Caminhando até os portões da escolar, tudo parecia tão vazio e como estariam os dois irmão depois da perda do caçula? Era triste perder um ente querido, ela sabia bem com cinco anos perdeu a irmã gêmea e com treze perdeu a mãe agora faltando dois meses para seu
aniversario de catorze anos ela se preparava, não para a felicidade de mais um ano e sim para alguém que nunca poderá comemorar esse dia.

Chegando ao interior da escola, o lugar parecia tão vazio e escuro, muitas pessoas de luto, tantas caras tristes,Shigo era muito querido, pois ele tinha bom coração, era alegre e principalmente nunca reclamou de sua vida que não era tão boa assim. Shigo era
o mais novo de três e por mais que tentasse ser único, mas sempre comparado com seus dois irmãos.

No céu nuvens cinza e pesadas escureciam aquela manhã que estava de luto, Kiriname e Isura sempre tão sorridentes e felizes
pareciam desolados e mesmo um sorriso forçado para receber os pêsames de quem virá o noticiário na noite passada, não era o bastante para disfarçar a total e triste situação dos dois irmãos. Só havia uma pessoa fria e insensível que conseguia caminhar por entre as colunas de mármore sem sentir a menor pena ou ao menos demonstrar infelicidade, Cas, ele andava de blusa de gola “v” roxa e
uma calça bege escuro rasgada nos joelhos, além de seu sapato desamarrado e seu meio sorriso assustador, nem pareciam abalados quando recebeu a noticia da morte de Hishiro Shigo.

– Cas já soube da morte de Shigo, que triste não é? Um garoto tão bom e tão jovem.

- Ah! Sim, bom garoto é realmente uma pena, mas as vezes o que acontece devi acontecer, quem sabe ele não foi para um lugar melhor.

– Af! Bobagem, não há outro lugar, ele está morto e nem teve a chance de se despedir das pessoas que o queriam bem, odeio essas ideias de que ele morreu porque Deus quis, ele morreu por que alguém o matou!

– Ok, não precisa ficar assim, desculpe se você não acredita em religião a culpa não é minha não culpe a minha fé por seus atos rebeldes.

– Não são atos rebeldes, será que vocês só pesam isso, tenha mente própria e faça seus próprios pensamentos e não coloque tudo nas costas de alguém que você nem sabe se existe!

– Não vou discutir com você por coisas tão tolas gosto de você demais para perder você para isso, só não tente me machucar por ser diferente de você.

–Teus atos te fazem diferente, meus atos me fazem mais forte, é a escolha sua se te machucarei ou não.

Julie é uma garota boa e por mais depressiva que fosse nunca foi tão grossa ao menos que falem de religião, ela é ateia por isso não crê em nenhuma forma de adoração a Deus. Passado o sufoco e
Cas sabendo que a discussão foi em vão, vai conversar com ela na aula de biologia:

– Me desculpe Julie, ninguém fica bem mentalmente depois de coisas como essa, falar de religião ou coisa parecida é somente um jeito que encontrei de ficar calmo com tudo isso.

– Tudo bem, entendo você, também estou nervosa, imagine uma das únicas pessoas que eu conheci morre misteriosamente, você entende não é?

– Claro, eu sei como se sente, perdi muita gente, até um grande amor, mas deixe isso no passado e viva a sua vida intensamente!

– É difícil ficar firme, quando o peso do mundo parece estar em suas costas, mas eu tenho que continuar por quem ficou.

– Sim, fique e eu lhe ajudarei com isso, vamos! Deixe que o tempo cure suas feridas e eu seque suas lagrimas.

Depois de tantas palavras bonitas e olhares entrelaçados, um silencio profundo toma a sala e um riso sincero de alivio e compreensão quebra esse grande torturador de mentes. Vivido o dia de luto a tarde era chegada a hora do funeral, em sua cidade era comum ser tocado musica em funerais, apesar de saber que esse costume tão era comum no Brasil Julie resolveu cantar talvez para sentir – se melhor, despedindo – se.

“Heaven's waiting for you

Just close your eyes

And say goodbye

Hearing your pulse

Go on and on and on” ♪

Depois de uma canção e varias lagrimas seria chegada a verdadeira hora de dizer adeus, com rosas em punho e a terra sendo jogada por cima do caixão todos estavam tão escuros tristes e frios quanto o céu desde manhã.

Para o pesar de quem ficou a noite cai tão escura e escassa quanto o dia, manhã sem sol e noite sem luar o céu parecia compartilhar a tristeza de todos ali e a que ainda estaria por vir.

Caminhando por entre as grades do cemitério estava Kiriname, triste e culpado por não ter acompanhado seu irmão ele vaga sozinho a note, o que ele não sabia é que mais alguém estava ali a sua espreita. Na sombra um ser de capa preta segurando uma shoot com desenho de um dragão em sua lateral, que estava apontada para a cabeça de Kiriname que cai rapidamente enquanto olha para onde veio o tiro, ainda vivo vê a tal figura se aproximar e sem reação sente arrancar sua cabeça apenas com um canivete de ponta afiada até o fim de seu último suspiro. A
figura some com a cabeça de Kiriname e deixa somente o canivete, como algo pode ser tão frio a ponto de fazer tal crueldade e quem suportaria tal perda? Só quem já viu a morte tão de perto pode saber qual dor e crueldade trazem esse mundo doente a qual vivemos.