My Dear Devil escrita por ana_christie


Capítulo 43
Capítulo 42


Notas iniciais do capítulo

Quero primeiro me desculpar pela demora. Tenho realmente estado ocupada. O trabalho no Fórum não é fácil, ainda mais quando se lida com processos da área cível e esses processo ainda são físicos...
Bem, mas aqui está o capítulo, e eu o amei, ele teve de tudo um pouco, foi fofo e muito engraçado! Amei revisá-lo!



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 Nossa...

 Quatro dias…

 Hoje faz quatro dias que não vejo Mamoru...

 Kami-sama...

 Como isso é possível?

 Como é possível eu sentir falta daquele baka...

 Não posso explicar nesse exato momento essas sensações que percorrem meu corpo… mas nossa…

 Estou sentindo muito a falta dele...

Fitei o céu.

Havia um azul bonito, bem claro, hoje... apesar de estar fazendo um pouco de frio.

As nuvens caminhavam tão lentamente...

E eu pensava aqui... como o tempo demora para passar.

Faltavam mais quatro dias, sem contar hoje, para o aniversário dele… e tudo o que eu queria nesse exato momento... era  que o tempo passasse bem rápido para que sábado chegasse.

Suspirei.

E…

Ai... ai...

Ele fora tão gentil naquele dia... tanto que, agora... eu não parava um minuto sequer de pensar naquele momento.

Como tudo estivera perfeitamente bem...

Fechei os olhos.

Hmmmm...

 O calor dele...

Seu cheiro...

 Nossa...

Só em pensar como estava quente naquele momento...

Minha pele se arrepia...

Uah...

 Kami-sama...

 Eu gosto dele...

Gosto muito dele…

E sem esquecer...

Preciso comprar algum presente para ele.

Mas...

 O quê?

Hmmm…

Estou pensando nisso desde domingo... e não estou tendo muito ideia…

Uma camisa?

Ele deve ter milhões de camisas...

Perfume?

Ah… pra quê? Aquele perfume dele já é suficiente para me deixar louca...

Deixa ele continuar usando aquilo…

Um livro?

Hmm… mas não sei o que ele gosta de ler...

Na verdade, nunca o vi com um livro na mão.

Ele sempre aparecia na biblioteca... mas não era para ler algum livro.

Argh... sei muito bem para que ele ia lá…

Um chocolate?

Mas isso é para o Dias dos Namorados, não é? Aí... não vou ter opção de presente quando chegar esse dia e...

UAH! O que é isso, Usagi!!!!???

Corei.

Nem somos namorados e já estou pensando nesse dia!!!

UAH!!! UAH!!

 BAKA!!!

Hmmmm...

 O que ele gostaria de ganhar?

 Hmmm...

- E é dessa forma que você é ignorado… - ouvi uma voz e pisquei várias vezes, voltando-me para o rapaz ao meu lado.

- Ah?

- Ohayou para você, Bombom! Está sonhando acordada de novo…

Vi um Seiya com seu cenho franzido enquanto enfiava um onigiri na própria boca.

- Ah? Ohay... nani? - pisquei mais uma vez. - Ah... gomen... – me senti corar ao lembrar onde minha mente estivera.

Uaah…

 Usagi-baka!!!

Era hora do lanche…

E Seiya e eu tínhamos ido lanchar perto do estádio do colégio. Ele havia trazido um belo obentou hoje para nós! E estávamos sentados na grama comendo.

Tinha esquecido por um minuto que eu estava com ele…

- Você anda voando demais, Bombom... - ele falou de boca cheia mesmo, e me fitava de soslaio.

- A-ah… - minhas bochechas coraram. - Só estava pensando longe mesmo... - cocei minha cabeça.

Uah...  tenho que parar um pouco de pensar nele.

  

- Tenho até medo de perguntar no que... ou em quem você estava pensando.

Olhei rapidamente para Seiya, e vi que seus olhos estavam no chão.

- Você... já me conhece bem, né? - murmurei me sentindo um pouco tímida e também fitando o chão ao meu lado.

Ai, ai... acho que ele deve achar que eu não bato muito bem das ideias…

Porque, primeiro, eu digo para ele não me deixar sozinha… por motivos... que conhecemos muito bem… Mamoru.

E depois eu fico aqui voando alto... pensando naquela noite em que fiquei com o Chiba até o dia seguinte…

Pensando... nas coisas que aconteceram entre nós…

E agora… tudo mudou.

Porque... eu quero o Chiba por perto…

Quero estar perto dele…

E ugh… Seiya, com toda certeza, deve achar que sou louca.

Por ficar mudando de opinião assim.

- Gomen... - falei por fim voltando a olhá-lo.

- Não sei bem o porquê de você se desculpar - ele murmurou um pouco sério, mas logo abriu um sorriso. – Argh... jamais vou entender o que passa na mente de uma garota... - ele colocou um pedaço de sanduiche na boca, angustiado, como se realmente não entendesse tudo aquilo.

- Desculpe… - ri um pouco, mas logo suspirei, voltando a olhar para o céu. - E-eu gosto dele, Seiya... apesar de saber que é totalmente errado... mas gosto dele...

Gosto da forma que ele sorri...

Da forma como ele fala…

Do seu toque...

Do seu cheiro...

Daquela mecha irritante de cabelo caindo sobre seus olhos...

De como ele me olha...

De como me beija…

- Não entendo isso... - ele murmurou mais para si mesmo.

- Hahaha, eu também não… mas apenas sei… - olhei para minhas mãos sobre meu colo. – Porém, tenho medo... – me voltei para ele dessa vez. Seus olhos azuis ainda me fitavam seriamente. - Tenho medo que tudo isso ainda não seja verdade.

Mordi meus lábios.

- Tenho mais medo... de Hotaru me odiar...

- Ela ainda não sabe? - a voz dele foi de surpresa, e parece que até mesmo se engasgou.

- Ha-hai... - suspirei triste. - Não quero perder a amizade dela, Seiya. Hotaru é importante para mim. Se ela descobrir sobre isso... ela com toda certeza vai me odiar...

Lembrei aquele dia em que descobri que ela era irmã de Mamoru... e que me disse que nunca tinha falado seu sobrenome porque tinha medo que eu fosse amiga dela só por causa do Chiba.

Mas, naquele momento, eu não nutria nada por ele.

E não queria absolutamente nada com ele…

Mas agora...

Tudo é diferente...

 As situações mudaram…

- Eu preciso contar para Taru-chan sobre tudo isso... mas… tenho medo da forma que ela vai reagir...

Seiya continuou calado... por incrível que pareça.

Ele sempre tem algo para dizer... o que eu achei estranho.

Ele estava pensativo demais…

- Desculpe de novo... por chateá-lo com isso - droga... ele deve ter seus problemas... e eu aqui, com meu bocão, falando só sobre mim... - Você está bem? Ficou tão calado de repente...

 Ele tinha a cabeça baixa... como se estivesse pensativo.

Ele estava com problemas?

O que estava acontecendo?

- Seiya? Kami-sama... você está...

 - AH!!!!! - ele levantou a cabeça rapidamente com a cara vermelha e suando.

- AAAAAAHH!!!! - gritei de susto. - O QUE HOUVE?

- EU ESTAVA ENGASGADO!! - sua cara estava muito vermelha e seus olhos esbugalhados me fitavam nervosos. Respirava rápido.

- Ah! - coloquei uma mão sobre a boca.

Ele tossiu algumas vezes, baixando a cabeça novamente.

- Achei que ia morrer aqui... - falou de uma forma abafada.

- Nossa... nossa! - bati nas costas dele por um tempo e parei.

Mordi meu lábio tentando segurar o riso.

- Hahaha! - sem querer, escapuliu. Seiya me olhou rapidamente. - Gomen ne, Seiya... mas... hahaha! Sua cara estava tão engraçada! Hahaha!

 - Não foi engraçado... - ele disse como se tivesse se sentindo triste. - Quase morri aqui, e você, rindo da minha desgraça…

Ri mais uma vez e me virei para ele, apoiando minha mão sobre o gramado.

- Exagerado... - o olhei e vi que ele sorria de lado, apesar de fingir que estava bravo. Ele me olhou e mostrou a língua para mim.

