Only You escrita por Leticia Di Angelo, Laís di Angelo


Capítulo 12
Descanse em paz


Notas iniciais do capítulo

Ooi gente! Aki é a Laís! Me desculpem pela demora, fiquei sem criatividade. Mas este capitulo veio para recompensar a demora!
Espero que gostem!



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POV Nico

 Consegui pelo menos doze minutos de sono. Mas claro, tive sonhos. Sabe, as vezes isso me dá nos nervos! No Mundo Inferior, pelo menos, eu não tinha tantos sonhos quanto tenho aqui em cima. E isso me faz querer voltar pra lá...

Voltando ao assunto, meu sonho foi até um pouquinho amigável.

Eu estava em uma floresta. Arvores grandes de copas estreitas, como qualquer floresta da Pensilvania. O Sol estava começando a se por, o que deixava a floresta um tanto assustadora, como em filmes de terror.

Conforme ia andando a floresta ficava mais escura e mais densa. O vento frio me causava arrepios, e então, eu o vi. Surrado, mas vivo. Era isso que importava. Na frente de Jake, Helius se esticava preguiçosamente.

 - Já estou ficando cansado de esperar. – O deus disse.

 Jake cuspiu.

 - Ela não vai vir. – Ele revidou. – Ela não tem porquê vir!

 - Ela ama você, então, vai vir. O que André fez para mim não mudou isso.  – Helius riu. – Quione não ficará feliz com isso, mas a vida da filha dela não estava em nosso acordo.

 - Você é muito baixo. – Jake murmurou. Sua voz saia rouco como se há muito tempo não falasse.

 - Se continuar me xingando não vai ganhar comida e vai acabar morrendo. E quero que você veja o espetáculo.

 - Não vai haver espetáculo.

 - Ah, vai. Quione mandou você para mim porque queria que eu lhe matasse para você nunca mais tocar na filha dela, mas como eu adoro o romance de vocês resolvi que vão morrer juntos. E as crias do Mundo Inferior me renderão um bom tempo de adoração.

Não entendi muito bem o que ele falou sobre Emily e eu, mas resolvi não pensar nisso e focar nesse trato com Quione.

 - Sabe, você e Quione se merecem. – Jake falou e fechou os olhos, visivelmente cansado.

 - Ah, não! Eu sou o Sol! Ela é gelo… Ah, não, não daria certo! – Helius falou como se Jake fosse seu melhor amigo e estivessem conversando sobre garotas. Ele ajeitou o paletó. – Bem, quer que eu diga alguma coisa a Agatha antes de destruí-la? 

Ele não obteve resposta. Jake continuou com a cabeça encostada na arvore. O sangue escorria pelo lado direito da sua testa e suas mãos estavam com recente marcas de corda. Assim que ele levou o ultimo golpe na cabeça, eu acordei.

- Ah, já não era sem tempo! – Agatha começou. Ela esta muito, muito irritante! Deve ser abstinência, não é possível! – Vamos logo, dorminhoco.

 Conto ou não conto? Como vou começar? Tipo… “Olha, sabe seu querido namorado que estamos indo buscar, pois é, sua mãe o entregou para o vilão da história”. Sem chance!

 - Agatha, cadê a Emily? – Perguntei quando dei falta dela.

 - Foi ao banheiro. Quer ir segui-la? Acho que é no final do corredor…

 - Vou ignorar essa sua chatice e vou te contar uma coisa…

 - Sei que você ama a Emily, Nico. – Ela disse em tom de brincadeira.

 Eu me calei. Quando ia contar pra ela que sua mãe era a culpada disso, perdi a coragem. Ela não merecia passar por isso.

 - Sim. Mas não podemos…

 - Ficar juntos? – Agatha adivinhou. – Ela me contou do seu encontro maluco na floresta. Quer me contar o porquê? – Seu tom brincalhão tinha ido embora. Agora ela falava serio.

 Pois é. Eu queria. Queria despejar em alguém, sabia que Agatha seria  a melhor pessoa pra isso porque não iria contar pra Emily se eu pedisse e continuaria nos tratando da mesma forma. Mas ainda não estava preparado pra dizer em voz alta que tudo aquilo tinha sido uma armação descabida e homicida!

 Olhei para Agatha que ainda me encarava com seus olhos quase brancos.

 - Você não acha que fui eu que coloquei fogo no Chalé, acha? – Perguntei.

 Ela sorriu timidamente.

 - Acho que não. Não machucaria a Emily.

 - Acredita que fui eu quem deixou os monstros entrarem no Acampamento e quase te matarem duas vezes? – Perguntei novamente.

 Ela franziu o cenho.

 - Bem… As provas apontam que você fez tudo isso, mas… As provas também disseram que Jake estava morto, então, me perguntar se você fez isso é o mesmo que me perguntar se eu acredito em Deus, com “d” maiúsculo.

 - Ou seja, você não sabe. – Sugeri desviando o olhar para a paisagem do lado de fora.

 - Não. - Ela negou. - Eu simplesmente não quero saber a resposta. Assim como Emily. Agora é minha vez: foi você que nos traiu?

