Eu não sei como ele consegue agir dessa maneira...

Às vezes ele é um crápula, um maldito hentai, ou ainda um demente que bate em qualquer um... e, em outras vezes...

Ele...

Mostra aquele sorriso gentil em seus lábios enquanto conversa com alguém...

Como pode existir um cara como esse?

Ele estava logo ali à frente com Hotaru enquanto conversavam, provavelmente, com um dos professores da escola. O homem tinha um sorriso enquanto tocava o ombro de Mamoru e apontava para Hotaru.

E Taru-chan sorria assentindo, e eu poderia adivinhar que ela não estava muito interessada pelo que o homem falava. Mamoru sorriu mais uma vez e colocou as mãos nos bolsos da calça.

Até o jeito como ele coloca as mãos no bolso me faz segurar o ar...

Droga, o que há de errado comigo?

Eu deveria odiá-lo... odiá-lo...

Mas eu continuo o olhando e tendo essas palpitações...

Ele devia ter sentido que eu o estava olhando, por que se virou para mim...

Engoli em seco.

Ele continuou conversando com o homem mesmo olhando para mim. Estava sério, e seus olhos, bem profundos.

Droga de coração...

Olhei para o lado e coloquei minhas mãos sobre a barriga.

Meu estômago está roncando...

Ahh... que fome...

Estava no corredor, encostada em uma parede. Hotaru me pedira para esperar aqui... para eles conversarem com aquele homem.

Ela havia me mostrado sua sala. E, por Kami... até as salas eram incríveis naquele colégio. BlackMoor era bonita, sem dúvidas... mas eu preferia Sakura... parecia um palácio!

Olhos de sonhadora...

É tão lindo...

Bem que eu poderia estudar aqui...

Mas, com as minhas condições...

Sem chance...

É muito caro!

Olhei rapidinho para onde Mamoru estava, e ele tinha um sorriso nos lábios...

E...

HUM?

Que-quem é aquela garota?

E de onde ela surgiu?

Havia uma menina ali ao lado de Mamoru tocando o braço dele, não pude ver o rosto dela, porque estava de costas para mim... mas seu cabelo era bem comprido e ruivo.

Mamoru sorriu mais uma vez de alguma coisa que ela falou... e parece que meu sangue borbulhou nas veias.

MAS... MAS... OLHA QUE TIPO!

A ESPOSA DELE ESTÁ AQUI E ELE FICA DE SORRISOS COM AQUELA MENINA? ARGH!

MALDITO CONQUISTADOR!

E Hotaru...

HUM?

Onde está ela?

Olhei para os dois lados, procurando.

Para onde ela foi?

Sem querer, voltei a olhar para Mamoru e paralisei. A menina erguera a sua mão e tocava o cabelo dele.

E O DESGRAÇADO CONTINUARA SORRINDO DE LADO!

Ele se abaixou um pouco e disse algo no ouvido dela...

Não acredito nisso...

A menina colocou as mãos na boca e começou a rir.

MAS O QUE ESSE DESGRAÇADO ESTÁ FAZENDO?

Não acredito nisso... não acredito nisso!

Não... não pensem que é ciúme, porque... e-eu não estou! Só estou perplexa pela cara de pau dele de agir dessa maneira com aquela garota quando a esposa dele se encontra no mesmo prédio!

Mas, pensando bem...

Sempre fora assim, não?

Sempre com alguma garota em qualquer canto, cochichando um no ouvido do outro, sorrisos...

Blargh...

Eu já deveria estar acostumada com isso...

Só que, dessa vez... Eu me senti um pouco triste...

Por que a última coisa que eu queria... Era começar a gostar dele...

E eu... gosto muito dele...

E vê-lo com outra menina me dá vontade de chorar...

Droga de Mamoru...

Por que ele age assim...?

Por que não pode se contentar só com uma?

Um pastel surgiu à minha frente, e eu pisquei algumas vezes.

– Hum? – “pastel”?

Mas o que...

– Não estava com fome? - pisquei mais algumas vezes e olhei para o lado. Josh estava ali segurando o pastel na minha frente. Seus olhos azuis me fitavam.

– Ah? - meu estômago roncou com o cheiro maravilhoso do pastel.

– Comprei para você... - disse ele com um sorriso.

E... realmente eu não sabia o que dizer...

Ele comprara comida para mim!

Mas... Por quê?

– Ah...

– Vamos, Bunny-chan... antes que esfrie... - disse ele novamente me oferecendo a delícia.

Mordi meus lábios e toquei meu estômago.

E toda aquela tristeza que eu tinha... desapareceu pouco a pouco enquanto eu alcançava o pastel. Peguei-o em minhas mãos e, nossa, estava bem quente!

Pisquei mais uma vez e olhei para Josh.

Ele encostou na parede e ficou me olhando.

– Ah... arigatou... - murmurei.

– Sem problemas... - ele continuou sorrindo bonito para mim.

Que estranho...

Por que ele estava sendo gentil comigo?

Dei a primeira mordida no pastel...

Huuuuuuuuuuuuuuuuuuuummmmmmmmmmmmmmmmmmm!

Que delíííííííícia...

Parece que fui nas nuvens...

Minha barriga gritou de alegria. E comecei a devorar a comida numa fúria, sem nem me importar se eu parecia um animal faminto...

EU QUERIA COMER!

Comi, comi, comi...

Até que sobrou só o papel...

Nossa...

Que gostoso...

– Onde você comprou isso? - limpei meu rosto, ainda me sentindo eufórica com o sabor do pastel.

– Na praça de alimentação. Tinha uma barraca com várias pessoas, então achei que realmente fosse bom o que estavam vendendo! - Josh falou contente olhando para mim, e não pude deixar de abrir um sorriso.

É...

Acho que ele é legal...

Bem, comprou comida para mim!

Então... é... ele é legal!

– Arigatou, Josh-san! - falei feliz colocando a mão na minha barriga.

