– Summer, não faz isso!

Tirei minha atenção da faca e olhei para a porta da cozinha, era ele. Ele estava parado, pálido. Mas o que ele estava fazendo ali? Como sabia onde morava?

– Não se aproxime. - disse.

– Ei Summer, você não é dessas coisas. Abaixe essa faca, por favor.

– Você não sabe por que estou fazendo isso, então me deixe em paz! - gritei.

– Summer... - se aproximou.

– Não... Se aproxime. - repeti.

– Solta essa faca, vai. - pediu.

– Não vou soltá-la.

– Vou ser forçado a tentar tirá-la de você.

– Não me toca! Deixa-me em paz! - gritei - Tudo isso é culpa sua!

– Minha?! Culpa minha? - gritou. - Como se eu tivesse ido embora naquele dia, foi eu não foi!? Porque fez aquilo comigo Summer, eu...

– Não diga! - gritei.

Soltara a faca e cairá de joelhos ao chão, com as mãos na cabeça comecei a chorar.

– Summer...

– Me deixa.

– Só quero saber por que está assim.

Olhei para ele, suspirei. Levantei-me e corri até meu quarto. O deixando sozinho, outra vez.

Joguei-me na cama e ainda chorando, abracei o travesseiro. Aquilo me fazia mal, estava mal.

– Não era para me seguir, James.

– Você não disse que não era para fazer isso. - riu.

– Não consegue ficar sem rir de tudo?

– Sou uma pessoa feliz, meu amor.

Olhei para ele novamente, ele sorria. Por fora, por dentro sabia que ele estava sofrendo. E aquilo me machucava, não queria que ele se machucasse por minha causa, não queria causá-lo dor.

Ele se sentou de frente para mim e colocou sua mão sobre meu joelho. Suas mãos frias me causaram arrepios o que o fez rir disto.

– Não é engraçado. - disse.

– Gosto das sensações que causo em você.

Dei de ombros.

– Como descobriu onde moro?

– A sua amiguinha do cabelo laranja.

– O nome dela é Hayley.

– Tá o nome dela é Hayley. Enfim, ela me disse que morava aqui.

– Por quê?

– Porque eu perguntei. Dã.

– Idiota. - ri.

– Você riu! - sorriu como uma criança feliz.

– Suas caretas... São engraçadas.

Ele afastou uma mecha do meu cabelo que estava em meu olho e disse:

– O que estamos fazendo das nossas vidas?

– Eu não sei.

Ficamos em silêncio, que não era nem ruim nem bom. Era apenas...

– Porque foi embora? – ele disse baixo, como se quisesse que eu não escutasse.

– Não gosto de falar sobre isso.

Dessa vez ele estava olhando em meus olhos, como se procurasse algo que estivesse muito bem escondido.

– Você foi embora assim que te disse aquelas palavras.

– Isso não tem nada a ver. - menti.

Tinha tudo a ver, fui embora assim que ele me disse aquelas palavras. Não sei o que acontecesse comigo, apenas não gosto de ouvi-las. É como se rotulasse um relacionamento e quando eu e James estávamos juntos, eu tentava o máximo possível não rotular o que tínhamos até James me dizer "Eu te amo”.

– Se não foi por isso, porque não me deixa dizê-las para você?

– Porque não quero que diga, elas.

– Por quê?

– Isso já está ficando chato, James!

– O quê? Eu querer saber o que por que você me deixou daquele jeito? Estou começando a juntas os pedaços, você tem medo de amar alguém.

– Não é verdade.

– Então me deixa, me deixa dizer o que sinto por você.

De repente minha visão foi ficando escura e embasada, então não me lembrei de mais nada que aconteceu ali.

James.

Estava no Hospital, andando de um lado para o outro. Sem saber o que fazer, minha Summer estava em uma daquelas salas e ninguém naquela porra quer me dizer como ela está! E isso é tudo culpa minha, mas por um lado... Se eu não tivesse ido a casa dela, ela teria feito uma besteira. E seria bem pior, mas mesmo assim continuo tendo culpa. Não devia ter pressionado ela, não devia ter dito aquilo. Não devia ter feito nada...

Olhei para o quarto onde ela estava, sairá um médico de lá. Não sabia se tinha acontecido alguma coisa ou não com Summer, porque sua expressão não me mostrava nada. Ou eu sou burro pra caralho e não percebo nada! Ou posso ser os dois? Ah, sei lá!

Corri até o tal médico, e ele me olhou com uma cara tipo quando você não se alimentou direito e você pegou sua esposa na cama com o Ricardão, e... Que merda foi essa que eu disse?!

Parei com meu blábláblá mental e fui perguntar ao médico sobre Summer:

– Como ela está?

– Summer Todd?

