Things That Remain Unspoken escrita por JK2_Faberry


Capítulo 7
The Five Stages of Loss


Notas iniciais do capítulo

Meninas zilhões de desculpas pela demora, mas antes tarde do que nunca. Depois de um cap triste pra caramba, um que pelo menos o final é feliz. Espero que gostem *.*



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– Então como vai ser?

– Hum que tal começarmos com uma grande introdução, um meio imprevisível e o um final surpreendente?

– Estamos falando da secretario eletrônica Rachel, não de um dos seus musicais da Broadway.

– Eu sei, mas essas mensagens são sempre incrivelmente chatas e iguais, por que não fazemos algo diferente do tipo, "oi você sabe pra quem ligou, não queremos te atender, mas se achar importante deixe sua mensagem, mesmo sabendo que não iremos retornar".

– Gostei. Sincera e original. Aposta que a maioria dos diretores que te ligarem oferecendo grandes oportunidades de trabalho, também vão adorar essa mensagem.

– É você tem razão.

–Então do jeito chato e igual de sempre?

– Do jeito chato e igual de sempre.

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Negação

Oi, você ligou para Alex e Rachel, não podemos atender agora, mas deixe sua mensagem e retornaremos assim que possível...


–... Ei Rach, aqui é Lauren sua melhor amiga, queria agradecer por não atender minhas chamadas quando eu sei que você esta em casa. - desliguei o telefone entrando no quarto e encontrei Rach parada em frente à janela.

– Me Desculpe, é que eu gosto de ouvir a secretaria eletrônica.

– A proposito, não acha que já esta na hora de mudar essa mensagem?

Não vejo razão pra isso. – ela começou a recolher algumas coisas pelo quarto que continuava do mesmo jeito que antes, alias nada havia mudado desde a morte de Alex. – Mas não vamos falar de mim, aonde a senhorita pretende ir assim tão arrumada, tem algum encontro hoje?

– Na verdade eu pretendia ir ao teatro ver a sua peça.

– Por quê? Você já viu umas cinco vezes e nao gostou de nenhuma delas.

– Pois é, dizem que na sexta vez melhora.

– Olha Lauren, agradeço o que você esta fazendo, mas não preciso que fique cuidando de mim. Eu estou bem.

Não, definitivamente Rach não estava bem. A morte de Alex acabou comigo, mas o que fez a ela era indescritível. Assim que o medico deu a noticia, Rach ficou parada por alguns segundos, enxugou as lagrimas, se levantou e simplesmente foi embora. Trancou-se no quarto, e não queria falar com ninguém e sobrou pra mim ficar encarregada de tudo.Tive que dar a noticia, cuidar do enterro, receber as pessoas e fazer sala ate para os pais de Rach que vieram visita-la, mas conseguiram apenas dizer algumas palavras de consolo para a porta, que ela nem se deu ao trabalho de responder e foi assim por mais de uma semana.

Algumas noites dormia no sofá da sala so para ter certeza de que ela estava bem, e a via sair do quarto apenas para tomar banho ou ir a cozinha comer algo e em nenhuma dessas vezes disse alguma coisa. Ate que um dia como se nada tivesse acontecido, ela saiu com uma bolsa e disse que estava indo pro teatro ensaiar. Sem compreender aquela atitude, fiquei esperando ate que ela voltasse. Quando chegou, sentou-se comigo no sofá e me convidou para ver um filme. Era obvio que Rach não queria encarar a situação e agia como se nada tivesse ocorrido. Sem duvida aquele era o pior jeito de lidar com uma perda e sem contar que Rach precisaria lidar com mais uma coisa que provavelmente estava se esquecendo.

Aquela era a primeira vez que ela iria se apresentar depois de ter contado a meio mundo que era gay, e não precisa ser nenhum gênio para saber o que estaria esperando por ela, e eu precisava estar la para garantir que nao houvesse nenhum imprevisto.

– Não estou cuidando de você, só quero ver a peça de novo, algum problema?

– Claro que não,mas já estou indo, preciso chegar mais cedo.

– Tudo bem, eu vou com você.