 Nesse exato minuto Emily entrou na cabine.

 - Vamos gente? O trem já esta parando. – Ela disse forçando um sorriso.

 Agatha começou a respirar fundo.

 - O que vamos fazer? – Perguntou.

 - Helius esta em uma floresta. – Falei. – Tive um sonho agora. Ele esta com Jake preso em uma floresta. Eu conheço aquele lugar.

 - Conhece florestas da Pensilvania? - Emily indagou.

 - É, sei. É perto de um cemitério. Eu conheço a area.

 Elas assentiram.

 - Mais alguma coisa a acrescentar, Nico? - Agatha perguntou como se soubesse.

 Engoli seco. É agora que ela desaba.

 - Bem… - Comecei cuidadoso. - Não se estresse...

 - Nico, dá pra falar? – Agatha me apressou.

 Respirei fundo e despejei.

 - Sua mãe foi quem entregou Jake a Helius. Ela queria que ele morresse porque não aguentava ver você com ele. Provavelmente, ela pensou que ele não viria atras de você depois do favor que ela fez para ele... Mas estava enganda.

  Os olhos de Agatha se arregalaram e ela começou a respirar pouco.

 - Minha... Mãe… Fez isso? – Agatha sussurrou. – Não. Ela não arruinaria minha vida. Ela sabe que o amo.

 - Por isso mesmo. Eles pensaram que o André daria conta disso. – Falei.

 Agatha olhou para cima segurando as lágrimas. Emily permaneceu calada.

 - Vamos acabar com isso o mais depressa possível. – Agatha agarrou a mochila, decidida. – Para eu poder acertar as contas com Quione.

POV Agatha

Eu queria que tudo congelasse a minha volta. Queria que tudo desaparecesse. E que minha mãe queimasse no inferno. (Crianças, não repitam isso em casa)

Nico sabia onde era a tal floresta, então explicou ao taxista que nos levou até entrada dela. Depois Emily pediu para que ele desaparecesse dali o mais rápido possível. Não achei aquilo necessário, mas sabe-se lá se o ajudou…

 Entrei na floresta e senti o frio me tomar. Sabe, pode parecer psicopata, acho que puxei da minha mãe (infelizmente), mas eu adorei a temperatura daquele lugar. Só de respirar eu poderia transformar o vento em gelo. Consegui até sorrir. Aquela floresta,realmente,era mágica.

 - Sabe o caminho até ele? – Perguntei a Nico com a voz gélida.

 - Não. Vamos nos separar? – Ele sugeriu.

 - Não. – Emily interviu. – Posso encontrá-lo.

 Ela fechou os olhos e respirou fundo. Sua boca começou a se mexer de leve como se estivesse falando, mas não saia som.

 - Ela esta falando com as plantas? – Perguntei incrédula.

 - Você faz gelo respirando e eu crio esqueletos. – Nico disse irritante. – Vai julgar ela por estar conversando com as plantas?

 Dei de ombros, sorrindo.

 - Isso é mais estranho. – Comecei a rir com a tensão e Nico acabou me acompanhando.

 - Cara, dá pra parar de falar? – Emily indagou furiosa. – Estou tentando me concentrar!

 Parei na hora e assenti de cabeça baixa. Nem dois segundos tinha se passado e ela já estava andando.

 - Já achou o Jake? – Perguntei perplexa.

 Ela se virou para mim com os olhos semicerrados.

 - Meus dons estranhos estão ajudando mais que os seus, não é? – Ela me repreendeu.

 Nico soltou uma gargalhada. Nem parecia que estavamos prestes a lutar contra um deus do Sol e que foi a vaca da minha mãe que nos meteu nessa.

 - Mas, - Emily continuou. – Encontrei Jake e um bocado de monstros também.

 - Ótimo, nada como monstros para alegrar nosso dia. – Falei seguindo-a.

 - É. – Concordou minha irmã. – Mas se salvarmos Jake, ele irá te alegrar durante a noite.

 Não evitei um sorriso.

 - Sim. – Concordei sonhadora.

 - Ainda bem que eu moro longe. – Nico falou.

 - Garoto, cala a boca! – Mandei. – Vamos nos concentrar. Alguem tem um plano?

 - Do que adianta? Vai sair tudo errado mesmo. – Emily deu de ombros fazendo uma curva. De repente ela travou. – O plano é o seguinte: um fica e acaba com eles, os outros enfrentam Helius.

 Quando me virei para onde ela olhava dei de cara com oito sarcedotes de Helius.

 - Vão. – Falei. – Eu vou distraí-los.

 - O que? – Indagaram juntos.

 - Caramba! – Gritei. – Falei alemão? Vão logo! Daqui a pouco alcanço vocês.

 Só gritando para eles entenderem. Me virei para aquele bando de esquisitões e tirei minha faca da bainha. Aquilo era só para assustar, sabe? Eu ia era congelá-los.

 - Vamos nos divertir. – Falei com um olhar psicopata.

 Um frio percorreu minha espinha e se espalhou pelo meu corpo. Então, eu comecei a sentir o poder fluindo.

 - Mexeram com o namorado da garota errada.

