Chasing Cars escrita por JuhChagas


Capítulo 15
We are infinite.


Notas iniciais do capítulo

Hey, obrigada à todos que comentaram, eu adoreeei os reviews *--* Queria agradecer especialmente à Gemêas Potter pela linda recomendação, e à MissLerman que me incentivou à não desistir da fic e continuar a escrevê-la! Obrigada especial à vocês duas sweethearts! Esse capitulo ficou beem grande, espero que gostem *--*



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/215434/chapter/15

                                                         POV Narrador

         Era só para ela que Percy queria dizer tudo aquilo que escrevera, e então ignorando todas as outras pessoas, ele começou a citar sua redação. 

         O peso do corpo foi alternado de pé em pé, os dedos longos se entrelaçaram rápida e nervosamente nos cabelos quando a boca se abriu, finalmente, conseguindo emitir som:

         - “Eu estive pensando muito ultimamente sobre quais seriam os motivos que tornam a presença de uma pessoa tão agradável. Que criam um ambiente tão confortável, uma memória tão doce. E eu estive tentando achar esses motivos, mas talvez eles não existam, talvez eu não possa nomeá-los, talvez eles sejam algo muito maior que a explicação humana, e talvez eu pareça um tolo tentando explicar, mas o fato é que, até eu mesmo, preciso entender.” – ele começou encarando os pés, desconfortável. No inicio ele pensou que teria a coragem de olhar para Annabeth, mas agora ela havia desaparecido. E talvez não desse as caras por enquanto.

         Sr. Smith se ajeitou na cadeira, apoiando a cabeça sobre o ponho fechado, talvez fosse interessante ouvir essa redação, ele fez a nota mental.

         - “Os cabelos dela caem como uma interminável cachoeira de ouro, um véu que dança ballet contra suas costas. A forma como seus dedos esguios brincam habilmente com as pontas loiras, criando pequenos cachos. Como ela é determinada quando o assunto é opinião própria, como ela impõe a sua como uma advogada, cheia de argumentos, crente no que acredita, e apesar de se manter ao que pensa, sempre respeitosa à dos outros, tão ética e correta. Como seus pés traçam um andar feminino e decidido, quem não a conhece, de costas, diria que aquela era a famosa Atena Chase.” – Percy sorriu com a citação. Lembrou-se de que quando escrevia, resolvera citar a mãe da loira, apesar de que ninguém a conhecia, mas não importava, porque sobre todos os problemas, de atenção por exemplo, entre a mãe e filha, ele sabia que Atena era uma das pessoas mais importantes e amadas, uma sina, para a filha.

         E ninguém realmente entendeu a citação, além de Percy e Thalia, mas quem se importava? Annabeth tinha aberto um sorriso orgulhoso, apesar de tímido.

       -“É engraçado como ela é menina em momentos, e mulher em outros. E algumas pessoas acham isso tão errado, bipolar, mas poucos sabem que é uma dádiva. É uma dádiva ela saber fazer piadas como uma garota, e saber refletir como mulher.  É lindo... Álias, já que o assunto é piada, por que não falar sobre seu sorriso? Seu sorriso... – ele soltou uma pequena risada rouca, sem grande emoção. – Ele ilumina o dia. Soa clichê, mas ninguém entendera, até de fato encontrar um sorriso como esses. – E com a pequena pausa, Nico apertou de leve a mão de Thalia, ambos sabiam que haviam achado o seu “sorriso iluminador”.

       - Confesso que é difícil fazê-la sorrir, em certos dias, mas também confesso que sou determinado. – a classe emitiu algumas risadas fracas, as meninas ao fim suspirando. – São poucos aqueles sorrisos genuínos, que só ela dá, para ser sincero, eu vi poucas vezes, apenas nela e em minha própria mãe. É contagiante, não posso evitar acompanhá-la quando ri. Ela pensa que a sua gargalhada e estrondosa e terrível, mas eu a adoro. É melodiosa, como notas de uma música no piano. E seu toque é tão quente e macio, a pele emitindo um odor tão viciante. Morangos. – Se recordou tomando uma lufada de ar, fechou os olhos e esperou que o cheiro invadisse suas narinas, mas nada.

