Lágrimas por Amor escrita por Aki Nara
_ Ah! Asuka-sama. Imediatamente.
O barulho da trava destrancando era o sinal para que entrassem. Ele fez a gentileza de abrir para que ela passasse e a seguiu.
_ Você não vai dormir?
_ Por que eu sinto que quer se livrar de mim? Eu acho que ninguém vai se importar se eu usar um dos quartos para hóspedes.
_ Costuma dormir na casa dos outros?
_ Eu sou quase de casa. A estranha é você.
_ Faz sentido... – calou-se para desabotoar o casaco.
_ Umi-san. A senhora Kaneshiro a aguarda na sala de música para que lhe faça companhia.
_ Claro – encontrava-se feliz por se afastar de Asuka.
_ Deixe o casaco aqui menina.
_ Sim, senhora – jogou-o para Okada-san e saiu apressada.
_ Por “aí” não. Primeira porta a esquerda... – ele acompanhou-a com os olhos até vê-la sumir atrás da porta.
_ Que tonta.
_ Meça as palavras, Okada-san – Asuka recomendou enquanto batia carinhosamente no ombro da mulher. – Poderia preparar um quarto para que eu possa dormir por algumas horas?
_ Claro, Asuka-sama. Poderá usar o quarto de sempre.
_ E por favor... Avise que estou aqui. Estou fora de casa desde ontem. Minha mãe deve estar preocupada.
_ Perfeitamente.
x-x-x
Kenzo seguia uma rotina diária com rigor. O dia havia transcorrido rapidamente ao assistir seus pacientes transplantados. E agora, em seu consultório, ele parava para descansar e pensava no que seria melhor para a “pequena rosa do mar”.
Como explicar a situação aos pais sem revelar que Umi recebeu o transplante de córnea de Maya? Como ajudá-la sem que haja a necessidade de adotá-la? Estaria ele tendo motivos egoístas para afastá-la? A porta se abriu revelando a enfermeira que trazia os históricos dos últimos pacientes.
_ Já acabou o recreio? – ele sorriu para a enfermeira
_ Infelizmente já, doutor.
_ Otake-san. Quantas consultas há para serem atendidas, ainda hoje?
_ Mais dez, doutor.
_ Tanto assim? Pelo jeito isso vai demorar... Peça para a telefonista ligar para casa e avisar que jantem sem mim.
_ Claro, doutor – ela deixou o monte referente aos pacientes na mesa antes de sair.
Ele lia o histórico do próximo paciente quando o telefone tocou.
_ Dr. Kaneshiro?
_ Sim?!
_ Ligação da senhora Baba de Osaka.
_ Pode transferir – ele aguardou alguns segundos antes de falar novamente – Boa tarde, Baba-san. Como a senhora está? Há algo diferente preocupando-a?
_ Boa tarde, doutor. Eu estou bem. Oh! Não é nada comigo, mas estou intrigada...
_ Se eu puder ajudá-la.
_ Bem... Quando um paciente recebe um transplante de um doador que não é da família, há como saber quem é o doador?
_ Depende de cada caso... Quando há o falecimento do doador normalmente a família prefere que não seja revelado. Mas porque está intrigada? A senhora sabe quem é seu doador, afinal recebeu o transplante de seu irmão.
_ Que Deus o tenha. Um jovem me procurou esta manhã... Disse-me que se chamava Asuka Tsuki. O senhor o conhece?
_ Sim, conheço-o.
_ É um rapaz educado e bom, mas achei-o um pouco... Como direi... Entristecido demais para a idade. Ele está procurando a pessoa que recebeu o transplante de córnea da irmã.
_ Realmente ele ainda não conseguiu superar a morte da... irmã. Mas, não se preocupe mais. Farei o que estiver ao meu alcance para aconselhar o rapaz. Obrigado por avisar.
_ Então, fiz bem – a mulher suspirava aliviada no outro lado da linha.
_ Com certeza. E não me deixe de ligar se sentir qualquer reação diferente, por favor.
_ Claro, doutor. Eu até teria o prazer de sentir algo diferente para ser atendida novamente pelo senhor, mas nada ocorre de errado.
_ Felizmente, Baba-san.
_ Cuide-se, doutor. Até outro dia. Quem sabe?
_ Até.
A porta se abriu novamente e a enfermeira pôs meio corpo.
_ Doutor, o próximo paciente pode entrar?
_ Daqui a cinco minutos. Preciso fazer uma ligação.
_ Okay – ela fechou a porta novamente.
O número que ele discou chamava.
_ Madre Celeste?
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O que será que o doutor falará para a Madre?