POV Emily

Não gostei nem um pouco da ideia de deixar Agatha sozinha, mas sabia que ela dava conta.

Não demorou muito até chegarmos à uma pequena clareira. Do outro lado estava Jake, amarrado a uma arvore, com a cabeça sangrando.

 - Mantenha a calma. – Nico me disse.

 Por três motivos aquilo era impossível: primeiro, meu amado cunhado estava quase morto. Segundo: Nico estava perto de mim e só isso me fazia querer sair correndo gritando feito retardada. E Terceiro: quando você esta nervosa, mandarem você ficar calma é a coisa que te deixa mais nervosa ainda.

 - Não ta fácil demais? – Perguntei. – Sem monstro nenhum ou…

 Falei cedo demais. No meio da clareira surgiram ainda mais sacerdotes.

 - Dá pra invocar umas raízes diabólicas? – Nico me perguntou.

 - Claro. Dá pra invocar uns esqueletos?

 - Sempre. Sabe minha vida estava muito chata antes de você aparecer.

 Um frio na minha barriga me impediu de pensar direito. Quase fui engolida por um sacerdote se os esqueletos de Nico não o destruíssem. Me concentrei e comecei a imaginar as raízes agarrando os pés daqueles esquisitos… E então, me veio uma terrível ideia. Minha mãe também era rainha do Mundo dos Mortos, não era? Então, que tal os mostros descerem um andar?  Será que era possível juntar meus poderes? Fazer o processo contrário que Nico faz quando invoca os esqueletos? A resposta me alegrou.

 Sabe aquela sensação de dever cumprido? Pois é, eu a tive depois de que os sacerdotes começaram a serem agarrados por raízes e afundarem na terra como se fosse areia movediça. Confesso que eu estava quase zerada, mas em compensação a clareira estava vazia. Os esqueletos afundaram e ficaram só Nico, Jake e eu.

 - Caramba, Emily! – Ouvi a voz de Jake e sorri. – É bom te ver.

 Comecei a andar em sua direção, mas Nico fez um sinal para que eu parasse e continuou olhando para um ponto atrás de mim. Argh! Odeio isso!

 - Dê um passo e morre, filha de Perséfone. – Helius disse. Sua voz preencheu todo o lugar e me causou arrepios.

 - Covarde. – Sussurrei.

 - Inteligente. – Ele corrigiu. – Onde esta o troféu principal?

 - Se estiver querendo a gatinha aqui, é melhor se virar.

 A voz de Agatha me deixou mais confiante. Continuei em estátua, sem me dar ao luxo de olhar para trás até que ouvi o choque das espadas.

 - Agora entendi porque André era tão obcecado por você. – Helius disse a atacando com sua espada. Na mão de Agatha se encontrava uma das armas dos sacerdotes e tenho que dizer que ela pareceu adorá-la.

 - Foi ele quem fez tudo aquilo, não é? – Ela gritou. – Foi ele quem deixou os monstros entrarem e colocou o fogo no Chalé de Perséfone. – Ela atacou com firmeza. Tentei ajuda-la, mas estava esgotada. 

 - Sobre o Chalé, eu realmente não sei. Se foi André, ele não fez porque mandei. – Helius garantiu.

 Ele pegava leve com Agatha, como se quisesse fazer com que ela cansasse antes de lhe matar. 

 - Vou ajuda-la. Tente prender Helius. - Nico disse.

 - Estou esgotada! – Falei.

 - Toma. – Ele pegou na mochila um cubo de ambrosia e me deu. – Rápido!

 Ele pegou a espada e saiu na direção do deus. Coloquei o cubo na boca e mastiguei. Tive vontade de pegar minha espada e correr atrás deles também, mas sabia que só atrapalharia e que eu devia mesmo era tentar prender Helius ao chão, mesmo que não o fizesse descer.

 Agatha se esquivou de um dos ataque de Helius e ele girou indo para cima de Nico que foi lançado para fora da luta. Helius deu as costas a ele e atacou Agatha. De alguma forma, o ataque dessa vez não foi bloqueado e a espada de Agatha voou longe.

 - Descanse em paz. – Helius disse sorrindo.

 No segundo em que ele deferiria o golpe em Agatha, o chão abaixo dele agarrou seus pés o fez parar, assustado.

 - O que é isso? – Indagou quando as raízes começaram a entrar em sua pele.

 Agatha riu e agora que ela podia se concentrar melhor, começou a congelá-lo. Foi quase um minuto assim, até que Helius conseguiu derreter o gelo que Agatha tinha feito e subir os pés novamente.

 - Não podem me derrotar! Eu sou o Sol! – Ele rugiu  enquanto se desvencilhava.

 - Não. – A voz de Nico soou firme e sua espada se pôs entre a cabeça e o pescoço de Helius. – Na sua forma humana você não pode muito. Descanse em paz.

 Quando vi que tinha acabado, agradeci. Meu corpo já estava sem forças até mesmo para manter-me viva. Caí no chão e apaguei.


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Notas finais do capítulo

Eaí? Gostaram??? Odiaram?
Espero seus maravilhosos reviews!
Beijinhus, lindos!