          Annabeth decidiu desviar os olhos da carteira na qual seus dedos percorriam com nervosismo, e mirou Percy, ao mesmo que o moreno. E ali, Percy abriu seu sorriso caloroso, chegando a sua parte preferida da garota, e da redação.

         - E seus olhos... – ele se permitiu aprofundar o olhar nas orbes dela, por alguns segundos perdendo o rumo das palavras. – Eu, sinceramente, não sei como é possível herdar aqueles olhos. Talvez Afrodite a tenha abençoado. –E mais uma vez poucos na sala inteira entenderam o que o garoto queria dizer com aquilo. – Os seus olhos são nublados como aquelas tardes horríveis de inverno, mas de alguma forma, nela, são maravilhosos. E em alguns momentos, o céu nublado se torna tempestade estrondosa, cheia de trovões iluminando o acinzentado das orbes, e me faz pensar que, às vezes, estar no meio de uma tempestade não é tão ruim. – Percy deu de ombros, tímido. Annabeth não pode evitar um pequeno e discreto sorriso de lado e Percy retribuiu. Apesar da cor rosada nas bochechas da Chase, ela estava apreciando a redação, a opinião de Percy em relação à ela mesma, apesar de ela não concordar com nem um quarto daquilo sendo dito.

        - Cada traço do rosto dela, cada pequeno aspecto, até suas mais engraçadas caretas, é angelical. Como se não importasse o quão feia ela tentasse aparentar, nunca seria possível.

        - Eu... Eu estive passando pelas ruas nesse final de semana, e eu fiz uma simples pergunta às mais diversas pessoas: Você já se sentiu infinito? Ou talvez não seja tão simples assim, talvez seja necessária uma felicidade imensa, que muitos não tiveram, para se sentirem infinito. E me doeu a maioria das respostas: Não. E eu me senti mal por aquelas pessoas, porque esse é o tipo de coisa que todos merecem, ao menos uma vez na vida, eu desejo para todos. Minha mãe disse que se sentiu assim três vezes, na vida toda: quando se apaixonou pelo meu pai, quando os dois se casaram, e quando nasci. – ele não pode evitar sorrir com a lembrança da mãe dizendo-lhe isso. Sally tinha estranhado tal pergunta, afinal, não era típica de Percy uma pergunta como “você já se sentiu infinita?”, mas depois de responder ela notou que tudo aquilo era porque ele já havia provado do amor. – E eu desejei sentir assim também, nessas três fases da minha vida, porém eu sei não se acha esse sentimento andando pela rua, do nada. – ele deu de ombros com as mãos nos bolsos.

             - Quantos aqui já se sentiram assim? – ele perguntou, e todos na sala fizeram aquela busca interna pelo momento em que se sentiram de tal forma, e poucos acharam a lembrança. - Eu acho que e preciso um lugar especial, em um momento especial, com alguém especial, e então, acontece. Eu acho que é assim, comigo, ao menos, foi assim. Essa sensação de tudo ao redor parar, e então mover-se lentamente, eu me sinto assim na presença de Annabeth. Eu me sinto infinito, nós somos infinitos. Obrigada por isso, Annabeth. – ele sorriu na direção dela e depois encarou o professor avisando que havia acabado.

             Deu um passo à frente, mas foi interrompido por uma explosão repentina de palmas. Ele arregalou os olhos, completamente descrente, à sala que aplaudia sua redação. E enquanto Sr, Smith ia à Percy e dizia palavras de parabenizarão, dando leves tapinhas em suas costas, Rachel tinha um turbilhão de pensamentos ocorrendo em si. Como ele podia tê-la humilhado de tal forma? Porque fazer uma redação como aquela, para qualquer pessoa que não fosse sua namorada, seria humilhação, ela pensava. Tinha raiva dele por isso, raiva da sala por apoiar, mas acima de tudo tinha raiva de Annabeth, a causadora disso.