- Ah! - mostrei a minha. - Para você também... - ele sorriu mais uma vez e eu voltei para o obentou dele. - Esses sanduiches e onigiri estão uma delícia, Seiya-kun! - peguei com um papelzinho e enfiei na minha boca. – Nham, nham... muito nham... bom! Não acredito ainda que foi você que fez...

- Ha! Acredite, minha cara... sou um mestre na cozinha! - ele ergueu uma manga, mostrando seu braço.

- Hmm... duvido muito. Você foi para a casa de sua mãe ontem? - o olhei com desconfiança.

- Hai! – ele disse assentindo e com os braços cruzados.

- Então é isso... foi sua mãe que fez...

Ele é tão baka por negar!

- Poxa, Bombom! Não acredita nas coisas que digo?

O fitei enquanto ele me olhava com seus olhos inocentes.

- Hm... você esconde muito bem as coisas, e não me conta a verdade. Mentiu dizendo que sua banda não era famosa... mas, naquele dia. na escola de Hotaru... pude ver bem que o senhor é muitíssimo famoso!

- Você não me conhecia... o que comprova o que eu lhe disse... - disse ele erguendo um dedo como se apontasse uma verdade. Seus olhos me fitaram um pouco sorridentes.

Mostrei a língua para ele novamente.

- Mou... não venha com essa... - ele sorriu bonito dessa vez e pegou mais um onigiri, o enfiando inteiro na boca. – Hahah, guloso! - balancei minha cabeça e peguei mais um onigiri, e verifiquei que havia apenas mais um no obentou. - Sem esquecer que sempre tem alguma garota rondando você… - olhei para o lado, vendo uma garota de cabelos curtos e negros se escondendo numa moita.

- Eu sou o cara, Bombom! É claro que as gatinhas estão atrás de ‘moi’! - mexeu os ombros como se confirmasse sua frase.

- Hahah, metido! - soquei seu braço e voltei a me sentar.

Ele se voltou para mim ainda com o mesmo sorriso bonito.

Apesar de ele falar dessa forma... Seiya sempre tinha sido muito gentil e prestativo. Em nenhuma vez tratou as outras pessoas de forma indiferente. Sempre havia um sorriso bonito em seu rosto.

E sua personalidade... era simplesmente fantástica.

Humm...

Totalmente o contrário de Mamoru...

Kami-sama...

Lá vou eu novamente...

 Mamoru…

 Apesar de ele ter aquela personalidade terrível…

Ele me mostrou outra face que eu nunca tinha visto.

Foi carinhoso...

Protetor, de certa forma...

Quente...

Droga... ele sempre foi quente...

- Ei… Olhe pra cá, Bombom... - ouvi uma voz lá no fundo.

- Hum? - virei para o lado e levei um susto ao ver Seiya um pouco mais próximo.

- Seu rosto está sujo... - ele falou sorrindo aproximando seus dedos de minha pele.

- Ah...

Seu polegar encostou em minha bochecha num gesto firme e rápido. Seu toque, no entanto, foi um pouco gelado...  deixando leves calafrios pela minha pele.

E se afastou.

- Tinha um pouco de farinha ali... - disse com seu cenho levemente franzido e voltando a se sentar onde estava. - Nunca vi alguém se sujar tanto quando come… sua ko-bu-ta!

- Ei! - franzi meu cenho e ele sorriu mais uma vez enquanto olhava para baixo. Passei a mão pelo rosto, para limpar qualquer coisa que ainda estivesse ali.

Ouvi o sinal soar ao longe.

Levantei-me junto com ele e limpei um pouco minha saia, para tirar as folhas secas.

- Sobre o que você estava falando anteriormente... - ele começou a falar assim que ficou ao meu lado. Logo começamos a andar em direção ao pátio central. - Mesmo que isso seja ruim para vocês, seria melhor se você conversasse com Hotaru enquanto Chiba não estiver por aí...

Pisquei algumas vezes, o olhando.

- Vocês duas são amigas, e acredito que seria ruim para Hotaru descobrir o que está acontecendo entre você e Mamoru de outro alguém... ou sozinha mesmo - olhei para baixo, ouvindo suas palavras. - Converse com ela e diga a verdade... mesmo que doa... Não deixe que isso se prolongue, ou você e ela sairão machucadas no final...

Voltei-me para ele e Seiya tinha um sorriso singelo em seus lábios.

- Hotaru é gentil, ela vai entender. Porém você precisa dar esse primeiro passo.

Suas palavras, de certa forma, esquentaram meu coração.

Era verdade o que ele disse.

Não podia deixar que aquilo se prolongasse... ela precisava saber.

É algo importante...

Ela é minha amiga…

E é irmã de Mamoru...

Mesmo que... venha a ter raiva de mim...

Eu quero contar isso a ela…

Olhei para Seiya.

Ele olhava para frente com aquele ar de pop star… e andava como as duas mãos nos bolsos, num jeito seguro e confiável.

Olhei para frente.

Havia umas garotas logo ali... então por isso ele estava agindo daquela forma.

Tive vontade de ri, mas acabei segurando.

- Ei... Seiya... - falei o olhando de soslaio.

Fico feliz por ter uma amizade como a dele...

Quando ele me fitou, eu sorri fechando meus olhos.

Sorri porque estava feliz por suas palavras...

Sorri por saber que eu tinha alguém em quem eu podia confiar...

Sorri com o meu próprio coração...

- Arigatou… - queria que ele soubesse o quanto essas palavras eram verdadeiras. O quanto elas eram reais.

Sua amizade era muito importante para mim. E eu gostaria de ser amiga dele para sempre, se fosse possível.

Ele é um bom amigo…

Quando voltei a abrir meus olhos, ele estava ali... com o rosto todo vermelho.

- Ah? - o que houve com ele? - Seiya?? O que houve?

Ele colocou a mão imediatamente sobre o rosto e se agachou, baixando a cabeça.

- Seiya?? Você está se sentindo bem?? O que houve??

- E-e-estou bem, Bo-Bombom!

Coloquei minha mão em seu ombro.

Kami-sama, ele estava passando mal?

- Seiya?? Precisa ir para a enfermaria??

 #####

 Ele havia me dito que iria para a enfermaria.

Disse que sentira um pouco de mal estar e resolvera ir para lá.

Hmmm...

Talvez fosse o lanche que “ele” preparou.

Ha-ha!!!

Mas, de qualquer forma, assim que terminasse a aula, eu ia vê-lo.

E, bem, já estava quase acabando a última aula do dia...

Que era História...

Amo História!

Simplesmente amo!

Tivemos uma aula bem longa… aprendi coisas novas… e gostei muito de entendê-las.

Agora a professora estava ali no quadro passando as matérias para estudar para a prova que em breve chegaria.

E, Kami-sama... pelo menos nessa eu tinha que tirar uma boa nota!

Anotei tudinho no meu caderno.

Peguei o caderno de Seiya logo atrás e fiz o mesmo.

Ao menos tenho de anotar para ele as coisas importantes, né?

- Não se esqueçam de revisar o capítulo vinte e sete do livro. O dia da prova será marcado na próxima semana.

E o sinal soou na mesma hora em que ela fechou o livro.

 Precisão…

A professora era tão precisa que me assustava...

Ela sempre fazia isso. Logo antes de tocar o sinal... ela terminava a fala ou fazia algo que encerrava no mesmo momento em que o som surgia. E, então, ela pegava todas as suas coisas e saía antes que qualquer aluno se levantasse.

Era incrível…

Vi meus colegas se levantarem rapidamente de suas carteiras para partir. Porém, eu continuei ali, anotando tudo para o Seiya.

- É ela… que... bmmmamm e mmm mm - umas meninas passaram por mim cochichando algo relacionado a mim, mas não dei muita importância.

Não era a primeira vez…

Desde ontem que isso começara…

E eu não sei por quê…

As meninas olham para mim e cochicham...

Seguido por um olhar feio...

Mas acabei por não ligar muito, não.

Havia tanta coisa acontecendo em minha vida ultimamente… (sem esquecer que estou nos meus dias) que isso era o menor dos meus problemas.

Suspirei.

Ahhh... que cólica...

Comecei a guardar minhas coisas.