Josh sorriu mais uma vez, e logo colocou seu braço em cima de meu ombro. Ugh... me senti esquisita quando ele fez isso...

– Está me chamando de Josh novamente... – ele sorriu apertando meu ombro, e corei tentando afastar a mão dele. - Pode me chamar apenas de Josh, Bunny-chan, eu não me importo!

– Nã-não precisa fazer isso, Jo-Josh-san... - empurrei a mão dele.

Ele se afastou e ficou ao meu lado.

– Sabe, Bunny-chan... estive pensando numa coisa... - hum? Me voltei para ele, e Josh fitava o chão pensativo. - Se você gostaria de... bem... eu sei que provavelmente você não gostaria... mas, se pelo menos me der uma chance, talvez ainda... dê certo! - seus olhos se voltaram para mim. E tudo rodou agora.

Ah?

O que ele quer?

– Nani?

– Bem, é que... - e parou novamente, olhando todo o meu rosto.

Hum?

Nani?

Nani?!

– O que foi? - murmurei piscando algumas vezes.

– Seu rosto está sujo, Bunny-chan... – ele murmurou.

– Sujo? Onde? - comecei a passar a mão por todo o rosto. - Aqui? – apontei, tentando procurar onde estava sujo, ele apenas sorriu negando com a cabeça. - Aqui então?

– Iie... – ele continuou sorrindo e se abaixou, ficando no meu nível. Quando ele fez isso, meu rosto corou.

Ah?

O que ele está fazendo?

– Jo-Josh-san? - seus olhos azuis brilhavam enquanto ele me fitava, e uah... um arrepiou correu pela minha espinha.

– Aqui, Bunny-chan... - seus dedos começaram a se aproximar de meu rosto.

– MUITO BEM! - um braço passou pela minha frente, batendo na mão de Josh. - Está terminado... vamos indo, Usagi-chan? - e uma mão agarrou meu pulso, começando a me puxar.

– Ah? - olhei para frente, e Hotaru estava ali, me puxando nervosamente.

– HOTARU! - Josh falou alto, e olhei para trás... ele tinha uma expressão chateada, e suas mãos estavam apertadas.

Mas uma coisa me chamou mais atenção... atrás dele...

Segurei minha respiração.

Mamoru estava ali com seus olhos azuis tão escuros e tempestuosos que pareciam negros...

Hotaru me puxou mais uma vez e algumas pessoas entraram na minha frente, e não pude ver mais Josh nem Mamoru.

#########

– Taru-chan... onde você está me levando? - falei finalmente, e a menina soltou meu pulso.

– Usagi-chan! Você precisa ter mais cuidado! - ela falou um pouco alto quando se voltou para mim. Pisquei surpresa ao ver seu rosto todo vermelho.

– Hum? - não entendi o que ela falou.

– Josh também? – ela falou olhando para o lado, como se não acreditasse. - Pobre Josh... Mamoru vai... - ainda continuava a falar consigo mesma.

– Taru-chan... o que você está falando?

Seus ombros se levantaram, surpresos, e vi seu rosto começar a ficar mais vermelho. Lentamente ela se virou para mim. Tomou minhas mãos, as apertando firme, e, com seus olhos brilhantes, me olhou.

– Não fique perto do Josh, está bem? - fechou a boca olhando para mim com firmeza. Pisquei algumas vezes, não entendendo o que ela quis dizer com isso.

– Ha-hai... – assenti, e ela respirou com alívio. - O que há de errado? – perguntei, e Hotaru olhou para baixo, largando minhas mãos.

– Na-nada de errado... só não quero que você fique ainda confusa pelo que você está sentindo e, bem... você ainda gosta do perseguidor, não é? Então... é melhor ficar longe de outros rapazes, se não... você sabe... nosso coração pode criar armadilhas, não é verdade? – ela disse e começou a rir.

Pisquei várias vezes.

Huh?

– Taru-chan? - O quê?

– Ahahaah... deixa para lá, Usagi-chan... não precisa se preocupar com o que estou falando... ahahah bem, vamos indo... tem muita coisa acontecendo nesse festival... - e tomou a minha mão novamente.

Eu não entendi o que ela quisera falar agora... mas, bem... tínhamos mesmo que aproveitar o dia.

Sorri, a acompanhando.

– O que você quer fazer primeiro, Usagi-chan? - Hotaru se virou para mim com um sorriso, e eu olhei para cima, pensando.

– Comer? – me voltei para ela com um sorriso.

– Hai! - Hotaru apenas sorriu, como se já soubesse o que eu iria falar.

###########

Aquilo era uma maravilha...

Realmente!

Nunca vira tanta comida num só lugar!

Doces... salgados...

Eu me senti no paraíso...

Meu estômago gritou... Nossa como gritou!

Eu estava tão felizzzz...!

– Suuugoiii... - falei quase babando. Ouvi Hotaru rir ao meu lado. Tinha muitas, mais muitas pessoas ali... todo mundo comendo... comprando e comendo mais um pouco.

E seria melhor ainda... se tudo isso fosse de graça.

Mas, como isso não é possível...

Abri minha bolsa e deixei o dinheiro separado para o ônibus... vi o restante que tinha ali.

– O suficiente... eh eh eh – murmurei, ficando quase cega de fome, e olhei rapidamente para Hotaru, sorrindo malignamente. – Vamos... Taru-chan... COMER! - falei bem alto e corri na direção de uma barraquinha ali.

Apenas ouvi as risadas de Taru-chan logo atrás enquanto eu corria para atacar a minha primeira vítima.

– O que deseja? - era uma estudante dali – tinha uma identidade ali no peito dela.

– Eu quero um destes - apontei para a comida na mão de um rapaz que estava ao meu lado - e aquele ali... e também... aquele outro! - fui apontando tudo para a menina... e ela apenas ficou me olhando por algum tempo.

– Para três pessoas? - ela perguntou anotando o pedido.

– Iie... só para mim... - sussurrei sem desviar meus olhos dela. A menina parecia assustada comigo.

Não sei por quê...

