porta, foi apenas colocar meu peso nela, que por acaso ela abriu sozinha. O lugar parecia de filme antigo, tinha moveis velhos e cobertos por um pano branco. A única coisa que não estava coberta foi um piano, uma pessoa estava sentada tocando, ele estava tocando.

Por algum momento, pensei que tudo tinha sido um sonho. Que ele não estava fazendo aquilo tudo. Ele parecia novamente à pessoa que conheci. Alguém puro e inocente. A melodia foi ficando mais sinistra, e meu cérebro me mandava correr, mas para aonde eu iria? Ele se virou do piano, e em seu rosto tinha um sorriso um tanto quanto maníaco.

-Esperava ti, mon petit.

Ele caminhou lentamente até mim, me olhou com cuidado. Uma lagrima caia de meu rosto, sabia que estava chegando o fim daquilo tudo. A melodia continuou, como se não fosse ele que tivesse tocando. Ele começou a me fazer dançar, dominando-me. Meu cérebro estava confuso. Ele estava sendo o mesmo que conheci? Quanto tempo ele ficaria assim? Estava ficando cada vez pior. Nossos corpos estavam sem nenhuma distancia, ele colocou seus lábios em meu ouvido e sussurrou: “Digas que me ama novamente, como você disse naquele dia que nos conhecemos, digas que és apenas minha.” Balancei a cabeça negativamente, ele estava fazendo aquilo novamente, estava me seduzindo e tentando me dominar. Eu estava errada, amei o que ele foi tempos atrás, não sou dele, nunca fui. Ele percebeu que não teria o que queria, e deixou a sua fúria o dominar. Tentei me afastar dele, mas ele foi mais rápido e puxou pelo meu pulso fazendo bater contra mim.

- Porque sempre tão difícil? Poderia curar-me e fazer de mim um ser perfeito. Mas sempre tem que obedecer a sua alma, aquela alma que me percebe a eternidade. Essa mesma alma me impede de ter o que quero.

Não entendia uma palavra do que falava, mas sua distração fez com que parasse de me apertar. Busquei alguma força que tinha em mim e empurrei para longe, deixando caído. E tentei correr para algum lugar, algo dentro de mim tinha feito isso. Isso foi um grande erro. Senti algo me segurar e ele estava atrás de mim. Ele me puxou e depois de me olhar, apenas me beijou, seus lábios eram urgentes e violentos. O beijo acelerou e ele aprofundou, explorando com sua linga cada parte da minha boca. Ele me levantou e me pressionou contra a parede, com isso, ele parou de me beijar e começou a rasgar meu vestido, tirando primeiro o meu espartilho. Depois que conseguiu fazer isso, voltou a me beijar mais rápido ainda. Machucava e algo ardia dentro de mim. Pano preto voava por todas as partes, e ele começou a beijar e morder meu pescoço. Ele retirou sua blusa, deixando a mostra o seu corpo definido.

Antes de jogar sua blusa, ele tirou do bolso dele, um pano, e pressionou contra meu nariz, não havia dor, não havia mais pensamento. Era tudo calmo, como se tivesse me desligado. Antes que pudesse pensar em mal algo, escutei a voz dele.

-Não se preocupe mon petit. Cuidarei de seu corpo, vou explorar cada parte dele, como você deseja.

[...]

O efeito daquele produto tinha acabado, e consegui ter força de abrir meus olhos. Parte da minha roupa estava no chão, papeis que estavam no piano também estavam por lá, e meu braço estava cheio de hematomas. Não tinha força para me mexer, todo o meu copo doía demais. Quando percebi, ele estava sentado naquela cadeira vermelha me observando, com uma adaga em suas mãos. Brincava como se fosse um garoto. Havia sangue nela, e nele também, parecia que ele tinha tomado um banho. Estava todo arrumado e pronto para sair. Tive forças para olhar para baixo e perceber que não estava com mais nenhuma roupa, apenas com alguns panos em cima de mim, mas nada que me cobria muito.

Ele ficou brincando um pouco, até perceber que estava talvez consciente. Ele tinha um sorriso maldoso, ele teve o que queria. Havia poças de sangue no chão e em quase todos os lugares, não havia apenas marcas em mim, mas também cortes que sangravam muito. Ele saiu da cadeira, fazendo um barulho muito alto, Ele chegou perto de mim, e passou a adaga em meu rosto delicadamente, mas como estava bem afiada, fazia pequeno caminho no meu rosto.

- Você és igual ás outras, pensei que era quem procurava. Mas me insulto a pensar que sua pequena alma poderia se iguala a de minha amada. Mas não se preocupe, esse sofrimento acaba. Teria sido mais fácil se me amasse. Se tivesse coragem de deixar ela te possuir.

Sabia o que iria acontecer agora, teria a minha aguardada morte, não olhei mais para ele. Lembrei-me de todos que já tinha amado, e tinha amado para nada. Ele sem nenhum sentimento cravou aquela adaga bem no centro do meu coração. Fazendo desligar tudo oque existia em mim. Sentia o sangue parar de drenar, ele me pagaria por me destruir, por me tentar fazer ama-lo, por destruir tudo o que havia belo. Depois disso, um pensamento ficou no ar.

Isso não ficaria assim, acompanharia a morte dele. Ele morreria por minhas mãos.  Aquele poderia ser meu ultimo suspiro naquele plano...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!