Não, não filho da puta, sua mãe! Pergunta idiota.

– Ela mesma. Como ela está?

– O que o senhor é dela?

Senhor? Que chique, nem tenho trinta anos ainda e já sou senhor!

– Ér... - me enrolei um pouco - Amigo.

– Lamento, mas só dou informações sobre a paciente apenas para os familiares.

Nessa hora, perdi minha cabeça e gritei:

– Mas você está vendo algum familiar dela aqui?!

– Senhor, mantenha a calma.

– Não me peça isso! Eu só quero saber como ela está?! Será que é tão difícil você me dizer isso?!

Ele suspirou, olhou para os lados como se estivesse devendo para alguém e então disse:

– Só posso lhe dizer que ela está bem.

E saiu andando. Soltei um longo suspiro, e me sentei. Pelo menos não é nada grave.

– Como ela está? - era uma voz feminina.

Olhei para ver quem era. Era a amiga de Summer... Como é o nome dessa garota mesmo? Rayane? Não, é Hayley. Nossa Rayane e Hayley? Nada a ver.

– Apenas me disseram que ela está bem. – suspirei.

Ela se sentou ao meu lado, pegou em minha mão sorriu e disse:

– Ela vai sair logo, vai ver.

– É culpa minha.

– Não é. Su não estava se sentindo bem alguns dias atrás. Não tem nada a ver com você, pelo que ela me disse.

– O que ela tinha alguns dias atrás?

– Ela estava tendo uns enjoos e vomitando toda hora. Disse para ela ir ao médico, mas ela disse que não era nada.

– Mas olha o que aconteceu! - quase gritei com ela. - Me desculpa, é que esse desmaio repentino da Summer me deixou perturbado.

– Tudo bem. Acho melhor você ir para casa, está com uma cara péssima. Se derem alguma notícia dela, eu dou um jeito de te avisar. Tudo bem?

Suspirei e disse:

– Cadê teu celular?

– Pra quê?

– Vou te passar meu número. Dã.

Ela deu um riso tímido e me entregou o celular. Anotei meu número e lhe devolvi o celular.

– É pra me avisar, tá?

– Pode deixar. Ah, seus amigos vão vir mais tarde.

– Tudo bem. Vou indo... - apontei para ela.

– Hayley. - revirou os olhos.

– Eu sabia, só estava te testando.

Ela riu.

– Tchau Hayley.

– Tchau. - acenou.

Dias depois. - 20h45minhs.

Summer.

– Já disse que estou bem. - disse a James pela sétima vez.

– Tá. Então, precisa de alguma coisa?

– Preciso.

– O quê?

Bati ao meu lado na cama para que ele se sentasse ao meu lado.

– Fala Summer! - disse o mesmo se sentando ao meu lado.

– Quero que fique calmo. - ri.

– Não dá. Deixou-me preocupado sabia?

– Me desculpe. Aconteceu muito rápido e também não se impede um desmaio, Jimmy.

– Mesmo assim. - disse passando a mão sobre meu cabelo. - Nunca mais faça isso comigo.

Ri.

– Vou tentar.

Ele me abraçou e começou a fazer carinho em minha cabeça, assim como era quando erámos namorados. Sentia tanto falta daquilo. Dos carinhos dele... Tudo.

Então ele parou de fazer carinho em mim, e começou a fitar o nada.

– Tá olhando para onde? - perguntei.

Ele não me respondeu.

– Jimmy?

Nada.

– Jimmy! - gritei e ele me olhou assustado.

– Oi?

– Pra onde estava olhando? - perguntei novamente.

– Ahn, não era nada. - disse - Vou indo agora, precisar de alguma coisa me liga.

– Mas já?!

– É. Você precisa descansar e ficar um pouco sozinha.

– Ahn, tudo bem. Se for o que está dizendo. - sorri fraco.

Ele se levantou rapidamente, me deu um beijo na bochecha e foi até a porta, mas parou para me olhar.

– Se cuida, minha linda. - sorriu e saiu.

Suspirei e me deitei. Não entendi o motivo daquilo, mas também resolvi não dar importância. Vai ver não é nada de importante.

Fechei os olhos e espero dormir tão bem que acorde apenas amanhã. Preciso de um descanso.

...

– Gente! Estou bem! Só foi um desmaio.

– Vai falar "Só foi um desmaio" para o Rev para você ver o que ele vai te falar. - disse Zacky.

– Primeiro: Eu não falo assim. - revirei os olhos - Segundo: Ele nem ia se importar. Isso é fato.

– Ele quase não dormiu quando chegou lá no Hotel. - agora era Shads que falava.

– Falando nisso, por quanto tempo vão ficar por aqui?

– Acho que por mais um mês. - disse Johnny. - Precisávamos de férias.