– Ok. – Rach recolheu suas coisas, deixamos o apartamento e entramos no carro que os diretores do teatro haviam alugado para ela.

Chegamos ao teatro duas horas antes e já tinha um grande numero de pessoas esperando na fila, o que seria estranho pelo fato de que a peça estava em cartaz há algum tempo, mas era obvio que grande parte ali não queria ver um bom espetáculo e sim conhecer a mais nova e promissora atriz a sair do armário, e como ela estaria depois de perde a namorada assim tão de repente.

Entrei pela porta dos fundos com Rach e enquanto ela foi para o camarim, fui para a platéia escolher um bom lugar para sentar, uma das vantagens de ser amiga da atriz principal. Claro que odiava esperar, mas as horas pareciam passar incrivelmente rápidas e quando faltavam mais de meia hora para o começo da peça, o teatro já estava completamente lotado e pelo que ouvia muitas pessoas ficaram do lado de fora o que nunca havia acontecido antes. Imaginei Rach recebendo a noticia e o quanto ficaria incrivelmente feliz, mas algo me dizia que aquilo não ia terminar bem.

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Raiva

A peça começou e assim que Rach entrou no palco, gritos e palmas vieram da platéia, muitos de mulheres. Como eu já esperava, ela cresceu com tudo aquilo e fez sem duvida uma de suas melhores apresentações, o que passou despercebido por alguns curiosos que não estavam ali pelo seu talento, mas sim pela sua vida pessoal. A peça acabou ao som de aplausos, assobios e gritos. Fui ate o camarim onde todos comemoravam o surpreendente sucesso da noite, menos Rach que parecia implorar para sair dali e abriu um imenso sorriso quando me viu sabendo que era uma ótima oportunidade de ir embora. Despediu-se rapidamente de todos e puxando meu braço caminhamos novamente para a saída dos fundos. Quando abrimos a porta, Rach se assustou com uma pequena multidão que a aguardava e gritava por ela, junto com fotógrafos que disparavam flashes na sua direção.

Afastei-me um pouco para que ela pudesse curti aquela sensação, e fiquei observando enquanto ela tirava fotos, distribuía autógrafos e tentava ignorar as perguntas da impressa sempre sobre Alex ou o fato dela ter se assumido. Rach estava indo muito bem ate que em um daqueles momentos onde todos se calam, uma pergunta foi ouvido em alto e bom som:

– Rachel, é verdade que você estava ocupada de mais com sua carreira para perceber que sua suposta namorada estava morrendo?

O que aconteceu depois foi algo que jamais imaginei que um dia veria alguém fazer, ainda mais esse alguém sendo Rach. Ela tirou a câmera das mãos de um dos fotógrafos que estava mais próximo e como se juntasse toda sua raiva acertou o rosto do colunista que caiu no chão na hora, e foi pra cima dele acertando mais dois golpes antes que os seguranças conseguissem segura-la e empurra-la ate o carro. Corri atrás dela e assim que entrei, o motorista arrancou o mais depressa possível.

– Rach pelo amor de Deus o que você fez? - ela tinha os olhos arregalados e não parava de tremer.

– O que eu fiz? - gritou ainda nervosa. - Você não ouviu o que aquele cara disse?

– Sim, eu ouvi, todo mundo ouviu. O cara é um idiota, mas não é motivo para você quebrar uma câmera no rosto dele.

Rach não respondeu, apenas cruzou os braços ate chegarmos ao apartamento onde nem sequer esperou que o carro estacionasse direito e saiu batendo a porta. Agradeci o motorista e subi correndo atrás dela. Quando entrei, Rach estava na cozinha bebendo um copo de água.

– Você tem noção do quanto isso pode te prejudicar? Tem noção que aquele cara pode...

– Eu não to nem ai pro que ele pode fazer. – ela gritou jogando o copo na parede. – Não to nem ai pra nada.

Passou por mim e mais uma vez se trancou no quarto. Aquele situação já era difícil, mas sem duvidas Rach estava tornando as coisas muito mais complicadas. Respirei fundo, catei os cacos de vidro espalhados pela cozinha, fui pra sala, puxei minha coberta e como algo que estava virando costume, dormi no sofá. O jeito agora era esperar amanhecer e ver os resultados do ataque de Rach que por sinal não demoram muito a aparecer.