Eu estava apoiada com as mãos em cima do balcão, e senti que minha baba ficava caindo...

Bem, eu estava com FOME!

– O-okay... - ela disse, se afastando de mim rapidamente.

Ouvi a risada de Taru-chan e me voltei para ela.

– Você vai querer algo também, Taru-chan? - ela estava com uma mão na boca e as bochechas vermelhas.

– Iie, Usagi-chan. Pode ficar à vontade! - assenti com a sua resposta. Paguei a moça e me afastei com minha deliciosa comida.

NHAM, NHAM!

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E comi...

NOSSA COMO EU COMI!

Tirei minha barriga da miséria!

Ehehe...

Sério, estou num ponto em que posso explodir!

Acho que ataquei todas as barraquinhas que estavam ali... comi de tudo um “poucão”!

Mas agora... eu estava aqui...

Com tudo rodando...

Sentada numa cadeira e com a cabeça sobre a mesa...

Ahhh...

Minha barriga...

Estou me sentindo um pouco mal...

– Usagi-chan... você está bem? - vi a mão da Hotaru balançar diante meus olhos e pisquei, voltando a lembrar onde estava.

– Huh? - levantei um pouco a cabeça e vi os olhos de Hotaru me olhando.

– Ahahah acho que você comeu demais! - ela sorriu e pegou um guardanapo, limpou o canto da minha boca e se afastou. - Você está toda suja, Usagi-chan... ahahah!

Pisquei algumas vezes.

Oh!

Comecei a limpar meu rosto com o guardanapo.

– Gomen... eu me entusiasmei demais... - ela riu mais uma vez, e fiquei um pouco envergonhada.

Ahh...

Essa minha mania de perder a razão quando vejo comida na minha frente...

Eu fico cega!

É tudo tão bom... tudo tão delicioso...

E minha barriguinha pedia por tanto... que acabei comendo além do limite!

– Não precisa se desculpar, Usagi-chan... não achei que você estava com tanta fome assim... - corei mais uma vez e tive vontade de afundar minha cabeça em algum lugar.

Ugh...

Me senti mal de novo...

E...

Hum?

Que cheiro delicioso é esse?

Senti um cheiro doce vindo de algum lugar e levantei minha cabeça, procurando.

– Hum... você está sentindo esse cheiro, Taru-chan? - perguntei tentado captar de onde vinha.

– Hum? - ela também tentou sentir o cheiro. - Não estou sentindo cheiro de nada, Usagi-chan... - dessa vez me levantei da cadeira.

– Nossa... é muito bom o aroma! - falei já lambendo os lábios.

Era um cheiro de chocolate com... hum... morangos...

Delicioso... delicioso...

Minhas duas sobremesas favoritas...

Fui em direção ao aroma...

Taru-chan me acompanhou.

Começamos a nos afastar daquela multidão... e nos aproximamos de um lugar um pouco mais isolado.

Pisquei quando enxerguei uma barraquinha, logo ali, e não havia ninguém por perto.

Mesmo com o estômago entupido... pude ouvir um pequeno barulho pedindo por aquelas sobremesas.

– Ah... - ouvi Hotaru falar, e ela parou de me acompanhar. Me voltei para ela.

– O que houve, Taru-chan? - ela olhou para baixo e voltou para a frente.

– É Kino-san - falou apontando para a barraquinha. - É melhor não se aproximar, Usagi-chan... - virei a cabeça de lado, não entendendo.

– Por quê?

– Kino-san... arruma muita confusão, muitas brigas... e bem... ninguém consegue chegar perto dela - Hotaru pareceu um pouco desconfortável em falar aquilo, e eu voltei a olhar a barraquinha que estava longe.

– Hum... - parei um pouco, pensando nas palavras de Hotaru.

– Vamos voltar para o pátio... - ela parecia estar com medo.

– Mas o delicioso aroma está vindo dali - apontei para a barraquinha. - Hum... e esse cheiro está me matando... - não pensei duas vezes e caminhei na direção da barraca.

– Usagi-chan! - Hotaru sussurrou alto atrás de mim, mas eu continuei indo até ali.

Kami-sama...

O que será isso que Kino-san está fazendo para provocar tanto meu estômago!?

Uaahhh...

Que vontade de comer!

###########

Bisbilhotei rapidinho a barraca, e meus olhos se arregalaram.

Havia vários... mas vários bombons... embalados em papéis coloridos... e eram tão fofinhos os enfeites que ficavam em cima! O cheiro de chocolate estava bem forte ali, e olhei para o fundo da barraca.

E havia uma garota ali, de costas para mim. Seus cabelos castanhos estavam presos bem alto na cabeça. Segurava uma pequena panela enquanto derrubava o chocolate que estava quente – vi a fumacinha saindo dali – sobre algumas formas.

Oohh... e só de ver o chocolate sendo derramado como uma cascata negra, tive vontade de colocar meu dedo ali e comer... e comer... tudinho.

Mas o que me chamou mais a atenção foi a calma da garota ali...

Era até incrível vê-la trabalhando naquelas forminhas... Ela terminou de derramar o chocolate e colocou a panela de lado. Em uma vasilha que estava ali, ela pegou um morango e mergulhou num creme branco. Colocou o morango na forminha e voltou a derramar o chocolate por cima...

Ela fazia aqueles doces bombons com tanto carinho...

Sorri...

Hotaru me falou que ela fazia aquelas coisas na escola...

Mas será mesmo?

Para alguém trabalhar daquela forma...

Como se quisesse colocar seus próprios sentimentos dentro de cada bombom...

Não acredito que seria capaz...

– Sugoi... – sussurrei, e ela pareceu surpresa quando falei isso.

Virou-se rápido para mim.

Arregalei meus olhos, surpresa, ao encontrar os olhos verdes de hoje cedo.

– É você de novo! - falei abrindo um sorriso.

Era a menina que tinha me salvado quando caí da árvore.

– Então você é estudante aqui!

Ela piscou algumas vezes e olhou para baixo.

