–QUÊ? - Natsume parecia incrédulo, sentado na mesa central - NÃO! NÃO! Como assim eu sou o personagem uke de todas as histórias?

–QUASE todas, malandro! - Hiroki lhe deu um pescotapa - É que você é baixinho, fofo, e todo mundo te adora. Vão adorar você como uke também.

–Não é desculpa! - Retrucou com as bochechas cheias de ar.

–Mah, mah, Natsume-kun. ~ Não fique assim, certo? Prometo não fazer muitos estragos com você quando for minha vez.

–Obrigado, Hizaki! Você é a unica que me entende! - O moreno de mechas coloridas abraçou a garota sorridente.

–Bem, o que deu desta vez, Hiroki?

Quem perguntou foi Musashi, se aproximando do grupo e fechando a porta. Hiroki fuçava o twitter via seu Notebook.

–Incesto! E uma pessoa deu RT e escreveu: "Twincest". Essa mesma pessoa comentou no status do Facebook: "Twincest" e teve 178 curtir.

–Eu... Estou... Completamente... Fodido...

–Nem é pra tanto, Natsucchi! - Hiroki deu-lhe mais um pescotapa- Sossega o facho aí, você ainda tem sorte de nós podermos escrever JongKey, OnTae, YunJae e essas coisas!

–Eu sei que vou estar metido no meio igual! E olha que eu tenho namorada!

–Mas ela não sabe da existência disso aqui. - Minami se manifestou com um sorriso diabólico brincando em seus lábios - Imagino se ela soubesse, o que ela faria ao saber que o namorado na realidade...

–AAAAAAH! MINAMI É UM DEMÔNIO! Socorro, Hizaki-chan!

Hizaki apenas riu, balançando a cabeça negativamente.

–Bem, eu irei escrever já que eu gosto de incesto aqui, principalmente twincest. E bem, Natsume-kun, o apelido de Minami não é Akuma apenas por acaso.

E então ela começou a escrever, abrindo o site de postagens e o word. Logo a primeira parte estaria pronta.

How Can I Live Without You?- Parte II.

Kim Jun POV.

Olá.

Meu nome é Kim Jun, e bem... Não sei exatamente como me apresentar para o “nada”. Eu tenho dezenove anos, sou universitário, coreano – apesar de estar morando no Japão por causa do trabalho de meu Pai – e... Acho que é isso, no final.

Faz dez anos que eu não vejo meu irmão. Éramos muito unidos, jamais nos separávamos. E então nossos pais se separaram, e ele simplesmente mudou radicalmente.

Faz dez anos que eu não entendo mais aquele meu irmão gêmeo.

Hoje, porém, eu tive uma notícia que era para ser boa, mas foi altamente ruim. Meus pais vão voltar a morar juntos e reconciliaram o casamento. Isso sim é bom.

Mas sabe o que isso significa? Que meu irmão irá voltar a morar comigo. Estudar na mesma universidade que eu, só não faremos a mesma faculdade – assim espero.

Sim, como vocês podem notar, odeio meu atual irmão. E eu tenho motivos para isso. Você convive com uma pessoa até seus nove anos como se fossem inseparáveis, e depois de um tumulto de família, essa pessoa passa a te excluir, ignorar, fingir que você não existe e – ainda por cima – te trocar por “cobras”.

É assim, ao menos, que eu chamo as “amigas” de meu irmão. Frescas, metidas, etc. Só querem saber do dinheiro da família. Claro, até eu tenho amigas mulheres e não é por interesse. Mas a questão é que aquelas víboras só vivem por perto tentando ter uma chance de algo.

Se há alguém culpado pela minha atual indiferença, com toda certeza, é Kim Jin.

Kim Jin POV.

É hoje. Hoje eu veria, finalmente, meu irmão gêmeo.

Faz dez anos desde que nossos pais se separaram, e desde então, tenho certeza que eu acabei fazendo Jun sofrer.

Oh, que rude de minha parte. Eu sou Kim Jin, dezenove anos, universitário, coreano, etc. Irei me mudar para o Japão junto de minha mãe, havia me mudado para o Reino Unido há dois anos, já que o casamento reatou. E com meu pai mora meu irmão gêmeo, Kim Jun.