Acordei com o barulho da porta sendo esmurrada por alguém que com certeza não tinha a minima noção de horário de visita. Levantei extremamente irritada, pronta pra matar quem quer que fosse.

– O que foi? – me deparei com a figura de um cara todo engomadinho, segurando uma maleta preta. Minha mãe sempre dizia que quando alguém de terno e gravata bate na sua porta cedo, pode saber que coisa boa não é .

–Rachel Berry, por favor.

– Ela esta dormindo, assim como metade de Nova York. Volte em uma hora mais apropriada. – tentei empurrar a porta, mas o infeliz segurou impedindo que a fecha-se

– Essa é a hora apropriada.

– Quem é você?

– Meu nome é Peter, sou advogado do colunista que a sua amiga espancou noite passada. – definitivamente não era coisa boa.

– Bom como eu te disse ela esta dormindo e ...

– Que droga Lauren, tive uma noite péssima será que você e seu amiguinho nao poderiam falar um pouco mais baixo,estou tentando dormir.- precisava de um pouco de tempo para pensar em como ia resolver aquilo, sei lá de repente fugir da cidade, mas Rach escolheu o momento perfeito para sair do quarto.

– Vejo que esse não é mais o problema. Poderia ter um minuto de sua atenção senhorita Berry? – ele disse entrando sem ser convidado, se sentou no sofá e abriu a maleta tirando um papel.

– O que você quer?

– Bom dia também, e me desculpe se incomodo seu precioso sono, mas queria pessoalmente entregar-lhe essa intimação. – Rach largou a porta do quarto e sentando-se no outro sofá pegando o papel das mãos do advogado.

– Intimação, por quê? – perguntei enquanto Rach lia

– Estamos entrando com um processo de indenização contra sua amiga, devido ocorrido de ontem.

– E quando é o processo?

– Daqui a dois dias. – Rach respondeu surpresa. – Como vou conseguir um advogado em dois dias?

– Isso não é problema meu, mas no seu lugar também não me preocuparia muito. Com as provas que temos é bem provável que ganhemos o caso. Economize o dinheiro, afinal terá que pagar uma grande quantia a meu cliente. – disse fechando a maleta, levantando do sofá e caminhando ate a saída. – Tenham um bom dia. Nos vemos no tribunal.

Fechei a porta e encarei Rach que continuava sentada no sofá, segurando a intimação.

– Achava que esses processos demoravam meses para acontecer, não dias, muito menos dois.

– O que me surpreende é você não esperar esse dois dias dentro de uma cela. Você deu uma surra naquele cara, eu te avisei que isso aconteceria.

– Ótima hora pra ficar contra mim não acha? Estou ferrada Lauren. Não tenho um advogado, nunca nem precisei de um, como vou arrumar alguém assim do nada?

– Eu resolvo isso. Tenho uma amiga que é advogada, sei que ela vai adorar que eu fique a devendo um favor.

– E como você pretende paga-la?

– Isso é importante agora?

– Não, não mesmo.

– Ótimo, vou procurar-la então, com certeza ela vai ter que quebrar a cabeça pra te tirar dessa.

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Barganha

Não sei o que aconteceu comigo, quer dizer eu nunca fui do tipo violenta, nem nos tempos do colégio onde motivos me sobravam para isso, nunca me envolvia em uma briga com ninguém e agora estou aqui em um tribunal sendo julgada por quebrar uma câmera no rosto de um colunista? As coisas não podiam ficar piores.

– Por votação unânime declaramos o réu culpado da acusação. – Pensei cedo de mais. – A mesma deverá pagar uma multa de 25mil dólares para a vitima em troca de seis meses de prisão e ainda passara por acompanhamento psicológico começando amanha e tenho liberação apenas com o aval do próprio psicólogo. Caso encerrado

Quando o juiz bateu o martelo, senti como se junto ele me empurra-se ainda mais para o fundo do poço que já me encontrava. Então era isso, alem de ter que dar dinheiro a um cara que me insultou, ainda sou declarada como mentalmente instável. Dizem que desgraça pouca é bobagem, essa frase fazia todo o sentido pra mim agora.