– Hai... – se voltou para mim.

– Sugoi! É bom vê-la novamente! AH! E muito obrigada por hoje! - abaixei minha cabeça, agradecendo.

– A-ah... – ela murmurou, e voltei a olhá-la.

– Taru-chan! Taru-chan! Venha aqui! - falei me voltando para Hotaru, que estava se escondendo ao lado da barraca. Peguei sua mão e a puxei para ficar ao meu lado. - Essa aqui é Hotaru-chan... minha amiga... - falei feliz olhando para a garota que continuava me olhando. - E eu sou Tsukino Usagi... pode me chamar de Usagi-chan!

– Ah... - falou ela novamente, e se virou, dando as costas para mim e voltando a fazer os bombons. Pisquei algumas vezes.

– E qual o seu nome? - esperei pela sua resposta.

– Kino Makoto... – ela falou num sussurro, e sorri mais uma vez.

– Ei... ei... Taru-chan... Mako-chan que me ajudou a entrar aqui! - falei olhando para Hotaru, e ela piscou algumas vezes.

– Ajudou? - Hotaru não entendeu, e voltei a olhar para Mako-chan.

– Hai! Eu esqueci o cartão que você me deu... e Mako-chan foi muito gentil ao me dar outro... – me voltei para Makoto, e ela parecia petrificada. – Ahaha, ela foi muito gentil mesmo!

– Ah! - Hotaru me olhou e voltou a vista para Makoto.

– Se não fosse por ela, eu não teria entrado... - sorri feliz por a ter encontrado novamente.

Mas logo fechei meus olhos ao sentir o aroma de chocolate.

– Hum... yammy... que cheirinho bom, Mako-chan... - Makoto logo voltou a se movimentar, mas não se virou para mim.

– Do-do que você me chamou? - a voz dela tremeu um pouco, e eu pisquei.

– Hum? Ah... Mako-chan... é o seu nome, não é? - sorri mais uma vez, colocando minha mão no rosto e me deliciando com o aroma. - Que tipo de bombom é esse?

– Sim, o cheiro está muito bom... - Hotaru falou ao meu lado, e eu a olhei. Ela tinha as bochechas vermelhas.

– A-ah... é... bombom de morango... uma receita de minha mãe...

Sorri quando ela falou isso.

– Suuuggooiii... quero um... - falei olhando para os bombons à minha frente. Cada um tinha um enfeite tão kawaii!

– Me-mesmo? - pisquei olhando para as costas dela.

– Hai! - sorri e me voltei para os bombons. - Eu quero esse daqui... - apontei para um com fitas cor de rosa em cima. - E esse também... - apontei outro com fitas roxas.

Mako-chan se virou para mim e limpou a sua mão num pano.

– O roxo... é de uva... o vermelho é de morango, o rosa é de cereja, o branco é de coco... e há esses outros com chocolates por dentro... - ela me mostrou cada um, e eu sorri mais uma vez, feliz... ehehe... vou comer um pouco de chocolate agora...

– Morango... sem dúvida, morango. Você gosta de uva, Taru-chan? - Hotaru parecia perdida com os bombons também, tanto que eu quase ri de sua cara, e ela piscou e olhou para mim.

– Hai... e também quero um de cereja... - ela disse tirando seu dinheiro do bolso.

Mako-chan me deu o bombom.

– O enfeite está tão bonito que tenho medo de rasgar... - falei olhando para Makoto, e a vi corar. Sorri pelo seu jeito, e o abri com cuidado.

Dei a primeira mordida.

KAMMMIIIIII –SAMMAAAAAAAAAAAA

QUE GOSTOOOOSSSOOOO!

Abri meus olhos.

– MAKO-CHAN! QUE DELÍCIA! - falei bem alto mesmo.

– Realmente é muito bom! - Hotaru falou com a boca cheia.

Como ela podia vender tal delícia e ninguém estava ali para comprar?

O rosto de Makoto ficou todo o vermelho.

– Qu-que bom que gostaram... - ela apertou as suas mãos, e sorri mais uma vez.

– Como sua barraquinha pode estar vazia!? - olhei para os lados, e parecia que todo mundo se afastava dali.

– É-é normal... – ela murmurou, e me voltei para ela. Makoto tinha os olhos tristes enquanto fitava o chão.

As palavras de Hotaru voltaram à minha mente.

“Ninguém consegue ficar perto dela... muitas brigas...”.

Franzi meu cenho...

Quem começara aquilo... quem espalhara essas coisas sobre a Mako-chan?

Ela é tão gentil... e é maravilhosa fazendo comida!

Ouvi algumas pessoas passarem atrás de nós e eu me virei para elas.

Era um grupinho de meninas que provavelmente estavam aproveitando o festival.

De repente...

Uma lâmpada acendeu na minha cabeça.

– Ei! Ei minna! - falei alto tentando chamar a atenção daquelas meninas. Elas se viraram para mim. - VOCÊS POR ACASO JÁ EXPERIMENTARAM ESSES BOMBONS? - falei mais alto ainda mostrando o bombom para elas.

– Usagi-chan? - Hotaru sussurrou atrás de mim.

Elas negaram com a cabeça, como se tivessem temerosas.

– NÃO EXPERIMENTARAM? KAMI-SAMA! VOCÊS NÃO SABEM O QUE ESTÃO PERDENDO! - ergui o chocolate e enfiei mais um pedaço na boca, fechei os olhos e coloquei a mão no rosto. - Huummm... o creme por cima do morango é uma delícia, te deixa com uma vontade de “quero mais”, então você dá mais uma mordida... - mordi novamente. - Huumm... o chocolate parece que brinca com sua língua e, pouco a pouco, quando você engole... um sentimento de felicidade começa a crescer em seu peito... - sorri mais uma vez e voltei a olhar para as meninas. Elas apenas continuavam a me olhar com seus olhos que não paravam de piscar. - Vocês não imaginam o que esse delicioso bombom faz com a sua mente... ahahah é como se você estivesse apaixonada... - sorri mais uma vez.

