Inconvenient Ideal escrita por Kamui Nishimura


Capítulo 1
Capítulo Único : My Inconvenient Ideal


Notas iniciais do capítulo

Essa Fic eu ofereço todinha para a Aline VKei, por que ela é uma grande amiga, e me inspira a escrever cada vez mais
Obrigada Aline!!!
Agora, boa Leitura!



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Kai’s POV

Errado?

Não.

Imprudente?

Também não.

Loucura?

Talvez... em partes...

Um novo tipo de sentimento revelado?

Sim, com toda a certeza do mundo.

“Eu não sei quando e nem porque comecei a sentir isso por ele.

E também não sei quando ele começou a retribuir isso.

Mas a primeira vez que senti seus lábios nos meus, uma sensação tomou meu coração, o deixando inquieto, o deixando com as batidas descompassadas.”

                                                              ♥

Saí do piquinique na intenção de fazer companhia para o Toshiya.

Eu sei que deve ser um tanto estranho, mas o Myv, o Kaya e eu combinamos de passar algum tempo do dia com ele.

Eu também gosto de desenhos, por isso estava levando algumas coisas para fazer isso. E hoje, eu iria ficar a tarde com ele.

Chegando lá, ele estava encolhido, parecia cansado.

- Toshiya? – eu ainda estava parado na porta, analisando a cena.

Ele olhou para mim com a cara de choro. E eu fui até ele.

Institivamente ele se agarrou em mim, como se estivesse com medo.

- O que houve Toshiya? – perguntei envolvendo meus braços em seus ombros.

- Isso é horrível... é horrível ficar aqui, é horrível sentir essa dor...

- Toshiya, calma... você vai acabar estourando os pontos dos seus lábios.

Pude perceber que no braço direito dele, havia a marca de onde o cateter havia ficado.

Me sentei na cama, e ele se deitou no meu colo.

Eu nunca o considerei um inimigo, mas também não o tinha como amigo. E por mais que houvesse isso, realmente eu sentia que devia cuidar dele. Esse era um momento muito difícil, e não devia ser enfrentado sozinho.

Acariciei o rosto dele, enquanto ainda podia ouvir os sussurros dele reclamando.

Ele acabou dormindo, os medicamentos começaram a surtir efeito sobre seu corpo.

O coloquei direito na cama, e me sentei a mesinha que tinha ao lado.

Ele passaria um bom tempo naquele quarto, e aquele tom de branco, iria deixá-lo

maluco. E assistir TV o dia inteiro não adiantaria muito.

Peguei algumas folhas que eu trouxe e comecei a desenhar o Ichigo do Bleach, eu tinha lápis e aquarela, e poderia deixar o desenho bem colorido, para enfeitar um pouco a parede.

Quando percebi, eu já estava terminando de pintar e o Toshiya já estava despertando.

- Kai... desculpa eu a....

- Não tem nada, Toshiya... você estava cansado. Fiz um desenho pra você... – mostrei a folha para ele, recebendo um sorriso de recompensa.

- Eu gosto desse anime! – ele pegou o desenho e ficou olhando.

- Você pode colar na parede, se quiser... pra ‘quebrar’ o branco.

Ele concordou com a cabeça.

- Estou te devendo um desenho então... – ele se sentou na cama calmamente.

- Você que sabe...

Fiquei mais um tempinho lá, conversando sobre desenhos, músicas e outras coisas.

Me despedi dele, e voltei para encontrar a turma, que ainda estava andando por aí.

Os encontrei novamente no parque, Miyavi tocando o violão e acompanhando as vozes dos demais, numa canção do Luna Sea, que confesso ser a minha favorita. “ I for You”.

Me sentei ao lado deles, e aproveitei o finzinho da reunião.

[...]

- Kai como foi lá com o Totchi? – perguntou  Kaya pulando nas minhas costas.

- Ele estava um pouco mal pelo efeito da quimio... mas conversamos bastante.

- Os nossos horários vão ser esses mesmos, Kai-chan? – perguntou Miyavi.

