Depois de um tempo, eu resolvi ficar passeando por ai, ficar mais um tempo lá pelo parque. Achei 30 dólares na minha mochila - olha que sorte! - e passei numa livraria para ver se eu encontrava algum livro bom. Acabei encontrando um de psicologia. Eu gosto desse assunto, às vezes eu penso em escolher isso na faculdade.

Eu estava lendo na minha e o livro acabou me envolvendo tanto que eu perdi a noção do tempo e quando vi, já estava de noite.

Estava sentada num banquinho numa parte com um pouco de movimento do parque.

Peguei meu celular no bolso da minha mala e vi que que eram 7h46min e que eu tinha nove chamadas perdidas do meu pai, quatro do Mason, seis do Zack e três da Annie. Guardei o celular e o livro, mas logo depois algo tapou minha visão. Umas quatro pessoas, que logo reconheci serem os amiguinhos nojentos do Mason.

– Ora, ora, que está aqui. Melina, certo? - o moleque perguntou.

– Sim, Mike. Foi bom te encontrar, mas eu tenho que ir. Sabe como são os pais, não é mesmo? - eu disparei tentando despistá-lo.

– Mas, você já vai tão cedo? Ah, não! Fica mais um pouco, eu acabei de chegar… - ele me olhava com um brilho estranho no olhar, seu cinismo me dava calafrios.

Fui andando vagarosamente para trás. Seus amigos riam de mim, sem querer eu virei atração principal entre o grupo, e eu não me sentia nem um pouco confortável com isso.

Um garoto me segurou, afastei-me rapidamente, procurando mais um brecha para escapar daquela situação embaraçosa.

– Ei! O que quer de mim, Mike?

– O que eu quero? Acho que uma virgenzinha como você ficaria envergonhada se eu dissesse. - os outros nojentos gargalharam enquanto Mike vinha na minha direção. - Se bem que eu posso te ajudar a deixar de ser uma virgenzinha, não acha?

– Não. - falei, fria e rapidamente tentando me soltar dos braços dos brutamontes, mas eles eram muito fortes.

Eles perceberam que eu ia gritar, então o que estava me segurando soltou um dos braços e o usou para tampar minha boca

Mike, que devia ser o "líder" do grupo, chegou bem perto e começou a colocar a mão dentro da minha blusa. Comecei a me desesperar e algumas lágrimas saíram dos meus olhos. Chacoalhei a cabeça de um lado para o outro, tentando em vão me soltar. A mão dele subia cada vez mais e chegou no meu sutiã, que era daqueles que abriam na frente, sabe? A cada movimento, mais desesperada eu ficava.

Quando Mike, O Monstro ia abrir minha peça íntima, ouvi uma voz conhecida.

– Ei! O que vocês estão fazendo? - era Zack! Ai, meu Deus, Zachary, amorzinho da minha vida! Ele parecia bravo e também não parecia conseguir ver que quem estava no meio daqueles monstros era eu. Eles me soltaram assim que Zack se infiltrou pelos meliantes. - Mel? Melina! Ai, meu Deus, o que vocês estavam fazendo com a Melina? VÃO EMBORA ANTES QUE EU CHAME A POLÍCIA!

Caramba, ainda bem que o Zack é um dos garotos mais populares da escola! As coisas funcionam assim por lá, quanto mais popular você é, mais as pessoas te obedecem. Por isso os nojentos foram embora rapidinho.

Naquele ponto da história, eu já estava jogada no chão soluçando muito e me abraçando. Senti um par de braços fortes me abraçar e logo depois me levantar. Zack tirou meu cabelo da frente da minha cara e me olhou preocupado. Eu ainda não tinha parado de chorar, mas estava soluçando menos.

– Mel, eles te machucaram? - ele me examinou rapidamente, porém, precisamente só com os olhos. - Se eles tiverem estragado um fiozinho de cabelo seu, eu juro que mato eles. - sério. Alguém me deixe casar com esse cara, ele é muito fofo! Me olhava com muita preocupação. - Não chora…

Eu não conseguia dizer uma palavra sequer. Estava em estado de choque.

Me lembro de ser levada para casa, e de assistir minha família - inclusive Mason - e amigos, apavorados com o acontecido.

Zack ficou lá em casa até umas 23h. Ele estava muito preocupado comigo. Mas é um fofo mesmo!

Logo depois que ele foi embora, Mason foi para o meu quarto. Eu estava enrolada num cobertor e sentada na cama quando ele chegou.

– Você tá bem? De verdade? - ele questionou, se sentando ao meu lado e me abraçando. Parecia realmente preocupado. Apenas concordei e dei um sorriso. - É minha culpa.

– Mason! Para de falar merda, não tem nada a ver com você. Sério! - exclamei, olhando incrédula para ele.

– Não, Melina. Olha, você é minha irmã e eu tenho que te proteger. Não aquele Zachary. Além do mais, eu devia ter te obrigado a voltar de carro comigo. Se eu tivesse feito isso, nada de ruim iria acontecer.

Dei uma risada e neguei com a cabeça.

– Mas é um viadinho mesmo… - ele riu. - Cara, fica tranquilo, foi por pouco, mas aqueles seus amiguinhos não fizeram nada comigo. Claro que eu fiquei super assustada, mas eu até que estou gostando dessa atenção toda que está sendo atribuída à mim. Já reparou que a gente nem brigou hoje? Nós batemos o record de paz entre irmãos. E se isso não tivesse acontecido, provavelmente a gente estaria brigando agora, e você estaria irritante e propositalmente me chamando de "Melzinha".

– Verdade. Pensando por esse lado… - ele estava sentado em cima da cama, do meu lado. - A Annie estava louca para saber notícias sobre você. Eu não disse nada, também… não tive tempo. Seria legal você falar com ela, não acha?

– Ah, sim, eu liguei para ela, contei tudo. Ela me xingou muito. Desde aqueles palavrões que conhecemos aos mais estranhos, sabe, aqueles que nem a Dercy Gonçalves conhecia. No fim, ela disse que se eu passasse mais um susto parecido nela, ela me mataria, com as próprias mãos.

– Acho que está na hora da sua amiguinha parar de ler biografias daqueles serial killers. Ela está ficando meio maluca.

A quantidade de tempo na qual fiquei conversando com Mason era quase inacreditável. Nunca fomos tão sociáveis um com o outro, isso era meio estranho.

O mais estranho de tudo é que ele estava sendo carinhoso também. Ele fazia carinho no meu rosto, me abraçava. E por alguma razão, eu me senti extremamente protegida e feliz no braços de Mason. "Mas, Melina, achei que o seu rolo com o Zachary estava sério mesmo!" E tá! Mas o Mason é meu irmão e claramente não tem NENHUMA segunda intenção atrás dessa conversa. O próprio Mason disse que agora ia me proteger a todo custo.