Not Me escrita por Yukari-chan


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Eu disse que voltaria *risada maligna*
Tô pensando em criar uma série pras minhas ficlets UruRei sem nexo. Que tal? rs
A Miih linda voltou a me amar e betou pra mim. ♥



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Enquanto olhava para o nada, lhe ocorreu a primeira lembrança que tinha de Uruha – antes mesmo de ele ser Uruha. Antes do GazettE, antes de qualquer outra coisa. Quando ele era apenas Takashima Kouyou, o garoto magro e alto demais.

Foi isso que pensou da primeira vez que o viu, em seu uniforme de treino nunca antes usado. Kouyou parecia uma menina, uma menina desengonçada e alta demais. Nunca o teria chamado para jogar no seu time. E, de fato, futebol nunca tinha sido o forte de Kouyou.

Nem o dele, mas no caso de Kou, a falta de jeito pra coisa era mais gritante. Sorriu ao lembrar disso, o primeiro treino deles. Depois de algum tempo, descobriu que Shima o tinha achado parecido com um macaco – talvez ele estivesse mesmo parecendo com um, com aquele uniforme tão maior que si e o nariz achatado de batata à mostra.

Quem diria que um dia estariam ali? Ele sempre achou que acabaria trabalhando em alguma firma grande como o pai, e o Kou... Bom, Kou achou um milagre que os dois tivessem se formado. A verdade é que ele provavelmente ficaria bem fazendo qualquer coisa.

Embora em sua cabeça, Kou fosse uma espécie de modelo desperdiçando seu talento (ou seria beleza?) com qualquer outra coisa, a verdade é que Uruha não se importava contanto que pudesse comprar jogos... E sake.

E no começo, toda essa ideia de banda foi sua, e Uru acabou sendo arrastado. Mas a verdade é que Kouyou sempre teve mais talento também. Tocava guitarra com tanta naturalidade, e apenas porque achava divertido. E mesmo suas composições, eram mais pesadas e graves, cheias de personalidade.

Ele mesmo tocava baixo porque sempre achou que era a única coisa que conseguiria tocar, e suas composições – raras que eram – sempre acabavam descartadas logo de cara. Algumas vezes eram aceitas só pela falta de coisa melhor – quando Ruki tinha um surto de criatividade.

Olhando assim, a amizade dos dois sempre foi, no mínimo, improvável. Eram tão diferentes, que provavelmente só combinavam no gosto por jogos, e fora Kou quem fizera Akira gostar de jogar.

Era como se ele tivesse arrastado Uruha para essa vida – como Aoi dizia – de “rockstar”, mas fora Uruha quem o arrastara até ali, até Tokyo, até a PSC, até o Budokan e depois até o Tokyo Dome. Ele era a única razão dele ainda estar ali, de ter se esforçado de verdade pra tocar baixo, de dar o seu melhor pra todo o resto.

No fundo ele sempre soube, que aquilo já não era mais tão somente amizade. Tanto quanto desejava estar ao lado de Uruha, desejava também tê-lo em seus braços. Mas isso era tudo; um desejo, que o loiro tentava a todo custo manter escondido da melhor forma possível. Porque sempre foi e sempre seria impossível.

Podia dizer isso com toda certeza, porque sempre havia se vangloriado de conhecer Kou quase tão bem quanto a si mesmo, talvez melhor. Essa personalidade que confundia as pessoas e que parecia absurda, aquela pessoa que seguia seu ritmo, não importando o que... Reita compreendia todas as ações e sentimentos.

Sabia quando Shima estava magoado, quando estava feliz, quando estava contrariado, apenas por olhar para ele. E sabia também que Kou nunca o aceitaria como mais do que melhor amigo. Por isso continuava a repetir pra si mesmo que aquilo era melhor que nada, era melhor que ser distante, era melhor do que ser apenas parte do passado ou um mero companheiro de banda. E isso aconteceria se ele tentasse se declarar para Kouyou.

Não, não queria isso. Preferia poder estar apenas por perto. Não se importava em acordar Uruha todos os dias, levá-lo pra casa quando estava bêbado demais pra dirigir, lhe dar banho frio pra curar a bebedeira... Mas doeria tanto quando não pudesse mais fazer isso.

Quando algum dia, alguém ocupasse o cargo de confidente, alguém fosse tomar conta de Kouyou em seu lugar. A pessoa que acordaria ao lado dele, e que passaria a ser dona dos seus melhores sorrisos.

Fechou os olhos e memorizou novamente aquela imagem, a imagem do primeiro dia, de quando as coisas eram simples, de quando ele podia olhar para o loiro sem sentir um leve desespero, e uma ponta de tristeza. Às vezes se pegava pensando que queria voltar atrás e poder viver tudo de novo. Apesar da dor que sentia naquele momento, ele provavelmente faria tudo da mesma forma.

Jamais conseguiria abrir mão de nenhuma das suas lembranças de Uruha, nenhum dos sorrisos e confidências que haviam sido dele.

Hoje ele conheceria o alguém que lhe tomaria todas essas coisas. A namorada que há tempos, Uruha tentava lhe apresentar. Ruki já havia dito que ela era bonita, e Kai que era educada. Até mesmo Aoi tinha dado seu parecer, e a moça havia sido aprovada por unanimidade. Apenas ele, o melhor amigo, ainda não a conhecia.

Sempre dizia que estava ocupado, ou então que já tinha marcado alguma coisa. Mas hoje não... Já não havia mais nada a ser feito ou dito. Naquela tarde Uruha o havia procurado, dizendo que pretendia noivar.

Foi quando ele percebeu que fingir que ela não existia não a impedia de existir de fato. Ela era real. Tão real, que tinha tomado para si aquilo que ele mais amava. E ele queria poder dizer, sinceramente, que desejava o melhor, que ela fosse mesmo uma boa pessoa e eles fossem felizes.

Mas a verdade é que ele queria que ela morresse. Queria poder gritar com todas as letras, que ela não merecia estar lá, no lugar que devia ser dele. Que ela não conhecia os sorrisos e lágrimas de Uruha, que era apenas uma invasora que sabia sorrir e escolher sapatos. Queria que eles fossem infelizes.

Tão infelizes que Uruha precisaria correr pra ele para afogar as mágoas. Tão infelizes, que Kou finalmente notasse que era ele, Akira, quem sempre esteve ali.

Mas no final das contas, ele era apenas o melhor amigo. O cara que seguraria as alianças, faria o discurso engraçado e iria propor um brinde em homenagem aos noivos, no casamento da pessoa que ele sempre amou.

E que seria sim feliz. Sem ele.


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Notas finais do capítulo

Eu não acho que o Reita seja alguém sem talento, mas vamos lembrar que a fanfic se passa no ponto de vista DELE, exaltando os sentimentos DELE.
E a gente sempre tende exaltar a pessoa amada e se diminuir né...
Me amem e deixem reviews mimimi.



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