- Não... A noite é melhor pra mim, por que a tardezinha, na semana, eu tenho que ajudar minha mãe.

- Você é um anjo mesmo!Tá bom, eu e o Tatsu vamos à tarde – riu o Meevs, dando um beijo no meu rosto.

[...]

Os dias foram passando, e claramente eu podia ver o quanto o Toshiya estava ficando mais ‘frágil’

Ele já com menos ‘Timidez’, ou seja, ele já não me tratava como se eu fosse um estranho obrigado a estar ali com ele.

Conversávamos, agora, como se fossemos amigos de longa data.

O pai dele, de vez em quando, a noite ia lá ver como ele estava, se ele precisava de alguma coisa, e isso me fazia Toshiya se sentir mais feliz com a presença dele ali.

Mesmo que eu nunca encontrasse o Toshi-san lá, o Toshiya ficava falando dele.

Estávamos desenhando juntos. Quando senti os dedos dele tocarem levemente as costas da minha mãe esquerda, deixando os ali por um tempo.

Senti minha face esquentar, e automaticamente encolhi o braço, deixando minha mão, fora do alcance dele.

Pensamentos confusos tomaram minha mente, me mantendo calado.

- Desculpa... – ele abaixou a cabeça, voltando a colorir o desenho.

Não respondi...

Meu coração palpitava, e eu acreditei que se eu pronunciasse algo, e ouvisse ele me respondendo, eu teria um infarto... Mesmo que tudo que ele dissesse fosse somente mais um pedido de desculpas.

Eu não entendi porque minha mente e meu corpo estavam reagindo dessa maneira.

Quando falei com ele novamente, já estava quase na hora de ir. Alias, eu apenas me despedi.

Eu estava juntando minhas coisas, guardei tudo na mochila.

- Você vai voltar? – ele perguntou, ainda sem me olhar diretamente. Confesso que me senti mal por tê-lo ignorado, mas sai sem lhe responder, eu não sabia como agir diante dessa situação.

Por mais que tenha sido apenas um toque com um ‘q’ de inocência.... eu não tinha reação...

Eu não conseguia entende-lo, simplesmente ele parecia um garoto bipolar, que agora estava numa fase de inocência e de ações meigas.

Mas por quanto tempo esse lado angelical duraria?

Eu não queria pensar que tudo isso era uma máscara que logo cairia, mas esse pensamento persistiu na minha mente.

Fui embora tomado por todos esses pensamentos. Eu não podia conte-los , e partes da minha mente diziam coisas confusas e desconexas.

Acho que no final das contas, o bipolar sou eu....

Cheguei em casa, meus pais não estavam.... deviam estar ainda no restaurante. Subi para meu quarto e me joguei na cama.

O celular começou a ‘berrar’ no meu bolso, e eu estava morrendo de preguiça de atendê-lo.

Eu queria tentar entender cada pensamento meu e construir uma tese mais próxima da realidade o possível.

Mas acabei pegando o celular, não agüentava mais aquela musica depressiva que era o toque musical. Olhei na tela, era o Meevs.... acho que isso é um sinal..

- Moshi...moshi... – respondi, tentando ocultar minha tonalidade confusa.

- Kai-chan... tudo bem? – perguntou ele, não sei o que houve mas parecia que o Myv estava preocupado.

- Tudo... por que? – minha voz ficou confusa, e acho que ele iria notar.

- O Totchi... me mandou uma mensagem, disse que você tinha ficado bravo com ele.

Agora que me toquei, que o Toshiya deve ter pensado isso pela minha falta de resposta.

- Não Meevs... ele não me deixou bravo, não ele fez nada. – tentei passar confiança.

- Ah....bom... caso ele faça alguma coisa que te incomode, você fala, tá? E eu converso com ele.

- De boa... ele não fez nada, não se preocupe...

- Até amanhã na escola, então...

- Até amanha, nee

Assim que desliguei o telefone, os pensamentos de antes voltaram a minha mente.

Tentei relevá-los e tentar dormir teria um longo dia amanhã...