             Não poupou esforços para sair da sala fazendo o maior barulho possível. Ela não havia pegado nada além da chave de seu carro e o celular, afinal, quem se importa com o material escolar naquele momento? Ela não. E saiu com os olhares espantados em suas costas. Não sabia exatamente o que fazer, se sentia enfurecida, então decidiu que não ficaria mais na escola. Correu pelos corredores vazios até chegar ao estacionamento.

               Percy lançou um olhar ao professor, mudamente dizendo que tinha que segui-la, e Sr. Smith apenas assentiu. Percy correu também, mas notou que já era tarde ao chegar ao estacionamento e ver o carro prata de Rachel virar a esquina da escola. Decidiu mentalmente que mais tarde iria a sua casa e romperia o namoro. Seria cruel, mas ainda mais cruel enganá-la por mais um dia.

                                                                Xxx

                   - Você não pode fazer isso. Você me ama! Você é feliz comigo! – as lágrimas desciam por seu rosto como uma cachoeira sem fim. Alguns fios ruivos grudados às bochechas molhadas, os olhos inchados e vermelhos como de quem chorava á dias e não minutos.

                  - Rachel... Eu, eu não te amo. Não dessa forma. E eu não quero te enganar nem mais um dia, fingindo estar feliz ao seu lado, você merece alguém melhor do que eu. Alguém que possa sentir tanto amor por você, quanto o seu próprio.

               Era assim, ele chegava a sua casa, e em menos de quinze minutos termina um namoro de quase um ano? De forma alguma, ela pensava atônita. Ela foi até ele segurando seus ombros, as unhas grandes e bem feitas marcando o tecido da camiseta.

                - Vo- você está mentindo. – os soluços cortavam as palavras ao meio. Ele estava repetindo a mesma coisa há dez minutos, porque ela não tentava ao menos processar o que ele falava?

                 - Não, Rachel. Escute-me, acabou. Eu não quero mais, o nosso namoro terminou. – ele disse pausadamente, invertendo as posições. Agora ele segurava seus ombros arqueados pelo choro, chacoalhando-os de leve. Quando a soltou por completo ela ajoelhou-se juntando as mãos trêmulas como quem ora. Balbuciava “por favor”.

                 Ele agachou-se para ficar na mesma altura dela, e olhou em seus olhos. Apesar de tudo, não queria vê-la daquela forma, não queria ser o causador desse choro descontrolado.

                    - Não torne isso mais difícil, por favor. A vida continua pra mim, Rachel, e pra você também, não fique voltando nisso. – ele beijou sua testa, se despedindo. – Espero que entenda.

                  Levantou-se silenciosamente e foi à porta, girando o trinco  abrindo-a. Rachel não o deixou ir antes de soltar ácida.

                  - Eu entendo. Eu entendo tudo, Percy. É por ela, não é?Annabeth Chase. – o nome saiu com imenso desprezo. - Aquela vadia.

                  Percy sentiu o sangue pulsar rápido demais, e os punhos cerrarem. Deuses, poderia ser tão mais fácil! Caminhou para ela novamente e não mediu suas palavras, dessa vez.

                 - É por ela sim, porque eu a amo. Então, nunca mais se refira à ela dessa maneira, pois a única vadia nesse momento é você, Dare. – e aquilo a cortou em mil pedaços, mas ele não esperou para ver suas reação, assim como tinha feito antes, deu as costas e se retirou.

                 O silêncio só veio depois de Rachel gritar em plenos seus pulmões e jogar contra as paredes e chão tudo em alcance de suas mãos. Ela nem sequer via o que se espatifava, não ligava. Tudo que conseguia pensar é que precisava tê-lo de volta, e para isso faria qualquer coisa, tiraria do seu caminho qualquer coisa que a pudesse atrapalhar, nesse caso, qualquer pessoa.