Nós éramos bem unidos, e idênticos, até os nove anos. Porém, nossos pais se separaram. Eu fui muito frio com Jun nesses últimos anos, mas não era muito por querer. Minhas emoções estavam abaladas e eu não conseguia contato com o mundo exterior. E no final, acabei machucando a pessoa que eu mais amo. Eu não estava desse jeito apenas pela separação, e sim por vários outros fatores. Fatores que eu ainda tinha que esclarecer com Jun.

Com a relação melhorada entre nossos pais, espero que eu consiga Jun de volta. Foi horrível ficar sem ele, apesar de eu saber que a culpa é totalmente minha. Tenho que pedir desculpas e fazer de tudo que conseguir para voltarmos a ser o que era. Afinal, eu amo Jun.

Narrador POV

Jun terminou de se arrumar. Seus cabelos negros, com mechas rosadas e uma franja propositalmente torta, estavam totalmente lisos. Sua expressão era indiferente, ainda com o mesmo desenho perfeito em cada parte dele. A única diferença, além das vozes, nele e Jin era os olhos – Os olhos de Jun eram incrivelmente azuis cristalinos.

Contrário de seu irmão, Jun não se tornou um atleta. Ele ainda tinha uma aparência frágil – apesar de um corpo bem definido – e utilizava roupas bem coreanas. Uma calça skinny preta, um all star cano longo branco, uma blusa de manga longa e larga que ia até abaixo da cintura, transparente, com uma regata negra por baixo. Havia uma caveira enorme tribal na camisa transparente. Uma munhequeira de espinhos estava no pulso esquerdo, e vários anéis na mão direita.

Certamente, Jun não queria descer. Se pudesse, continuaria ali, até o pesadelo de rever a pessoa que quase o fez cair em depressão passasse.

E então a campainha tocou.

Kim Jun POV

E então a campainha tocou. Eu não sabia o que fazer. Esperava meu pai me chamar? Ficava ali o resto do dia? Fazia uma cena de drama e explodia todos os meus sentimentos?

Não, eu não podia. Eu decidi que não mostraria lados fracos ou o que fosse, então, eu iria aparecer como uma pessoa corajosa, cumprimentaria como se nada houvesse acontecido.

O ruim é que mesmo que eu tentasse horrores, nunca conseguiria esquecê-lo. O simples ato de me olhar no espelho me fazia vê-lo. Diferente, mas o rosto é o mesmo. É ruim sermos idênticos.

Ouvi a movimentação lá embaixo e suspirei. Ouvia a voz da minha mãe, ela e meu pai se cumprimentando, e então uma voz mais grossa, masculina. É, ele veio. E eu teria que enfrentar isso, querendo ou não.

Narrador POV

Há algum tempo atrás, Jin se arrumava em casa. Ele ficou mais atlético desde que se mudou, e a regata preta que usava agora realçava bem isso. Colocou uma camisa vermelha com estampa de dragão, uma calça larga preta e um all star sem cano vermelho.

Seu cabelo agora castanho claro estava levemente bagunçado, e ele tocou no próprio rosto. Era hoje que veria a pessoa dona de um rosto idêntico ao seu.

Ah, como ele queria ir logo.

Mais ou menos meia-hora depois ouviu sua mãe chamando para pegarem o avião. A viagem fora rápida e eles foram direto para a antiga mansão. Jin passou o tempo todo imaginando o que faria ao ver o irmão.

Pediria desculpas diretamente? Não, ele não era cara de pau assim, e sabia que não fazia sentido. Abraçar o irmão estava fora de questão. Oh, céus, o que diabos ele faria?

O táxi parou no ponto de destino e os deixou lá. Passaram pelos portões assim que a empregada os reconheceu, e tocaram a campainha da porta principal.

Era agora.

Kim Jin POV.

Entramos na mansão e nosso pai nos recebeu. Enquanto ambos davam selinhos e abraços calorosos, olhei em volta. Nada dele. Não duvido que ele não tenha desejado vir nos cumprimentar.

Cumprimentei meu pai sorridente. Eu tinha passado da fase “não irei superar nada” há algum tempo – mas não antes de virar um idiota e acabar com Jun.

–Seja bem-vindo. – Ele falou com um brilho no olhar. Não soube o motivo da separação, e agora não sabia o motivo da reconciliação. Mas quem liga, não é?

–Obrigado, é bom estar de volta, Appa. – Sorri.

–Jun! Você parece uma mulher demorando tanto para se arrumar, desça logo! – Ele falou em um tom mais alto, para que Jun ouvisse do andar de cima. Meu coração começou a bater mais rápido e eu respirei fundo, assim que ouvi os passos na escada.