Por que por mais que eu tivesse ‘acalmando’ o Myv, ele iria perguntar detalhes, ele e o Kaya iriam perguntar alguma coisa.

Fui dormir quase uma hora da manhã. E agradeci muito no dia seguinte por não ter sonhado com nada relativo ao que tinha acontecido.

Cheguei na escola e Kaya e o Miyavi já me cercaram.

- Kai-chan... o que houve ontem? – Miyavi perguntou discretamente ao meu ouvido.

- Não foi nada Myv.... ele só segurou minha mão e eu me assustei, só isso, não se preocupe... – sorri.

Ele me abraçou, e eu me senti mais uma vez seguro, como sempre me senti perto do Myv.

O Meevs sempre foi o super protetor, desde quando nos conhecemos. Foi isso que nos aproximou.

Depois o Myv e nem o Kaya tocaram no assunto, me deixando quieto com meus confusos pensamentos.

Pensando bem, eu estou fazendo tempestade em copo d’agua.

Ele só tocou na minha mão, não fez nada demais.

Fui ver ele, e não tocamos no assunto.... e se seguiram dois dias assim, falávamos bem pouco um com o outro, apenas desenhávamos como sempre.

[Três dias depois...]

E mais um dia se seguiu, e eu iria levar um desenho que ele tinha pedido a alguns dias, antes do acontecido.

Minha mãe me levou até o hospital, já que ela iria naquela direção.

...

Cheguei no quarto dele, e ele ria com um garotinho, que com certeza era o Koichi.

Entrei sorrindo.

- Oi! Você é o Kai-chan, nee – o menininho veio até perto de mim, me olhando com curiosidade.

- Sou sim, e você é o Koichi-kun, nee?

- Sou... – ele sorriu. - O Totchi nii-san falou de você pra mim... você que fez os desenhos pra ele, nee – ele apontou para a parede onde Toshiya colou meus desenhos.

Ficamos brincando com o Koichi. Até quando o pai dele, o Dr. Satoshi, foi buscá-lo. Depois que ele saiu, um silencio colossal se fez dentro do quarto.

- Kai... – depois de algum tempo calado, de uma maneira quase temerosa me chamou, como se ele achasse que eu sairia correndo dali.

- Sim... – respondi encarando os olhos castanhos dele.

Não deveria tê-lo encarado ele dessa maneira, por que senti meu corpo estremeceu só ao encará-lo.

Estávamos separados pela poltrona, mas parecia que ele estava muito perto, roubando todo o meu ar.

Eu não entendo o porque dessas sensações agora.

- Eu não queria ter te assustado...

- Você só me surpreendeu...

- Eu sei que você tem medo de mim, o passado ainda é muito recente... nee  - ele  abaixou a cabeça.

Meu coração se contorceu... eu estou vendo coisa onde não tem.... o Toshiya está....

Senti meu corpo se arrepiar ao perceber ele mais próximo a mim.

Ele segurou meu rosto e me encarou.

- Você tem medo de mim? – ele perguntou, e por um instante, achei que os olhos dele estavam cheios de lágrimas, mas eu não continuei a encará-lo para confirmar.

- Eu não tenho medo de você. – respondi sem erguer os olhos.

- Olha pra mim... eu quero ouvir com você olhando nos meus olhos.

- Se eu tivesse medo de você, não estaria num quarto sozinho com você... – Minha voz saiu muito mais alto que o normal e ele se afastou de mim temeroso. Eu o encarava, mas não de uma maneira superior, longe disso... era com medo de que ele não me entendesse...

Vi que ele  realmente estava com os olhos cheios de lágrimas.

- Toshiya.. não foi a minha intenção gritar com você... – dessa vez eu me aproximei dele, e o abracei, com medo dele rejeitar meu ato de desculpa.

Senti os braços dele me aproximando ainda mais de seu corpo, de maneira quase desesperada, para não me deixar fugir dele.

Esse aspecto dominador dele, me assusta um pouco.

Senti os dedos dele sobre o meu rosto, e logo seus lábios  tomaram os meus num beijo desesperado.