Desde aquele último momento em que estive com Mando-chan... não falei mais com ele…

Simplesmente não o vi mais.

Ele deve estar furioso comigo…

Porque…

Droga...

Eu traí sua confiança…

E tenho toda a certeza que ele está muito magoado comigo…

Também... eu menti sobre os meus sentimentos para ele…

 E, Kami... não quero que isso resulte no mesmo caso com Hotaru...

Pelo menos precisava contar para ela.

EU...

Ninguém mais.

Infelizmente Demando presenciara aquele fato da semana passada... e resultara... no que resultara.

Eu o magoara muito…

Tenho absoluta certeza...

Nunca vira Demando agir daquela forma.

Se eu tivesse lhe contado antes sobre tudo…

Seria diferente?

Será que ele poderia vir a me perdoar?

Suspirei alto.

Comecei a arrumar as coisas do Seiya para ir embora.

Ah, Kami-sama…

 Preciso enfrentar essas consequências de “gostar de Chiba Mamoru”…

Mas primeiro…

 Tenho que falar com a Hotaru hoje... tenho que falar...

 Não posso mais fugir disso...

Tenho que enfrentar as minhas decisões...

Mesmo que isso venha a magoá-la...

Droga…

Suspirei de novo.

Peguei minha mala e a do Seiya e caminhei para fora da sala.

Será que alguém sempre tem que sair magoado com as minhas decisões?

 Ahhh Kamiii…

 O que Hotaru vai pensar de mim??

Será que ela não vai querer mais falar comigo?

Vai pensar que eu também traí a sua confiança…?

Pensar que eu menti a respeito?

Mas eu não gostava dele no começo…

Só agora...

Só agora…

- TSUKINO USAGI! - virei minha cabeça em direção ao som por reflexo e vi um treco alaranjado voando em minha direção.

- Hmm...

PAFT!!!!!

O treco acertou em cheio o meu rosto.

- Offf...

Caí no chão derrubando as malas.

Senti uma forte dor.

- O que foi isso???

Fiquei um pouco tonta e vi umas meninas passando por mim, rindo. Tudo ficou rodando por um tempo.

Uahh...

Pisquei várias vezes e olhei para o lado... vi uma bola de basquete quicando e parando perto da parede.

Nani??

O que aconteceu?

- Isso foi só um aviso... - ouvi a voz vindo de algum lugar.

Pisquei ainda tentando recobrar minha visão... havia muitas pessoas passando de um lado para o outro.

Nani??

Senti algo quente descer perto de meu lábio… toquei e vi sangue.

Ah??

Passei um pouco mais meus dedos debaixo de meu nariz... e tinha muito mais sangue.

UAH! KAMI!

SANGUE!!!!

AAAHH!!!

##########

- Juro que não sei o que faço com você…

Sorri envergonhada, enquanto olhava para cima.

- Besculpe, Sedsuna-san...

Ela segurava um pedaço de algodão sob meu nariz.

Latejava... aahh como latejava…

- Você é a única estudante de todo o colégio que me visita ao menos uma vez por semana… - ela disse retirando o algodão de meu nariz e colocando outro. - Como pode uma pessoa se machucar tanto assim? - seus olhos me olhavam sérios e, ao mesmo tempo, pareciam não acreditar. - Pode me dizer o que foi que aconteceu dessa vez?

- Boi dudo dão rábido, Sedsuna-san. Guando eu bi, já era darde bemais...

Ela retirou o algodão e jogou num cestinho ao lado.

- Pronto... pelo menos parou de sangrar... agora olhe aqui para mim... - ela puxou meu queixo para me olhar de frente mesmo. E começou a tocar no meu nariz. Fechei os olhos rapidamente ao sentir a dor. - Está latejando?

- Haiii...

A senti se afastar e abri meus olhos um de cada vez. A vi entrar numa outra salinha à esquerda.

Eu estava aqui sentada numa cama na enfermaria.

Seiya não estava lá…

Ainda bem.

Não queria que ele olhasse o estado em que eu me encontrava.

- Aqui... - Setsuna-san voltou com um pacotinho de plástico amarrado. Por dentro podia ver que tinha gelo. - Vou por em cima de seu nariz, assim vai evitar o inchaço - colocou suavemente o pacote gelado, e eu tremi pelo frio e pelo contato. - Sorte que não quebrou seu nariz...

Ahhh…

Doía…

Fechei meus olhos, sentindo latejar novamente.

- Vai doer por algum tempo, mas logo passa - disse suavemente, e eu abri meus olhos, encontrando com os lindos olhos verde-escuros dela. - Segure - disse oferecendo o pacotinho. Fiz como mandado. - Você precisa trocar de roupa, se você sair assim pela rua, chamará muita atenção.

Pisquei algumas vezes e olhei para baixo.

- Uah!!! - havia sangue ali... muito sangue, por toda a minha blusa branquinha. - Minha blusinha!!

Ela estava tooodaa manchada!!

- Tome... - Setsuna-san depositou um moletom e uma calça de moletom ao meu lado. - Essa roupa é do colégio, amanhã você devolve, está bem?

Pisquei várias vezes.

- Hai, hai, hai!!! Arigatou, Setsuna!! Iie!!! - aahhh que informal que eu fui!! Levantei-me rapidamente da cama. - Domo arigatou, Meioh-san! - abaixei minha cabeça rapidamente e voltei segurando meu nariz. – Itaiiii!!!!

- Tsukino-san! Tome cuidado! - ela falou com as mãos na cintura.

- Hai, hai! Gomenasai... - coloquei o pacotinho de volta no nariz.

Uahh... que vergonha...

- Mas então... conte-me direito o que aconteceu - ela caminhou até sua mesa e se sentou na confortável cadeira pegando uns papéis sobre a mesa. Seus olhos estavam atentos em mim, mas logo se desviaram para um papel.

- Foi uma bola de basquete - falei apontando para o meu nariz. - A-alguém te-tentou me avisar... mas foi tarde de mais.

Hmmm…

Okay… eu sei que não foi bem isso… mas…

Não sei ainda o que está acontecendo... mas, até lá…

Preciso deixar assim, por enquanto…

Quando me voltei para olhá-la, seus olhos verdes me fitavam silenciosos… e logo voltaram para os papéis em sua mesa. Ela preencheu algo.

- Depois assine aqui para confirmar que você esteve presente hoje...

Assenti caminhando até a mesinha.

Escrevi meu nome e a olhei.

- Seiya Kou saiu faz tempo daqui?

- Seiya Kou? – ela virou a cabeça de lado. - Hmm… aquele do grupo musical?

- Isso - assenti me sentindo feliz por ela saber quem ele era. Será que só eu não conhecia seu grupo?

- Ainda não o vi passar por aqui, por que pergunta?

Pisquei algumas vezes.

Hã?

Ué… ele não falou que ia na enfermaria?

- A-ah… eu achei que ele tinha passado por aqui, já que ele não estava se sentindo muito bem... - cocei minha cabeça por um minuto.

- Estive aqui o tempo todo. Ninguém entrou ou saiu. Apenas você que vem me visitar – ela disse, abaixando os olhos para fitar as folhas que tinha em sua mão.

Fiquei desconcertada.

- Hehe, desculpa...

- Vá trocar de roupa, preciso fechar a enfermaria - ela se virou com a cadeira para o lado mexendo em uma estante.

- Ah... hai! - caminhei rapidamente para dentro de um quartinho e fechei a porta. Tirei minhas roupas com sangue e comecei a vestir as novas.

Hmmmm... Seiya…

Onde será que ele foi?

Será que ele queria matar aula de propósito?

Naah... Seiya não faria isso...

Ele parecia que realmente estava passando mal…

Hmmmm...

“Isso foi só um aviso...”. De repente aquelas palavras da menina voltaram aos meus ouvidos.

Pisquei algumas vezes fitando a parede à minha frente por um momento.

Aviso?

A que ela se referia?

E bem... quem era a menina que falara?

Tinha tantas pessoas passando pelo corredor que nem ao menos consegui perceber de onde vinha a voz.

E aquela bola… surgiu do nada!

O que estava acontecendo?

Por qual motivo elas jogariam a bola em mim…?

Hmmmmm...