                                                                  Xxx

                 Ele nem sabia por que estava batendo em sua porta. Não sabia por que estava ali. O que diria quando a visse? Que resolveu aparecer por que... Não tinha nada para fazer, sabe como é né... Não! Precisava pensar em algo melhor. A verdade é que ele só precisava saber se ela não estava brava pela redação, se ela ainda falava com ele normalmente. Continuava a pensar em como começar uma conversa com Annabeth quando uma loira abriu a porta e ele apressou-se em dizer:

                   - Oi, Annabe... Sra. Chase? – aquela mulher, sem duvidas, não era Annabeth, e sim, sua mãe. Droga, pensou. Porque logo hoje ele fora não notar que o carro estava na garagem. Talvez pelo fato que a garagem estava sempre tão vazia, que ele nem se dava mais ao esforço de olhar, mas hoje Atena estava em casa. Logo hoje, pensou.

                  - Percy, há quanto tempo querido! Como vai? – ela sorria calorosamente para ele e Percy considerava a possibilidade de sair correndo dali naquele mesmo minuto.

                 - Estou ótimo, obrigado Sra. Chase, e a senhora? – ele perguntou gentil, afundando as mãos nos bolsos jeans.

                 - Estou bem também, entre. – ela deu passagem à ele, e ainda hesitante ele adentrou a sala de estar. – Sente-se, Percy. – ela gesticulou o sofá. – Você aceita um suco, refrigerante, água, qualquer coisa?

                   Ela fez a menção de ir à cozinha, mas Percy negou prontamente.

                 - Na verdade, eu só vim para falar com a sua filha, mas acho melhor eu volta em outro momento. – ele se levantou pronto para deixar a casa. – Desculpe o incomodo, Sra. Chase.

                 - Percy, pelos deuses, quando ficou tão chato assim? – ela rolou os olhos. – Me chame de Atena, eu posso estar acabada, mas ainda não sou uma senhora... Falando em estar acabada, perdão pela minha situação. Eu acabei de chegar o trabalho. – ela apontou para si mesma, e Percy, pela primeira vez a notou.

              Ela ainda vestia as roupas sócias que usava no trabalho, o cabelo em um coque perfeitamente esticado, sem nenhum fio solto, os óculos intensificavam aquela aparência de mulher de negócios, e apesar das olheiras marcadas nos olhos, também cinzas, ela tinha um sorriso alegre. Como eram parecidas... Talvez as únicas diferenças fossem que o cabelo de Atena tinha os fios completamente lisos, e Annabeth tinha os cachos dourados, e o fato da mãe ser alguns centímetros mais alta que filha, mas só isso. Mas, sem duvida, eram ambas lindas.

             - Não há problemas, Sr. Ch... Atena! – corrigiu-se rapidamente. – Annabeth me contou que tem trabalho muito ultimamente. Eu espero que consiga a inocência do homem. – ele disse simples, mas aquilo para Atena havia sido especial.

                  - Ah, Percy. Estamos caminhando para conseguir a sua inocência, sim. Eu espero, pelo menos. Porque, sabe, ele não fez nada. Apesar de tudo dizer que ele é o culpado, ele na é. Ele está arrasado, tinha que ver suas expressões... – ela começou de uma vez só, mas logo tapou a boca com uma mão. – Ah, perdão, querido. Eu sei que isso é uma chatice, desculpe. – ela pediu com o semblante culpado, mas Percy apenas riu.

                   Quem não a conhecia, nunca diria que Atena Chase era uma mulher tão agradável à todos e cheia de assuntos interessantes. Percy não pretendia fazer nada ligado à advocacia no seu futuro, mas não negava que eram interessantes os casos criminais.

                   - Imagine, Atena. Eu não penso que seja uma chatice. – ele sorriu e ela o acompanhou, aliviada. Apoiou-se nas costas do sofá oposto ao que Pery se sentava e desceu dos saltos altos, ficando descalça. Percy sorriu ainda mais ao notar como ela não tinha ensaios com ele.

                - Annie me contou que vocês estão se acertando de novo, fico feliz. – ela disse fazendo-o corar fortemente. Primeiro,porque Annabeth havia contado aquilo à sua mãe, e segundo porque Atena agora lhe dizia isso. – Aliás, você não queria falar com ela? – ele assentiu envergonhado. – Então suba.