–Já estou indo, Appa. E agraço se parar de me chamar de mulher. – Ouvi a voz inconfundível de Jun. Era a única coisa diferente entre mim e ele, fora seus olhos azuis perfeitos. A sua voz era doce e convidativa.

Abaixei um pouco o olhar, o que diabos eu iria fazer?

–Olá, Omma. – Ele cumprimentou, dando um leve abraço em nossa mãe. Nossos pais se olharam e, sabendo que muito nós tínhamos para conversar, se foram.

–... J-Jun... – Comecei gaguejando, ótimo começo!

–Bem-vindo de volta, Jin. – Falou indiferente.

–Jun, eu... – O olhei, e vi apenas indiferença.

–Olhe – ele começou – eu não quero e nem preciso que você peça desculpas. Passado é passado, - achei estranho essa parte, até ouvir o resto – e você sabe muito bem que isso não faria eu te perdoar. – Suspirou – Então, não perca seu tempo.

Ia falar algo, mas ele voltou a tagarelar.

–A casa não mudou nada, mas nosso quarto ainda é junto já que não foi feito outro. Você sabe onde são as coisas, não? Creio que ao menos disso não se esqueceu. Sem contar que, como temos nossos quartos na universidade e nossas férias vão acabar segunda-feira, ou seja, amanhã, não ficaremos muito tempo juntos.

Fiquei pasmo, olhando-o com, provavelmente, olhos arregalados. Ele havia falado tudo rápido, e ao mesmo tempo em que eu entendi, eu não havia entendido.

Tudo bem, eu fiz uma besteira muito grande, estava achando que realmente era isso que ia acontecer, mas... Uma parte de mim esperava que Jun estivesse com intenções de me perdoar. Eu teria longos dias pela frente.

–Se me dá licença, irei voltar ao quarto. – Deu de ombros, se virou e seguiu caminho.

Eu tinha que pará-lo agora, ou jamais o pararia de novo.

Kim Jun POV.

Ele me parou. Senti meu pulso ser segurado e eu ser virado delicadamente para a pessoa que eu havia dado as costas. Por dentro, eu estava nervoso e surpreso, mas por fora, eu não podia e não queria demonstrar nada disso.

–Jun. – Chamou com a voz forte. Sempre tivemos as vozes diferentes, só assim nos reconheciam. E a do hyung era muito... Linda. Estava com saudades de ouvi-la. – Não importa se você vai me perdoar agora, daqui há dias ou daqui há anos. Eu quero pedir desculpas por tudo agora.

Abri a boca para falar, porém, nada saiu. Eu iria protestar, mas não faria sentido, faria? No fundo, eu queria a calmaria que nós tínhamos quando vivíamos juntos.

–Eu sei que se eu não te falar agora, jamais falarei e viveremos afastados pelo resto da vida. – Suspirou – Eu farei de tudo para você me perdoar Jun, porém, os motivos do porque tudo aquilo aconteceu eu não posso te explicar agora. – Olhou para o lado – Mas não falta muito para você saber.

–Hyung... – Falei praticamente suspirando – Olhe, você e Omma estão cansados da viagem, e eu cansado de arrumar as coisas para a faculdade. Descanse, apenas.

E então voltei ao meu caminho original. Ajeitei as coisas para Jin dormir depois, ainda era uma boa alma. Apesar de que ele teria que dormir no chão, já que o quarto havia ficado apenas para mim quando ele se foi.

Fiz as higienes pessoais e depois fui me deitar, respirando fundo. Foi um dia cheio. De manhã, a notícia da reconciliação. O resto do dia, ajeitando a casa do meu jeito especial, fazendo comida e os eteceteras. E agora, à noite, a chegada deles.

Eu estava exausto, e provavelmente não era só fisicamente.

Eu precisava dormir e ao menos dessa vez, eu não queria ter pesadelos.

Narrador POV.

Jin foi ao encontro dos pais para dar-lhes boa noite, e encontrou dois pares de olhos curiosos.

–E então? Tudo bem entre vocês?

–Claro, somos os irmãos mais unidos do mundo, depois de dez anos que eu fui um idiota. – Falou com sarcasmo e falso ânimo, fazendo a mãe suspirar.

–Vai dar tudo certo.