Elas continuavam quietas, com seus olhos sobre mim e meu bombom.

Será que eu consegui?

– É-é muito bom mesmo! - ouvi a voz de Hotaru e olhei de lado. Ela apertava o bombom e olhava para as meninas, com o rosto muito vermelho. - Se vocês comprarem, não vão se a-arrepender! - vi em seus olhos firmeza, não pude deixar de sorrir. - E-eu vou comprar até mais um! - ela se virou para Mako-chan e pediu mais um mesmo.

– Parece ser bom mesmo... - ouvi uma das meninas dizer, e as outras concordaram. Então essa logo se aproximou de nós e parou ao meu lado, olhando todos aqueles bombons.

– Diga se não são os enfeites mais lindos que você já viu! - falei feliz apontando. - Ahahah eu tive medo de comer o chocolate só por causa do enfeite... - a menina me olhou e sorriu, assentindo.

– Do que são? - ela se voltou para Mako-chan, e eu olhei para a menina de olhos verdes.

As bochechas dela estavam bem vermelhas, e seus olhos estavam surpresos.

– A-ah... o-o vermelho é de morango, o rosa é de cereja, o roxo é de uva, o branco é de coco... e esses outros tê-têm chocolate por dentro... - ela parecia nervosa, e não pude deixar de sorrir.

A menina sorriu mais uma vez e apontou o que ela queria.

– Eu gostaria de um de cereja... - Mako-chan assentiu, a menina pagou e pegou o seu bombom. Abriu o enfeite e deu a primeira mordida. Suas outras amigas continuaram atrás dela... Os olhos dela se abriram e ela colocou a mão na boca. - Delícia! - sorri feliz, e olhei para Mako... ela continuava muito vermelha.

– Ah? Sério? - disse umas das meninas. - Quero provar também... - as outras se aproximaram e começaram a comprar os bombons.

Olhei para Taru-chan, e os olhos dela se voltaram para mim.

Fiz um sinal de positivo para ela, e Taru-chan apenas sorriu, feliz.

E, como se fosse mágica...

Outras pessoas apareceram e começaram a comprar os bombons... e logo, logo a barraca de Mako-chan estava cheia.

Sugoi!

E ver o rosto vermelho de Mako-chan feliz enquanto vendia seus bombons... foi uma satisfação para mim.

Porque eu consegui ajudá-la também...

Mas logo...

Voltei a me sentir um pouco mal.

Ugh...

Não deveria ter comido tanto...

– Usagi-chan? - Hotaru tocou meu ombro, e eu a olhei.

– Tô passando mal... ahahah - eu ri com minha própria tolice e me voltei para Mako-chan. - Ja! Mako-chan! BOAS VENDAS! - acenei para ela e vi o seus olhos se voltaram para mim. Ela sorriu bonito e assentiu feliz.

Voltei a caminhar com Hotaru.

– Onde fica o banheiro, Taru-chan? - ela me olhou surpresa.

– Usagi-chan! Você está branca!

############

Ahhhh... eu não acredito...

Todo o meu dinheiro foi para o ralo...

Tudo... mas tudo que eu comi... tinha jogado para fora... argh... terrível... terrível...

Ahhhh...

Faz tempo que eu não vomitava... argh...

Que terrível... terrível...

E que vergonha!

Apertei a descarga.

– Está tudo bem, Usagi-chan? - Hotaru bateu na porta do banheiro. Recuperei meu fôlego e abri a porta.

– Haiii... - falei quase morrendo indo em direção à pia.

– Você comeu demais! - eu ri com o que ela falou, e comecei a jogar água na minha boca.

– Haiii... gomen por isso... novamente...

Sério... cada vez que eu estou com Hotaru eu acabo por fazer alguma idiotice... e acabo mal... aarghhh... baka Usagi! BAKA!

Abri minha bolsa e tirei minha escova de dente, mais a pasta dental. Uma mulher precisa estar prevenida, não é?

– Ahahaha... – Hotaru começou a rir, olhei para ela enquanto escovava meus dentes, e comecei a rir também.

############

Saímos do banheiro.

Olhei para dentro da minha bolsa, e vi que agora eu só tinha dinheiro para a passagem de volta.

Argh... droga...

Virei para Hotaru, e ela estava com um sorriso no rosto enquanto caminhávamos.

– Taru-chan foi sugoi com Mako-chan... - falei olhando para frente e sorrindo.

– Ah? – ela murmurou. Ri um pouco e a olhei. Hotaru estava bem vermelha, com seus olhos brilhantes.

– Hai, hai... foi suuuper sugoi!

Ela olhou para baixo, envergonhada.

– So-só quis ajudar... - eu ri novamente com o embaraçamento dela. Hotaru é tão kawaii!– E-eu nunca fiz algo assim... - colocou a mão no peito e olhou para mim, seus olhos estavam surpresos, como se não acreditasse que ela realmente tinha feito aquilo. Apenas comecei a rir, Hotaru me olhou por algum tempo e também passou a rir.

Realmente... ela é incrível...

– Tsukino-san! - ouvi uma voz atrás de nós, e me virei. Vi Hino-san ali com um sorriso. - Estava procurando por você... e ah! - ela olhou para meu lado. - Hotaru...

– Ah... Hino... - ouvi a voz amargurada de Hotaru e a olhei. Ela cruzou os braços e olhou para o lado.

– Hunf... a simpatia não é o seu forte... - Hino falou para ela e se voltou para mim com um sorriso.

– A-ah... Hino-san... estava procurando por mim? - pisquei algumas vezes. E brr... minhas pernas tremeram quando a vi. E meu coração estava batendo de desespero.

Kami-sama...

– Sim... - ela olhou para Hotaru por algum tempo e se voltou para mim. – Er... achei que você iria à minha peça!

Pisquei surpresa com o que ela havia falado.

Não era sobre Mamoru?

– Ah... AH! É verdade! Eu esqueci... gomenassai...