Estranho…

E Aahhhh…

Que cólica...

Saí da salinha segurando minhas roupas na mão.

- Domo arigatou, Setsuna-san.

- Pegue aquela sacola para colocar as suas roupas - ela apontou para uma sacola que estava ao lado de minha mala. - E não esqueça de colocar o gelo em cima do seu nariz.

- Ah hai! - coloquei a roupa lá dentro, peguei minha mala, a pasta de Seiya e o pacotinho de gelo. Me virei para ela. - Ja ne, Setsuna-san! - ela apenas assentiu sem levantar a cabeça para mim. - Domo arigatou novamente.

E saí da enfermaria fechando a porta atrás de mim. Comecei a caminhar em direção à saída da escola.

Hmmm... onde será que o Seiya tinha ido...?

Olhei para os lados tentando procurá-lo.

E itaaiii…

Como meu nariz doía...

Coloquei o pacotinho de gelo em meu nariz.

Hmm... acho que vou mandar uma mensagem de texto para ele…

Peguei meu celular no bolso, um pouco atrapalhada por todas as coisas que eu estava segurando... e procurei pelo número dele.

Cliquei em cima do nome e comecei a escrever uma mensagem…

“Onde vc tá? Tô com sua pasta!”

Enviei.

Hmmm...

Vou esperar lá na frente do colégio. Se ele estiver ainda por aqui... eu digo para ele isso...

E, além do mais, preciso voltar para casa e deixar essas coisas... Trocar de roupa e lavar a minha blusinha… não quero que mama ou obaa-san vejam o que aconteceu.

Porque... aahhh... se mama souber… já ouço até mesmo a voz dela em meus ouvidos...

“O QUE ACONTECEU COM A SUA BLUSA?? COMO ACONTECEU?? POR QUE ACONTECEU?? QUEM FEZ ISSO? E...”

Aaahhhhh!

Era melhor manter em segredo esse pequeno ocorrido...

E ai, Kami-sama...

Preciso ligar para Hotaru... e conversar com ela...

Tô com tanto medo...

Nervosa...

Ansiosa…

Só em pensar nisso meu coração acelera…

 “Tlim,Ttlim”

Olhei para o meu celular. Uma mensagem.

“Gomen, Bombom... tive que sair mais cedo. Depois passo na sua casa para pegar a pasta!”

Hmmmm...

Acho que realmente ele não estava muito bem...

Baka Seiya... em vez de me falar a verdade…

Ajeitei todas as coisas novamente e saí da escola, indo em direção de casa.

Aiii...

Que cólica…

 #######

Não demorei muito para chegar em casa, cumprimentei mama e obaa-san que estavam na cozinha e corri para o quarto. Deixei a minha mala e a do Seiya em cima de minha cama.

 Peguei minha blusinha e corri novamente para o banheiro. Liguei a torneira da pia e deixei a água esparramar pelo local marcado.

Ia ser um pouco difícil de tirar esse sangue dali...

Aaahhhhh!!!

Vou ter que deixar de molho…

Liguei a torneira de minha banheira e fechei o ralo, esperando, assim, que começasse a encher de água.

Peguei o celular que estava no bolso ainda da calça de moletom e o olhei.

Ahhh…

Ligue, Usagi…

É Hotaru... sua melhor amiga.

Minha melhor amiga!!

Por que essas coisas são tão difíceis…?

Como posso dizer a ela... que estou gostando de seu irmão?

Ahhh como será a sua reação...?

Cliquei em “contatos” e vi o número dela brilhando no meu celular. A foto do rosto dela estava ao lado, com um sorriso supergentil.

Aahhh…

Fechei a torneira e sentei no chão mesmo ao lado da banheira.

- Coragem, baka Usagi… - disse para mim mesma.

Suspirei mais uma vez e cliquei no botão para realizar a ligação.

Segurei minha respiração por um momento.

“Tuuuu...”

Primeiro toque.

“Tuuuuu…”

Uaahhh... Segundo…

“Tuuu...”

- Moshi-moshi? Usagi-chan? - a voz tímida e feliz dela me fez abrir um sorriso.

- Oh, Taru-chan! Oi-oiii!!

Ela riu com minhas palavras.

- Que bom que me ligou, Usagi-chan! Faz tempo que não nos falamos!

Sorri mais uma vez, apesar de ter o coração nas mãos.

- Haiii! - aahhh coragem... coragem... - Aahhh... Taru-chan... estou ligando porque... er… queria saber o que você vai fazer hoje!

- Ah! Hoje? Hmmm... estou nesse momento indo para casa! Acabei de sair do colégio... e... hmmm... acredito que ficarei por lá a tarde inteira!

Então é hoje mesmo... é hoje mesmo...

- Ahhh... então... posso ir aí hoje?

Doki Doki

- Sugoi!!! Pode sim!!

- É que… er... hmm... eu... er… - Coragem, baka Usagi!!!! - eu preciso lhe contar um segredo...

Silêncio... foi tudo que ela me ofereceu...

E fiquei mais nervosa nesse momento.

Uaahhh…

Uahhh...

- SÉRIO???? - ela disse num tom que parecia até mesmo de felicidade... E, Kami-sama... com toda certeza ela não tinha nem ideia do que seria isso... - Er… - fez um barulho com a garganta. - Pode vir, sim, Usagi-chan!! Estarei te esperando...

- A-ah... okay. Daqui a pouco eu vou para a sua casa, está bem?

- Haaiiiii! Estarei te esperando, Usagi-chan!

E desligou.

Uaahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!!!!!!

Ela vai me odiar…

##########

- Mama... eu vou na casa da Taru-chan... - olhei para dentro da sala onde as duas mulheres que mais gosto estavam.

Mama ergueu a cabeça para me fitar, vovó tinha agulhas de tricô nas mãos e me olhava por cima de seus óculos.

- Vou demorar só um pouco... logo eu volto.

- Está certo, Usagi! - mama assentiu voltando a olhar para uma revista em sua mão.

- Mal chega e já vai sair? - obaa-san disse ainda sem tirar seus olhos de mim. - Sua vó está aqui... e você nem ao menos dá atenção a ela...

- Hahaha gomen, obaa-san! - coloquei minha mão atrás da cabeça. Obaa-san sempre foi assim, ela faz uma cara de triste... mas é só de brincadeira. Sorri e corri até ela. - Eu te ammooo, obaa-san!! Não fica triste, não!! – a abracei bem forte. - Usagi tem que fazer umas coisas... mas eu logo volto, tá? - beijei sua bochecha bem forte. E a vi dar uma risadinha muito boa!

- Usa-hime!! - tocou minha cabeça com carinho e apertou minha bochecha.

Hahah fico tão feliz quando ela me chama assim!

- Você está crescendo tão rápido! - ela me fitava com carinho, e, Kami-sama... como ela lembra meu papa. Seus olhos azuis claríssimos me lembravam dele. Sorri mais uma vez e me afastei, beijando agora mama na testa.

- Daqui a pouco eu volto para ficar mais com vocês, tá! - olhei para as duas e elas assentiram.  Caminhei para fora da sala, mas logo parei e olhei para baixo. Estava segurando a pasta do Seiya. Me voltei para a porta. - Ah! Antes que eu esqueça! - as duas me olharam. - Meu amigo vai passar aqui para pegar a pasta dele - mostrei para elas. - Vou deixar aqui na mesa, oka-san. Você pode dar para ele?

- Sim, sim! - ela falou ainda muito interessada na revista que provavelmente obaa-san tinha trazido.

- Diga a ele que fui em Hotaru...

- Ohhh, amigo, hã? - obaa-san disse com um sorriso malicioso.

- A-ah! É amigo, obaa-san! Apenas meu amigo! Não temos nada... - falei rapidamente antes que ela falasse algo. - Mama viu ele, é o rapaz da moto!

- Moto? Ah? Ikuko! Você deixou a Usagi andar de moto com um rapaz qualquer por aí? - obaa-san se virou para mama num tom bravo, seu cenho estava franzido.

Opa… deveria ter ficado quieta...

- Só foi uma vez, Kaori-san! - dessa vez mama me olhou de soslaio. - Espero que tenha sido só uma vez, né, Usagi? - me esganou com seu olhar.