–Jun não costuma guardar mágoas, filho, mas ele saiu muito machucado dessa. – O pai aconselhou – Mas não será difícil, sabe muito bem como são as coisas com Jun. Afinal, vocês são gêmeos.

–Sim, Appa. Estou cansado da viagem e tudo o mais, sem contar que amanhã já tenho que ir para a faculdade e verificar quem será meu parceiro de quarto.

–Entendemos. – A mãe falou – Pode ir se deitar, logo estaremos indo também, ainda temos coisas para ajeitar. Deixará sua mala do mesmo jeito?

–Sim, amanhã já a levo do mesmo jeito para a faculdade. Boa noite Omma, Appa.

E então Jin seguiu o mesmo caminho do irmão, suspirando fundo. Ele subiu as escadas lentamente, e quando viu tudo apagado, apenas uma lamparina acesa para quem subisse enxergar o corredor, subiu em mais silêncio.

Ao chegar ao quarto, viu seu amado irmão dormindo.

Kim Jin POV.

Cheguei ao quarto e vi Jun dormindo profundamente. As coisas para que eu me deitasse já estavam arrumadas. Sorri. Mesmo me “odiando”, ele pensou em mim. Ou ao menos é isso que eu penso.

Fui até o banheiro, escovei os dentes, coloquei o pijama e então me deitei. Contemplei Jun dormindo por alguns minutos, até que eu mesmo adormecesse.

xXx

Acordei no meio da madrugada. Ouvia Jun resmungar algumas coisas com a voz embriagada de sono e... Choro?

Sentei-me na cama, esfregando os olhos para enxergar melhor. Jun ainda estava deitado. Seria então um pesadelo?

Levantei-me e andei até sua cama, sentando-me no cantinho. Balancei Jun com cuidado, na intenção de acordá-lo.

–Hey, Jun... Jun...

Ele acordou assustado, e provavelmente esse foi o motivo no qual ele me abraçou, chorando.

Antes que eu precisasse pensar se retribuía ou não, ele me soltou.

–Desculpe, foi o... Impulso. – Limpou as lágrimas rapidamente, fazendo questão de não mostrar nenhum rastro de tristeza.

–Jun... Está tudo bem com você?

Kim Jun POV.

–Jun... Está tudo bem com você? – Ele perguntou, me olhando preocupado. Suspirei internamente.

Não, não está nada bem faz dois anos, Jin. Desde que você foi embora, e eu mal consegui me despedir já que você me ignorava, e fiquei com medo que o motivo do seu afastamento para o Reino Unido fosse não aguentar minha existência. Não me recordo dos sonhos, mas a sensação péssima deles me persegue.

Mas é óbvio que eu não irei falar isso para você.

–Está. – Blefei, apoiando meu cotovelo no joelho e a cabeça na mão – Pode voltar a se deitar, não queria lhe acordar.

–Jun, você tem certeza? Quer alguma coisa?

–Você já pode ir se deitar! – Enchi as bochechas de ar. A única coisa que ele fez foi tentar esconder um sorriso. – O que foi?

–Nada. Você fica fofo assim. – Sorriu.

–I-Idiota! Vá dormir de uma vez. – Me joguei na cama e puxei totalmente o cobertor, tampando minha cara. Senti minhas bochechas queimarem, obviamente eu estava corando.

Ouvi um risinho baixo e então um leve peso em minha cama sumiu, ele havia, finalmente, ido deitar-se. Porém, senti algo tocar-me na cabeça, mas não fiz questão de me descobrir.

–Boa noite, Jun. – Sussurrou com a voz rouca, indo se deitar.

Apenas um pouco tempo depois, eu fui me tocar que eram os lábios dele.

xXx

Acordamos nove horas. A faculdade abriria as dez. Arrumamo-nos, tomamos café e fomos de ônibus. Decidido a não ter que aturar nenhuma conversa, coloquei fones de ouvido em um volume médio – não gosto de música alta no meu ouvido.

Jun parecia viajar em pensamentos, encarava um objeto – mas na realidade, não estava o encarando – e mal piscava. O que ele tinha na cabeça?

Finalmente chegamos à faculdade.

–TAEMINNIE! – Corri e abracei um garoto um pouco maior que eu, mas incrivelmente fofo. Cabelos castanhos longos o deixavam parecendo uma menina, ele também era coreano.

–Bom dia. – Sorriu, fofamente. Olhando para trás de mim com um pouco de espanto. – Er, Jun...

Olhei para trás e me deparei com um Key, atualmente loiro dos cabelos bagunçados, abraçando Jin.

