Enchanted. escrita por Jones


Capítulo 1
Prólogo




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– Por que você ainda não está vestido? – Narcisa Malfoy, alvoroçada enquanto colocava os brincos o perguntou.

– Eu não vou. – O rapaz loiro respondeu, deitado de pernas cruzadas em sua enorme cama, no seu enorme quarto na também gigantesca mansão. O lugar que ele costumava amar, mas agora achava podre, assim como todos que moravam nela, incluindo ele mesmo. Talvez a mãe se salvasse um pouco. Um pouco.

– Draco, esse baile é de extrema importância para o seu pai, é claro que você vai. – Ela disse com o pulso firme, ignorando o ar rebelde nos olhos do filho. – Ele precisa da família inteira reunida...

– É claro que precisa. – Draco ironizou, cruzando os braços. – Assim como precisa da minha inteira compreensão quando se trata de me forçar a um casamento arranjado.

– Muitas pessoas são felizes em casamentos arranjados, meu filho, olhe para mim e seu pai. – Narcisa forçou um sorriso enquanto procurava um traje formal para o filho.

Draco sabia que ela não era feliz e que ela nunca fora feliz, que a vida deles sempre fora luxuosa e regada a caprichos, que eles ostentavam toda a riqueza e superioridade pelas pessoas e transmitiam que não precisavam de nada além do luxo para serem felizes, mas a verdade era que nunca foram felizes, que se aliaram a um lado de uma guerra que começara mesmo antes de ele nascer por – além de acreditarem na superioridade do próprio sangue – terem sido coagidos a fazê-lo, que viveram sob o medo e sob a ilusão de que estariam protegidos se estivessem sob a guarda do Lorde das Trevas.

E não estavam. Nunca estiveram.

– Eu não estava considerando ser feliz. – Draco disse, fazendo careta para as escolhas da mãe. – E eu já a conheço e, já excluindo o fato de não ser capaz de amar, acho impossível me apaixonar por alguém como ela.

– Dafne Greengrass é um ótimo partido. – Narcisa separou-lhe um par de sapatos. – E todos nós somos capazes de amar, inclusive você.

– Amar? – Draco riu de escárnio, e se levantou da cama, desdenhoso. – Pessoas que amam como nós destruíram famílias inteiras e não pararam por compaixão, mas por covardia. Não, nós não amamos ninguém, nós só nos aliamos aos que nos são convenientes.

– Não paramos por covardia. – Apesar do sorriso, Draco podia enxergar a dor em seus olhos. – Paramos por amor, amor a nossa família.

– Paramos por termos escolhido o lado errado da guerra: o lado perdedor. – Draco recolheu a muda de roupas separada por sua mãe e abriu a porta, gesticulando para que ela saísse. – Preciso me vestir e fingir que admiro o Senhor Malfoy mais uma vez.

A situação na Mansão Malfoy tinha piorado após Draco retornar de Durmstrang – local onde Draco não fizera questão nenhuma de tentar se encaixar, não quando se sentia a pior das criaturas, quando o rosto das pessoas que o cercavam lembrava o rosto de tantas outras perdidas por causa daquela tatuagem ridícula que não saía de seu braço. Quando aqueles rostos assombravam seu sono.

Quando voltara de Durmstrang, voltara com um sentimento de revolta. Revolta pelos motivos da guerra, revolta pelos sentimentos de ódio e afeto que sentia pelo pai, que agora levava a culpa por tudo de ruim que tinha passado. Jamais o perdoaria.

Na atualidade, vinha mantendo o sorriso falso em bailes da alta sociedade bruxa, os quais os Malfoy – ávidos por reinserção na alta sociedade – nunca faltavam. O daquela noite, em especial, comemorava o aniversário de cem anos de algum bruxo que ninguém sentiria falta caso morresse e era um baile de máscaras.

Extremamente infeliz, prendeu a máscara em seu rosto e ensaiou o sorriso no espelho.

A verdade era que ele sempre fora bem instruído e preparado para sorrir falso e aparentar felicidade e soberba, só não fora preparado para o que aconteceria naquela mesma noite.


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