It Will Rain

“Cause there'll be no sunlight

(Porque não haverá luz do sol)

If I lose you, baby

(Se eu te perder, querida)

And there’ll be no clear skies

(Não haverá céu claro)

If I lose you, baby

(Se eu te perder, querida)

Just like the clouds

(Assim como as nuvens)

My eyes will do the same

(Meus olhos farão o mesmo)

If you walk away, everyday it will rain

(Se você se afastar, todos os dias irá chover)

Rain, rain...

(Chover, chover...)”

Ela mais uma vez tentou se acalmar e dormir. Por que isso parecia ser tão impossível essa noite? Deveria ser como todas as outras batalhas, ela não tinha o que temer. Mas a batalha que haveria no outro dia a deixava perturbada, como se algo a avisasse que alguma coisa sinistra iria acontecer.

Konan se remexeu inquieta, o sono parecia fugir-lhe a cada novo pensamento. Flashes de Yahiko e Nagato apareciam sem padrão por sua mente e ela estremecia. O frio parecia congelar seus ossos e a chuva lá fora era perigosa. Ela não daria conta de dormir e se repreendeu, pois sabia que amanhã ficaria sonolenta e distraída na luta, o que poderia ser fatal. Não, nada vai acontecer, pensou. Afinal, eles estariam com ela, não é?

Passos no corredor a avisaram que havia alguém se aproximando, mas a garota de cabelos roxo-azulados sabia quem era. Seria capaz de reconhecer esse andar arrastado e orgulhoso a qualquer distância. Como se tivesse previsto, a porta se abriu e cabelos alaranjados entraram devagar pelo pequeno vão. Ele vestia apenas uma calça, como se o frio lá fora não o afetasse. E não devia mesmo afetar, pensou ela. Yahiko era seu próprio sol, ele era quente naturalmente. E era esse sol que iluminava seus dias, que a esquentava no frio e a protegia da chuva.

– Konan? Está dormindo? – murmurou Yahiko, tão baixo que se ela não estivesse prestando atenção em cada mínimo movimento seu, não seria capaz de ouvi-lo.

– O que foi, Yahiko? – perguntou, levantando-se e estremecendo por baixo da fina camiseta. O garoto andou até ela, sentando na beirada de sua cama.

– Não está com um péssimo pressentimento sobre amanhã?

– Você também? – ele riu.

– Não sei o que é isso. Tenho medo de perder você e Nagato. – Yahiko suspirou. Ele não suportaria perder sua pequena flor.

– Não se preocupe. Não vai acontecer nada demais.

– Espero que esteja certa.

Um breve silêncio irrompeu. Ambos apenas se olhavam, transmitindo algo que não podia ser descrito em palavras.

– Sabe que você é a coisa mais importante do mundo para mim, não sabe? – perguntou ele, pousando uma mão no rosto pálido da garota.

– Você é mais importante. Eu sou apenas o pilar que te sustenta. – falou ela, sorrindo.

– Não, não é. E se algo acontecer amanhã, quero que saiba disso. Estarei disposto a dar minha vida por você, minha flor. – falou ele, se aproximando mais. Konan ia dizer algo, mas Yahiko a calou com um dedo em seus lábios. – Não venha com desculpas. Eu quero alcançar a paz, mas se para isso tiver que me sacrificar, é o que farei. Só me prometa que você irá ficar bem.

– Yahiko...

– Apenas me prometa. Que você e Nagato irão sobreviver e alcançar a paz que tanto sonhamos.

– Eu... prometo.

– Não importa o que aconteça, nós vamos ficar juntos um dia, está bem? E então não haverá guerras, ninjas ou qualquer outra coisa que nos impeça de sermos felizes.

– Não aja como se fosse morrer amanhã, por favor. Está me assustando. – ela sorriu.

– Não sei o que vai acontecer. Pode ser que saiamos vitoriosos, como todas as outras vezes. Mas se algo ruim ocorrer, espero ter feito tudo o que queria antes de partir.

– O que está querendo dizer?

– Que eu te amo, Konan. – sussurrou ele, selando seus lábios em um beijo quente e macio.

– Eu também te amo, Yahiko. – sussurrou ela em resposta, quando se separaram tempo suficiente para isso.

Primeiro eles vieram leves, se tornando mais e mais quentes. Logo Yahiko também estava deitado e não era possível distinguir quem era quem, ambos estavam unidos como se fossem um só. Ele era o fogo que a esquentava e ela era o contraste perfeito para ele, sua delicada flor de origami. As mãos dele desciam rapidamente pelas costas de Konan, e as dela agarravam seus cabelos como se estivesse com medo de que ele pudesse partir.

E então a falta de ar falou mais alto e eles se separaram, permanecendo abraçados.

– Você vai ficar bem? – perguntou Konan, ainda arfando.

– Nós todos vamos ficar bem. É nisso que acredito. – respondeu ele, dando um sorriso sincero.

– Então eu também vou acreditar. – disse ela, rindo verdadeiramente. Nada mais importava naquele momento, ele era dela e somente dela. E nenhum pressentimento estranho poderia perturbá-los, tamanha era a força que os atraía.

Até que Yahiko soltou um bocejo, fazendo com que Konan risse.

– Está com sono?

– É claro, eu sou um ser humano! – respondeu ele, rindo também.

– Então vamos dormir, preguiçoso!

– Sim, senhora!

E antes que ela pudesse perceber, o ruivo tinha adormecido agarrado à sua cintura. Seu frio desaparecera, o arrepio ali presente não era mais que uma reação pelo toque dele. Ali era seu lugar, ela tinha certeza. Não havia outro lugar que a acolhesse como ela a acolhia. Pois as flores não conseguem viver longe do sol. E ele era seu sol, era ele que a aquecia. E pensando nisso, adormeceu também, com o rosto afundado no peito forte de Yahiko. Eles ficariam bem, era no que ela acreditava. E torcia para que estivesse certa.