Mikey continuava distante, a cada novo dia o via menos. E o medo aumentava a cada momento, Gerard comentava algumas coisas comigo que assustava-me demais, coisas que Mikey fazia... Ele mal saia do quarto, mal se alimentava... Logo uma maratona de shows começaria. Sentia-me culpada por eles estarem tão distantes um do outro dessa forma, isso tudo era culpa minha. Apenas minha...

Quando Junho chegou e com ele novas surpresas, Frank insistiu tanto para que eu me mudasse para seu apartamento,que acabei indo. Gerard pediu Nattie em casamento no aniversario dela, foi tão lindo. Me emocionei tanto aquele dia. No fim ela aceitou, e se não aceitasse ia apanhar de mim. Mikey continuava do mesmo jeito... Sumido. Ray apresentou sua nova namorada para nós, e todos ficaram contentes, agora só faltava Bob. Chris ligou-me e contou-me que realmente era dois bebês, mal me contive de tanta alegria, já fui perguntando do sexo deles, ela riu, e disse que ainda não deu para ver. Mas que eles já tinham madrinha. Eu...

Fiz Frankie viajar comigo a Londres, tinha que pegar o cheque da venda do meu apartamento. Aproveitaria e faria uma visita a Chris.

Desembarcamos no aeroporto, Frank estava irritado. Eu entendia ele, nenhum de nós conseguimos pegar no sono no avião. Pegamos as malas e fomos para o táxi. 

- Amy, estou com sono.- Ele deitou a cabeça em meu ombro.

- Eu também... Mas Frank. Estamos em Londres.- Disse animada.

- E... 

- E... Vamos passear por minha antiga cidade Iero!- Disse, como se fosse o obvio! 

Ele resmungou baixo e beijou meu pescoço, voltando a deitar a cabeça em meu ombro, tenho quase certeza que ele estava cochilando quando chegamos ao hotel.

- Frank, chegamos!- Disse, mas ele mal se moveu.- Frank- Insisti.

Frank levantou o rosto sonolento, parecia que estava em sono profundo, o rosto ficou com as marcas do minha camiseta, e seus olhos estavam fundos. Coitado, ele estava realmente estava com sono!

- Chegamos?- Frank olhou-me perdido. Acabei rindo disso!

- Sim. Vamos.

Abri a porta do táxi, e arrastei Frank para dentro do hotel, fui até a recepção e a mocinha me entregou a chave do quarto, arrastei Frank novamente até o elevador. Quando o mesmo parou em nosso andar, Frank já estava um pouco desperto. Rodopiei pelo corredor, indo até a porta, Frank estava com as mãos no bolso da calça e gargalhava!

- Você deveria ser dançarina, de tanto que fica rodopiando.

- Tô sabendo, mas eu sou Maquiadora- Fiz questão de dar ênfase ao "maquiadora"

- Eu sei...- Ele abraçou-me por trás e eu abri a porta do quarto.

Era um lugar aconchegante, as paredes em um tom creme e uma cama de casal no centro, com lençóis brancos, e impecáveis.

- CAMA!- Gritei correndo até a mesma e joguei-me nela.

- Isso é saudade de casa ou conforto de uma cama?- Frank perguntou-me jogando-se ao meu lado.

Ficamos ambos observando teto em silêncio! 

- Conforto de uma cama, Frank.- Sorri.- Mas por um lado, estamos em minha casa!

- Sua casa?- Olhou-me confuso se apoiando nos braços!

Fiz o mesmo e o encarei...

- Londres.

Ele sorriu tão lindamente e me beijou... 

Acabamos dormindo aquela tarde, iria visitar Chris e mostrar Londres no dia seguinte para Frank, mas aquela noite, nós precisávamos dormir! 

Na manhã seguinte acordei com o serviço de quarto, deixei Frank dormindo e fui para o banho. Quando voltei para o quarto, Frank estava sentado na cama, e olhava-me sonolento!

- Bom dia- Sua voz estava rouca.

- Bom dia bela adormecida.- Caminhei até o mesmo e o beijei.- Vamos, banho para o senhor!