Como se fosse “por que você foi falar isso?”

- A-ah... hai! Foi só uma vez... só uma vez!!! E nem foi nada demais assim... ele é meu único amigo da escola... e ele é muito legal! Vocês vão conhecê-lo!! Tenho certeza que gostarão dele!

Obaa-san me olhou um pouco desconfiada e se voltou para mama.

- Hunf... deixando sua própria filha andando com um estranho por aí... nem ao menos conhece o rapaz! Se fosse minha filha... isso seria diferente... - vovó murmurou mais para si mesma enquanto tricotava, e pude ver um quê de raiva em mama.

- Usagi é livre para escolher seus amigos. Se ela ainda não me apresentou esse amigo dela... deve ter suas razões…

Ai, Kami-sama...

- Mama... obaa-san...

- O importante é que vamos conhecê-lo hoje, Kaori-san!! Aí podemos julgá-lo se ele é ou não uma boa pessoa!!!

Hahaha sabia que uma coisa dessas iria começar uma briga entre as duas...

Passei a mão na cabeça segurando meu sorriso.

Elas são tão engraçadas...

- Esses pais de hoje em dia... no meu tempo tudo era muito mais rígido... nós tínhamos que... - e lá se foi obaa-san contando sobre os tempos de sua juventude.

Apenas suspirei com um sorriso vendo as duas voltarem a discutir… hahaha se obaa-san soubesse sobre Mamoru...

Argh... se mama soubesse sobre Mamoru naquele dia...

Acredito que eu estaria morta a essa hora...

Uaahhh...

Meu rosto corou.

- Você não me disse o nome dele, Usagi!!! - pisquei várias vezes me voltando para as duas. Mama tinha o rosto vermelho de raiva e obaa-san tinha os braços cruzados, me olhando seriamente.

Uaahhh... por que fui falar da moto…

- Ahh... Seiya… Seiya Kou... seu cabelo é bem comprido... preso num rabo de cavalo. Ele com toda certeza vai se apresen...

- Co-como é o nome dele? - vovó tinha os olhos surpresos enquanto me fitava, e pisquei algumas vezes.

- Kou... Seiya Kou! E-ele vai se apresentar quando - ah? - Obaa-san? - do nada… simplesmente do nada a boca de vovó ficou aberta e seus olhos brilhavam e era como se corações estivessem aparecendo neles.

Nani?

- Oba-sa...

- AAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! - ela gritou. E eu pulei para trás, assustada.

- AH?? OBAA-SAN??

- KAORI-SAN??? - eu e mama olhávamos para ela sem entender. E vovó se levantou rapidamente do sofá e começou a andar de um lado para o outro.

- Eu não acredito!!! Eu não acredito!! NÃO ACREDITOOO!!!! - ela tinha as mãos unidas e um enorme sorriso nos lábios. - Minha neta é amiga de Seiya Kou!! SEIYA KOUUU!!! AAHHH!!!

Eu poderia dizer que ela parecia uma garotinha.

Pisquei várias vezes, não entendendo.

- Kaori-san, o que houve?? - mama falou também em pé, mais surpresa do que eu.

- Ikuko!!! Não se lembra daquele CD que eu te emprestei ano passo daquele grupo musical?? - obaa-san pulava enquanto olhava para mama.

- S-sim... The Starlights?

Pisquei várias vezes.

- Issooo!! Yah!!! Seiya Kou é o cantor daquela banda!!!! - vovó agora tinha as mãos para cima com uma enorme empolgação.

Silêncio.

- AAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHH!!!!!! - dessa vez foi mama a gritar. - EU NÃO ACREDITOOO!!!

- POIS É!!! POIS É!!!!! - vovó disse ainda muito mais entusiasmada. - MINHA NETINHA... SUA FILHA É AMIGA DO CANTOR!!!!

Dessa vez as duas gritaram totalmente felizes.

 Ah?

- O-o qu...

As duas se viraram rapidamente para mim.

UAH!

- POR QUE VOCÊ NÃO ME CONTOU ISSO ANTES, USAGIII!!!???? - mama correu para mim junto com vovó. E as duas pegaram minhas mãos.

Os olhos das duas estavam brilhando, pude até ver uma – quase – lágrima caindo dos olhos de vovó.

Uah!

- Vo-vocês conhecem The Starligh...

- SIIMM!!! - as duas falaram ao mesmo tempo.

- Somo fãs há tanto tempo!!! Jamais imaginaria que ele pudesse estudar na sua escola!!! - Mama disse dessa vez, e eu me senti desconcertada.

- Quando eu ouvi pela primeira vez... me apaixonei perdidamente… foi amor à primeira vista! - vovó tinha um lencinho na mão enquanto falava.

Elas pareciam ter a minha idade...

- POR QUE NÃO ME FALOU ANTES QUE SEIYA KOU ERA SEU AMIGO!!!???

Vi uma energia maligna saindo do corpo de mama.

Tive que me afastar um pouco por medo.

- Na-não sa-sabia q-que vo-você gos-gostava dele, mama... - fechei meus olhos com as duas mãos na minha frente e me afastando de pouquinho em pouquinho.

- Tanto tempo que eu queria conhecê-lo... e-e – “snif” – ele estava estudando na mesma escola que minha neta... - dessa vez vi uma cachoeira caindo dos olhos de vovó. - Por que, Usagi... por quê?

- A-ah... e-eu preciso sa-sair... - coloquei um pé para trás.

- VOCÊ VAI ME EXPLICAR TUDO AGORA!!! - até a voz de mama mudou... fiquei até com medo.

- A-ah... Se-Seiya em breve che-chegará... aí vocês falam com ele... - as duas ainda me fitavam como se quisessem me matar. - O-olha... essa pa-pasta é dele... vo-vocês querem segurar?

Em pouco tempo toda a energia maligna sumiu e as duas me olharam com seus olhos brilhando.

- É-É... dele? - mama falou com seu rosto corando.

- Ha-hai! - sorri mostrando a pasta. - Ele vai vir pegar a pasta... aí vocês entregam para ele, está bem? - vovó pegou a pasta de minha mão com a maior delicadeza possível. E seus olhos se voltaram para mim brilhando.

- Pode deixar, querida Usa-hime! Nós entregaremos para ele - disse obaa-san transbordando de felicidade.

- E-estou indo e-então... até depois! - as duas me fitavam com um enorme sorriso e acenavam gentilmente.

- Hai, hai, cuide-se, Usagi!

Cuidadosamente abri a porta de frente e acenei para elas, passei para fora e fechei bem devagar a porta.

Uaahhhh

Kami-sama...

Jamais pensei que mama e obaa-san fossem tão assustadoras...

Brrrrr...

Muuitooo assustadoras!!!

E, ainda por cima, elas são fãs!!!

Uahhh...

Que medo…

Elas conheciam também The Starlights??

Mas… pooxaaa,  só eu que não conhecia eles?

###########

Caminhei em direção àqueles enormes portões negros.

O muro da casa cobria a quadra inteira (provavelmente umas duas quadras).

E, a cada vez que eu me aproximava…

Meu coração batia muito forte no peito.

Não somente por ter que contar a verdade para Hotaru... mas por lembrar que Mamoru vivia ali.

Kami-sama…

Parecia que agora mesmo eu podia sentir as mãos dele sobre minha pele...

Como naquele dia em que ele mentiu que Hotaru estava doente e tentou me pegar...

Corei.

Aahhh aquele baka-hentai...

Depois ele me pegou no colo... beijou minha perna… e aahhh...

Todo aquele calor sufocante dele sobre mim...

Ou aquela vez em que dormi na casa dele…

Aconteceu cada coisa…

Nossos olhares se encontrando enquanto jogávamos Detetive... a mão dele... sem deixar Hotaru ver, tocando o bolso de meu shorts...

O momento em que ele saiu do banheiro enrolado em uma toalha...

Uaahhh…

Os beijos que trocamos em cima do balcão de sua cozinha… e depois em sua cama...

Kami-sama...

Todos aqueles momentos que passamos surgiam em minha mente, como se fossem um filme...

E eu podia senti-los todos cada vez que eu me aproximava de sua casa.

Hmmm...

É muito bizarro pensar nisso... só ao olhar a casa dele?

