Jogos Vorazes - O Início escrita por Camila Fernandez


Capítulo 28
Capítulo 28


Notas iniciais do capítulo

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                Sou acordada pelo hino tocando alto em meus ouvidos. Hoje eles terão bastante coisa para mostrar, três mortas na cornucópia, mais uma pessoa que nem sei quem é. O hino acaba e a primeira imagem aparece no céu.  Fico instantaneamente paralisada. 3, Plixy. Não acredito que ela tenha morrido. Penso em sua irmã doente e como ela se sente agora sabendo que sua irmã mais nova que nem ao menos deveria estar aqui morreu em seu lugar.

         Tento manter a expressão normal, uma tarefa muito difícil depois de tudo, mas devo isso a ela, todos acham que ela não quis se aliar a gente e pronto. Ninguém sabe sobre o que falamos no primeiro dia e é assim que deve continuar. Silêncio, um segredo meu e dela.

         O próximo rosto a aparecer é o de Kriten. Quando ela aparece não me esforço nem um pouco em conter as lágrimas, sinto Matt me abraçando, mas não retribuo. O que mais me deixa triste é saber que não fiz nada sobre a morte dela, nem ao menos pude me despedir. 

         A seguir vem o rosto da menina do 6, a do 11 que eu mesma matei e finalmente descubro a pessoa misteriosa que morreu, infelizmente não foi Heigran, mas sim o menino do 11.

         O céu volta a ficar escuro e eu caio no sono. Não posso dizer que dormi bem, minha noite veio recheada de sonhos ruins, coisas que passavam da morte dos meus pais, pela morte de Lucky e como Rowry poderia me matar no Gand Finale dela.

         Sou quase grata a Storm ter me acordado.

         Minha pele já arde bem menos depois do meu tratamento com neve. Não consigo ficar parada e decido ir caçar. Com a espada abato duas lebres cortando-lhes o pescoço. Volto com o que consegui e encontro Matt com mais um esquilo e um punhado de ervas.

         _São segura? -pergunta Lucky.

         _Quer testar? Responde Matt zombeteiro gerando um clima de tensão que felizmente acaba rapidamente. Acho que ninguém está com bom humor hoje, e como estar?

         Fazemos nossa refeição em silêncio. Não temos muito o que fazer. Sair atrás dos tributos restantes para matá-los parece idiota no estado em que nos encontramos. Quem está melhor aqui se encontra com 70% da sua capacidade debilitada.

         Refaço o cabelo de Storm e ela refaz o meu. Ficamos sentados em silêncio por alguns minutos até que eu ouço um barulho vindo da mata atrás de nós. Prontamente empunho minha espada em mãos e me ponho em posição de combate.  Esperamos mais um pouco até perceber que não são sons humanos, se trata de um animal. Aliás um não, vários. Formamos um circulo de proteção todos atentos aos passos.  Vejo a cara de um dos animais e distingo um urso pardo.

         _Alguém sabe como lidar com ursos? -pergunto como se fosse a coisa mais natural do mundo.

         Todos acompanham meu olhar e levam um susto ao ver os bichos. Medem pelo menos quatro metros de altura. O que mesmo sem eu nunca ter visto um ao vivo sei que eles não costumam medir.

         Damos uns poucos passos atrás enquanto somos seguidos pelos seus olhares famintos. Os olhos dos ursos são vermelhos e algo me vem a mente. Bestantes, seres geneticamente modificados pela capital podendo adquirir as características que ela desejar.

         _Fiquem quietos, são bestantes, aberrações da Capital. -digo sem eu própria seguir meu conselho.

         _Algum plano Gem? -pergunta Matt com o pouco de esperança que ainda lhe resta.

         _Que tal devagar nos aproximarmos do chifre?

         _A cornucópia? -pergunta Lucky soando um tanto retardado.

         _Não, não, o seu... -me irrito com o comentário, nessas horas as pessoas devem ser mais rápidas. -Claro que é a cornucópia.

