The Meadow Where I Love You - One Shot escrita por Sofi
Notas iniciais do capítulo
Bubu!
Espero que gostem! E a propósito, alguém aqui lê a minha outra fic? A 73ª Edição dos Jogos Vorazes? Enfim, até lá em baixo.
Verifico se a segunda fogueira teria combustão suficiente para se manter acesa. Ao perceber que sim, parto para a terceira. Logo eu a acenderia e com certeza, Katniss explodiria os suprimentos e aqueles Carreiristas ficariam loucos. Principalmente Cato, do Distrito 2.
“Essa garota não tem chance.” ouvi ele dizer, referindo-se a mim, no treinamento, poucos dias antes de entrarmos na arena. Sou reprimida pelo fato de ser pequena como um filhote e ter somente 12 anos. A única dessa idade nessa edição dos Jogos.
Sei que não tenho chance, mas o pensamento de como seria ótimo vencer invade meu cérebro. Todos os meus 5 irmãos, meus pais e eu viveriam num bom estado. E eu teria pela segunda vez na vida uma coxa inteira só para mim. O banquete que tive com Katniss antes de ela ter a ideia de explodir tudo que os Carreiristas tem me faz sorrir e andar como uma abobalhada na direção de onde eu montaria a terceira fogueira.
Pego folhas secas, lenha e rapidamente monto uma boa fogueira, que daria muita fumaça. Involuntariamente levo minha mão esquerda à gargantilha no meu pescoço. Então eu percebo que a flor entalhada em madeira que deveria estar lá caiu. Acho que no lugar da segunda fogueira.
Corro rapidamente até a fogueira e prendo novamente o pingente na gargantilha. Eu poderia ir pelas árvores, mas era um caminho pequeno.
Ando distraída, brincando com a flor nas minhas mãos, até a direção da terceira fogueira, para acendê-la e finalizar o plano, me encontrar com Katniss e cair no sono nos seus braços.
Mas então, quando entro na campina, uma pesada rede cai sobre mim e começo a me debater desesperadamente. Eu só queria sair dali! O desespero toma conta de mim e lágrimas começam a roçar meus olhos. Seria esse meu final? Emaranhada numa rede até a morte?
Dou um grito agudo que somente uma criança consegue emitir e berro o nome da minha aliada.
-Katniss!
Vejo o garoto do Distrito 1 sair de trás de uma árvore com um sorriso sarcástico e cruel esboçado no seu rosto.
-KATNISS! - insisto. Ele começa a polir a ponta da lança com a camiseta e testá-la numa árvore qualquer.
-RUE! - escuto longe nas árvores – Rue, estou chegando!
Logo vejo sua forma entrando correndo na clareira, com o arco em punho, pronto para atirar.
Só tenho tempo de tirar minha mão da rede e sussurrar seu nome antes de a lança penetrar no meu corpo.
Sinto uma pontada forte no meu estômago e a minha respiração fica pesada. Meu coração acelera e a única coisa que consigo fazer é levar minhas mãos até a lança que se fincou completamente na minha raquítica barriga.
Vejo o garoto do Distrito 1 vindo na minha direção, mas ele leva uma flechada no pescoço. Antes de cair na sua própria poça de sangue, o carreirista arranca a flecha e joga-a no chão.
Katniss prepara outra flecha e move o arco em várias direções, perguntando:
-Tem mais alguém? - ela reprimia a voz de choro – RUE, TEM MAIS ALGUÉM? - ela insistiu, praticamente tapada com o choro na sua voz.
-Não. - sussurro. Ela parece não escutar, então repito a resposta – N-não! - ainda não. - Não!
Ela joga o arco junto com a flecha no chão e se agacha na minha direção, pegando a faca de serra no seu cinto. Ela corta a manta que me cobria e observa o ferimento. Aquilo estava acima da capacidade de cura dela. Estava acima da capacidade de cura de qualquer um. Estendo minha mão para ela e minha aliada agarra-a como se fosse sua última fonte de vida.
-Você explodiu a comida? - finalmente quebro o silêncio
-Até o último grão.
-Você precisa vencer.
-Eu vou. - ela promete, chorando. - Agora vou vencer por nós duas.
Um tiro de canhão estoura e Katniss levanta seus olhos para o céu. Puxo sua mão com força e digo, desesperada:
-Não vá!
-É claro que não. - ela puxa minha cabeça para seu colo e coloca meus cabelos escuros para trás da orelha. - Vou ficar bem aqui.
-Cante. - sussurro. A minha visão fica cada vez mais embaçada e escura. A dor era maior a cada segundo. Lágrimas corriam nas minhas bochechas e nas de Katniss. Meu coração doía. Eu nunca mais veria minha família. Ah, meus pequenos irmãos, tão parecidos comigo! Clair, Mitchie, Malcon, Sharon e Joe... Tão pequenos, tão adoráveis! Nunca mais avisarei aos tordos que o turno de trabalho acabou. Nunca mais comerei pão de grãos do Distrito 11. Nunca mais colherei as flores com o mesmo nome que o meu. Nada mais de pular de árvore em árvore.
Nunca achei que fosse ter uma morte tão lenta. Katniss logo me tira dos meus devaneios, engolindo em seco e dando início à canção.
Bem no fundo da campina, em baixo do salgueiro
Um leito de grama, um macio e verde travesseiro
Deite a cabeça e feche esses olhos cansados
E quando se abrirem, o sol já estará alto nos prados.
A melodia era linda e Katniss tinha uma voz perfeita. De algum modo, estou feliz pelos meus últimos momentos apreciando a canção.
Aqui é seguro, aqui é um abrigo
Aqui as margaridas te protegem de todo o perigo.
Aqui seus sonhos são doces e amanhã eles serão lei
Aqui é o local onde sempre te amarei.
Minha visão estava embaçada ao extremo, então fecho meus olhos para sempre. Consigo mover levemente meu peito, mas o movimento era quase imperceptível, creio eu. Ainda posso ouvir a canção, então ela continua cantando
Bem no fundo das campinas, bem distante
Num maço de folhas, brilha o luar aconchegante
Esqueça suas tristezas e aquele problema estufante
Porque quando amanhecer de novo ele não será mais tão pujante
Aqui é seguro, aqui é um abrigo
Aqui as margaridas te protegem de todo o perigo.
Minha audição falhava completamente. Katniss cantava num tom normal, como se estivesse conversando, mas eu a escutava como um sorriso. E enfim, antes de cair nos braços da morte, ouço as últimas estrofes da canção que decidi chamar de “A Campina onde sempre te amarei”.
Aqui seus sonhos são doces e amanhã eles serão lei
Aqui é o lugar onde sempre te amarei.
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E aí, gostaram? Espero que sim (: Muuuuuitos beijos, tributos lindos!