Jogos Vorazes - O Início escrita por Camila Fernandez


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

A colheita se aproxima e treinar poder definir sua vida ou morte na arena



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Vou para casa trocar de roupa. Tinha combinado com alguns amigos de ir em busca de artefatos para usarmos para treinar. Ainda não tinha conseguido falar a sós com meu irmão. Ele havia saído antes de mim da escola. Logo ele que sempre foi só carinhos com a Capital... Aporto que agora ele não gosta mais tanto assim. Há.

                Chego na porta de seu quarto e bato. Não sei se ele quer falar comigo, mas insisto de qualquer forma. Preciso desabafar com alguém e a essa hora nossos pais estão na clinica, provavelmente já sabendo dos jogos.

                Bato duas vezes antes de ouvir uma resposta.

                _Sai daqui!

                Não me conformo, e bato novamente.

                _Se você não for embora da porta do meu quarto agora Gemmy eu abro a porta, mas abro para te dar um soco.

                É por isso que as pessoas sempre amam tanto seus irmãos mais novos...

                Desisto, não estou a fim de levar um soco na cara. Entro no meu quarto, tomo um banho e mudo de roupa. A essa hora já deviam estar me esperando enfrente ao mercado central.

                Como eu imaginava já estavam lá. Somos um grupo de vinte em busca de qualquer coisa. Decidimos nos dividir em dois a acabei ficando com um menino do ano abaixo do meu. Lembro-me dele no hospital dos meus pais. Ele havia sido ferido pela Capital. Esse é meu maior problema. Conheço a quase todos por causa do hospital, ajudei a tratar da maioria deles, ou dos pais deles.

                No final do dia nos reunimos no galpão do Tor. Vejo que quase todos da minha escola estão lá treinando. Conseguimos alguns alvos, comida, bonecos de manequim e poucas armas. Alguns lá já utilizam as que tem. Vejo um grupo de meninas usando facas atirando na parede onde fizeram com tinta pequenas marcações. Do outro lado tem um grupo grande que treina luta física. Provavelmente por falta de armas. Há pessoas com lanças, arco e flecha, pedra, enfim todo tipo de material que tinham. Olho em volta em busca do meu irmão , mas nada vejo. Sei que ele está muito revoltado com isso, mas quem de nós não está?

                Pego minha espada e vou em direção a um manequim que consegui na loja de roupas de inverno. O boneco com certeza já teve dias melhores, mas para treinar está ótimo. Acho que é a primeira vez que uso minha espada fora de casa. Meu pai e ensinou a manuseá-la desde meus 5 anos. Ele dizia que eu merecia aprender a arte que minha família conhecia tão bem. Eu era digna de usar uma espada, ele confiava nas minhas ideias e sabia que eu tinha cabeça suficiente para não sair matando os outros por aí.

                Estava tão perdida matando o boneco de todas as maneiras possíveis que nem reparei quando o Frank, meu amigo apareceu atrás de mim.

                _Ei! –disse ofegante. –Está aí a muito tempo?

                _O suficiente para ter medo de você menina. –ele olha pra minha espada. –Você parece tão sanguinária usando-a.

                Por mais estranho que seja aquele simples comentário me deixa feliz. Uma coisa é seu pai dizer o quanto você é boa, mas ouvir isso de alguém que você nem tem tanta intimidade é maravilhoso.

                _Ah, obrigada.

                Ele se vira e um pequeno sorriso surge no canto da minha boca. É talvez eu pudesse sair de lá vencedora. Mesmo eu não sendo a mais alta, forte ou velha eu teria chances. Eu poderia matar todos numa arena e ganhar. E se eu fosse eu estaria poupando todos os meus amigos de irem. Olho em volta, poucos parecem ter habilidades com armas. Não foi necessário utilizarmos na guerra. Éramos protegidos por nossos pais, mas agora estávamos sozinhos. Eles não poderiam entrar naquela arena para nos proteger, por mais que com certeza quisessem.

                Volto a treinar. Reparo mais algumas pessoas passando por mim com expressões assustadas. Eu, a doce Gemmy poderia ser tão sanguinária? Provavelmente sim. Nunca tinha tentado lutar de verdade, mas a ideia me parecia cada vez mais tentadora, ainda tinha mais uma semana para pensar no assunto.

                Ficamos lá até bem tarde, sou uma das últimas a sair e meu estado físico não é dos melhores. Estou toda suada e descabelada. Costumo ser arrumadinha. Gosto de estar bonita, gosto de que me olhem, acho que isso é normal, afinal tenho 15 anos e a maioria das meninas da minha idade conseguem ser mais fúteis que eu (coisa que não é difícil aqui no 1).

                Volto para casa segurando minha espada e tentando limpar meu suor. Estou tão cansada que poderia para aqui mesmo e dormir. Moro perto da cerca que divide a mata. Para chegar em casa tenho que passar na praça central. Enquanto caminho já no escuro reparo algo estranho. Algumas pessoas de branco me observam. Bem pelo menos acho que me observam, pois usam um capacete. Fico parada observando-os até que alguém põe as mãos em meu ombro.

                _Oi menina. –é a velha senhora da padaria.

                _Oi tia Dart. –não sei bem porque, mas algo me diz que ela sabe quem eles são. –Tia, quem são eles?

                _Ah menina... –Ela tira uma mecha de cabelo que cai em meu olho. –Venha vou te acompanhar até em casa e enquanto isso eu lhe conto.

                Aceito seu convite a começamos a caminhar em direção a minha casa. Ouço atenta a tudo que ela diz. Segundo a tia Dart eles são “pacificadores”, pessoas enviadas da Capital para nos observar a manter a gente no eixo.

                _Estão na praça desde a hora do almoço. Existe o chefe. Ele passou o dia dando instruções aos pacificadores, tudo que eles devem ou não punir.

                Não gosto da ideia de saber que agora terão pessoas me observando. É doentio isso.

                Chago em casa e me despeço da tia Dart. Quando abro a porta vejo minha mãe correndo em minha direção.          

                _Ah meu Deus filha. –ela me abraça com força e faço de tudo pra não machuca-la com a espada. –Eu estava tão preocupada...

                _Que isso mãe, eu estava bem. –digo tentando acalmá-la. –Eu pedi por Lucky te avisar que eu ia treinar hoje com o pessoal da escola.

                _Pois seu irmão não me disse nada. –ela começa a chorar. –Sabe como eu me senti não sabendo onde minha filha estava no meio de tudo isso. Com esses homens chegando aqui para nos vigiar e os jogos.

                Explico o que eu estava fazendo e ela aos poucos parece se acalmar. Meu pai aparece na porta do quarto e sua expressão é de alivio.

                Assim que consigo me livrar deles ando pesadamente até o quarto do meu irmão. Bato na porta uma só vez e ela se abre.

                _Quem você acha que é? Custava contar a mamãe onde eu estava! Seu imbecil, não tenho culpa que preferiu ficar aí dormindo ao invés de aprender a lutar!

                Ele me olha com cara de deboche e então responde.

                _Você pode até ser mais velha, mas sempre foi boba, acha mesmo que uma semana treinando é suficiente pra Capital?


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Notas finais do capítulo

Em breve próximo capitulo