Ela balançou a mão na frente para que eu esquecesse isso.

– Está tudo bem... - sorriu bonito novamente e colocou seu cabelo atrás da orelha.

Kami-sama...

Ela era elegante até mesmo fazendo um simples movimento.

–Hotaru... seu irmão estava te procurando agora mesmo - Hino continuou a falar, olhando para ela. - Eu pedi para ele ir até o estádio com os outros, porque daqui a pouco a banda vai começar a tocar... pode ir até lá... - olhei para Hotaru, e ela continuava a ignorá-la.

Hum?

Hotaru não gosta dela?

– Banda? - falei olhando para Hino, e ela se voltou para mim ainda sorrindo.

– Sim... meu irmão vai tocar lá com o grupo dele. Eu o contratei em nome de minha sala, para um show de encerramento do festival...

– Ah? Encerramento? Mais já? - olhei meu relógio e era 19:43... AH?

19:43 jáááááá?

COMO É QUE O TEMPO VOOU TANTO ASSIM?

Bem, eu vi que já estava escuro...

Mas... mas... não sabia que já era tão tarde assim!

– A maioria das pessoas estará lá... se você quiser... pode ir assistir também.

Pisquei algumas vezes e assenti.

– Hai, hai eu quero! - Rei sorriu bonito novamente.

– Ótimo... – ela voltou a olhar Hotaru e apertou uma pasta que tinha em seus braços. – Hotaru, por que você não vai indo?

Olhei para Taru-chan, e ela apenas revirou os olhos e pegou meu pulso.

– Vamos, Usagi-chan...

Fui segui-la.

– Ah... quanto a isso... - Rei deu um passo à frente para nos deter. - Hum... eu gostaria de falar com Tsukino-san por um momento... em particular.

Gelei...

GELOU TUDO!

AH!

O QUE ELA QUER COMIGO?

CO-COM CERTEZA ELA VAI QUERER QUE EU EXPLIQUE TUDO O QUE ACONTECEU...

E...

E...

– Hum? O que você quer falar com Usagi-chan, Hino? - Hotaru a olhou feio. Rei olhou para o lado e se voltou para ela.

– Nós precisamos conversar... por isso quero que você vá primeiro, isso é entre nós duas...

As suas últimas palavras arrepiaram mais minha espinha.

Eu sabia...

EU SABIA!

É TUDO CULPA DO MAMORU!

TUDO CULPA MINHA! POR DEIXÁ-LO FAZER ISSO!

AAHHHHHHH KAMI-SAMA!

###########

Um tanto relutante, Hotaru foi em direção ao estádio.

E agora só estávamos nós duas... naquele corredor vazio.

Apertei minhas mãos na minha frente, tremendo que nem vara verde!

O-o que ela quer falar comigo...?

– Quer chiclete? - ouvi sua voz e apertei meus olhos.

Hum?

Abri meus olhos e os levantei até ela. Ela me oferecia um pacotinho de chiclete.

– Ah? Hum... iie... arigatou...

Ela pegou o chiclete, abriu o pacote e colocou na boca.

– Não consigo viver sem isso... - começou a mascar várias vezes, soltou seus cabelos, e eles caíram sobre seu ombro.

Kami...

Ela era tão bonita mesmo...

– Não precisa ficar nervosa... eu não vou te morder... – ela disse, e riu um pouco. Olhei-a sem entender. Rei suspirou, como se estivesse cansada. - Aahh... quase 10 horas viajando de avião... para chegar aqui e ainda ter que organizar esse festival... é difícil! - sorriu mais uma vez e se aproximou de uma janela.

Apoiou-se e tomou um ar ali.

– Ainda bem que já está acabando... você se divertiu? – ela se voltou para mim e eu pisquei algumas vezes.

– Ha-hai... estava ótimo! - corei um pouco.

Uaah...

Ela que organizou tudo isso?

Incrível... incrível...

– Que bom... - sorriu novamente e voltou para frente.

– Deve ter sido muito trabalhoso para você... - falei me aproximando dela, e me encostei na parede. Rei sorriu mais uma vez e abaixou a cabeça.

– Sim, foi... mas foi divertido arrumar tudo...

Sorri dessa vez.

Realmente... ela parece forte...

Ficamos em silêncio por algum tempo.

Rei ficou de costas para a janela e apoiou-se. O vento bateu em suas costas e fez seu cabelo balançar.

Mamoru... tem tanta sort...

– Eu só te segurei aqui para esclarecer umas coisas, que provavelmente te deixaram confusa - ela começou a falar, e mordi minha boca para que nenhuma palavra saísse. - Eu não sei por que Mamoru lhe disse aquilo, mas... rá... – ela balançou a cabeça e olhou para mim. - Não há nada entre nós... – ela sorriu, e eu pisquei algumas vezes.

– Huh?

– Nós não somos casados - abri bem meus olhos. - Bem, fomos, mas já estamos divorciados – ela olhou para baixo ainda sorrindo. - Nosso casamento foi arranjado pelos nossos pais.

Engoli em seco.

– Depois do falecimento do Dr. Masao Chiba, poderíamos ter cancelado esse acordo, já que tanto Mamoru quanto eu não queríamos isso, mas Mamoru precisava se casar para assumir as empresas de seu pai, e a empresa de meu pai estava com problemas. Então fizemos esse trato... ficamos casados até Mamoru atingir a maioridade e então nos separamos...

Ela ficou em silêncio depois disso, e então seus olhos se voltaram para mim.

Nani?

E-eles não são mais casados?

E...

E...

Atingir a maioridade?

Hum?

Então...

Desde quando eles eram... estiveram casados?

– Hi-Hino-san?

Ela sorriu novamente.

– Achou que eu iria te matar, não é? – ela começou a rir e colocou seu cabelo atrás da orelha novamente. – Olha, se eu gostasse mesmo de Mamoru, eu poderia matá-la, e jamais ter aceitado o divórcio, mas... Mamoru é apenas um amigo para mim... e isso nunca vai mudar...