Depois de conversa com a advogada, Lauren veio ate mim. Ela parecia triste, mas não surpresa com o veredicto, me deu um abraço e começou a procurar pela melhor saída.

– A imprensa esta toda la fora, acho melhor sairmos pelo outro lado.

Mesmo pela outra saída trombamos com alguns fotógrafos no caminho. Lauren fez questão de me segurar para ter certeza que não iria sair dando porrada em todo mundo ate entrarmos no carro. Dessa vez ela não foi pro meu apartamento por que precisava passar na clinica e dar uma explicação de por que não estava trabalhando esses dias, mas disse que passaria cedo para me levar ao psicólogo, como se eu fosse uma criança que precisasse de companhia para todos os lugares. Já tinha tantos problemas para resolver que para evitar mais uma discussão concordei com Lauren, então no dia seguinte como combinado ela me pegou no apartamento e me levou ate o consultório.

–Eu venho te buscar, então quando acabar a consulta você me espera aqui ok? – apenas concordei com a cabeça e entrei.

O lugar era um tanto luxuoso. Fiquei um tempo sentada no sofá da recepção enquanto a secretaria me encarava.Não sei se ela me reconheceu ou se só estava curiosa em saber que crime havia cometido para estar ali. So que sei é que fiquei aliviada quando enfim chamaram meu nome. Entrei na sala tentando conter o quanto estava empolgada com aquilo, só que não. Para minha surpresa, o psicólogo era bem mais novo do que imaginava e tinha um sorriso afetuoso que passava certa calma, um sorriso que eu já conhecia.

– Blaine?

– Oi Rachel.

– Só pode ser brincadeira, você é um psicólogo?Meu psicólogo?

– Mundo pequeno não é? – ele apontou para a incrivelmente confortável cadeira que estava a sua frente para que me senta-se. - Resolvi fazer faculdade de psicologia depois que levei meu namorado ao baile do colégio e acabei tomando uma surra. Queria entender a mente humana e o que nos leva a ser tão agressivo com o diferente, com o que não conhecemos. Acabei me interessando por casos judiciários e quando vi já era considerado como um dos principais psicólogos de Nova York. - Não prestei muita atenção no que ele estava falando.

– Me desculpe ainda estou um pouco surpresa.

– Tudo bem, de qualquer maneira não estamos aqui para falar de mim não é? Então me diz, por que você esta aqui?

– Tenho certeza que você sabe o por que.

– Sim eu sei, mas quero saber por que você acha que esta aqui. – psicólogos e suas perguntas retóricas tão difíceis de responder.

– Bom...– realmente difíceis.- ... a quase um mês eu descobri que minha namorada estava doente e ela acabou morrendo no mesmo dia que resolvi sair do armário. Foi tudo tão de repente que acabei enlouquecendo. Desde então eu não vinha agindo normalmente, estava guardando todas aquelas emoções dentro de mim,ate que esse cara falou essas coisas que me ofenderam e não consegui me controlar. Eu perdi totalmente a cabeça e acabei descontando na primeira pessoa que me irritou. Acho que é por isso que estou aqui.- Ao contrario dos outros psicólogos Blaine não anotou nada do que eu disse.

– Entendo. Vamos mudar de assunto de pouco. Há quanto tempo você esta em Nova York?

– Há quatro anos.

– Não sente falta de Ohio? Gostava de morar la?

– Não, por um tempo sim, e então não de novo, foi quando eu me mudei.

– Por que você se mudou?

– Você sabe por que me mudei.

– Rachel nesse momento eu sou seu psicólogo, não um amigo do passado. Me diz como era sua relação com seus pais?

– Eles não são a razão de ter me mudado.

– Quando foi a ultima vez que você os viu?

– Seis sete meses.

– Mas você disse que sua namorada faleceu há pouco tempo, eles não vieram te visitar? – não sei o que Blaine queria com aquele papo de você esta assim por culpa dos seus pais, mas continuei pra ver no que ia dar.

