Era um dia frio e Cheryl estava encolhida no banco ao lado do irmão mais velho Gregory, enquanto seu pai, Simon, lia um jornal tão concentrado que quase não percebia a vida a sua volta. Uma garçonete deixou uma xícara com um café com leite para Cheryl e um chá de hortelã para Gregory.

- Você vai acabar morrendo em uma overdose de cafeína. – Greg disse, tomando seu chá, com um ar debochado de sempre. Ele colocou a xícara sobre a mesa e secou os lábios avermelhados com um guardanapo de pano. Cheryl deu um gole em sua bebida e pigarreou suavemente, quase inaudível.

- Se isso fosse possível, Greg, você já teria morrido.

- Mas eu não tomo café!

- Não, mas se entope de refrigerantes. – ela disse, sem paciência dando outro gole em seu café, olhando pela janela do trem, que passava tão rápido que era quase impossível ver alguma coisa lá fora.

- E dái? – Gregory perguntou, fazendo uma careta irritada. Por que Cheryl sempre tinha que ser tão enigmática, chata e metida a espertinha?

- E dái, que refrigerante tem cafeína, idiota. – ela disse, colocando a xícara sobre a mesa e o olhando como se fosse óbvio. Pela primeira fez, durante as primeiras 2 horas de viagem, Simon abaixou o jornal e olhou para os dois bravo.

- Gregory, Cheryl, já chega! Será que não podemos ter uma viagem agradável sem vocês brigando por pelo menos cinco minutos? – Simon disse, se inclinando sobre a mesa, nervoso. Sim, Simon Cowell e seus filhos estavam discutindo em um trem. Vamos somente dizer que eles não eram uma das famílias mais unidas do mundo.

- Então diga para o seu querido filho preferido com cérebro de ameba tentar pensar um pouco antes de falar alguma coisa. – Cherry, como gostava de ser chamada disse. Greg apenas lançou-lhe um olhar matador e ela sorriu satisfeita. Simon revirou os olhos e puxou seu jornal de volta. Ele não aceitava que Cherry dissesse que Gregory era seu favorito, pois, na maioria das vezes ele gostaria de se livrar dele tanto quanto ela. Mas o fato de tamanho ódio da parte de Cheryl para Simon e Gregory, era que, Simon a havia mandado para estudar em Oxford em um colégio interno, do qual ela só saia durante as férias, enquanto Gregory morava com Simon e tinha total acesso a humanidade, enquanto ela ficava trancafiada.

Ela pressionou a cabeça contra a janela e observou a paisagem que passava rápido. Ela puxou seu MacBook da bolsa que levava ao colo e entrou no tumblr e facebook, respondendo a amigas. Ficou alguns minutos daquele jeito e logo depois fechou o computador, puxando seu iPod e colocando uma de suas cantoras preferidas, Demi Lovato. Encostou a cabeça novamente na janela e dormiu.

Londres, 8:15 a.m, dia seguinte.

Simon puxou as malas da estante encima dos bancos enquanto Gregory cutucava Cherry.

- Levanta, coisa, nós chegamos. – ele disse, nada carinhoso. Cherry se mexeu desconfortável no banco enquanto ouvia a música alta sair dos fones de ouvido. For The Love Of A Daughter. Ela pausou a música, jogando o iPod na grade bolsa, junto com o MacBook e as outras coisas. Deslizou pelo banco e ficou de pé esperando que Simon lhe desse suas pesadas malas. Gregory teve que carregar uma delas, nada feliz como era de se esperar. Assim que desceram do trem, alguns paparazzi estavam a espera de Simon.

- Simon, é verdade os boatos sobre Cheryl fazer um dueto com One Direction? – perguntou um deles, tirando fotos insistentes de Cherry, que estava incomodada com os flashes. Simon indiferente só empurrou o microfone com a mão.

- Nada a declarar. – ele disse, enquanto puxava Cheryl pelo braço, para dentro de um carro preto, de vidros blindados. Gregory, impressionantemente já se encontrava lá dentro. – Malditos paparazzi. – Simon disse, secando a testa com um pano qualquer que se encontrava em seu bolso.