         Dou o primeiro passo enquanto os ursos permanecem imóveis. Segundo, terceiro. Está tudo indo bem até Storm pisar num galho seco. Fico gelada por um momento até que os grandes olhos vermelhos começam a vir em minha direção. Toda minha adrenalina toma conta do meu corpo e com um grito de "corram", vamos em direção ao chifre.

         Nenhum de nós para hora nenhuma para olhar para trás. A floresta parece ser cada vez maior com os ursos atrás da gente. Começo a ofegar, mas não posso me dar ao luxo de parar. Após um longo percurso ao longe consigo ver a cornucópia dourada. Aperto meu passo ainda mais. Em poucos minutos a alcanço.

         Me escondo dentro dela onde antes tinham vários suprimentos. Me mantenho em posição fetal até que o choque tenha passado.

         Quando me acalmo percebo que algo está errado. Estou sozinha aqui.  Meu coração começa a bater mais e mais forte.

         Saio da cornucópia e olho em volta para ver se vejo alguém, mas em vez disso só ouço a calma do círculo fechado por árvores. Tenho medo de voltar por onde eu vim, mas é a coisa certa. Começo a correr quando ouço um tiro, ou melhor dois. Estou tão desesperada que não vejo meu irmão e acabo batendo nele com força.

         _O que aconteceu? -pergunto ainda ofegante.

         _Vem é a Storm.

         Não penso duas vezes antes de segui-lo. Chego aonde eles pararam de correr e a cena é uma das mais estranhas que já vi na minha vida.

         Sete ursos grandes soltando faíscas e caídos no chão. Ao lado Matt com os cabelos pretos e em pé e Storm caída no chão.

         _Mas o que? -pergunto confusa demais para ser coerente.

         _Algum merdinha causou um curto circuito em quanto matávamos esses ursos. -reponde Storm cuspindo fumaça.

         _Você está bem? -nem sei porque perguntei só de olhar da pra ver que ela está péssima.

         _Olha eu não sei ok? -ela começa a chorar e eu me sinto péssima. -Mas o que importa? Você foi e deixou todos nós sozinhos! Achei que íamos uns proteger aos outros, mas eu tava enganada né? Agora que eu vi o quanto não somos importantes para você. -ui essa doeu.

         Olho um por um em busca de algo como "ela está só estressada", ou "calma você não fez nada de errado", mas em vez disso só vejo olhares maldosos e de reprovação. Não fiz por mal, juro que não. Mas ela está certa, deixei eles sem olhar para trás nem uma vez.

         Tenho vontade de enfiar minha cara num buraco. Olho melhor para Storm e vejo que seu braço foi quase todo consumido pelo fogo de um dos ursos. A arena está mais quente que o normal, o que me leva a crer que houve um curto generalizado, só não sei se por falha ou por querer. Não que importe para a Capital nunca será sem querer.

         Tento me aproximar de Storm, mas ela berra pedindo para me tirar do local. Matt sai comigo e eu me sento em uma pedra.

         Está tão quente na arena que sou obrigada a tirar o casaco, o chão está virando água e eu estou suando.

         _Ah Matt, desculpa... -enterro a cabeça em seu colo esperando algum conforto, mas ele me tira.

         _Gem, você tem noção do que fez?

         _Eu... eu corri. -digo agora um pouco incerta

         _Gemmy, você nos viu nessa situação e ignorou. -ele me olha bem nos olhos me fazendo sentir pior ainda. -Quando Lucky caiu você não esperou, disse que não podia...

         Eu não fiz isso! Não é possível. Mas... Pensando bem alguns flashs estão surgindo em minha cabeça e começo a me lembrar vagamente disso.

         _Oh! -estou incrédula, pelo que reparei tenho a incrível capacidade de pular eventos que eu esteja aflita demais, igual quando eu comecei a errar com as espadas no centro de treinamento. -Desculpa... eu... Digamos que eu não vivi isso. -como explicar bem minha situação? -Não era eu. Quer dizer, eu não raciocinei, ainda nem sei direito o que fiz, é como se eu não tivesse controle do meu corpo e... e não é a primeira vez...


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Notas finais do capítulo

Cara eu contei 12... Me digam como cada um de vcs chegou a conclusão que chegou: