Sinestesias escrita por Kalhens


Capítulo 1
Um dia ai


Notas iniciais do capítulo

Sem yaoi, nem lemon nem comédia, já aviso~
(É nesse momento que você para e pensa: o que tem nessa porcaria afinal!?)
Boa leitura :3



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‘’Desacordado’’.

Esse seria o único adjetivo digno para ele no momento.

Não muito honroso, claro, mas fazer o quê.

Ainda era melhor do que ‘’morto’’ ou ‘’despedaçado’’ ou ‘’explodido depois de detonar uma bomba em suas mãos’’, certo?

Balançava a cabeça enquanto ligava o fogo. Ou tentava.

‘’Idiota’’.

É.Também seria uma EXCELENTE definição para aquela besta orgulhosa.

Todo o apartamento ganhou um brilho alaranjado quando o isqueiro finalmente resolveu colaborar. Incrível como acender um cigarro era tão mais simples do que aquela lata velha que espalhava fedor de gás ao menor toque.

Agora... Como era mesmo?

Coçou a cabeça em dúvida enquanto o calor ia se espalhando sem pedir licença, engordando graças as venezianas fechadas e pedaços de pano que serviam como cortina e tendo ainda a cara-de-pau de trazer consigo uma gota de suor que escapou por entre os fios ruivos.

Senão lembrasse logo como fazia, o chocolate iria derreter em suas mãos, o que provavelmente não faria diferença pro chocólatra mor.

...

De mal-grado, pegou a panela fina debaixo da pia. Um pouco de decência, só pra variar.

A torneira tossiu antes de resolver funcionar, a água respingando, mal-educada.

Banho Maria. Nome mais estranho pra um pote boiando em outro pote.

Foi quebrando a barra aos poucos. Leis da física, né? Menor área de atuação, mais rápida a reação. Ou qualquer porcaria assim.

Colher, colher...Colher? Olhou a espátula de plástico pensando se faria muita diferença, a preguiça deixando a camada de gordura mal-limpa menos nojenta.

Tirou as luvas, as mãos úmidas pelo calor. Ah, ali está.

Dentro do pote de manteiga, claro. Por que a colher não estaria ali não é? Lugar perfeito para uma colher...

Mexendo, mexendo, mexendo. Quando a moça do orfanato fazia, dizia pra nunca parar de mexer. Se bem que ela fazia o chocolate, não ficava só derretendo a barra barata num potinho miserável que boiava num monte de água...

Ouvira ou lera em algum lugar que a páscoa não era só chocolate, era uma comemoração cristã pela ressurreição de Cristo. Por isso os ovos e coelhos e todo o resto da simbologia meiga e incrível da qual o capitalismo não pensava das vezes antes de se apropriar.

E, olhando para Mello caído na cama com ataduras em quase todo o rosto, não conseguiu discordar.

Tá, não estava tentando muito, mas pra que estragar o romantismo, pois afinal, caham, aquilo...Era mais do que só mais uma data assinalada no calendário.

Não era só chocolate, era uma nova chance de vida.

...

Certo, chega de palavras bonitas e frases de missa, esconder um possível ex-mafioso supostamente morto que quer pegar Kira não é de graça.

Calçou as luvas de volta depois de deixar a panela ainda quente ao lado da cama. Até pensou em rabiscar um ‘’Feliz Páscoa’’ ou qualquer porcaria que fosse para colocar junto, supondo que ele fosse se dar ao trabalho de ler algo com chocolate derretido ao lado, mas enfim.

Acendeu o cigarro, trancando a porta que rangia com cuidado.

Não era páscoa mesmo.


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Notas finais do capítulo

Sim, sim, eu sei que já se passaram... *faz as contas* quatro dias desde a páscoa, mas é que só agora consegui postar, então, FELIZ PÁSCOA A TODOS :D
Eu queria muito, tipo muito, muito mesmo bem muitão, uma capa.
Mas não gostei de nenhuma que achei //apanha. Se alguém tiver alguma sugestãaaao *pisca*
Consegui atingir um desafio que me fiz a um tempo: uma fanfic. De Death Note. Com o Mello. Sem lemon. Sem yaoi. Sem shonen-ai. E sem comédia.
Só não sei se valeu a pena :3
Grata a todos que leram,
Kalhens.