                   Ele a olhou espantado. Afinal, não era muitas mães que mandavam um garoto subir para o quarto de suas próprias filhas...

                   - Não acha que seria melhor se você a chamasse primeiro, ou...?- ele gesticulou nervosamente com as mãos, mas Atena fez sinal para que ele parasse.

                 - Percy, escute. Você quer mesmo que eu a chame, e acabe por escutar a conversa toda de vocês ali do meu escritório, e pior ainda, você saibam que eu estou ouvindo tudo?!  - ela arqueou uma sobrancelha para ele, e cruzou os braços trocando o peso em suas pernas. Ele fez uma careta engraçada, negando com a cabeça. – Então estás esperando o que? Suba, vai, vai. – ela o empurrou de leve em direção as escadas.

                   Ele ria fracamente enquanto era empurrado, mas parou no terceiro degrau, virando-se para a mulher.

                     - Atena? – ela assentiu deixando-o prosseguir com o que tinha para dizer. – Obrigado.

                         Eles trocaram um sorriso sincero e ele terminou de subir as escadas. Já no andar de cima, ele notou como nada havia mudado, e assim que olhou uma porta à direita soube que esse era o quarto de Annabeth. Ele nunca se esqueceria desse caminho. A porta estava fechada, e ele tomou uma longa lufada de ar, antes de bater suavemente contra a madeira.

                         -Entre. – ela forçou a voz par sair mais alto que o normal. Percy hesitou, afinal ela não sabia que era ele, provavelmente pensava que era sua mãe. Mas não haveria mal se ele entrasse de qualquer forma, certo? Ele entrou e logo sua boca formou um perfeito “o”. Seus olhos, mais um pouco, pulariam do rosto.

                       A porta do banheiro de Annabeth estava aberta e exalava aquele típico cheiro de banho, Percy podia ver o vapor no interior no Box de vidro.  Mas aquilo era o de menos. O que o fez ficar sem fala, foi Annabeth. Ela usava um shorts rosa bebê curto de pijama, apenas um soutien azul marinho em contraste de sua pele. E deuses, que corpo era aquele? Percy sabia que ela tinha belas curvas, até por cima das roupas, mas ali ela parecia ainda mais bonita... Os cabelos molhados do banho formavam uma espessa cortina sobre rosto, impossibilitando de vê-lo, e ela secava os fios com um toalha branca.

                         - Sim, mãe? – ela jogou os cabelos para trás, como naquelas cenas de filmes em que a mulher sai da água e joga os cabelos de forma sexy. – Ah! – ela gritou aguda a notar que aquela pessoa, parada na sua porta, não era sua mãe.

                         Percy ainda estava sem reação, mas o grito agudo serviu para acordá-lo do transe, um pouco. Ele disse um rápido e atropelado “Vou esperar do lado de fora”, e saiu do quarto. Já fora do quarto Percy tinha as mãos na cabeça, ainda repassando aquela cena na cabeça. Ele sabia que deveria estar envergonhado, mas não estava por alguma razão, ele apenas fechou os olhos quase comemorando quando notou que a imagem continuava clara em sua mente. Demorou dois minutos quando a porta rangeu baixinho, e Percy notou a sombra por debaixo da porta.

                         - É melhor você sentar, porque eu não vou te convidar á entrar. Não depois disso. – apesar de vergonhosa situação, ambos riram. Percy fez o mesmo que ela, com as costas repousadas na madeira.

                           - Desculpe, eu não pensei que você só estaria de...

                         - Calado, Perseu Jackson! – ela ralhou fazendo com que ambos rissem mais uma vez. Fazer o que, aquilo tudo era engraçado, afinal de contas... – Mas então, à que devo a imensa honra de sua visita?

                      - Eu não sei. Acho que só precisava ver se você não estava uma fera comigo. – ele deu de ombros, e o cenho de Annabeth franziu-se de confusão.