–Jun! Que saudades de você! – Ele praticamente sufocava Jin no abraço, ah se ele soubesse que não sou eu...

Kim Jin POV.

Respirei fundo ao ver Jun correr para abraçar uma... Garota? Não, não era. Após observar as roupas e demais detalhes, era um menino, muito fofo. Mas antes que eu conseguisse pensar em alguma ação, algo voou na minha direção.

Aí eu me toquei que não era algo. Era alguém.

–Jun! Que saudades de você! – Ele praticamente me sufocava. Eu estava sendo confundido com Jun?

Ouvi Jun limpar a garganta e chamar a atenção do coreano loiro a minha frente – Ok, aqui tem mais coreano do que eu esperava – fazendo-o parar de me sufocar.

–Key, eu estou aqui. – Arqueou uma sobrancelha e cruzou os braços, aparentemente emburrado.

–... OH. MEU. DEUS! – Olhou para mim e para Jun, várias vezes – Quem é esse seu clone fortão?

–Ah, Key, minha diva querida... – Jun se aproximou e lhe deu um pescotapa – É óbvio que é meu irmão gêmeo!

Vi um brilho diferente passar no olhar do garoto. O andrógino continuava boiando lá trás.

–Deixem-me apresenta-los. Hyung, esse aqui é o Lee Taemin. Ele é minha fofura em pessoa. – Apertou a bochecha do garoto, que sorriu e corou levemente.

–Prazer em conhecê-lo.

–Esse aqui é a diva do grupinho coreano dessa universidade, Kim Kibum. Ele prefere ser chamado de Key. – O loiro sorriu e me cumprimentou com um aperto de mão – Key, Taeminnie, esse é meu irmão gêmeo, Kim Jin.

–Já disseram que seu nome tem uma pronuncia engraçada? – A “diva” Key perguntou, rindo levemente.

–Já, muitas vezes... – Ri, concordando com o fato. – Mas... Grupinho coreano?

–Ah sim – Taemin foi quem me explicou – Tem poucos coreanos nessa universidade. Além de nós, tem o Kim Jaejoong, a mãe do grupo, e o Jung Yunho, provavelmente o único que parece um homem.

–Querido, somos asiáticos. – Key falou com um tom irônico na voz.

Todos acabaram rindo, menos Jun. Ele parecia um pouco perdido, até que o sinal bateu, e ele então acordou.

–Melhor irmos. – Começou a andar na frente. Fiquei um pouco para trás antes de voltar a segui-los. Eu sabia que minha volta não era algo agradável.

Kim Kibum POV.

Certamente, para Jun, a volta de seu irmão gêmeo era péssima. E a diva aqui ainda faz o favor de confundi-los, ah, ótimo.

Eu era o único que sabia da existência desse irmão, depois de muita insistência. Jun nunca falava nada, e quando ele conheceu os outros coreanos – Taemin, Jaejoong e Yunho – já era bem indiferente.

Mesmo sabendo de tudo que aquele irmão gêmeo do nome engraçado fez, eu percebi algo diferente.

Ele tinha um olhar de alguém que mudou muito. Algo me dizia que havia muita coisa para acontecer ente ele e Jun, e eu esperava que isso fosse feito rápido. Não queria mais ver ninguém triste ou irritado.

Credo, assim até pareço o Jaejoong. Hah

Narrador POV.

Eles se separaram para irem para suas faculdades. Key e Jun em moda, Taemin foi para artes dramáticas e Jin foi para direito, onde conheceu Jaejoong.

O intervalo finalmente chegou, depois de torturantes horas com professores falando sem parar.

–Você vai vir conosco, Jin-san? – Jaejoong havia pegado os costumes japoneses, agora estava em pé ao lado da mesa de Jin, sorridente.

–Não sei. – Sorriu de volta – Ainda estou em uma situação delicada com Jun e...

–Ah, que nada! Você vai ver que isso passa em um instante! – Começou a puxar Jin – Vem, vem. Se agir naturalmente, Jun nem vai notar! Se você começar a evita-lo achando que ele te odeia, ele vai pensar que você o odeia!

–Mas, Jong...

–Anda, não me faça te arrastar a universidade toda! – Riu junto com Jin.

Ambos então seguiram para o refeitório. A “mesa dos coreanos” era reconhecida de longe, a cabeleira longa e castanha avermelhada de Taemin era vista de longe, junto com a cabeleira negra e bagunçada de alguém que Jin não conhecia.

