Lágrimas por Amor escrita por Aki Nara


Capítulo 28
Capítulo 28 - Desespero




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Três horas haviam se passado, mas o som da sirene ainda ecoava em sua mente. Umi foi atendida na emergência e transportada diretamente para a sala de cirurgia. Pela primeira vez, Kenzo aguardava do lado de fora, como um mero expectador impotente.

Como bom médico que era, quase sempre pensava em como dar a notícia de forma clara, mas quase nunca isso era despido de dor. Com Maya ele experimentou a dor da perda de um ente querido e agora, experimentava o medo sufocante lhe paralisando a razão.

A porta se abriu e Nishimura saiu com um semblante carregado. As palavras de conforto que daria para algum familiar se voltavam contra ele, pois não conseguia sequer pensar em perdê-la. Engoliu em seco enquanto aguardava o veredicto como se estivesse preste a ser condenado.

_ Ela está bem. Porém, receio que não tão bem quanto gostaríamos.

_ Umi precisa de um transplante?

_ Sim... E urgente!

_ Quanto tempo nós temos? – empalideceu enquanto deslizava para o banco, suas pernas bambearam e suas mãos tremiam incontroláveis.

_ Como podemos estimar um tempo para um novo ataque? O que posso dizer é que ela precisa ser operada em no mínimo três meses.

_ O médico é você. Diga-me como podemos encontrar um doador para ela do dia para a noite? – gritou alterando a voz sempre calma.

_ Eu sinto muito... Ela ainda está no UTI. Se quiser vê-la...

Ele balançou a cabeça negando. Precisava de um tempo para se recuperar, caminhou depressa, passando rapidamente por corredores, desceu o elevador e seus pés quase corriam para alcançar a saída até que o ar frio queimou-lhe o peito. Ainda não tinha percebido que havia prendido a respiração.

O letreiro de néon chamava-o do outro lado. “Hell”, talvez aquele local fosse ideal para embotar suas emoções. Queria poder parar de sentir a dor que pulsava em seu peito. Precisava fugir para onde a realidade não pudesse alcançá-lo, por isso adentrou pela porta do bar aberto.

Depois de algumas horas e vários copos, Kenzo saiu cambaleando até o carro. Porém, nada havia mudado. Os sentimentos o acompanhavam. Percebia apenas o mundo dos bêbados, as imagens duplicavam ao seu redor para nem mesmo conseguir abrir a porta.

Que irônico! Um acidente poderia salvá-la, mas não conseguia nem dirigir seu próprio carro. Uma risada alucinada saiu de sua garganta enquanto desabava no chão duro do asfalto, as lágrimas contidas saindo juntamente como o lamento de um animal ferido.

Ele deixou-se ficar largado, deitado no meio-fio, como se fosse um enjeitado qualquer, nada mais lhe importava, quem sabe uma boa alma lhe fizesse o favor de passar por cima, estava derrotado, nada mais tinha valor sem Umi.

De repente, Kenzo sentiu-se agarrado por um par de mãos que o içaram. Ele foi obrigado a andar, depois foi largado e preso ao cinto de segurança no banco de passageiro do seu próprio carro.

_ O que está fazendo Kenzo? Venha! Você não pode dirigir neste estado – Asuka apareceu do nada em seu campo visual.

_ Você não é o único a sofrer... – respondeu olhando sem enxergá-lo nitidamente.

_ Agora você pode entender a minha dor – Asuka sussurrou muito mais para si mesmo e retirou o carro do acostamento rumo a casa dos Kaneshiro, não lhe parecia de bom tom que Kenzo passasse a noite, sozinho em seu apartamento.

Àquela hora as ruas estavam praticamente desertas, por isso desacelerava e avançava o sinal vermelho. Asuka se sentia cansado... A noite havia sido longa e exaustiva, pois se matava aos poucos cobrindo vários plantões. O sono estava chegando, mas esfregou a vista turva para se manter acordado.

Ele esfregou o peito sem atentar para o fato. Por vezes ainda doía e algumas vezes achava que jamais esqueceria Maya realmente. Ainda era difícil lutar contra o que poderia ter sido quando só lhe restavam boas lembranças. Ultimamente ela voltava para atormentar seus sonhos. Seria sentimento de culpa por estar apaixonando por outra mulher?

Asuka retirou um cartão do bolso e olhou fixamente por alguns segundos antes de guardá-lo novamente. Quando levantou os olhos novamente para estrada uma luz lhe ofuscou a visão. Ele foi surpreendido por um caminhão que surgiu numa curva. Não foi possível evitar a colisão. O reflexo deveria surgir antes do pensamento. O carro capotou.

_ Hattori. Chame a ambulância.

_ Ahhh! – A dor era insuportável. O sangue jorrava e enfraquecido delirou suas últimas palavras. – Maya... É... você?


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