– Preguiçoso. - disse Zacky.

Todos olhamos para ele. Porque, quem era Zacky para dizer que Johnny é preguiçoso? Quantas vezes não peguei aquele gordo maldito dormindo no sofá da minha casa quando eu voltava da cozinha. Detalhe: ele só acordava quando sentia cheiro de cerveja ou bolo. Sim, ele é muito passa-fome. Ás vezes acho que Gena largou, segundo ele, eles deram um tempo, ele pelo fato dele nunca saciar essa fome !

– Falou o mais preguiçoso da banda! - disse James aparecendo no meu quarto. - Não me bate Summer, sua amiga do cabelo laranja me deixou entrar.

– O nome dela é Hayley! – Brian e eu dissemos todos juntos.

– Tá, o nome dela é Hayley. Não vou me esquecer disso.

– Vai sim. - disse Brian.

– Cala sua boca, Puta-Haner. - disse James.

Rimos.

– Não comecem, por favor, garotas! - disse Shads.

– Mas que porra de mania de chamar a gente de garotas, Shadows! - Brian reclamou.

– Para de reclamar, todo mundo sabe do teu caso com a Bolota do Zacky. - disse James.

– Vai-te foder, Sullivan. - disse Zacky o fuzilando.

Aqueles cinco pareciam idiotas. Mas idiotas que você ama estar por perto, cresci com eles. São como irmãos para mim, exceto James é claro. Bom, no começo ele era... Até eu começar a gostar dele e ele de mim e começarmos a namorar e ele me dizer aquilo e acontecer tudo que vocês já sabem.

Hayley apareceu no quarto, todos a olhamos, e Brian foi direto abraçá-la. Reviramos os olhos e então, Brian, Hayley, Zacky, Shads e Johnny resolveram ir embora e deixarem James cuidando de mim. Mas eles saíram todos aos poucos para que não percebêssemos o que estavam fazendo. Até Johnny ir embora e ficar apenas eu e James no meu quarto.

– Fui só eu que percebi ou... - o interrompi – É. Eu também percebi.

Rimos.

– Como se fossemos fazer alguma coisa. - ele disse.

– É. - concordei. - Idiotas eles, não?

– É. - disse se sentando ao meu lado. - Como você está?

– Bem. Já estou melhor.

– Não está sentindo nada?

Nesse momento quis falar que meu coração estava tão acelerado que quase sai para fora da boca quando James se sentou ao meu lado . Mas resolvi não comentar nada.

– Ahn, não. Nadinha.

– Tem certeza?

– Tenho sim. - olhei para os lados.

Ele pareceu acreditar, pois deu de ombros e deitou sua cabeça em minhas pernas. Ele olhou para mim, sorriu e disse:

– Faz carinho em mim igual quando erámos... Namorados?

Arregalei meus olhos o que o fez rir e disse:

– Como?

– Carinho, sabe... Você passava a mão no meu cabelo e... - olhou para os lados - Deixa pra lá, apenas faz carinho. Por favor?

– Tudo bem. - sorri.

Ele sorriu e comecei a fazer carinho nele. Era quase como antes. Quase.

Antes eu fazia carinho nele, mas ele sempre interrompia para me beijar ou coisa do tipo .

– Bom... Como vai a banda ?

– Ah, vamos bem. Lembra quando te disse que um dia íamos ser famosos pra caralho e ter fãs espalhados pelo mundo todo ?

– Lembro. - sorri. - Lembro sim.

Flashback On.

– Ei Summer, gostou do ensaio?

– Se gostei? Eu amei Jimmy! Vocês são muito perfeitos! - sorri.

– Ah, muito obrigado. - sorriu - Vem aqui.

Puxou-me pela manga da minha blusa laranja até ele.

– Um dia vamos ser famosos pra caralho. - sussurrou em meu ouvido. - E ter fãs no mundo todo. Vários.

Sorri.

– Mas não vai esquecer-se de mim, né?

– Isso nunca.

– Promete?

Selou nossos lábios e juntou sua testa a minha.

– Prometo.

Flashback Off.

– Então, é coisa de louco! Temos fãs em tudo que é lugar, e os shows Summer? Ensaios. Tipo, as garotas jogam calcinhas no Shads.

Tive que tapar minha boca para não gargalhar.

– E o que Shads faz com essas... Ahn, calcinhas?

– Ele fala que as devolve. Mas já o peguei guardando uma no bolso.

– E a Val sabe?

– Não! Só eu sei dessa história de guardar calcinha no bolso. Não conta pra ela pelo amor de Deus!

– Mas não vai ser você que vai contar.

– Mas Shads sabe que só eu vi o que ele fez se a Val ficar sabendo, sou um cara morto.

– E não queremos isso...