                          - Porque estaria? – sua voz também soou confusa.

                     - Pela redação. Eu pensei que... – ele começou mas a risada melodiosa de Annabeth o cortou.

                        - De forma alguma. Eu achei que é linda. Não que eu concorde com algo que você tenha dito, mas ainda assim, é linda. Obrigada. – ela agradeceu dando graças aos deuses que Percy não poderia ver o sangue subir à suas bochechas.

                     - Não foi nada, só a verdade. – ele disse com simplicidade, e depois ficou um grande silencio entre ambos, de certa forma agradável.

                      - Sua namorada parecia brava quando saiu da sala, hoje de manhã. – ela comentou sem saber exatamente o que dizer.

                     - Ex- namorada. – ele corrigiu e Annabeth arregalou os olhos cinza. – Eu terminei com ela, hoje. Já havia um tempo que não deva mais certo,entende?

                     - Entendo, e sinto muito. Espero que fique tudo bem. – ela disse sincera. Apesar de uma parte de si ter ficado feliz, ela não poderia dizer “Graças aos deuses você terminou com ela, Percy!”, tinha que manter-se educada como sempre.

                      - Não sinta, está tudo bem já. É como um peso tirado de minhas costas. Eu já estava cansado de olhar para ela todos os dias e procurar algo que só achava em você. – ele soltou logo depois tapando a boca, mas já era tarde. Esperou Annabeth gritar e berrar com ele, mas ela permaneceu quieta. – Annabeth, eu queria conversar com você, sobre...

                    Annabeth já sabia o que seria, e uma voz em sua mente gritava que era errado que as coisas fossem tão depressa. Rapidamente advertiu:

                       - Você acabou de romper com ela, Percy. – sua voz era fraca, e Percy resolveu ignorar, era agora ou nunca, ele tinha que falar de uma vez por todas.

                           - Você eu e você. Annabeth, põe seus dedos debaixo da porta. – ele pediu, e ela não entendeu de inicio, mas logo as pontas dos dedos dele se encontraram com os dela. E apesar do mínimo toque ele á sentia como sua pele era lisa e macia, e emanava aquele calor reconfortante.

                       - Eu... Sei que já disse isso antes, mas me desculpe por ter sido aquele idiota há dois anos, e ter posto tudo a perder, eu errei com você. E eu não quero mais ser o velho eu, é por isso que terminei com Rachel, e estou aqui agora. Você precisa saber que aqueles dois anos que fiquei longe de fosse foram horríveis. Foi tortura, Annabeth! Porque todas as vezes que você passava por mim nos corredores da escola, ou quando tínhamos alguma aula junto, eu queria ter uma maquina do tempo e voltar atrás, e fazer tudo diferente, mas eu não tinha. Então, eu disse à mim mesmo que tinha que me redimir, tinha que me aproximar de alguma forma de você, e se os deuses fossem piedosos, quem sabe, um dia poderia voltar á ser amigos. – ele despejou de uma vez, quase atropelando as letras.

                       - Então, eu acho que os deuses foram piedosos, enfim. – ela retrucou encarando o teto branco do próprio quarto.

                     - Foram, sim. E nós somos amigos, agora. Mas não é o suficiente. Nunca vai ser. Porque todas as vezes que eu estou perto de você, eu queria estar ainda mais perto. E quando você diz meu nome, eu me controlo para não te beijar ali mesmo, na frente de quem seja. E então você me abraça, como se eu fosse seu melhor amigo, seu irmão mais velho, mas eu queria que você me quisesse de outra forma, além dessas. Como eu te quero. Porque eu não paro de pensar em você, e eu nem quero, para ser sincero. E isso não é nada do que eu tinha ensaiado no meu quarto, mas é que eu esqueci tudo, porque quando eu estou com você é tudo assim, eu fico fora de mim, como se nada mais importasse. E eu sou um estúpido por estar te confessando isso, porque não é nada romântico. – ele bateu a palma da mão livre contra própria testa. Ele sabia que deveria ter ensaiado mais...