 Kami-sama...

Eu sou baka…

- Pode entrar, Tsukino-san…

- Ah? - e os portões já se abriam à minha frente. Eu estava “voando” tão alto que mal vi quando parei na frente.

Voltei a andar pelo longo caminho de pedras perfeitamente acopladas uma na outra que seguiam num sentido único em direção à mansão.

Tinha colocado uma calça jeans e uma blusinha com um coelhinho amarelo segurando uma cenoura. E segurava em minhas mãos minha bolsa e um casaquinho. Estava um pouco frio, apesar de o sol brilhar lá em cima.

Parei em frente à porta dupla da grande mansão, e logo ela se abriu, revelando um senhor de meia idade.

- Por favor, Tsukino-san... - ele abriu a porta, esticando seu braço para dentro, permitindo minha entrada.

- Arigatou... - assenti pisando no belo tapete de entrada.

- Hotaru-sama pediu para a senhorita aguardar na sala de visitas. Por gentileza, se puder me acompanhar... - o senhor continuou dizendo apontando para outra sala logo à frente. Ele começou a andar, me mostrando o caminho.

Respirei fundo, seguindo o homem e segurando minha bolsa com as duas mãos.

Entramos naquela mesma sala conhecida, em que Mamoru havia me deixado para trocar de roupa.

- Hotaru-sama logo virá, com licença - ele partiu, fechando a porta atrás de si.

Olhei para toda a sala, respirando mais profundo agora.

Uahh...

Fitei a estante em que havia aquela foto de Mamoru com Hotaru, e senti arrepios ao lembrar a voz doce e rouca dele perto de meu ouvido.

Kami-sama...

Estou ficando louca agora?

Será que qualquer coisa que eu olhe... vai me fazer lembrar de Mamoru?

Minha mente está tão impregnada assim de Mamoru Chiba?

Respirei com dificuldade mais uma vez, fechando os olhos.

Acalme-se...

Você não está aqui para ficar voando e se lembrando do que aconteceu...

 Lembre-se que você está aqui para algo muito importante.

- Hai! - assenti.

- Usagi-chan!! - pisquei algumas vezes e olhei para trás. E Hotaru estava ali com o rosto vermelho e os cabelos molhados. - Oiiee! - disse com seu sorriso único, e parecia um pouco ansiosa.

- Taru-chan! - sorri também, feliz por vê-la... e corri para abraçá-la.

Meu coração estava batendo tão rápido...

Uaahhh...

O que ela vai pensar de mim?

- Ah! - ela pareceu surpresa com o meu gesto, mas, mesmo assim, deu uma risadinha. - Fico feliz por você ter aparecido!

Dessa vez eu a abracei mais forte ainda...

Ela é tão gentil...

Por favor, não me odeie... não quero perder sua amizade…

Senti algumas lágrimas molharem meus olhos.

Me afastei dela e fitei o chão, me sentindo muito mais nervosa agora.

- Venha... venha... vamos sentar!! – ela pegou minha mão e me puxou para o sofá, onde nos sentamos. - Desculpe por não recebê-la... estava enxugando rapidinho meu cabelo - disse ainda de uma forma muito feliz, e eu suspirei, um pouco triste.

Pude sentir que seus olhos me fitavam, apesar de eu olhar para as minhas mãos.

Tudo que eu pensava era…

Que ela ia me odiar…

- Taru-chan... - falei bem baixinho e ergui meus olhos para olhá-la.

- Hm?? - seus olhos púrpura estavam bem abertos, e me fitavam com uma estranha expectativa.

Olhei novamente minhas mãos... e senti um tanto de medo naquele momento.

- E-eu disse para você... q-que... eu tinha um segredo para lhe contar... ma-mas... primeiro... quero que você saiba... q-que... - olhei novamente para ela. E, dessa vez, Hotaru estava com um sorriso muito gentil e feliz no rosto.

 Engoli em seco.

- Pode falar, Usagi-chan… sou toda ouvidos! - e ela continuou me fitando.

- Tu-tudo que eu vou contar... o que realmente aconteceu co-comigo... fo-foi bem depois de eu ter te conhecido! Nu-nunca achei que isso ia acontecer... e-eu até mesmo havia lhe dito isso... ma-mas... a-aconteceu! - falei de um jeito desesperado, até... uaahh... eu estava um tanto nervosa.

Ela abria um sorriso cada vez maior, o que diminuía ainda mais minha coragem.

Não quero que ela me odeie, Kami-sama…

Por favor...

Não me odeie...

Senti lágrimas se formando em meus olhos e os fechei.

- So-sobre se-seu irmão… sobre Chiba Mamoru...

Silêncio.

- E-eu... e-eu...

- Eu já sei de tudo! - ela falou rapidamente, e eu pisquei muito, me voltando para ela e segurando minha respiração.

- A-ah?

- Desculpe... não aguentei esperar!

A vi corar e, mesmo assim, ela tinha um sorriso.

- D-de tudo?

- Hai! - disse ela mostrando a língua e piscando um olho. - E quero que você saiba que estou muito feliz por você e pelo meu irmão estarem juntos!

Dessa vez foi minha vez de corar, e muito. Hotaru começou a rir.

- Que-quer dizer qu-que você não está brava comigo? E-e não vai me odiar? - pisquei ainda mais, sentindo meu coração superacelerado.

- Iie... iie... eu jamais vou ficar brava com você, Usagi-chan... Jamais vou te odiar!! - ela disse me olhando seriamente. - Se fosse possível escolher alguém para ficar com Mamoru... minhas respostas sempre apontariam para você... - e ela sorriu.

Sorriu tão bonito que tive vontade de chorar.

- Taru-chan!!! - fui para cima dela com meus braços abertos e a abracei bem forte... muito forte.

Lágrimas vieram aos meus olhos.

- Usagi-chan?

- Uaahhhh!!!! Eu tive tanto medo de perder a sua amizade por causa disso... e-eu estava tão nervosa... desculpe... desculpe... eu jamais pensei em gostar de seu irmão... mas aconteceu... sem mais nem menos... desculpeeee! - e chorei mais, soluçando.

Hotaru riu e passou a mão pelas minhas costas.

- Está tudo bem, Usagi-chan! Está tudo bem! Obrigada por me contar... arigatou!

E ela riu mais uma vez, enquanto eu me desmanchava em lágrimas.

#######

  

- Ele te convidou para a festa de aniversário?

Ah! Acabei esquecendo que Mamoru me dissera que era uma festa surpresa.

- Não acredito que Mamoru sabia! - ela falou enquanto fitava o céu ali da varanda. Ela ainda segurava um bule depois de derramar mais chá em minha xícara. Estávamos sentadas nas cadeiras, e uma mesinha nos separava. - E eu aqui ansiosa para ver a cara dele! Ah! Onii-chan baka!

- Go-gomen... não era para dizer isso... Mamoru me disse que era uma festa surpresa...

- Está tudo bem! Vou fingir também que não sei de nada! - ela piscou para mim enquanto voltava a se sentar.

Olhei para minha xícara, já me sentindo menos nervosa e angustiada.

Não acredito que Hotaru-chan já sabia sobre isso...

Ri com meu pensamento.

- Então... a história termina como? - pisquei algumas vezes e olhei para Hotaru. Ela tinha os cotovelos apoiados na mesa e suas mãos seguravam sua cabeça. E sorria de uma forma alegre.

E, só de lembrar ao que ela se referia... meu rosto esquentou muito.

- Na-não sei ao certo ainda... - falei olhando para baixo e me sentindo um pouco tímida e feliz por poder falar isso com ela. - Tantas coisas aconteceram, Taru-chan... ma-mas ainda temo que não seja verdade...

Ela piscou algumas vezes.

- Como assim? Você acha que Mamoru não gosta de você? - ela abaixou as mãos.

- Nã-não sei ao cert... - mordi meus lábios.

- MA-MAS É CLARO QUE ELE GOSTA!!! - ela bateu as duas mãos sobre a mesa, me assustando um pouco. Seu rosto estava vermelho, e seus olhos, determinados.

- A-ah? - senti meu rosto corar.