Ele se levantou e ficou de frente pra mim. Ele sorria como um cara que ganhou na loteria.

– Não quer que eu morra.

– Claro que não! É importante para mim.

Ele sorriu mais ainda, o que fez com que eu sentisse minhas bochechas esquentarem.

– Fica tão linda quando tá vermelhinha. - se aproximou para alisar meu rosto.

– James...

Ele se aproximou mais ainda.

– Tô com tanta saudade de você... - ele disse.

– Tá é?

– Muita...

Ah, James... Como sinto sua falta. Dos seus beijos, dos seus abraços íntimos. Meu amor...

– Eu também sinto tua falta...

– Sente mesmo?

– Sinto... Muita.

Então ele se aproximou e ...

– Ei Summer voltei pra pegar minha... Eu atrapalhei alguma coisa muito séria, não é? - disse Zacky aparecendo na porta do meu quarto.

Suspiramos e James se afastou, fuzilando Zacky.

– Quer saber? Eu volto depois e... - James o interrompeu - Deixa gordo, eu já estava indo mesmo.

– Ah, estava? - disse eu e Zacky juntos.

– É. Tô com sono.

– Ele pode dormir aqui pra cuidar de você, Summer? - perguntou Zacky.

Eu e James o olhamos surpresos. Zacky não é burro, tem cara, mas não é. Ele sabia o que ia acontecer até ele chegar e provavelmente estava tentando se redimir. Mas não sei se seria uma boa ideia.

– Ahn, cuidar de mim?

– É. Para você não desmaiar de novo! Dã.

– Mas, se a puta do Haner sugou sua memória, ela desmaiou quando estava... Conversando comigo.

– Mas dessa vez você vai cuidar melhor dela e não vai deixar que nada aconteça com ela, né ?

– Hum, hum. - disse James. - Posso dormir aqui, Summer?

– Ahn, pode sim. - sorri fraco.

Sorriram principalmente James. Zacky sorria como um pai que deu um empurrãozinho para filha namorar o cara que, supostamente, é bom o suficiente para ela.

– Bom, depois eu pego minha blusa. Brian tá nervoso comigo porque o fiz voltar para pegar minha blusa. - sorriu tímido.

– Tem certeza que... - Zacky o interrompeu - Não sou gay, Rev! Esqueceu-se da Gena?

– Vai saber você não pagou para ela pra ela fingir que é tua namorada e que você é Homem pra caralho e não que é uma Puta-de-Merda?!

– Vai tomar no teu cu! - o fuzilou - Vou indo Summer, tchau.

– Tchau Zee. - acenei.

Zacky saiu do quarto, me deixando a sós com James. Será que ele ia fazer aquilo outra vez?

...

– Onde vou dormir mesmo? - perguntou James pela centésima vez.

– Onde quer dormir? Não me importo se dormir aqui mesmo no quarto. - sorri fraco.

– Sério?

Fiz que sim. Não me importava mesmo, contando que ele ficasse de um lado e eu do outro. Estava ótimo para mim.

– Então vou dormir aqui mesmo, vou me comportar .

– Promete?

– Ahn, não me faz prometer uma coisa que não posso prometer.

– Disse que iria se comportar!

– E vou. Dependendo do seu pijama... - sorriu maliciosamente.

– James! - quase gritei.

– Desculpa. - riu.

– Idiota. - revirei os olhos - Vou tomar um banho, não demoro. Se quiser, pode me esperar lá embaixo.

Ele assentiu que sim e saiu do quarto.

Soltei um longo suspiro e fui até o banheiro. Fechei a porta, não tranquei como das outras vezes. Podia passar mal outra vez. Era apenas prevenção. Não é? Não é só porque James está aqui que vou deixar a porta sem trancar pensando que ele vai abrir a porta... Como já fizera antes. James...

Suspirei outra vez, me despi e liguei o chuveiro. Deixei no quente, precisava de um banho quente para esquecer tudo que me aconteceu. Esquecer que eu e James tivemos aquela "discussão”. Olhei para baixo, e comecei a chorar. Sem motivo nenhum. Apenas me lembrei do tempo em que me sentia tão viva. Ele me fazia me sentir assim, porque estávamos bem. Estávamos juntos.

Mas agora não estamos mais. Estamos distantes um do outro. Como se fossemos irmãos que estragaram o laço que tinham em um relacionamento tão... Tão intenso. Tão forte. Tão... Tão bom.

Mas como sempre tem alguém para estragar tudo e esse alguém fui eu. Porque fui tão infantil? Tão fútil. Eu não queria que tudo entre nós se acabasse, se destruísse. Mas graças ao meu maldito orgulho, fiz tudo isso em um piscar de olhos. Agora nada é a mesma coisa. Não mais. Nunca vai ser.

Parabéns Summer.