– Sim, mas eu não os vi. Estava trancada no meu quarto, na verdade não queria falar com ninguém.

– Por que não?

– Acho que não queria aceitar o porque todas aquelas pessoas estavam ali. – Blaine abriu um pequeno sorriso como se já tivesse as resposta para meu problema. – O que foi?

– Rachel, você já ouviu falar sobre os cinco estágios do luto?

– Sim, o que tem eles?

– Não é algo que se acentua em todo mundo, alguns sabem lidar melhor com a perda do que outras.

– O que isso tem a ver comigo Blaine?

– Acho que você esta passando por essas fases. Primeiro o fato que você não aceita que sua namorada faleceu o que se aplica ao primeiro estagio, o de negação. Então passou pelo segundo, a raiva, quando agrediu aquele cara no teatro, e acredite ou não, agora eu entro com a parte de barganha.

– Barganha? Sempre achei que psicólogos tinham mais a ver com a depressão.

– Podemos evitar essa fase e pular direto para a aceitação, se fizer um acordo comigo.

– Acordo? Qual acordo?

– Duas coisas. Primeiro você precisa dizer adeus a sua namorada Rachel. Fechar esse ciclo. Não estou dizendo pra você esquecê-la ou que você não pode ter boas lembranças dela, mas já é hora de seguir em frente e enquanto ficar presa a isso, você não vai conseguir. – senti um no na garganta, e uma imensa vontade de chorar, mas consegui segurar.

– E qual a outra coisa?

– Aqui em Nova York, agora, definitivamente não é o melhor lugar pra você passar por essas etapas. Sei que você tem seus sonhos, mas no momento as pessoas estão mais interessadas nos seus escândalos do que no seu talento. O melhor a fazer é se afastar por um tempo ate a poeira abaixar, por isso quero que você volte para Lima.

– O que? Você ficou louco?

– Ficar um tempo com seus pais, seus antigos amigos, pode te fazer bem.

– Acredite Blaine, voltar pra Lima não vai me fazer bem. – gostava de Blaine mas aquilo era o suficiente para um dia, me levantei e sai do consultório sem dizer nada, e acabei esquecendo de ligar para Lauren.

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Depressão.

Não que eu quisesse facilitar o trabalho dos fotógrafos andando normalmente pela cidade, mas precisava descansar minha mente de todas as coisas que estavam acontecendo e me lembrei de uma mania que tinha na época do colégio. Sempre que me sentia sufocada, como se estivesse prestes a explodir, ia para o auditório e aquele lugar parecia renovar minhas energias. Era a mesma sensação que agora sentia quando estava no teatro, então decidi passar por la e conhecendo o porteiro sabia que não teria problemas em ficar por um tempo, mas quando cheguei ao teatro,não precisei perdir para entrar. O porteiro ficou feliz quando me viu e disse em tom de brincadeira.

– Esta atrasada senhorita Berry. – devolvi um sorriso confuso, afinal como estaria atrasada se nem ao menos tinha motivos para ir ao teatro? Mas logo entendi o que ele queria dizer quando atravessei o corredor e entrei na área da platéia.

Ao contrario da calmaria que esperava encontrar, me deparei com um grupo que estava ensaiando. Meu grupo ensaiando. No centro do palco Michael o diretor dava conselhos a uma garota que tentava cantar Mama Who Bore me, uma das minhas musicas na peça. Não conseguia acreditar no que estava vendo, e antes que ela destruísse meu personagem, dei a eles um motivo para realmente pensarem que estou louca.

– Acho que essas falas são minhas. – todos se viraram visivelmente desconfortáveis com minha presença.

– Ok gente, que tal uma pequena pausa? Dez minutos. – Michael disse descendo do palco e vindo na minha direção. – Rachel podemos conversar?

– Claro, você pode começar me explicando por que ninguém me avisou que tínhamos ensaio hoje e o que aquela garota esta fazendo no meu lugar?

– Ela é sua substituta.

– Minha o que?

– Recebemos ordens judiciárias de que você não tem condições de trabalhar no momento.

