Chegamos ao lago de mãos vazias. Passar pela cornucópia acabou nem sendo tão difícil. Não havia ninguém por lá.

_Vocês não trouxeram nada? -pergunta Lucky com a mão no estômago.

_Nadinha. -alguém tem que dar as notícias. -E acho que teremos que mudar nossos hábitos alimentares, o inverno derreteu, nossa única opção é pescar.

Nos olhamos, nenhum de nós faz ideia de como conseguir um peixe. Kriten. Como é difícil esquecer dela. Que raiva, ela era só mais uma participante e eu sabia que ela devia morrer.

_Eu... Eu vou. -diz Storm se levantando.

_Não! -grito ao ouvir isso.

_Gemmy, eu tenho que ir ou todos nós morreremos de fome!

Penso nas opções, é verdade, mas será que ela terá forças de ir pescar e voltar? Por mim ninguém entraria na água. Estou criando um tipo de fobia com água. Acho que essa será só mais uma das cicratizes que a arena vai deixar em mim. Se bem que, quem vai vencer é o Lucky mesmo.

Storm entra na água dando braçadas fortes e rápidas.

_Nenhum dos dois tá afim de ajudar não?

_Bem, ir eu até vou, mas não sei se consigo voltar. - diz Matt ficando vermelho.

_E você pretendia voltar pela água como mesmo? -digo cruzando os braços de raiva. - Ah sim, eu estava certa sobre ir por terra né?

Matt vem para perto de mim e me abraça. O solto assim que vejo a cara do meu irmão, não é legal ficar vendo duas pessoas cheias de carinho quando você está sozinho.

Volto a prestar atenção em Storm. Ela mergulha e dez segundos depois imerge da água com um peixe em cada mão. Fico tão feliz que solto um pequeno "Oh". Meu estômago se remexe de fome e assim que ela chega e, terra firme já estamos acendendo fogo para comer. Se tivemos medo de alguém ver? Não.

Cada um tem direito a meio peixe. Lucky coloca no chão algumas frutas que colheu, não posso dizer que foi uma boa refeição, mas deu para o gasto.

O céu começa a escurecer, como fiquei acordada na noite anterior Matt se oferece para montar guarda. Não recuso e caio no sono imediatamebnte. Sou acordada pelo som do hino da Capital. Abro um dos olhos para ver o menino do seis que eu matei hoje e volto a fecha-los.

Acordo junto com os primeiros raios de sol. Mais uma vez penso em quanto tempo estou aqui. Acho que faz quase um mês. Não sei. Mas um pensamento pertinente fica em minha cabeça. A Capital quer acabar logo com isso.

Proponho a todos uma ronda para ver se tem alguém nos espiando. Caminhamos em todo o cerco do lago. Não é possível que não haja mais fonte de água. Quem sabe esse lago não tenha um braço subterrâneo que leve até algum outro ponto do outono?

_Vocês se importam se eu der uma voltinha? -pergunta Storm meio verde.

_Você tem certeza? -pergunto preocupada.

_Uhum.

Inicialmente fico com medo dela não estar bem, mas ao se levantar ela parece bem mais segura. Sem ter o que fazer (o que é quase irônico se tratando de estar em uma arena pronta para ser morta) resolvemos dar uma volta e ver se achamos comida. Afinalos bichos do inverno tem que ter fogido para algum lugar, eles não são idiotas.

Acabo achando um pássaro em cima da árvore.

_É um tordo! -exclama Lucky

. _Como você sabe? -pergunto curiosa.

_Aulas de hsitória de Panem, uma éspecie parecida deles foi criada pela Capital para transmitir falas dos distritos, algum tempo depois os habitantes dos distritos descobriram e começaram a enviar menssagens falsas. Quando a Capital se tocou do ocorrido mandaram matar todos, mas alguns sobreviveram. Como eram todos machos eles se reproduziram com um pássaro normal e se tornaram tordos tagarelas. São capazes de reproduzir pequenos sons, se ele gosta da sua voz ele repete. Fico impressionada ao saber que meu irmão alguma vez prestou atenção na aula.

Provavelmente nem deveríamos saber disso, mas na época da rebelião os professores queriam mais é que aprendessemos coisas ruins sobre a Capital, por isso perdi metade dos meus.

_Tá, isso é legal, mas precisamos dar um jeito de pegar ele.

Matt acente e começa a tentar escalar a árvore. Não dá certo, ele cai logo no início. Eu tento depois, mas caio também. Lucky é o último a tentar, mas acaba caindo.  Já que não vou pega-lo quero ver ele repetir o que eu falo.

_Olá, meu nome é Gemmy. -não só ele não responde como ele foge.

_É Gem, acho que ele não gostou da sua voz. -brinca Matt comigo.

Dou um soquinho no braço dele para ver que não se mete com Gemmy Limber. Somos forçados a voltar. O sol bate forte em nossas cabeças. Ficamos sentados uns dez minutos até que me dou conta que Storm não voltou até agora. Morta ela não está, não ouvi nenhum canhão até agora. Em um pulo me levanto

. _Aonde você vai? -pergunta meu irmão.

_Atrás da Storm, vocês vêm?