- O que é One Direction, Simon? – Cherry perguntou, curiosa. No internato em que ela se encontrava, havia internet, mas o uso da mesma era censurado, somente para pesquisas e trabalhos escolares, de modo que ela jamais saberia nada do que se passava no mundo lá fora. Gregory olhou para ela com uma sobrancelha arqueada, não escondendo o olhar de pena.

- Pai, você tem que tirá-la daquele buraco que você chama de escola, a garota mal sabe sobre o trabalho do próprio pai! – ele disse, indignado, pela primeira vez durante o dia, ela não pensou em matá-lo e arqueou as sobrancelhas concordando com o irmão.

- É uma banda nova que eu estou produzindo. Lembra-se de quando você estava aqui e assistiu o X Factor? – Simon perguntou, ignorando o que Greg havia acabado de dizer, Cherry assentiu. – Aqueles garotos que cantaram Torn são One Direction.

- Ah... Eles cantam bem. – ela disse, dando de ombros e sorrindo timidamente sem mostrar os dentes. – Mas eu não vou cantar com eles, vou?

Cheryl adorava cantar, menos quando tinha alguém assistindo-a cantar. Ela só conseguia cantar para seus amigos do colégio ou com sua melhor amiga, Victoria, em alguns shows de talento na sua escola. Simon, tentou mentir o melhor que pode.

- Não filha, não se preocupe. – ele disse, sorrindo. Ela soltou o ar aliviada e abriu um sorriso para o pai, Greg que sabia dos planos verdadeiros do pai suspirou desaprovando a atitude dele. O carro estacionou na frente de uma grande casa, o motorista abriu a porta e Cherry sorriu para ele em agradecimento. Uma senhora em uniforme e um homem apareceram para carregar as malas para dentro. – Cheryl esses são Klaus e Martha, trabalham aqui e são parte da família.

Cherry sorriu para eles que abriram um sorriso para a garota, que além de simpática, era uma das mais bonitas que eles já haviam visto. Martha abraçou Cherry de lado e sorriu.

- Venha comigo, Srta. Cheryl, vou lhe mostrar seu quarto, espero que goste, eu ajudei seu pai a decorar. – ela disse, sorridente. A garota sorriu como agradecimento e Martha a carregou casa a dentro, lhe levando até um lindo quarto. – O que achou, Srta?

- Eu amei, Martha, muito obrigada. – ela disse, indo abraçar Martha que sorriu. – E por favor, me chame de Cherry ou Cheryl. Já lhe considero como da família, então não seja tão formal.

Martha sorriu e assentiu, saindo para deixar a garota no quarto sozinha um pouco. Cheryl caminhou até um lindo closet, que já tinha algumas roupas dentro. Suas malas estavam encostadas em um canto e ela sorriu, passando os dedos pelas roupas novas.

- Espero que tenha gostado, tive grande ajuda de Martha e dos meninos. – Simon disse, aparecendo na porta do closet, a garota sorriu para ele sem mostrar os dentes.

- Isso inclui Gregory?

- Ahm... talvez.

- Ah. Vou me esforçar para agradecer. – Simon sorriu e foi abraçar a filha, por mais que não demonstrasse muito, ele a amava.

- Se arrume querida, os meninos vão vir para um almoço conosco hoje.

- Não sabia que carregava o trabalho para casa, Simon. – Cheryl disse, saindo do abraço do pai, enquanto mexia nas roupas.

- Não seja tão formal filha, um dia ainda vai me agradecer por tudo o que fiz por você.

- Claro, me trancafiar em um colégio só porque eu não sou o filho perfeito que sempre quis. – ela disse, abaixando a cabeça e disfarçadamente limpando uma lágrima. – Mas tudo bem, vou ficar pronta em uma hora.

Simon suspirou derrotado e saiu do quarto. Uma outra hora ele conseguiria conversar com Cheryl, sem que ela o atingisse com sete pedras.