–Chegamos, Taeminnie, Yunnie. – Jaejoong sorriu – Yunnie, esse aqui é o—

–Jonggie, eu sei quem é o Jun. – O moreno arqueou as sobrancelhas – E há quanto tempo, Jun! Você fez academia enquanto estava fora?

Jin respirou fundo e Taemin escondeu um riso, porém, logo começou a rir mais alto.

–Ai, Yun, você é uma figura.

–O quê? O quê? Eu perdi a piada!

–Como eu ia dizendo! – Jaejoong retomou com uma voz levemente irritada – Esse aqui é o Kim Jin, irmão gêmeo do Jun! – Encheu as bochechas de ar – E aquele idiota sentado ali, Jin-san, é o Jung Yunho.

–Ah. Prazer em conhecê-lo. – Jin sorriu, sentando-se ao lado de Taemin, já que Jaejoong se sentou ao lado de Yunho.

–Onde está Key e Jun? – Yunho perguntou.

–Achamos que eles estariam aqui. – Jaejoong bocejou – Não é, Jin?

–Não os vimos nos corredores, ao menos. – Olhou em volta, tinha uma ponta de preocupação com o irmão.

–Ain, a diva já chegou seus fofos, não precisam ficar tão preocupados. – Key se sentou ao lado de Jin, ao mesmo tempo em que Jun apareceu ao lado de Yunho.

–Onde estavam? – Taemin olhou para Key.

–Conversando em particular! – Sorriu – Né, Jun?

–Oh, sim. Sobre moda, você sabe. Temos que fazer algumas fotografias sobre isso. Ah, falando nisso, Jin, Yun, Jae, Tae, vocês querem virar modelos em cinco fotos com cinco roupas diferentes?

–Hã? – Taemin o olhou com vários pontos de interrogação imaginários flutuando em volta da sua cabeça.

–Quero dizer, nós precisamos tirar umas fotos e selecionar as melhores, com cinco roupas diferentes, para um trabalho. E não achamos pessoal melhor.

Enquanto Jun explicava, Jaejoong olhou para Jin e o cutucou de leve. Fez um sinal com a cabeça como se quisesse dizer: “Viu? Era só agir como se nunca tivessem brigado”. E de fato, Jin havia notado apenas agora, mas, havia sido convidado também.

E que seu nome fora o primeiro a ser citado.

Kim Jin POV.

Eu nem havia notado. Não havia mesmo. Jong tinha razão, tudo se baseava em agir normalmente, tentando reconquistar a confiança.

Eu ia ser um grande idiota e jamais conseguiria o que eu queria evitando-o. Eu tinha que encarar isso, não evitar o que iria acontecer um dia.

O sinal tocou novamente e voltamos às aulas. Ah, eu queria tudo, menos aulas novamente... Isso que apenas voltamos de férias!

xXx

Finalmente as aulas haviam acabado. Combinamos com o grupinho Coréia para tirarmos as fotos no final de semana, já que não teríamos tempo livre o resto do dia.

Foram designados os companheiros de quartos – Taemin e Key, Jaejoong e Yunho, eu e Jun. Irônico, não concorda?

Mas claro, irônico e um presente bem-vindo. Talvez isso faça com que Jun se abra mais, converse mais e logo poderemos resolver isso. E logo eu poderei lhe contar.

Esperei Jun na porta da sala dele. Como sempre, vários alunos me pararam.

–Ué, Jun, se teletransporta agora? – Um deles riu – Achei que estivesse com o Takahiro.

–Haha, Jun é tão rápido que já tá até na porta. – Outro se aproximou – Mas você parece um pouco diferente... Acho que são seus olhos... Parecem mais...

–Felizes. – Falou um terceiro, sorrindo sarcasticamente.

–Por que não nos responde Jun? Cansou de brincar? - O primeiro cutucou minha bochecha, ah céus, eu poderia simplesmente voar no pescoço desse maldito. Mas não.

–Ou decidiu se juntar ao bando, largando aqueles coreanos, huh? Afinal, Takahiro sempre está tentando trazer você para nós. Ele conseguiu? – Falou o terceiro novamente.

Respirei fundo, fechei os olhos e os olhei do modo mais assassino que eu podia, e acho que surtiu efeito.

Narrador POV.