- Eu vi a reação dele nesses últimos dias... ele nunca agiu assim por outra garota qualquer, Usagi! Ele parece um cão perdido aqui em casa!! Não sabe para onde vai! Estou lhe dizendo, não fique nessa incerteza!! Eu tenho total certeza que ele gosta de você!!!

E meu rosto corou violentamente.

Hotaru abriu um enorme sorriso.

- Muitas vezes não dá para entender o baka do meu irmão... mas eu digo a verdade para você, Usagi. Ele está completamente, “transtornadamente”, complexadamente, complicadamente apaixonado por você!

E, dessa vez, deu um frio na barriga... que até mesmo meus pulmões perderam a sincronia.

Uaah...

Não consigo respirar...

Hotaru riu, colocando as mãos na boca, e a vi corar também.

- Só não deixe ele saber o que te contei...

#####

Ficamos conversando até mais ou menos umas seis e meia da noite, e eu precisava ir embora.

Hotaru me ofereceu uma carona até em casa, o que acabei aceitando de tanto ela pedir.

E, agora, ela partia na sua Limusine preta, acenando de forma alegre para mim. E eu fazia o mesmo, me sentindo tão feliz em poder finalmente expor aquele segredo de que tanto tinha medo.

Fiquei tão feliz por saber que ela já conhecia os fatos...

Parecia que um peso saía de meus ombros…

Kami-sama, arigatou…

Nós tínhamos conversado sobre tanta coisa hoje... até mesmo sobre o que dar de presente para Mamoru.

Hotaru me dera várias dicas do que Mamoru poderia vir a gostar.

Como, por exemplo...

Bolo de chocolate.

Ele simplesmente amava bolo de chocolate.

Eu também gosto... mas a forma como Hotaru falou da reação dele ao bolo de chocolate me fez ficar surpresa.

Em todas as manhãs era, de certa forma, obrigatório para ele comer bolo de chocolate... mesmo que fosse só uma garfada.

E, antes de ir dormir... comer um pouco de sorvete.

Corei ao me lembrar daquela noite em que nos beijamos na cozinha... tínhamos comido sorvete.

Hotaru disse que ele preferia coisas doces a salgadas.

Mas não sei se seria uma boa ideia comprar um bolo de chocolate para ele para dar de presente…

Provavelmente na própria festa teria um aguardando por ele...

Ela também me disse que Mamoru gostava de passar alguns finais de semana jogando vídeo game com os amigos dele.

E não sei ao certo que tipo de jogo ele gosta de jogar...

E, no final... não sabíamos o que eu poderia comprar para ele.

Ela me deu a ideia de perguntar para ele...

Mas uahh...

Não sei ainda…

Abri a porta de casa...

- Tadaiimaa... - pendurei minha bolsa e meu casaco num gancho e fechei a porta.

Ai, ai, ainda tenho que me decidir sobre o que posso comprar para Mamoru.

Fui em direção à sala, esticando meus braços.

- Mama, o Seiya por acaso apare... - calei-me ao entrar na sala.

Mordi meus lábios tentando não rir.

Seiya estava ali com mama ao seu lado direito e obaa-san ao seu lado esquerdo. Sentados no sofá.

Mama tinha um sorriso enorme enquanto segurava um garfo com um pedaço de bolo guiando na direção da boca de Seiya. Enquanto obaa-san segurava um CD e uma caneta e os estendia para ele, com seus enormes olhos azuis brilhando.

E, quanto a Seiya…

Coitado...

Tive mais vontade de rir.

Seu rosto estava todo vermelho, e ele tinha uma das mãos sobre a boca, evitando que mama o alimentasse. E a outra para obaa-san, empurrando a caneta gentilmente.

Pobre Seiya...

Eu havia esquecido o que ele ia enfrentar quando chegasse em minha casa.

Engoli meu riso.

- Konban wa! – falei, e todos me olharam rapidamente.

- BOMBOM! - Seiya foi o primeiro a se levantar e, de alguma forma, ele já estava atrás de mim, se escondendo. - FOI UM PRAZER CONHECER VOCÊS DUAS... MA-MAS EU PRECISO IR!! – e, antes que alguém pudesse dizer algo, ele me puxou para fora de casa.

Fechei a porta atrás de mim... e comecei a rir.

Ri alto ao ver a cara dele toda vermelha e sua respiração acelerada.

- ONDE VOCÊ ESTEVE??? - ele falou se virando para mim e segurando meus ombros. Engoli minhas risadas novamente.

- Hahaha, gomen, Seiya... Esqueci de te avisar por mensagem. Mama e Obaa-san... são suas fãs! - e ri novamente.

- Ahhh... achei que nunca sairia dali!!! – ele colocou a mão na testa, afastando o suor.

- Você está aí desde que horas? - coloquei um dedo sobre meus lábios, ainda tentando segurar a risada.

Pobre Seiya...

- Desde às 15:40!! – ele estava com seus olhos bem abertos. - Ahh... elas são assustadoras!! - olhou para mim e se voltou para a porta.

- Gomen... hahaha também me assustei quando descobri.

Ele logo se voltou para mim com um sorriso mais calmo agora.

- Ufaa...

- Pop star... - falei sorrindo de lado. Ele logo se endireitou, ficando naquela pose segura.

- É realmente difícil as fãs se conterem quando estão ao meu lado, sou sexy demais... - ri mais uma vez e bati em seu ombro com força. - Ouch!

- E você? Para onde foi depois da aula? Você sumiu!! - olhei brava para ele. - Fui até a enfermaria e você não estava! Mentiu para mim de novo! - coloquei minhas mãos na cintura.

- Er... - ele colocou a mão na cabeça. - Gomen, Bombom! - sorriu bonito e me fitou. – Tive... que... er... me chamaram lá no estúdio de gravação...

- Ah! - pisquei calmamente tirando minhas mãos da cintura. - Poderia ter me avisado! Fiquei preocupada!

- Gomen... – ele sorriu mais uma vez de lado. - Não sabia que eu fazia tanta falta assim para você!

- Baka... - mostrei a língua para ele.

Seiya apenas continuou com aquele sorriso e me fitando. Ergueu um dedo, o aproximando de meu rosto.

- Obrigado por se preocupar comigo... - e tocou a ponta de meu nariz.

E, na mesma hora, dei um gritinho de dor.

Tinha me esquecido completamente do machucado.

- AH?? O que houve?? - ele falou afastando seu dedo.

- Go-gomen... a-acabei machucando meu nariz antes de ir procurar você... achei que tinha passado... mas ainda está doendo... - toquei levemente o nariz e, nossa... como estava sensível!

- Machucou? Como?? - seus olhos me fitaram com preocupação.

- A-ah, nada de importante... nada de importante mesmo... - levantei minhas duas mãos para que deixasse para lá. - Logo melhora...

- Hmmm... - seus olhos me analisaram novamente. - Certo.

Sorri.

- Preciso ir... vejo você amanhã? - ele falou se afastando apenas um passo.

- Hai! - assenti feliz.

- Er… - ele parecia um pouco envergonhado enquanto olhava para os lados. – Então... tá...

- Hai

E ele se aproximou bem rápido, beijando de forma quente minha bochecha, e senti sua respiração forte se espalhar pela minha pele.

Afastou-se de forma demorada, me fitando intensamente de novo.

E eu pisquei, sentindo minhas bochechas começarem a ferver.

 - U-ua…

- Ko-konban wa... Bo-Bombom! – ele falou e partiu rapidamente com passos largos em direção a uma moto que estava escondida sob a árvore da rua.

 U-uah????

######

Mama e obaa-san pareciam que tinham vivido um sonho assim que me encontrei com elas em casa…

Depois do jantar, mama me contou o quanto estava feliz por ter conseguido alimentar Seiya... e perguntou por que eu não namorava com ele.

Fiquei com tanta... mais tanta vergonha… que acabei me lembrando do beijo dele em minha bochecha algumas horas atrás.

E, pela vermelhidão em meu rosto, mama acabou achando que eu estava gostando dele.

O que resultou numa outra conversa vergonhosa…

Obaa-san, no entanto... parecia que estava num outro mundo enquanto tricotava alegremente um cachecol…

Foi então que veio uma ideia para o presente de Mamoru...

- Demora quanto tempo para terminar um cachecol, obaa-san? - falei enquanto fitava o lindo cachecol cor-de-rosa que ela tricotava para mim.

