Voltei da minha corrida, que por sinal eu fazia todas as manhãs. Entrei naquela pequena casa no interior da Inglaterra. Ainda não tinha me acostumado com a minha nova familia, e nem com o fato de eu possuir uma irmã gêmea. Ela me encontrou em uma "procura" a nossos pais biológicos. Eu, Anna, ela, Lisa. Nossos cabelos são pretos na altura da cintura e nossos grandes olhos são verdes. Eu realmente não tinha me acostumado com esse fato. Fui até o meu quarto, que eu dividia com o insuportável do Travis, meu irmão pervertido. Na verdade ele não é meu irmão, ele não é nada meu. Para ele isso é bom, como ele diz, "muito mais possibilidades". Ele me enoja.

Abri o notebook que ficava na minha mesa, do meu lado do quarto, onde eu proibia Travis a pisar. Não queria que ele infectasse o meu lado também. 

Entrei no Skype e Lisa estava online, logo chamei-a para uma chamada de vídeo. Ela aceitou.

— Hey. — Falei sorrindo e acenando.

— Olá. — Ela disse repetindo o ato que eu tinha acabado de fazer.

— Espera. Deixa eu olhar pra você. Ainda não me acostumei com isso. — Falei.

— Qual é, Anna! Já fazem três meses, supera! — Ela disse.

— E nós ainda não nos encontramos. — Falei.

— Você sabe por que temos que esperar, não sabe? — Ela perguntou e eu assenti com a cabeça.

— Falando com quem? — Travis perguntou entrando no quarto. Fechei rapidamente o notebook. 

— Não te interessa. — Respondi.

— Você deveria parar de ser grossa comigo. — Ele disse.

— Você deveria parar de me encher. — Falei. Sai do quarto e fui treinar tênis na porta da garagem. Fiz isso por uma hora.

— Anna, Travis, venham já aqui! — Ouvi Jéssica gritar. Ela é minha "mãe" adotiva, que não faz nada que prove suas funções. Corri para dentro e ela segurava o seu precioso livro que tinha uma nota assinada por um ser qualquer dentro.

— Quem pegou a minha nota autografada? — Ela perguntou.

— Não fui eu. — Falei erguendo as mãos.

—Claro que foi  ela. Ela faz isso sempre. — Travis disse. — Olhe na bolsa dela. — Continuou. Ela foi olhar na minha bolsa. Estava lá.

— Foi ele! — Falei na tentativa de me proteger.

— Os assistentes sociais disseram que em situações como essa eu deveria chamar a policia. E é isso que eu vou fazer. — Ela disse.

Como eu já estava ferrada, pra não dizer outra coisa, decidi me arrumar e ficar esperando na sala. 

— Sabe, se você estiver disposta a me ajudar, eu posso tirar você dessa. — Ele disse, se aproximando. Sorri de lado e então atingi-o com minha raquete de tênis. Sai correndo pela porta dos fundos. Corri, corri até chegar na estação de trem. Comprei uma passagem que me levaria até Londres e liguei para Lisa.

— Lisa,eu estou indo para ai agora. — Falei ofegante.

— Agora? O que aconteceu? — Ela perguntou.

— Meu irmão mais velho me incriminou. Chgo ai as 8h30 da manhã. — Falei.

— Tudo bem, eu vou te pegar na estação. — Ela disse e então eu desliguei o telefone. Entrei no trem e dormi. Seria uma longa viagem.

Horas depois...

Acordei com o sol batendo no meu rosto e me dei conta de que já estava em Londres. O trem chegou na estação e então eu desci. Até que eu fui puxada para dentro do banheiro feminino por um ser idêntico a mim, não considerando as roupas, bolsas nem sapatos de marca,claro.

—Ai meu Deus. — Ela disse pausadamente enquanto ambas nos olhavamos de cima a baixo 

— Agora eu acredito. — Falei e nós duas rimos.

— Qual o plano? — Perguntei.

— Você vai ter que morar comigo. Eles vão ter que te aceitar. — Ela disse.

— Tem certeza que eles vão? — Perguntei.

— Claro que vão. Meu namorado também vai. — Ela disse.

— Perai? Vocês não eram só amigos? — Perguntei.

— Ele é perfeito. É o Harry, aquele que eu te falei. A gente pretende se casar. — Ela disse sonhadora. 

— Tudo bem,agora vamos sair daqui. — Falei puxando-a para fora do banheiro.

Guiou-me até o carro dela. Era perfeito. Eu nunca pensei que andaria em algo desse porte ou valor. Entrei e ela ligou o som. Estava tocando uma musica que era legal, até.

— Tá ouvindo essa musica? Então, é do meu namorado. Ele tem uma banda com outros quatro amigos. Aqueles lá que moram comigo. — Ela disse.

— Então essa é a sua vida? Namorada e amiga de famosos? — Perguntei.

— É, e daqui a pouco a sua será assim também. — Ela disse.

— Espero que não. — Falei.

Ela não tinha me contado do namorado, da banda. Eu só sabia que ela morava com cinco garotos e duas garotas, contando com ela, claro. Haviam muitas coisas que eu não sabia sobre ela.

— Chegamos. — Ela disse parando o carro na garagem de uma imensa casa. Tipo, mil vezes maior do que a minha casa no interior. Desci do carro e então paramos em frente a porta enquanto ela procurava as chaves em sua bolsa.

— Pronta? — Me perguntou.

— Pra falar a verdade não mas vamos logo. — Falei e ela então abriu a porta. Vi uma figura de cabelos cacheados e olhos verdes. Uau, que olhos.

— Até que enfim você chegou amor.. — Falou e então notou a minha presença. — Com uma pessoa idêntica a você? — Perguntou.

— Hazza, essa é a minha irmã gêmea. Anna. — Ela disse.

De repente a sala foi invadida por cinco pessoas que riam. Todos olharam para mim ao mesmo tempo e então ficaram paralisados. Percebi que não ia ser nada fácil.

— Quem é essa, Lis? — Uma garota com o cabelo muito cacheado perguntou.

— É minha irmã, Anna. Somos gêmeas. — Ela disse.

— Nãaaaaao, nem reparei. — Um menino que usava roupa listrada disse.

— Seu bobo. — Ela disse.

— Então, você fala? — Um garoto loirinho perguntou.

— Falo. — Respondi.

— Nossa, ajudou muito. — Eles disseram. 

Conversamos, eles me disseram os nomes deles. Lisa me levou até o meu quarto, e me deixou sozinha pra eu me "acomodar". Olhei em volta e sorri comigo mesma. Essa era minha nova vida.