– Michael, eu acabei de ser julgada. Tenho uma multa para pagar você não pode me demitir

– Sinto muito Rachel, somos eternamente gratos por tudo que você fez, mas não podemos passar por cima da lei. Me desculpe. – ele abriu os braços para me abraçar, mas o empurrei.

– Não se desculpe.

Sai correndo do teatro e entrei no primeiro taxi que vi. Só consegui dizer o meu endereço e mais nada. Sentia uma imensa falta de ar, achei que iria desmaiar quando enfim as lagrimas começaram a cair. Enquanto isso, o taxista desesperado me perguntava o que estava acontecendo, e eu insistia a ele que apenas me deixasse em casa.

Quando chegamos, ele recusou o pagamento, me ajudou a sair do carro e subir as escadas do prédio ate meu apartamento. Parei na porta e o agradeci, limpei o rosto e respirei fundo antes de entrar no apartamento. Encontrei Lauren de pé com os braços cruzados e assim que ouviu o barulho da porta se abrindo começou a gritar comigo.

– Eu pedi para você me esperar no consultório, você quer me deixa louca é isso? – ela se virou pronta para explodir, mas quando olhou para mim, se acalmou. – Rachel você estava chorando, o que aconteceu?

– Fui demitida. – as lagrimas voltaram ainda mais fortes. - Eu perdi meu emprego. Eu acabei de comprar um apartamento, tenho uma multa para pagar e perdi meu emprego. Eu vou ser presa Lauren. – ela correu para me abraçar - Eu estou perdendo tudo. Perdi minha cabeça, perdi meu emprego, perdi minha namorada. Alex. Meu Deus, Lauren, eu preciso da Alex.

– Eu também Rach, droga como eu sinto falta dela. Eu prometi que iria cuidar de você e não estou conseguindo, mas eu juro que ainda vou cumprir minha promessa. Você não perdeu tudo. Estou aqui para você, e sempre vou estar. Você não vai ser presa ok, nos vamos dar um jeito nisso tudo.

– Como?

–Primeiro vamos vender esse apartamento, você nem gosta dele mesmo, e você vai voltar a morar comigo na nossa casa, como nos velhos tempos. Você vai ver Rach tudo vai ser acertar.

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Aceitação

Lauren estava certa, eu odiava aquele apartamento, e talvez por isso nunca imaginasse que seria tão difícil largar aquele lugar, mas foi, e mais uma vez por saber o que aquela mudança significava. Não estava saindo dali por que minha carreira estava indo bem e sim por que tudo estava dando tão errado ao ponto de não ter condições de continuar morando naquele apartamento. Pelo menos na pior das hipóteses ainda tinha um lugar para ficar que com todos os defeitos era o lugar que mais amava.

Ainda pela manha, Lauren e eu já tínhamos organizado a maioria das minhas coisas. Apenas uma caixa estava sobrando, que nos duas parecíamos evitar ate que Lauren tomou coragem.

– Então, só falta essa, ainda quer guardar essas coisas? – me lembrei do conselho de Blaine. Era preciso seguir em frente, e aquele podia ser o primeiro passo. Abri a caixa onde estavam guardadas as coisas de Alex, elas traziam tantas lembranças, tantos momentos que jamais iria esquecer. Uma brisa leve entrou pela janela do quarto e eu senti um pouco de paz no meio daquele turbilhão de sentimentos, senti como se Alex estivesse ali, naquele quarto comigo, e finalmente percebi que não precisava guarda aquelas coisas, eu já havia guardado Alex dentro de mim.

– Não, vamos doar essas coisas. Tem gente precisando mais delas do que eu. – Lauren deu um imenso sorriso e pegou a caixa.

Passemos pela rua ate encontrar uma casa de desabrigados onde deixamos todas as roupas e sapatos. Confesso que ver a felicidades daquelas pessoas me deu mais coragem para fazer o que eu queria fazer, e pensar que tudo aquilo estava apenas acumulando poeira no meu guarda roupa.

– Estou orgulhosa de você.

– Ainda não Lauren, eu preciso que me leve a um lugar.

–Okay

De tudo que passei nos últimos dias, aquele parecia o momento mais difícil, a caminhada mais longa, mas sentia que precisava fazer aquilo. Lauren apontou onde era o local e a pedi que me deixasse continuar sozinha. Fui me aproximando sem me preocupar com as lagrimas que caiam devagar.

Sentei- me no chão e fiquei por um tempo apenas olhando a escrita na lapide, sentindo a dor de ver aquele nome ali, ate finalmente encarar a realidade, era hora de dizer adeus.

– Você tem ideia da falta que me faz? Você não era só minha namorada, você era minha melhor amiga, meu porto seguro e olha como eu fiquei sem você. E o que mais me magoa é pensar que nunca consegui te amar como você me amou, nunca consegui te entregar meu coração completamente e droga você merecia e eu ainda te abandonei e isso é algo que nunca vou me perdoar. Também sei que onde você estiver, deve estar triste por eu não ter sido forte o suficiente, mas te prometo que vou sair dessa Alex. Eu vou sair dessa e voltar a ser a garota que você amava e se orgulhava. Enfim você sabe que não sou boa com palavras então acho que essa é a melhora forma de me despedir.

You took my hand you showed me how

You promised me you'd be around

Uh huh That's right

I took your words And I believed

In everything You said to me

Yeah huh

That's right

If someone said three years from now

You'd be long gone

I'd stand up and punch them out

Cause they're all wrong

I know better

Cause you said forever

And ever

Who knew

I wish I could touch you again

I wish I could still call you friend

I'd give anything

I'll keep you locked in my head

Until we meet again

Until we

Until we meet again

And I won't forget you my friend

What happened?

If someone said three years from now

You'd be long gone

I'd stand up and punch them out

Cause they're all wrong and

That last kiss I'll cherish

Until we meet again

And time makes It harder

I wish I could remember

But I keep Your memory

You visit me in my sleep

My darling

Who knew

–Adeus Alex.

Senti uma mão envolver minha cintura e recebi o abraço de Lauren.

– Já esta ficando tarde, não quer ir para casa?

– Acho que ainda tenho que ir a mais um lugar, mas gostaria de ir sozinha, se importa de me esperar em casa? – ao contrario do que espera Lauren não protestou ou sequer demonstrou incerteza ao meu pedido.

– Okay.

Me deu um beijo na testa e começou o caminho para nosso apartamento, enquanto eu peguei o caminho contrario em direção ao consultório de Blaine. Apesar do horário consegui encontrá-lo já fechando as portas. Ele abriu um pequeno sorriso quando me viu.

– Eu disse adeus para minha namorada.

– Então você aceitou nosso acordo?

– Sobre isso, você só me disse o que tenho que fazer, mas o que eu ganho fazendo esse acordo?

– Bom, enquanto eu não te der aval você não pode voltar a trabalhar. Esse é o acordo. Quando voltar de Lima, declaro que você esta em plenas condições de fazer o que quiser fazer e que só estava passando por um pequeno transtorno.

– E se eu não voltar melhor?

– Algo me diz que você não vai querer voltar. – Blaine ergueu a mão – Temos um acordo? – a apertei selando a proposta afinal não tinha nada a perder mesmo. – Ótimo, te vejo daqui um mês. – ele disse e foi embora

Finalmente senti que tinha feito tudo que era preciso para um recomeço, inclusive aceitar voltar ao único lugar que jurei que nunca mais voltaria. Agora só precisava arrumar minhas malas de novo e dar a noticia a Lauren.

Quando voltei ao apartamento como de costume, ela estava sentada no sofá da sala assistindo TV. Me sentei ao lado dela que passou o braço por trás do meu pescoço num tipo de abraço.

– Vai me contar onde foi?

– Fui encontrar meu psicólogo.

– E?

– E tenho uma noticia para te dar.

– Qual?

– Nos vamos passar um tempo em Lima.

– Você e seu psicólogo?

– Não. Nos, você e eu. – Lauren ficou paralisada com a notícia, aproveitei para levantar do sofá, peguei o telefone e liguei para o aeroporto

– Eu?