Ele gargalhou e caminhou até o banheiro. 

Terminei de me arrumar e esperei Frank, depois fomos para uma lanchonete perto do meu antigo prédio, não queria comer as coisas do hotel. 

- Eu morava ali.- Disse, aleatoriamente apontando para o prédio com diversas janelas e paredes cinzas.

- Então, era aqui que se escondia?- Ele riu, enquanto tomava o café.

- Exatamente! Chris e eu dividíamos esse apartamento. Mas, quando ela se casou ele ficou apenas para mim.

- Você estudava o quê?

- Antropologia!- Sorri fraco.

- Olha, eu não sabia disso! Sabia que estudava, mas não o que era.

- Mary queria que me tornasse algo. Mas acho que decepcionei minha avó. Abandonei a faculdade e me tornei maquiadora de uma banda!

De fato, minha avó queria que eu me esforçasse para ter um futuro brilhante como dos meus tios, mas eu era apenas uma menina, tinha medo E acima de tudo, sonhos! Mary nunca me deixou sonhar, sempre interferia nos meus planos. Não foi atoa que passei a morar sozinha!

- Entendi... Deve ter sido ruim... 

- No começo sim... Depois me acostumei. 

Voltei a tomar meu divino café, Frank fazia perguntas tontas e eu era obrigada a responder. Odiava falar sobre o passado. 

- Amy...- Ouvi a voz masculina tão conhecida por mim.

De imediato me virei e encontrei com os olhos castanhos do homem à minha frente. O tempo parecia ter parado para ele, não mudou em nada... Os cabelos levemente grisalhos, as mesmas expressões de anos atrás. Jhon segurava firme a mão de uma garotinha, que de certa forma se parecia muito comigo. A menina aparentava ter no máximo dez anos, cabelos castanhos -diferente dos meus, que são ruivos- e olhos azuis. 

- Pa.Papai...- Disse quando finalmente consegui.

Senti minhas pernas dobrarem, se não fosse Frank eu teria caído, papai começou caminhar até nós dois, enquanto Frank sentava-me novamente na cadeira da lanchonete.

- Amy... Como cresceu...- Disse, meu pai se ajoelhando na minha frente.

- Vou buscar água para você- Frank disse, saindo logo em seguida, deixando-me com Jhon e a menina.

- Você sumiu...- Minha voz saiu rouca, minha vontade de chorar era grande, mas não faria isso. Não na frente dele.

- Desculpe amy. Eu precisei... Depois que Rose morreu, eu precisava continuar.

- E pra isso tinha que deixar sua única filha nas mãos da Mary.

- Sei que fiz errado...

- Papai, tô com fome.- A garotinha o interrompeu, fazendo meus olhos marejarem... Mas eu não iria chorar!

- Calma Mel...- Ele disse tão calmamente, não me lembrava de quando era assim comigo. 

Era como se partes da minhas lembranças agora, só se restringisse aos meninos. Como se eles fosse parte mais importante da minha vida, fazendo com que  meus anos com Jhon se apagassem lentamente!

- Ela é minha irmã?

- Sim... Mel. Me casei novamente- Jhon parecia feliz.

Avistei Frank voltando com a água, ele sorriu e entregou-me o copo, pouco a pouco eu ia tomando. 

Levantei-me da cadeira e segurei a mão de Frank, pronta para começar a caminhar. Mas Jhon segurou meu braço me impedindo.

- Amy...Precisamos conversar- Sua voz era tão mansa.

Naquele momento eu descontrolei... Não tínhamos nada para conversar.

- NÃO... NÃO TEMOS. VOCÊ SUMIU, ME DEIXOU SOZINHA...-comecei gritar, e todos na lanchonete olharam para nós.- EU PRECISAVA DOS MEUS PAIS, MAS EU NÃO TIVE NENHUM DELES. E AGORA, VOCÊ VOLTA QUERENDO CONVERSAR... VOCÊ JÁ TEM OUTRA, ME SUBSTITUIU SEM SABER O QUE EU SENTIRIA. ENTÃO, VAI A MERDA.

