23 de dezembro de 2011_ Primeiro Fragmento

Meu nome é Hinata Hyuuga, tenho 16 anos, moro em Konoha, no País do Fogo. Mudei-me pra cá recentemente, estou sozinha.

Espero que alguém ache este diário, por favor,e  cuide dele com carinho, é tudo o que restou de mim desde que vim morar nesta casa.

Pode parecer loucura, mas estou presa aqui por um fantasma. Ele não me deixa sair, trancou todas as portas e à noite fica dando voltas ao redor do local para que eu não escape. É tão poderoso esse ser maligno que aqui não há eletricidade, nem o telefone funciona! A  única fonte luminosa vem da lareira da biblioteca, onde estou escrevendo agora.

O nome dele é Naruto Uzumaki. Está morto desde 1876, e não consegue descansar em paz. Não sei se foi um rapaz rancoroso ou infeliz, mas sua aura perversa quer minha alma junto à dele, quem sabe para fazer companhia...

Ah! São uma e meia da manhã e o piano da sala começou a tocar!

Todas as noites, nesse mesmo horário, ele toca a mesma música, a sinfonia de ‘’Swan Lake’’ , de Tchaikovsky, em quatro atos. O último ato, A Morte do Cisne, é sempre tocado duas vezes e até agora não entendo a causa disso. Estaria ele lamentando sua própria morte? Ou ele queria provar a mim por A + B que era o feiticeiro  Rothbart e eu sua princesa Odette?

A música parou. Droga, sinto os passos dele sobre a escada, ele virá pra cá! Desculpe, diário, mas vou guardá-lo!

 23 de dezembro de 2011_ Segundo Fragmento

Como eu tinha previsto,diário, ele apareceu.

Senti a presença dele na porta da biblioteca, me encarando. Retribui seu olhar, virando minha cabeça em sua direção.

- Estava falando com alguém, Hinata? – perguntou, sério.

- N-não... quem mais estaria aqui além de você e de mim?

- Não sei, mas você está mentindo, está gaguejando!

- Estou com medo... medo de você e você sabe disso! – as lágrimas começaram a me escapar.

-Ótimo, assim você não sai daqui. – sorriu ironicamente, virou de costas e desapareceu.

É tamanha sua carga negativa que cada sílaba de sua voz me arrepia da cabeça aos pés. Fico com a sensação de que ele vai me matar a qualquer momento, mas antes quer me enlouquecer. Não posso  deixá-lo conseguir o que quer! Grave bem, você é meu único amigo nesse momento, meu resto de sanidade mental. Em você, diário, deposito minhas últimas esperanças de uma vida feliz lá fora. Muito obrigada por me ouvir... vou dormir agora. Amanhã nos encontraremos de novo.

24 de dezembro de 2011_ Terceiro fragmento

Naruto está lá fora, observando o jardim pela manhã. Convivi tão intensamente com ele nesses últimos sete meses que sinto cada gesto que ele faz.

Vou aproveitar essa brecha e escrever, mas não sobre os momentos ruins nesse lugar abafado, e sim da vida normal que eu tinha até uns dez meses atrás...

‘’Eu tinha acabado de me mudar para Konoha com Inuzuka Kiba, meu namorado e futuro colega do curso de Engenharia Química (sim, nós fomos pra faculdade precocemente). Viemos de famílias pobres do interior e graças à nossa parceria e um ano ralando duro nos estudos, conseguimos bolsas para estudar numa das faculdades mais privilegiadas do país de Fogo, a Konoha University , na capital. Para concretizarmos nossos sonhos, precisávamos de uma casa para morar. No início, pensamos em aluguel, entretanto havia uma casa a preço baixíssimo nos subúrbios! Quando li o anúncio ,fiquei radiante! Teria a faculdade, e mais um lar em definitivo para uma futura família!

...burra. Mil vezes burra.

- Essa casa é linda! – eu pulava de alegria – Kiba, eu quero, eu quero, eu quero!

 - Calma, amor – ele riu – Vamos ter bastante tempo pra olhar, não é, senhora Mao?

A senhora Mao era a antiga proprietária da casa, deveria ter uns oitenta anos de idade.

- Com certeza . – a mulher respondeu – É uma casa muito antiga, do século 19. Precisa de algumas reformas, mas fora isso é bem simples e confortável.

- Nossa! – exclamei, boquiaberta – Deve ter sido palco de muitas gerações! Com certeza, tem muita história para contar!

- É, sim, com certeza...  – a mulher respondeu baixinho, virando a cara, num tom de voz tenso.

- O que foi, minha senhora? Está bem ? – perguntei, preocupada.

- Não é nada...er... vamos entrar logo? – ela forçou um sorriso.

- Claro!

Entramos na casa, vimos cada cômodo... era lindo nosso futuro lar. Tinha três suítes, uma cozinha, uma biblioteca,uma sala um jardim e um quintal maravilhoso.

- Quando podemos comprá-la? – indagou Kiba.

- Agora mesmo podemos ir lá no banco! – a senhora Mao respondeu, empolgada, mas ao mesmo tempo um pouco...nervosa.

- Ótimo! – esfreguei as mãos – Hoje mesmo podemos nos mudar!

...

Juro que, se eu pudesse voltar no tempo, daria uns belos tapas na Hinata do passado.

Depois de desfazer as malas, fui até Kiba , que estava admirando uma pintura na sala.

- Kiba-kun – beijei-o no rosto – Está feliz com a nova casa?

Ele não se mexeu.

- Kiba-kun? – chamei.

Fui solenemente ignorada.

- KIBA-KUN? – sacudi-o.

- Ah! – segurou a cabeça com as duas mãos, como se acordasse de um transe – Hina-chan! Você estava aí?!

- Claro, fiquei te chamando mas você não escutava! – peguei na testa dele – Nossa, está com febre!

- É... acho que foi a viagem...sinto uma tontura... – sorriu. – E você, como está?

- Estou bem. – respondi – Quer ir lá pra cima?

- Sim...

- Okay, deixa que eu te ajudo – deixei seu corpo apoiar-se no meu – Kiba-kun...

- Hina-chan?

- Eu te amo. – sorri.

- Eu também. – deu-me um beijo carinhoso...

Enquanto subíamos as escadas, senti por um momento que eu não estava a sós com Kiba. Alguém, ou algo, estaria nos observando...

Meu coração acelerava, mas eu jurava que aquilo só poderia ser coisa da minha cabeça.

Mas não era.’’

Diário, eu tenho que ir. Costumo tomar café-da-manhã nesse horário e, se me atrasar, Naruto vai estranhar minha ausência. Depois continuo, prometo.

É,  Só mais uma coisa...

...reze pra eu ainda estar viva, ok?