Meu coração ficou descompassado, minhas pernas bambas.

Eu demorei um pouco para reagir...

E ele continuou me beijando naquele desespero.... e comecei a corresponder, com uma calma que eu não tinha naquele momento.

Eu estava nervoso, não sabia se tudo isso, era apenas uma atração temporária, ou que era algo para me agradecer por estar ali num momento difícil....

Assim que nos afastamos um do outro, procurando ar... senti meu rosto esquentando.

Toshiya não me encarava, era como se ele estivesse envergonhado ou arrependido do que fez.

Eu não conseguia sequer verbalizar o que eu estava me sentido

Meus pensamentos ficaram mais confusos.

- Kai.... você.... – ele respirou fundo e antes que pudesse terminar a frase

Eu... disse uma coisa que nunca imaginei dizendo para ninguém, disse de uma maneira rápida e quase sem sentimento.

- Isso só enquanto esta aqui... lá fora não... eu não saberia como agir....

Não que eu fosse cruel, mas eu não sabia o que ele pretendia..

- Se você quiser... – ele continuou cabisbaixo, e sua resposta quase foi inaudível.

Não acredito que magoei.... que feri ele com palavras idiotas proferidas sem pensar duas vezes...

- Totchi.... – o puxei para sentar na cama. – Eu não quero que se sinta mal por isso.... É que nunca fiquei com nenhum garoto.... e por mais que eu tenha muitos amigos homossexuais, isso não quer dizer que eu já tenha me imaginado nessa mesma condição, entende? Eu me sinto inseguro com escolhas do tipo. E não quero te magoar...

- Eu entendo... Kai.... – ele não me olhou.

- Totchi... Eu quero ter certeza antes de tudo, ok?

- Ok... – ele olhou para mim, e instintivamente, eu o abracei.

Ele tomou meus lábios, agora num beijo calmo, e eu, mais uma vez correspondi.

Por mais que eu tivesse dito que estava confuso, ele ainda insistiu com um beijo.

A insistência dele, também me assusta.

Interrompemos por que ouvimos a porta se abrindo.

Eu fiquei vermelho mais uma vez.

Era a enfermeira, avisando que minha mãe estava me esperando.

- Já vou nee... – eu me levantei, e a enfermeira se retirou. Me despedi dele com um beijo no rosto. – Até amanhã, Totchi...

Ele assentiu com a cabeça, numa despedida muda...

[...]

Eu não saberia como agir com ele daqui pra frente. Eu precisava conversar com alguém...

Mas quem?

Eu nunca fui de falar para os outros o que acontecia comigo. Era um costume, nem com meus pais eu falava.... todos respeitavam meu silencio.

Seria muito estranho  eu chegar do nada, e começar a contar sobre minha vida pessoal.

Me contentei em escrever numa folha, aliás, em várias.

Escrevi todos os pensamentos que tive, desde os mais simples ao mais complexos, dos mais otimistas aos mais pessimistas o possível.

Passei horas lendo e relendo tudo o que eu tinha escrito...

Me surpreendi com o que tinha ali.

Principalmente no trecho que eu escrevi:  “Algo que necessito, e só agora eu percebi...”

Isso faz algum sentido?

Não sei, não sei.... eu estou muito confuso ainda

Guardei todas as folhas debaixo do colchão, longe dos olhos curiosos da minha mãe.

Acabei dormindo, e acordei com meu celular, com o alerta de mensagem.

Peguei o celular, o remetente era o Toshiya.

Esqueci que tinha deixado com ele o numero do meu celular.

Abri a mensagem, temendo o que deveria estar escrito ali.

“Boa noite...

Sei q ainda deve estar pensando no q eu fiz....

Mas acho q ainda tenho o direito de te desejar boa noite.

Até mais...”

Respondi com um simples boa noite, para não alongar a conversa, voltei a dormir, e tive um sono agitado... as lembranças me deixavam inquieto.

E acabei acordando, muito cedo, muito cedo mesmo...

Sentado na cama, ainda com sono, e não podendo dormir novamente porque perderia a hora de ir pra escola.

Foi ai que um pensamento resolveu passear pela minha mente....

E o que ele fez com o Uruha-chan?

Ficaria no passado, seria realmente esquecido? Eu poderia aceitar o Toshiya, sem ficar com receio de que o passado atrapalhasse qualquer coisa?

Acho que era isso que impedia qualquer ato de minha parte. O medo não era o porque eu nunca tinha ficado com outro garoto, e sim porque o Toshiya já havia machucado o Uruha.

Num ato quase impercepitivel ao meus olhos, peguei meu celular e comecei a escrever uma mensagem.

“Superaríamos o passado? Seguiríamos em frente sem medo? Ficaríamos juntos mesmo que os outros não nos vejam com bons olhos?Você não me machucaria?”

O destinatario, quase que eu não consegui adicionar. Mas, enfim... a mensagem foi enviada.

Em questão de minutos, três mensagens, que na verdade era uma só, dividida, chegaram:

1-                           “Superar o passado, somente eu poderia, pois foi um erro que cometi sozinho. Não vejo por que você carregar nas costas um erro que não é seu. Se você estiver disposto, pode me fazer companhia, nessa jornada que levará algum tempo, até que eu mesmo possa me perdoar”.

2-                           “ Se você estiver ao meu lado, eu não terei medo, e não deixarei que você tenha também... estariamos juntos, e nada mais importaria, nada poderia nos machucar”.

3-                           “Sei que ninguém vai ver um ‘romance’ entre nós com bons olhos, mas eu não vou desistir, agora que Kami-sama colocou alguém que eu possa amar de uma maneira doce, como eu sempre esperei, eu não posso desistir...E eu não quero machucar você... ”

Sorri... ele praticamente fez uma declaração de amor...

“Estarei disposto... quero corresponder esse amor...Mas vamos deixar isso entre nós, preciso ter coragem para falar isso para os outros”

x

“ Claro, vamos nos acertar primeiro...”

x

“Eu te acordei?”

x

“Não... eu não durmi...”

x

“Pensei que tinha te acordado. Mais tarde nos falamos então.... beijos.”

x

“OK. Beijos.... Aishiteru♥”

x

Aishiteru........

Eu fiquei feito um bobo, sorrindo para o teto...

Ele disse que me ama...

Não acredito que foi tão mais rápido do que eu imaginei. Achava que ia ser doloroso, que iria ser demorado.

Mas o que será que os outros vão achar disso. Eu sei que a vida é minha, mas, eles sempre estiveram ao meu lado, e o Totchi sempre infernizou a vida de todos do grupo.

Mas não vou desistir, nem do Totchi, e nem dos meus amigos....

Fui para a escola agindo o mais normalmente o possivel, no meu silencio habitual.

Kaya ficou importunando, parece que ele sente as coisas, ele é muito percepitivo.

Me  segurei para não acabar contando pra ele...

Quando anoiteceu, eu saí quase correndo para ir ver o Totchi.

Queria vê-lo, senti-lo...

Cheguei e o pai dele estava lá... eu fiquei na porta para não atrapalhar os dois.

Eu não tinha visto o pai dele ir lá, mas o Toshiya  dizia que ele ia lá, ficar pelo menos alguns minutos com ele.

Ele perguntava como o Toshiya estava, se precisava de alguma coisa.

O Toshiya falava com muitas gírias, e reclamava de ficar ali.... o pai dele, apenas o corrigia, nas gírias, e dizia que logo ele voltaria pra casa.

Assim que percebi que eles terminaram de falar, me aproximei.

- Oyasuminasai.... -  os cumprimentei, um pouco sem graça.

- Oyasuminasai, Uke-san.... – respondeu Toshi-san. – Filho, já vou indo…Seu amigo ficara aqui com você, não é mesmo?  Depois volto aqui...  – Toshi se despediu dele, e saiu.

- Kai! – ele sorriu, estava deitado na cama.

- Yo... Totchi... – sorri.- Tudo bem?

- Bom... eu não posso me ‘desplugar’ desses fios todos, mas estou bem sim... – disse ele me mostrando os fios nos braços. – E isso aqui incomoda... eu não agüento ficar com isso no meu nariz.

- Você tem que colocar isso...- tomei o tubinho da mão dele e recoloquei nele.

Ele me olhou com uma cara de criança mimada...

- Ah... Kai... – ele respirou fundo.

- Isso é pro seu bem, Totchi... É para evitar que você pegue uma gripe ou coisa parecida. – Me aproximei dele, e selei brevemente seus lábios. Ele sorriu.

- Você é muito mandão... – ele roubou um beijo meu, já que eu estava próximo o bastante.

- Totchi... – me afastei. – Não faz isso... – ri.

- Não posso? – ele me encarou preocupado.

- Beijos tem germes e bactérias... e você está com a imunidade muito baixa.

- Tenho certeza que seus beijos não tem... – ele riu

- Para de graça... – belisquei levemente as bochechas dele. – Quando o Meevs disse que você é muito louquinho, eu não levei isso a sério. – passei os dedos sobre os lábios dele.

A porta se abriu com tudo, e eu nem tive tempo de me afastar dele.

Era o Meevs e o Kaya.... Senti meu rosto esquentar...

- Olá! – sorriu Kaya vindo me abraçar.

- Olá... – respondi tentando disfarçar que tinha ficado sem graça.

- Não finja Kai.... – falou ao meu ouvido. – Eu sei que tem um climinha aqui. Por isso você tá igual a uma pimenta.  – ele se afastou, e eu fiquei desconcertado.

Toshiya também estava um pouco sem graça.

Miyavi veio até mim, e me abraçou..

- Para de esconder as coisas, Kai... dá pra perceber... – disse Miyavi.

- É kawaíí vocês dois juntos... se for isso mesmo... – Saltitou Kaya.

- Tá tão na cara assim? – perguntou Toshiya

- Eles estavam ‘jogando verde’... – me sentei na beirada da cama rindo.

Kaya e Miyavi riram.

Bom, pelos menos eu sei que os dois aceitariam bem, nee....

[...]

Toshiya’s POV

Meus maiores defeitos é ser apressado, fazer tudo o que me dá na telha e me arrepender depois que fiz a burrada, que é o que sempre resulta dos meus atos impensados.

Já fiz isso muitas vezes na minha curta vida de dezesseis anos.

Não parece que tenho dezesseis nee?

Ver que agora, estou preso num hospital, sem direito de sair... só posso pensar que isso é um castigo de Kami.

Pra ver se eu aprendo a agir como gente...

[....]

Depois que tiraram aquele cateter do meu braço, senti um enjôo horrível, não tinha sentido aquilo nas primeiras sessões.

Respirei fundo e me sentei no canto da cama, fitando o branco da parede...

Eu ficaria ali sozinho por algum tempo...

Um final de semana... só era o começo

Meu primeiro final de semana, ali...

Quando ouvi a porta abrindo, achei que era a enfermeira, mas vi o Kai entrando.

Não pude conter minha cara de choro... por que alguém que eu sempre incomodei, estava ali, pra me fazer companhia.

Quando ele se aproximou de mim, eu só consegui grudar em seus braços, e trazê-lo para mais perto de mim. Ele retribuiu o abraço. E eu me senti tão bem.

E cada vez que eu o via entrando ali, meu coração palpitava feliz.... por que eu sabia, no fundo, que ele não estava ali por dó de mim...

Ele também gosta de desenhar, e isso de alguma maneira nos aproximou muito.

Eu sentia algo diferente em relação ao Kai, conforme íamos convivendo, e temi que isso fosse ruim.

E esse pensamento se fez quando eu toquei a mão dele, e ele com medo de mim recuou.

Claro que ele teria repulsa de um toque vindo da minha pessoa, se é que eu posso me considerar isso.

Eu machuquei alguém próximo a ele, alguém que ele cuida também.

Pedi desculpa.... o mínimo que eu podia fazer naquele momento era isso mesmo.