Soltei-me das mãos dele e corri para a entrada da lanchonete, logo Frank estava ao meu lado. Comecei a gargalhar descontrolado. 

- O que aconteceu?- Perguntou confuso.

- Aquele é meu pai...- Disse apenas, Frank ficou em silêncio e me abraçou.

- Vamos dar uma volta, quero conhecer Londres.

Fomos então pegar os famosos ônibus vermelhos de dois andares. Quando morava aqui, passeava muito com eles, é uma ótima forma de mostrar a belíssima Londres aos visitantes.

Sentamos na parte de cima, mas bem pro fundo... Conforme o ônibus ia andando pelas ruas de Londres eu ia contando histórias ao Frank, fazendo ele rir e eu esquecer de meu pai e a pequena Mel, que não teve culpa de nada.

Frank ficou tão encantado com o Big Ben. Ficava me perguntando se ele realmente já tinha vindo para cá... Porque, ele parecia criança quando vai à loja de brinquedos...

- É lindo...- Disse ainda vidrado enquanto a grande torre do rélogio ficava cada vez mais distante de nós.

- Maravilhoso não é...

- Acho que vamos para a frente do Palácio de Buckingham.

- Você deve conhecer tudo desse lugar.- Olhou para mim.

- Não tudo, na época, eu trabalhava e estudava. Não tinha tempo para passear assim.

 - Ahhh. Olha aquilo.- Ele apontou para a rua, onde uma escultura de decoração se encontrava.- Que lindo.

Acabei rindo dele.Frank ficou olhando tudo tão atentamente, já era quase hora do almoço quando finalmente voltamos para o hotel. Passamos o resto da tarde no quarto, eu queria dormir, mas Frank não queria ficar acordado sozinho. Então, fazia de tudo para mim não dormir...

Quando a noite chegou, eu estava com enorme olheiras e com sono. Tomei banho e fui esperar o Frank para jantar na sacado do hotel, o céu estava tão estrelado, e a cidade era maravilhosa durante a noite.

- Quando tudo começou, você também estava observando estrelas.- Virei-me e encontrei os olhos de Frank, tão intensos.

- Você lembra..

- Claro, você nunca mais tirou esse colar.- Frank segurou o cordão prateado e o puxou, revelando o pingente delicado do mesmo material escrito "Sweet" que Gerard me deu de natal. 

- Gosto dele... Mas, se quiser me dar um, aceito!- Disse divertida, Frank acabou rindo.

- Vou pensar nisso.

- Tô brincando Frank. não precisa.

Ele abraçou-me e me beijou tão calmamente, o dia tinha sido perfeito, tirando os pesadelos do passado. Tinha Frank comigo, e minha adorável Londres. Estava tão contente, chegava a ser exagero, mas tudo estava indo tão bem...

Minutos depois descemos para o restaurante do hotel, para nossa janta. Já que Frank insistiu tanto. Já estava com saudades de Gerard, Nattie, Bob, Ray e Mikey. Enquanto esperava nossos pedidos, decidi ligar para Nattie.

O telefone tocou tanto, pensei até em desistir, mas logo ela atendeu.

- Alô.- Sua voz era rouca. Tinha me esquecido do horário, era diferente nas duas cidades.

- Desculpe Nattie... Você deveria estar dormindo...

- Amy... Como está as coisas por aí?- Agora ela se empolgou. 

- Ótimas, estou com saudades de vocês!

- Nós também...- Ouvi Gerard reclamar e Nattie mandar ele ficar quieto.- Gerard mandou um beijo. E disse pra vocês voltarem logo.

- OKay... Preciso ir jantar agora, te ligo depois. Até breve.

Voltei para a mesa, e contei ao Frank, depois jantamos em silêncio... Voltamos para o quarto um tempo depois, de dar uma volta no hotel -que era enorme- como eu não deixaria Frank dormir, o fiz assistir os mesmos filmes da tarde comigo, mas quem acabou dormindo foi eu.