- Hm? Ah! Depende da sua boa vontade! - e ela deu uma gargalhada gostosa. - Normalmente eu o termino em dois dias... mas pode demorar de três a quatro, dependendo da largura dele...

- Hmmm… - olhei seus habilidosos dedos trabalharem sobre a lã.

- Interessada? - ela falou, e a fitei.

- Você poderia me ensinar, amanhã?

- Sim, claro, Usa-hime! - ela sorriu. - Vai fazer para alguém? - corei com as suas palavras e a olhei. Obaa-san apenas sorriu mais bonito enquanto voltava a tricotar. - Compre amanhã uma lã da cor que você quiser... e assim lhe ensinarei...

Mordi meus lábios, me sentindo feliz.

- Arigatou, obaa-san! - e a abracei. Ela apenas riu. - Eu vou tomar um banho e deitar... tenham uma boa noite! - falei para as duas.

- Durma bem, Usagi...

- Sonhe com os anjos, Usa-hime.

Subi as escadas correndo e entrei no meu quarto, fechando a porta atrás de mim.

#######

A blusa que eu tinha deixado de molho... havia sumido.

E isso... não significava coisa boa.

Provavelmente mama devia ter visto e a retirado dali.

Eu só esperava que, ao menos, o sangue tivesse saído.

Havia tomado um banho, e enxugava minha cabeça lentamente.

Ahhh...

Banho bom...

Sentei em minha cama, tirei meus chinelos e me sentei com as pernas cruzadas. Abri só um pouco a cortina e pude ver a lua que estava na sua fase crescente... provavelmente no dia do aniversário de Mamoru ela estaria cheia...

Hmmm...

Mordi meus lábios.

Hotaru me dissera para perguntar para Mamoru o que ele gostaria de ganhar de presente...

Eu estava com um pouco de dúvida em relação a isso...

Mas... de certa forma... eu queria falar com ele…

Não tínhamos nos falado mais depois de sábado... nem por celular...

Talvez ele estivesse ocupado...

Ou talvez nem quisesse falar comigo...

Mordi mais meu lábio.

“Ele está completamente, ‘transtornadamente’, complexadamente, complicadamente apaixonado por você!”

A voz de Hotaru soou em meus ouvidos, e meu rosto ferveu.

Uahhh…

Coloquei as duas mãos no rosto.

Kami-sama…

Só ao pensar nisso meu coração se acelera demais...

 Aahhh…

 Parece até mesmo que vou desmaiar ou... vai me dar um treco…

Coloquei a mão sobre a testa... ainda com um sorriso bobo nos lábios.

- Hotaru que disse isso… ela não mentiria...

Kami-sama...

Posso então me libertar dessa sensação de insegurança?

Olhei para o lado e vi meu celular ali na mesinha.

Posso?

Peguei o celular em minhas mãos e fiquei o fitando.

O que me fez lembrar...

Eu ainda não tinha colocado na memória o número dele… mas eu tinha umas chamadas recebidas que ele fizera…

Procurei pelo número e sorri quando o achei.

Coloquei para adicionar... mas uma mensagem apareceu na tela.

Dizendo que esse número já estava na memória.

Hum??

- Como?

Fui verificar os contatos.

E corei…

Corei muito agora…

Ele tinha adicionado o seu próprio número ali...

Talvez no sábado de manhã enquanto eu dormia...

Porque, com toda a certeza, eu não havia colocado ali… muito menos com aquele nome.

Num contato abaixo do número da Mama... estava escrito “Mamo-chan”.

- Baka... - sorri mais feliz agora... o que me deu mais forças para escrever uma mensagem de texto para ele.

Mas... humm... o que escrevo?

“Estou com saudades de você...”

Hahaha capaz... jamais escreveria algo tão vergonhoso assim...

Hmmmm...

“Oi...”. Mordi os lábios. Será?

Mas é tão mixuruca... hmmm...

Colocar mais um “i”

“Oii...”

Aahhh... duvido que ele me responda mesmo assim...

Enviei.

Não acredito que enviei só isso!!

Aaahhh!!!

Me joguei para trás na cama.

“Tlim, tlim”

Pisquei várias vezes.

Hum??

Peguei meu celular e vi que estava escrito “uma nova mensagem - Mamo-chan”.

UAH!!

- Tão rápido assim???

Abri rapidamente a mensagem e continha um... “Oi” também...

Ughh...

Mas, mesmo assim, me fez sorrir...

“Tlim, tlim”

Mais uma mensagem...

“Ainda está acordada?”

Hum?

Mas é claro que sim... ainda são...

Meia noite e quarenta e sete...

UAH!!! Já tá tarde assim??

Nossa, nem vi o tempo passar!!

Voltei para o celular.

Hum…

Depois eu durmo...

“Hai... estou sem sono...” enviei e deitei de bruços, olhando para a telinha iluminada.

“Tlim tlim”

Sorri pela forma rápida com que ele me respondia.

“Fale comigo, então...”. Meu corpo inteiro se arrepiou.

Segurei até mesmo minha respiração.

“Não está ocupado?”

“Tlim tlim”

“Não.”

“O que está fazendo?”. Me ajeitei um pouco mais na cama e peguei meu coelhinho, o abraçando.

“Estou em uma reunião.”

AH! Mas que...

“Baka! Está ocupado, então!”

“Não é tão importante assim...”. Corei olhando sua mensagem. “E o que você está fazendo?”

Mordi meus lábios…

“Deitada na cama e escrevendo para você...”

 Dessa vez ele demorou a retornar.

Hmmmmmmmmm…

Hm?? Por que a demora?

“Tlim, tlim”

 Abri rapidamente a mensagem.

“E está vestida?

 E corei… Kami-sama... como eu corei...

 “Mamoru-baka-hentaiiii!!!!”. Enviei com raiva e com meu rosto queimando.

 “Tlim, tlim”

 “Hahaha”

Grrr... idiota!! Ele consegue até mesmo me irritar pelo celular!! ARGH!

 “Tlim, tlim”

“Não vejo a hora que chegue sábado...”

Ah!

 Lá vai meu rosto ferver novamente...

Ahh... minha pele se arrepiou...

 “Quero ver você...”

 “Urgente”

Mordi meus lábios fechando os olhos e me revirando na cama, sentindo meu corpo inteiro reagir às palavras dele.

 “Eu também...”, disse para mim mesma... não escreveria isso para ele.

Apesar de eu querer muito…

Não escreveria.

Molhei meus lábios e senti meu coração vibrar por todo o peito.

“Só vai voltar sábado mesmo?”, enviei isso para ele…

 “Infelizmente

“Já está sentindo minha falta?”, ele tornou a escrever. Coloquei uma mão sobre o peito.

  

- Completamente - murmurei para mim mesma novamente.

 “Isso você nunca vai saber...”

 “Que… droga...”

Ri um pouco, sentindo a felicidade tomando conta de cada pedaço do meu corpo.

“Baka”

“Mamo-baka...”

Dessa vez ninguém escreveu nada por um tempo... fiquei parada fitando minha parede, apertando firme o celular  contra o peito.

Como se aquele aparelhinho fosse minha única forma de sentir Mamoru.

Fechei os olhos por um minuto... pensando na forma como meu corpo reagia aos toques dele…

Quero beijá-lo...

Droga... como quero...

Eu quero sentir muito, mais muito ele…

“Tlim, tlim”

Levantei o celular e via a mensagem.

 “Quero beijar você...”

Uahh…

Kami-sama...

Parecia que nossas mentes estavam completamente ligadas...

 Eu nem mais respirava…

 Por um minuto pensei se mandaria ou não a resposta...

 Droga... meu corpo estava reagindo de uma forma estranha…

 E, quase sem querer, acabei enviando...

 “Eu também...”

Antes que eu pudesse evitar... a mensagem havia ido.

E esquentou tudo aqui.

Nossa como esquentou...

E, dessa vez, parecia que eu estava levando uma eternidade pela a resposta dele.

 “Você vai acabar me matando, Usako...”

Continua...


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Notas finais do capítulo

Até o próximo, e, please, cometem! Reviews faz com a gente fique alegre!

Bjs da Ana



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