Ele não me respondeu, alias... quase foi embora correndo...

E isso despedaçou meu coração... e eu nem sabia que tinha um...

Quando ele saiu de lá, peguei meu celular e mandei uma mensagem pro meu irmão. Dizendo que eu tinha o deixado bravo... pelo menos foi isso que eu achei, por que ele nem me respondeu quando perguntei se ele voltaria.

Nos dias seguintes ele veio, mais aquele clima tenso continuou pairando, ele dirigia a mim pouquíssimas palavras, e continuava somente desenhando perto de mim...

Se eu não tomasse uma atitude, aquilo me corroeria por dentro, me despedaçaria...

Quando o Koichi veio me visitar, trouxe sua alegria para me animar um pouco, e quando o Kai chegou, e brincou com ele... eu pude ver que o problema era eu mesmo, por que ele agia de maneira tão bondosa com o Koichi, enquanto praticamente me ignorava.

Quando o Koichi saiu, um silencio insuportável se fez no quarto.

Meus pensamentos estavam tão misturados e bagunçados, que eu não conseguia dizer nada.

Foi quando eu o chamei, com medo de que ele não me respondesse.

Ele respondeu e me encarou, nesse momento meu coração recém descoberto falhou uma batida.

Estávamos separados só pela poltrona, mas parecia que estávamos tão distantes um do outro.

- Eu não queria ter te assustado... – isso foi a única coisa que eu pensei naquele momento, mas realmente, eu não queria tê-lo afastado só por causa do meu atrevimento.

Mas uma vez eu seria castigado com um ‘amor’ impossível?

Ele sorriu ao me responder, dizendo que eu somente o tinha surpreendido.

As palavras praticamente saíram por minha boca tão rápido, que mal pude percebê-las.

Eu estava desesperado, e aquilo estava me fazendo mal.

- Você tem medo de mim, o passado ainda é muito recente.

Eu abaixei a minha cabeça, mas logo desisti de ficar assim, então me aproximei dele e segurei seu rosto, ele ainda não me encarava, e respondeu que não tinha medo de mim.

- Eu quero ouvir isso com você olhando nos meus olhos... – minha tonalidade foi de quem obrigava ele, e isso me fez lembrar do que eu fiz para o Kouyou.

Ele gritou dizendo que se tivesse medo de mim, não estaria ali.

Recuei... ele não parecia querer uma aproximação... senti seu corpo tremer, e parecia que era de raiva.

Meus olhos encheram de lágrimas, mas não consegui deixá-las cair, eu ainda tenho meu orgulho.

Ele me olhou com desespero,e me abraçou, me fazendo sentir o seu perfume mais perto,

- Não foi minha intenção gritar com você....

O aproximei ainda mais do meu corpo, como se quisesse que ele e eu nos tornássemos um só, eu não tinha força para apertá-lo em meus braços, em sinal de que ele tinha que ficar ali comigo, pra que ele não me abandonasse, mesmo assim tentei.

Toquei seu rosto o de maneira mais delicada o possível, roubei seus lábios, num ato praticamente de desespero.

Eu o queria pra mim....

Mas não podia machucá-lo...... eu tinha que conter meu lado negativo, pelo menos dessa vez, eu já tive uma lição de que não é a força que temos um amor, e sim com o tempo.

Ele não retribuiu de imediato, me deixando com medo, ele iria me empurrar a qualquer instante.

Mas logo senti sua calma retribuição...

Eu sei que isso não é só uma atração física.... eu sei que não é... Não pode ser...

Nos afastamos, e vi que ele ficou envergonhado com o ato.

O parei de encarar instantaneamente, eu fiquei envergonhado pelo meu ato de desespero também.

Quando ele disse que isso ficaria só ali, que lá fora não daria e nem seria certo.

Meu coração quase se partiu em milhares de cacos.

Ele me puxou e me fez sentar na cama, disse que não estava preparado para isso.  Que não queria me magoar.

Eu entendo o lado dele, eu sempre fiz mal a todos que estavam ao redor dele, por que agora queria fazê-lo retribuir um sentimento que nem eu sabia que teria por ele?

