Mariana é apenas dois meses mais nova que eu. Ela cresceu perto da minha antiga casa, mas nós nunca nos falamos, até voltarmos do distrito 13. Ela foi uma das poucas sobreviventes daqui, e quase não conseguiu se salvar. Saiu antes de sua casa ser bombardeada; porém, sua família não saiu a tempo. Conheceu Gale na fuga, e foi sua principal ajudante na retirada dos feridos para a floresta. Alguém com quem todos podem contar. Nós nos conhecemos de um jeito estranho. Ela quase furou meu pé com uma tentativa frustrada de usar um arco.

Eu estava caçando sozinha na floresta que circunda o 12. Estava de olho em um coelho, que procurava seu alimento calmamente, enquanto eu apenas esperava o momento certo para acertá-lo com um tiro limpo, de preferência. Foi então que eu ouvi um zumbido passar perto do meu ouvido. Uma flecha. Uma após a outra. Parecia que estava sendo atacada. Então notei que este ser estava querendo o coelho também, e não eu. Sua última flecha caiu a milímetros do meu pé, e então eu a vi, sentada numa árvore, tremendo desesperadamente. O coelho fugiu. Vi alguma ave voar baixo e atirei uma única vez, e então fui recolhê-la. A garota loira, com olhos claros e capuz ainda me encarava assustada.

— Hey, você quer ajuda? – perguntei a ela.

Ela nada disse.

— Não vou machucar você. Está com fome? – pergunta óbvia. Ela estava quase desmaiando de fome, com o rosto magro. Lembrava alguém.

— Você é Katniss, não? A Mockingjay. – disse ela, finalmente.

— Por favor, não me chame assim. Mas sou eu mesma. Seu nome?

— Mariana. Você é quase minha vizinha e amiga de Gale. Ele foi embora por sua causa.

— Eu sei disso.

E este foi o início de uma bela amizade. Ela é sincera, e eu gosto disso. Sempre que eu preciso de alguém que me faça parar de ser ridícula, May está lá. Passei apenas um par de horas ensinando-a a usar o arco corretamente. Ela é esperta e aprende rápido, logo foi minha melhor e mais bem sucedida pupila.