Eu Campista escrita por Katagyu Suzuki


Capítulo 16
Capítulo 16: O fim da missão


Notas iniciais do capítulo

Penúltimo capítulo /o/



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– Bruna… – eu não pensava em mais nada. Senti minhas lágrimas rolarem pelo meu rosto - Como eu fui a estúpida de deixá-la morrer?

– Não foi sua culpa – falou Lucy, colocando sua mão em meu ombro. Percebi que ela também estava chorando.

Virei-me para trás. Guilherme também estava chorando, o que eu achava um gesto fofo. Nico tinha virado as costas, mas eu também sabia que estava triste. Camila murmurava algo como: “Aquela baixinha estúpida” e estava mais uma vez, afiando Crucificce (que estava cheia de sangue e tinta preta) com uma pedra. Mas eu podia perceber claramente que entre um murmúrio e outro, caíam lágrimas de seus olhos. Larissa e Andrea estavam claramente chorando, sem disfarces e nem nada, e Lucy também, agora se sentando em meu lado e me abraçando. Mais uma vez desatei a chorar, porque lembrei quando ela fizera o mesmo gesto quando eu havia sido proclamada, a seis dias atrás. Depois ela me soltou e passou seu braço em volta dos meus, segurando meu ombro.

– Me digam – falou Hades com frieza – Quem foi que cedeu a alma para me libertar?

– Bruna, pai – respondi triste, minha voz trêmula – Uma filha de Atena, de oito anos.

– Certo – disse Hades, com uma cara feia por causa do “pai” – Como está o Mundo Inferior?

– Uma desordem – respondi – Mais algumas horas e as portas irão se abrir, e todos os monstros presos aqui irão fugir para a superfície…

Ele não falou mais nada. De repente seu rosto de tornou sombrio.

– Ela fez isso por uma boa causa – disse ele por fim – E eu sei porque.

Fiquei um pouco confusa por causa do “e eu sei porque”, mas ele devia saber o que todas as almas sentiam quando cruzavam seu território, então deixei pra lá.

– Porque então pai? - falei entre lágrimas – Porque?

– Primeiro porque ela queria o bem de vocês, da superfície e do Mundo Inferior – respondeu-me sem rodeios – E porque… Ela queria reencontrar seu irmão.

– O irmão dela… – repetiu Lucy, agora apertando meu ombro com tanta força que eu sentia minha circulação prender.

Então eu lembrei que Bruna disse que havia um irmão morto, que morreu a um ano atrás, na luta contra Cronos…

– Então vamos - falou Hades por fim – E parem de chorar, precisamos por ordem aqui.

Percebi que meu pai estava andando em direção a carruagem de Nix, fazendo um gesto para nós o seguirmos. Lucy largou meu ombro e o acompanhou, junto com os outros. Eu fiquei olhando fixamente para o que eu fiquei olhando todo esse tempo:

As facas de Bruna estavam jogadas no chão.

Eu não via sinal de seu corpo, ou sinal de sua alma, mas apenas as duas facas, que estavam guardadas nas bainhas.

– Vamos Dani – falou Larissa, chorosa, por trás de mim. Juntei as facas e fui embora, correndo para alcançá-los e sem olhar para trás.

Sem nem perceber, eu estava na carruagem de Hades, com todos. O ar estava tenso, ninguém falava com ninguém. Camila e eu éramos as mais tristes, e eu podia ver isso. Ela podia apelidar Bruna de coisas como dicionário ou enciclopédia, mas elas eram amigas sim.

Me mexi desconfortável na carruagem. Segurei as facas de Bruna com mais força ainda, mas eu não me sentia bem com isso. Procurei o colar de Nix no meu pescoço e o levantei em uma distância em que eu podia vê-lo: a foice com uma estrela na ponta (o símbolo de Nix) brilhava em minha mão. Lembrei-me então que ela dissera para Bruna algo como “Você terá um importante papel nessa trama”… Será que era nisso que Nix se referia?

– Pousando – anunciou Hades com sua voz fria.

Olhei para baixo: eu podia observar todo o palácio de Hades, uma completa baderna, e podia enxergar uma pessoa andando de um lado para o outro, totalmente preocupada, que logo vi que era Perséfone.

– Vocês conseguiram! – ela exclamou ao nos ver pousando, a uns poucos metros de distância – Hades, por favor…

– Eu sei – ele a interrompeu. Ela fez cara feia, mas sabia que não teria coragem de contrariar o marido.

Hades foi até os portões negros, e balançou a mão no ar, como se estivesse dando um adeus para a batalha. Em vez disso, apareceu em meio às sombras, seu elmo. O reconheci imediatamente, pois era o mesmo que aparecera em cima da minha cabeça na noite da semana passada.

Ele pegou-o e o colocou em cima de sua cabeça. Então começou a falar normalmente, mas não sei como sua voz estava triplicada e aumentada em seis vezes mais ou menos:

– Criaturas do submundo – ele começou – Seu soberano Hades retornou! Voltem para seus postos imediatamente, antes que todos tenham um cruel destino!

Todos se calaram. Eu não sei que poder meu pai tinha sobre eles, mas depois de alguns segundos, sem ninguém se mexer, todos caíram no chão, como se fossem torturados.

– AGORA! – meu pai tornou a falar – Antes que minha paciência se esgote!

Senti um calafrio, e tudo ficou negro por alguns segundos, mais precisamente uns dez, e quando me dei conta, todos os monstros haviam ido embora.

– O que… – comecei.

– Um poder sinistro – interrompeu-me Nico – É como se fosse um tele transportador mental, mas pelas sombras, e mesmo contra a vontade… Não sei explicar.

– Ótimo – murmurei – Entendi tudo.

Nico fez uma careta. Pelo jeito ele tinha ouvido. Depois me olhou com aquele olhar sombrio, que só os filhos de Hades tem, e eu fui obrigada a desviar o olhar: ele realmente ia matar alguém com aquilo.

– Esperem: – falou Gabi – Onde estão Bianca, Luke, Charles e Silena?

Olhei em volta: eles não estavam mais lá. Pelo jeito a magia de meu pai também carregava de volta as almas para o Elísio.

– E eu nem pude me despedir de Bianca… – falei tristemente.

Nico colocou seu braço em volta dos meus ombros.

– Não fique triste maninha – ele falou com um sorriso – Um dia eu te ensino a viajar pelas sombras, e então você volta pra cá pra conversar com ela.

Eu o observei de cima a baixo. Eu não podia pedir um irmão melhor que ele, nunca, jamais. Então eu o abracei.

– Então – disse Perséfone – Desculpe interromper o momento, mas vocês precisam ir embora.

Ela nos entregou uma bolinha para cada um de nós. Ela era negra, e vista de perto, era como se fosse de cristal, mas que dentro tivesse alguma fumaça negra.

Eu não sabia o que fazer com aquilo. Mas pelo jeito Nico, Guilherme e Andrea (os mais velhos) sabiam, pois fizeram o mesmo gesto: colocaram a bolinha no chão.

– Andrea… – falou Lucy – O que nós fazemos com isso?

– Resumidamente, coloquem-nas no chão e pisem nelas. Elas nos levarão de volta ao acampamento.

Sem demora, todos obedeceram ela, e colocamos as bolinhas no chão e pisamos nela. Tudo ficou envolto a escuridão, e ouvi barulhos estranhos, senti calafrios e a pele do meu rosto quase desgrudar, igual a quando viajei pelas sombras.

Então tudo ficou claro novamente: e eu percebi que estávamos de volta ao acampamento.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo é o último! :3



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