– Sim. Meu psicólogo disse que seria bom ficar um pouco longe de tudo isso, talvez passar um tempo com meus pais, e que se aceitasse iria me liberar para voltar ao trabalho.

–Isso é ótimo, mas ate agora só ouvi eu e nenhum nos. Por que eu tenho que ir também?

– Por que você é minha amiga, disse que sempre estaria aqui para mim. – enfim a moça atendeu.

– Exatamente, sempre estaria aqui para você, não em Lima. Não posso simplesmente viajar, eu tenho um trabalho, tenho garotas aqui.

– Lauren poderia fazer silencio estou tentando comprar nossas passagens. Por que não começa a arrumar as malas?

– Rach qual parte do não vou para Lima você não entendeu?

– Sim, quero duas passagens para Lima, Ohio com o horário mais próximo que vocês tiverem.

– Racheeeeeel.

É claro que depois, com um pouco de insistência, Lauren concordou em viajar comigo, no primeiro vôo da manha para Ohio, por um mês que tinha a sensação que feria no mínimo surpreendente.

Pegamos um taxi no aeroporto e chegamos um tanto cedo a minha antiga casa. Tirei minhas malas do carro e Lauren e eu entramos. Chamei pelos meus pais, mas eles não estavam, provavelmente caminhando no parque há essa hora. Não fiquei chateada por não estarem me esperando já afinal era surpresa.

– Bom, volto mais tarde então.

– Tem certeza que não quer ficar aqui? A casa é grande e meus pais não vão se importar se você ficar.

– Não, prefiro ficar no hotel. Confesso que não queria vir nessa viagem, mas percebi pelo caminho que fizemos do aeroporto aqui que Lima é linda, se é que você me entende. Não acho que seus pais vão achar muito legal quando quiser trazer toda essa beleza para o quarto de hospedes.

– É não vai ser legal.

– Então, antes de ir preciso te perguntar uma coisa. O que você vai fazer quando rever os seus amigos, e amigos você entende como sua ex-amiga ficante namorada o que quer que você e a Quinn eram?

– Não faço a mínima ideia. Por enquanto minha intenção é evitar esse momento ao máximo. Será que consigo evitá-lo por um mês?

– Acho que não, mas enfim eu volto mais tarde. – Lauren entrou no taxi novamente.

Fechei a porta e subi com as malas para meu quarto que continuava exatamente como antes. Agradeci mentalmente meus pais por isso e resolvi tomar um banho enquanto eles não chegavam.

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Era a quinta vez que acordava cedo e quando chegava ao jornal Santana me mandava de volta por achar que estava trabalhando de mais. Voltei pra casa sabendo que não encontraria os berrys que provavelmente estariam andando pelo parque àquela hora. Subi as escadas e enquanto seguia pelo corredor me deparei com algo muito fora do costume, algo que desde quando me mudei não tinha visto. A porta do quarto de Rach estava aberta. Queria simplesmente continuar caminhando e ignorar aquilo, mas não resisti e entrei no quarto.

Aquele lugar me trazia tantas lembranças e todas elas vieram à tona. E aquela cama onde tivemos nossa primeira noite. O cheiro de Rach parecia estar impregnado em todas as coisas como se não tivessem passado quatro anos, como se ela estivesse ali agora. Encontrei na estante um porta-retratos com uma foto de nos duas que tiramos em uma das varias festas que Santana deu, quando ainda namorava com o idiota do Finn e não sabia o que ela sentia por mim. Me senti tão sufocada pela saudade que não consegui segura uma lagrima teimosa que desceu pelo meu rosto.

–Ah Rachel, como queria que você estivesse aqui. – às vezes nossos pedidos são atendidos.

– O que você esta fazendo no meu quarto?

Virei-me assustada deixando o porta-retratos cair no chão. Simplesmente não conseguia acreditar em meus próprios olhos.

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Notas finais do capítulo

Faberry ^^ enfim kkk. Gente sei que dei umas flopadas violentas, mas tinha coisa que queria colocar e não sabia como encaixar ai inventei,mas bom historia é isso mesmo neh. Deixem seus review que eu fico muito feliz de recebe-los, e prometo que o próximo não vai demorar tanto, assim espero. =)