Dessa vez tudo ficou rodando.

E, pode parecer estranho dizer isso...

Mas... me senti um pouco aliviada com as suas palavras.

Kami-sama...

Esse... esse...

– Nós nunca falamos isso para ninguém... o casamento foi um segredo por todos esses anos, mas aquele idiota do Mamoru teve que falar sobre isso. E acho que, de alguma forma... ele queria tirar alguma coisa de você...

Pisquei quando ela falou isso e a olhei.

– Hum?

– Para as ex-namoradas dele, eu sempre era apresentada como uma “amiga”, e apenas isso – ela parou, pensando, e voltou a me olhar. - Talvez com você seja diferente...

– Ah? - corei quando ela falou isso. Ela riu um pouco e se virou para mim.

– Talvez ele quisesse fazer você ficar com ciúmes, mas... ah... ele é tão burro, não acha? - ainda com minhas bochechas ardendo, a olhei. - Homens são burros... é tão difícil para eles notar que, com essas atitudes, não nos apaixonamos! E sim ficamos com raiva, não é verdade? - ela me olhou e voltou a olhar para frente, séria. - E eles são tão cegos... - seus olhos fitavam o espaço com tanta firmeza... - Não entendo como, apesar de tudo, não conseguem notar as pessoas ao seu lado... - a olhei surpresa, parecia que ela falava mais consigo mesma. - Eles não precisam criar essas situações para conseguir nossa atenção... porque... só um simples ato, uma simples palavra de ternura... poder conseguir muito mais... - seus olhos ficaram tristes de repente. - Podem conseguir nosso coração...– ela ficou pensativa por um tempo, e pensei se seria certo chamá-la de...

– Rei-chan? – sussurrei, e ela piscou alguma vezes. Voltou-se para mim. - Você está bem? Parece triste!

Rei continuou me olhando e abaixou a cabeça, colocando sua mão sobre os olhos.

– Desculpe... mas não era para eu falar isso, não se preocupe, não é com você... não estou interessada em Mamoru... - falou rapidamente.

– Ha-hai... - fechei minha boca.

Ela parecia tão triste enquanto falava aquilo...

Será que ela gostava de alguém?

– Então... não precisa se preocupar, Mamoru é todo seu...

Meu rosto esquentou... esquentou... esquentou demais com as palavras dela.

– A-ah... vo-você está enganada... e-eu não...

– Está escrito em todo o seu rosto... não precisa ficar envergonhada... – ela sorriu de lado e voltou a prender seu cabelo.

Calei minha boca novamente e apertei forte minhas mãos.

Mamo-baka...

Idiota... miserável... por que você faz isso...?

– Acho melhor você ir indo... o show está para começar... - ela olhou o seu relógio de pulso e voltou para mim com um sorriso.

– Ha-hai... - assenti. Rei sorriu mais uma vez e passou por mim, me deixando sozinha ali.

Ela era uma boa pessoa...

– ESPERO QUE POSSAMOS NOS ENCONTRAR EM BREVE! - falei bem alto. Ela parou de andar por um momento, pensei que ela viraria para me olhar, mas apenas voltou a andar e acenou com a sua mão.

Rei-chan... é realmente uma boa pessoa...

##########

Fui na direção do estádio...

Bem, eu não sabia onde ficava... Mas estava ouvindo um barulho de música, e vi ao longe um show de luzes saindo de um lugar... e acho que é lá...

E minha mente ainda borbulhava pela conversa que tivera com Rei-chan.

O MALDITO NÃO É CASADO!

ELE APRONTOU COMIGO DE NOVO!

AAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHH!
IDIOTA! IDIOTA!

EU ODEIO TANTO ELE!

– Tsukino-san... - ouvi uma voz diferente atrás de mim e me virei.

Vi aquele rapaz de cabelos loiros escuros presos num rabo de cavalo se aproximando de mim.

Ah... Zack...

Ele chegou e ficou ao meu lado.

– Está indo também para o estádio? - ele tinha um jeito sério enquanto me perguntava, colocou a mão no bolso e esperou por minha resposta. Assenti levemente. - Vamos juntos, então... – ele falou começando a andar.

Pisquei algumas vezes...

Ah?

Ce-certo então... eu acho...

Eu o segui logo atrás.

######

Não falamos durante todo o caminho.

Acho que Zack era o mais baixo dos amigos de Mamoru, tinha um jeito muito sério... e parecia que era alguém de poucas palavras. Não me atrevia a falar com ele...

Não... não...

Era melhor apenas segui-lo em silêncio.

Enquanto nos aproximávamos, pude ouvir a música tocando lá dentro... e parece que era muito boa!

Algumas meninas gritavam.

Será que era um grupo famoso?

Quando cheguei até a porta, olhei um enorme cartaz em que estava escrito "Three Lights”... e hum...

Eu acho que já ouvi falar desse grupo...

– Estamos aqui...

Hum?

Olhei para trás e vi que Zack estava falando ao celular.

Pisquei mais algumas vezes.

Nani?

– Já não era sem tempo... - me arrepiei com a voz e olhei para a porta de entrada.

Mamoru estava ali com sua expressão chateada.

E o primeiro pensamento que me veio à mente quando olhei para ele foi...

PLAYBOY IDIOTA!!!!

– Eu já vou indo... preciso estudar... - Zack falou, e me virei para ele.

Huh?

Ele não iria assistir?

Ele fechou o celular e partiu sem falar nada.

– Ah? Mas você não vai assist... - uma mão segurou meu pulso e me puxou.

Olhei para frente e Mamoru me puxou mais uma vez para segui-lo.

AH?

Quando ele fechou a porta atrás de nós... Pude ver a quantidade de gente que estava ali. Lá longe estava o grupo em cima do palco, com luzes por todo o local piscando no ritmo em que a música era tocada.

Mamoru me puxou novamente, começando a me guiar pelo meio daquela multidão.

Não consegui ver os cantores...