Certamente, fora a cara mais assustadora que o grupo japonês já havia visto. E com total certeza, aquele não era Jun. Eles recuaram um passo.

–Jun? – O segundo perguntou receoso.

–Eu não sou Kim Jun! – Ralhou, irritado – Meu nome é Kim Jin, e eu sou irmão gêmeo de Jun!

Todos nos corredores pararam imediatamente, olhando surpresos para Jin. Jun era uma figura conhecida, e ninguém jamais acreditava que um garoto daquele estilo tivesse um irmão gêmeo... Desse estilo.

–Wow, wow. Irmão gêmeo? – Olhou novamente nos olhos de Jin – Faz sentido... Seus olhos são diferentes. Jun tem os olhos claros. A voz também não é igual.

–Jin! – Jun saiu correndo da sala e praticamente se enfiou no caminho do irmão e dos outros três. – Sakurai – Falou para o de cabelos rosados e olhos bem escuros, olhou para o outro de cabelos e olhos negros – Kuroi – olhou para o outro, com cabelos descoloridos levemente tingidos de roxo e olhos castanhos – e Murasaki, parem de encher o saco do hyung. – Encheu as bochechas de ar, praticamente arrastando Jin dali.

–Hey, Jun! Calma aí! – Jin tentava qualquer chance de ser menos arrastado, mas nada daria muito certo, Jun não lhe dava ouvidos.

Jin olhou para trás e então viu uma criatura alta escorada na porta da sala, tinha cabelos curtos, negros e olhar assassino.

Rapidamente soube que aquele era Takahiro.

Kim Jun POV.

Takahiro havia me chamado novamente para conversar. Ele, Sakurai, Murasaki e Kuroi eram pessoas legais, porém, eu não podia e não queria conviver com gente desse tipo. Jamais abandonaria meu grupo de coreanos, onde eu me sentia em casa, para falar com “yankees”.

–Você sabe Hiro, eu não vou ir para... – Ele me interrompeu com um sinal.

–Agora é outra história, Jun. – Respirou fundo, parecia nervoso – Eu gostaria de lhe dizer algo importante.

–Ah, diga. – Ri, achei que seria a mesma história de sempre.

–Eu te amo Jun.

... Ok seria melhor se fosse a mesma história de sempre. Mas não era. Fiquei perplexo enquanto o olhava – provavelmente com olhos arregalados e boca aberta- até recuperar os sentidos e a razão.

–Olha Hiro...

–Eu sei. Você não me ama, não precisa me dispensar. Mas gostaria que você soubesse disso, e que irei lhe conquistar a todo custo. Afinal, você... Não ama alguém, não é mesmo? Não é atoa que você é chamado de Cold Eyes por aqui.

–Sinto muito, Hiro. – Suspirei. – Eu demorei a notar, e deve ser por isso que agora eu sou chamado de Cold Eyes, mas... Eu amo uma pessoa. – Desviei o olhar – E entendo o que você sente. O que eu tenho também não é reciproco.

Desencostei-me da carteira que estava escorado e olhei para Hiro.

–Mas, você é um ótimo amigo. Sinto muito por te deixar na friendzone.

Não estava mentindo, nesta parte. Mas não sabia se estava falando sério ou brincando com meus próprios sentimentos quando disse que amava alguém.

Mas antes que Takahiro pudesse dizer algo, ouvimos uma voz. Uma voz irritada.

–Eu não sou Kim Jun! Meu nome é Kim Jin, e sou irmão gêmeo de Jun!

... Oh. Merda. Infelizmente, eu sou uma figura conhecida nesse colégio – O Cold Eyes, cara que as pessoas dizem que se você olhar nos olhos, o frio que ele emana vai te congelar – e TODO corredor do meu lado da universidade ficar sabendo disso NÃO é uma boa!

Corri até lá fora.

–Jin! – Suspirei internamente e fiquei entre o caminho de Jin e os meninos – Sakurai, Kuroi e Murasaki – falei para cada um deles, olhando-os – Não encham o saco do hyung!

Senti, automaticamente, minhas bochechas esquentarem. Antes que fosse notado, arrastei Jin o resto do corredor, enquanto ele chamava meu nome diversas vezes.

Mas eu não iria me virar.

Eu sabia que iria encontrar vários pares de olhares atrás de mim e – entre eles – estaria o olhar yankee do Takahiro.

Ele não era do tipo que gostava de ser dispensado.

E eu não era do tipo que gostava do meu apelido.