Ele me abraçou novamente, e mais uma vez roubei um beijo dele. Eu precisava disso, meu coração estava gritando desesperadamente pedindo mais um beijo de seus lábios.

A porta se abriu, e nos afastamos. A enfermeira veio avisar que a mãe dele o esperava.

Ele se despediu dando um beijo no meu rosto.

E eu apenas assenti com a cabeça...

Quando ele foi embora, pensamentos, lembranças vieram a minha mente, e eu não consegui dormir.

Será que o que eu fiz, nesse momento, foi certo?

Ou apenas piorei minha situação diante dos olhos dele?

Eu mandei uma mensagem de boa noite para ele, tentando amenizar qualquer erro meu.

Ele me respondeu educadamente.

Será que ele me aceitaria... do meu jeitinho torto, com a minha personalidade auto-destrutiva?....

Minha resposta veio num SMS.

Na verdade não foi bem uma resposta e sim, algumas perguntas.

Respondi com toda sinceridade, que em algum lugar, estava escondida em mim.

Ele me aceitou... ele me aceitou de alguma maneira...

E por fim ele ainda se preocupou, perguntando se tinha me acordado...

Kawaíí...

Terminamos de falar, e eu ousei mandar uma ultima mensagem : Aishiteru.

Posso dizer que o amo? Acho que sim, por que nunca me senti assim perto de ninguém... não mesmo... nunca amei alguém de maneira doce... só de maneira física, possessiva.

Com ele era diferente, era algo puro....se que tenho o direito de dizer que tenho algum sentimento puro.

Estar somente ao lado dele, sabendo que ele não me ignoraria mais, já me deixava muito ‘feliz’.

No dia seguinte, quer dizer nesse dia, meu pai veio me ver, ele só vinha de vez em quando... mais eu me sentia bem com ele lá, ele tentava recuperar o tempo perdido, o tempo que ele sequer notou minha presença.

Ele está se separando da minha mãe.. e pedindo minha guarda. Ele quer cuidar de mim agora...

Ele disse que quando eu sair daqui, vai passar o maior tempo possível ao meu lado.

Bom... ele agora sabe tudo o que já aprontei, mesmo assim, ele não me ignorou por isso.

Ele disse que eu estou aprendendo a ser uma pessoa melhor lá no instituto, que aliás, tenho que continuar a ajudar.

Bom... agora posso dizer que tenho pai...

O Kai chegou e ficou olhando da porta.

Assim que ele se aproximou, meu pai se despediu de mim, e claro dele, e foi embora.

Eu queria poder me levantar, mas hoje, depois que o Dr. Satoshi fez um exame em mim, disse que eu precisava ser monitorado pelas máquinas, por que eu não podia pegar nenhum tipo de vírus a partir de agora, minha imunidade está muito baixa, por que estou quase no fim da quimioterapia.

Roubei um beijo dele, depois que ele me cumprimentou. E ele ficou fazendo um ‘sermão’ de germes e bactérias, que me fez rir muito.

O Tatsuya e o Taka entraram com tudo no quarto, nos deixando sem graça.

E ainda me enganaram, me fizeram contar o que tava rolando.

Deixa os dois, estão se aproveitando de mim.

E agora, eu me sinto bem melhor, sabendo que meu irmão e o Tatsuya nos apóiam, pelo menos eles.

Eu posso agora me considerar um ser humano, não um monstro....

Por mais que meu passado não possa ser modificado, eu quero que meu futuro seja diferente, ao lado de quem quer o meu bem de verdade, e que não vai me deixar sozinho, nunca mais...

Eu só tenho que agradecer a Kami-sama, que me deu mais uma oportunidade, que colocou o Kai no meu caminho...

Meu anjo da guarda.....

O que será do futuro?


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Notas finais do capítulo

Achei que essa canção combinaria perfeitamente com a fic ^^
Espero que eu tenha agradado, e espero que tenha realmente explicado tudo!
Mereço Reviews?
Bjos...



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