Mas, Kami-sama... Eles tinham lindas vozes...

– Mamoru! - falei, bem, gritei às costas dele.

A mão dele largou meu pulso e pegou a minha.

Uah!

Meu rosto esquentou pra valer!

O que esse idiota estava fazendo!?

– MAMORU! - falei mais alto tentando puxar minha mão do seu aperto.

– Pare de se... - não consegui ouvir por causa do som alto.

– O QUÊ? - puxei novamente minha mão, mas nada... ele era muito forte.

Mamoru parou de me puxar e se aproximou de mim... intimamente.

Que...?

Uaah...

Esquentou tudo aqui...

Ele colocou seu rosto próximo do meu e aproximou seus lábios de meu ouvido.

– Tente não se separar de mim... senão você pode acabar se perdendo...

E, da mesma forma que ele se aproximou... se afastou.

Levando consigo... todo aquele calor sufocante... e seu delicioso perfume.

Fiquei até um pouco tonta...

Ele voltou a me puxar... e, dessa vez, não resisti... O segui... com minhas bochechas queimando.

Uahh... Kami-sama...

Enquanto passávamos por algumas pessoas, olhei para as costas dele.

São tão largas...

Olhei para seus braços.

Fortes...

E sua mão estava segurando tão firme a minha...

Pouco a pouco... senti os dedos dele se mexerem, me fazendo corar novamente...

Uah... uah uah!

Ele está cruzando nossos dedos!

Uahhhh!

DOKIDOKIDOKIDOKIDOKIDOKI

DOKIDOKIDOKIDOKIDOKIDOKI

DOKIDOKIDOKIDOKIDOKIDOKI

DOKIDOKIDOKIDOKIDOKIDOKI

DOKIDOKIDOKIDOKIDOKIDOKI

DOKIDOKIDOKIDOKIDOKIDOKI

DOKIDOKIDOKIDOKIDOKIDOKI

DOKIDOKIDOKIDOKIDOKIDOKI

Fechei meus olhos, me sentindo muito envergonhada.

Era a primeira vez que alguém segurava minha mão dessa forma.

Abri só um pouquinho meus olhos, e vi que Mamoru estava olhando para mim, enquanto me puxava.

Seu rosto estava sério...

Fiquei com um pouco com falta de ar.

Estava escuro... e aquelas luzes piscavam por todos os lados...

E mesmo assim eu podia enxergá-lo...

Meu coração estava descontrolado em meu peito...

Mamoru apertou minha mão novamente e eu mordi meus lábios.

Ele se voltou para frente, continuando a guiar o caminho.

Kami-sama...

Eu não sei o que estou sentindo...

Por que eu me sinto dessa forma quando ele me toca?

Meu corpo reage tão estranhamente...

Então, depois de nos afastarmos o suficiente de todos ali... num local mais isolado, ele nos fez parar. Olhei ao meu redor.

Hum? Por que nos afastamos tanto assim? E...

– Onde está Hota...

Senti a boca dele sobre a minha.

Corei na hora.

As mãos dele contornaram minha cintura e ele me puxou para me encostar ao seu corpo.

Pareceu que eletricidade percorreu a minha pele.

Ele abriu mais os lábios e virou a cabeça para me beijar melhor.

E tudo que eu podia fazer...

Era deixá-lo fazer isso...

Kami... é tão bom sentir os lábios dele...

Como posso me sentir tão bem dessa maneira?

Abri minha boca e o deixei entrar... e ele me beijou com tanta vontade, sua língua explorava minha boca com fúria.

– Ah... – ele gemeu quando se afastou um pouco.

Com a respiração falhando, eu o olhei.

Mamoru lambeu os lábios e abriu os olhos. Beijou a ponta do meu nariz e encostou sua testa na minha.

– Por onde esteve? - sussurrou e olhou diretamente nos meus olhos.

– Nã-não lhe interessa... - murmurei brava, me lembrando do que Rei havia falado.

Ele apenas sorriu de lado e beijou mais uma vez minha boca.

– Esperei a tarde inteira para fazer isso... - sussurrou perto do meu rosto, para que eu pudesse ouvir. O som estava tão alto...

– Eu falei para você que isso não era para acontecer...

Ele beijou minha bochecha.

Ugh...

Idiota...

Vi-o fechar os olhos novamente quando beijou mais uma vez minha bochecha...

Ah... Kami... parece que vou pegar fogo...

Sua boca se aproximou da minha... e, com a respiração falhando... virei minha cabeça para o lado... tentando me afastar um pouco do calor dele.

Mas Mamoru beijou meu pescoço... E fechei um pouco os olhos, sentindo um imenso prazer por todo o meu corpo. Coloquei minha mão atrás da nuca dele, enquanto a outra, a apoiei em seu ombro.

Droga...

Chiba idiota...

Suas mãos apertaram minha cintura, e eu mordi os lábios.

A música estava tão perto...

E era tão boa de se ouvir...

Abri meus olhos, um pouco perdida.

– Hum... - Mamoru fez algo com meu pescoço e não pude evitar um gemido, apertando seu cabelo. E, meio enevoada, fitei o palco.

E...

Hum?

Essa voz...

Eu conheço essa voz...

Apertei um pouco meus olhos para enxergar a figura que estava bem ali, no meio do palco, cantando.

E...

Era...

UAH?

SEIYA?

Pisquei algumas vezes e tentei empurrar Mamoru para longe.

– Hum? O que foi? - ouvi a voz dele, estava um pouco grogue. Consegui me afastar dele e pisquei algumas vezes, ainda não acreditando.

AH!

Agora eu sei de onde eu o conhecia...

Ele havia aparecido na televisão com o grupo dele...

Three Lights... não era isso?

Sabia que conhecia!

Ma-mas ele não me disse que ele era tão famoso assim!

– O que você tanto olha? - a voz de Mamoru parecia brava.

– É o Seiya! – sorri, ainda não acreditando. - É realmente o Seiya! - eu ri dessa vez.

Continua...