                       - Continue. – ela pediu mal acreditando que aquilo tinha saído de sua boca. Mas afinal, quem está na chuva é pra se molhar, já que ele havia começado, agora queria ouvir tudo o que tinha a dizer.

                     - Eu queria poder dizer todas aquelas coisas clichês que vocês, meninas, adoram, mas você não imagina como eu estou nervoso, e meu coração ta batendo rápido demais, é assustador. Eu espero que não se importe que eu pule essas partes, e vá pra última. – era verdade tudo que tinha dito, na verdade, ele poderia jurar que seu coração pararia a qualquer momento.

                     - Não tem problema, Percy. – ele ouviu a risada feminina fraca do outro lado da porta e não impediu que um suspiro de alivio escapasse.

                      - Será que você poderia abrir a porta, por favor. É só que eu queria poder olhar pra você e dizer o resto. – com certa relutância, os dedos quentes dela deixaram os seus e o trinco da porta rangeu um pouco. Percy se levantou em um pulo só esperando o abrir da porta.

                     Agora, por cima do shorts de pijama, ela usava um moletom branca que ia até a metade das coxas. Pelo menos assim eu vou conseguir olhar para o rosto dela, pensou sorrindo torto. Era notável que ela estava corada ao extremo e por isso encarava os próprios pés descalços. Ele deu um passo ficando mais próximo a ela e tomou uma de suas mãos. Ela apertou suavemente mostrando que também estava nervosa e ele devolveu o aperto carinhosamente.

                   - Hey, olha pra mim. Quero ver seus olhos, Annie. – ele pediu com o tom de voz baixo e soltando a mão dela, levou suas duas ao rosto, fazendo-a olhá-lo. E os dois se perderam mais uma vez quando os olhos se encontraram. Percy no meio da tempestade e Annabeth no mar agitado. Ele nunca tivera tanta certeza de algo em sua vida, como do que sentia por ela. – Eu te amo, Annabeth.

                     Sua voz saíra com tanta emoção que ele chegou a assustar-se. Ele sentiu os próprios ombros relaxarem, não era fácil dizer aquilo, mas agora se sentia mais leve. A boca da loira se abriu algumas vezes, até que sua voz saiu em um sussurro.

                         - Eu não sei o que te dizer. – “eu te amo” seria de bom tamanho, Percy pensou divertido, mas não disse nada. Apenas assentiu.

                       - Não precisa dizer nada agora. Só precisa saber que, eu amo você, Annie. Amo muito. – ele se declarou mais uma vez se aproximou do rosto dela decidido a depositar-lhe um beijo no topo da testa, mas cometeu o erro de desviar o olhar para os lábios femininos, e ai sua convicção foi embora. Vagarosamente ele juntou os lábios. Foi um beijo casto e não muito demorado, só o suficiente para sentir a textura dos lábios dela nos seus e seu gosto que há tempos ele tentava imaginar. Ele queria mais, mas sabia que teria que dar à ela o tempo que precisasse e por isso, com enorme esforço, separou as bocas e voltou a fitar seus olhos cinza que agora tinham um brilho novo e diferente para ele.

                      - Se cuida. – foi o que ele disse antes de deixar o quarto e deixar ela ali, parada em choque. No andar de baixo ela ouviu a porta da frente ser fechada e quis gritar “Volte, eu também te amo”, mas não o fez, pois sabia que teria todo o tempo do mundo para isso. Ele atravessando o jardim, com o peito explodindo de felicidade, e ela no quarto sem acreditar em suas palavras e gestos, ambos se sentiram infinitos. Eles eram infinitos. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Entaoooo, gostaram? Teve "eu te amo" e um selinhooo! Eu achei que está bom por enquanto! ahsuahsua amei escrever esse capitulo, espero que tbm tenham gostadoo! Eu não vou ficar com "25 review pro proximo capitulo", cansei disso, DEIXA REVIEW QUEM TIVER VERGONHA NA CARA! huuuum ¬¬
Até o proximoo loves, xoxo.