Acho que o perdi para sempre.

Como sou burro! Não posso deixar que isso aconteça novamente...

Hoje ao acordar e abrir meu armário, percebi que as coisas dele não estavam mais lá. Olhei em cima do mesmo e notei que três malas haviam sumido. Respirei fundo. Suspirei. Tentaria manter a calma, afinal, podia ser apenas uma viagem de ultima hora como varias que ele já havia feito outras vezes. Precisava acreditar nisso! Logo ele ligaria e tudo ficaria bem.

Após concluir minha higiene matinal, desci para preparar meu café. Levava os ingredientes há mesa quando algo invadiu meu campo de visão. Meus olhos logo se encheram de lagrimas. Era uma carta. Sim! Uma carta de meu amigo, meu amado Louis.

Peguei a mesma delicadamente e, por um instante, me permiti fechar os olhos em busca de alguma segurança enquanto sentia o delicado papel entre meus dedos. Respirei fundo e ainda com as mãos tremulas abri o envelope e retirei a carta desdobrando-a com cuidado e a lendo no mesmo instante.

“Querido Harry...

Antes de qualquer coisa, saiba que não importa onde estivermos, se longe ou perto, sempre o amarei!

Desculpe-me por ter saído sem avisar-te, mas já não aguentava. Precisava ir o quanto antes.

Levo minhas mágoas e sofrimentos comigo. Não posso dizer que não guardo ressentimentos, mas não tenho raiva de você. Sinto-me triste por deixar-te novamente. Lamento por ter sido tão burro, por ter acreditado que você, Harry, mudaria.

Eu me enganei.

Mas entre todas as coisas que levo, a que mais pesa em mim é a duvida do por que. Por que Harry? Por que fizestes isso comigo? Porque ficastes com outra? Será que não fui suficientemente bom para você? Eu não sou? Será que fui usado todo esse tempo?

São essas as perguntas sem respostas que tanto martelam em minha cabeça.

Eu lhe pergunto o por que, eu que sempre fui fiel, que sempre te apoiei e amei. Eu, Harry, que nunca nem sequer olhei para outra pessoa que não você e, acima de tudo, sempre fui seu amigo! Eu lhe pergunto, será que eu merecia mesmo isso da pessoa que mais amo nessa vida?

É tudo tão confuso. Não posso acreditar pois, por mais que você tenha me machucado, não consigo esquecer de como você me fez feliz. Como posso pensar na dor, se tudo que vejo em seus olhos é doçura? Como pensar em você enganando-me, se tudo que lembro-me ao fechar os olhos, é seu sorriso sapeca e carinhoso? Como posso acreditar que você tenha sido capaz de tudo isso, se quando olho para você, tudo que vejo é apenas um garoto bobo que, ao final de tudo, sempre precisa de um abraço para dormir?

Não posso acreditar que tenha me enganado com você Harry, quando no fundo sinto que você continua sendo apenas o Hazza. O meu Hazza.

Mas me enganei, não é?

Estarei indo para o Brasil em questão de horas. Achei que não seria apropriado ir embora sem dar satisfação. Meu voo sai as 10:30, então provavelmente já terei partido quando estiver lendo essa carta, já que você sempre acorda tarde.

Só queria me despedir, e dizer mais uma vez que ainda te amo, mas acho que vai ser melhor assim. Acho que partir de Londres será a melhor solução por hora.

Beijos. Com, embora triste, carinho e amor... Louis.”

Eu já estava desmanchado em lagrimas. Cada uma daquelas palavras haviam me ferido e ao mesmo tempo emocionado de tal forma, e tudo o que conseguia me perguntar era: Ele realmente havia me deixado?

Mais como explicar que aquela garota maluca me agarrou a força? Eu teria que dar um jeito nisso tudo, mas como?

Procurei meu celular em busca das horas, nele marcava exatamente 9:45, será que daria tempo de ter uma reação? Iria tentar mesmo assim.

Peguei meu casaco, e corri para a rua. Tentei parar um taxi, mas ele passou reto. Quando eu notei outro vindo em minha direção não pensei duas vezes, me joguei na frente o fazendo parar. Entrei e o mandei ir o mais rápido possível para o aeroporto.

Ao chegar paguei com tanta pressa que apenas deu tempo de dizer ao taxista que ficasse com o troco. Corri para dentro e procurei Louis por todos os cantos, mas nada dele aparecer. Sem mais esperança nenhuma, me joguei em um dos bancos e ali fiquei por um tempo perdido em pensamentos.

Eu o havia perdido!

Estava quase levantando para ir embora quando um anuncio atraiu minha atenção.

“Atenção senhores passageiros do voo 483 para o Brasil, dirijam-se ao portão de embarque de número 5. Repito, senhores passageiros do voo 483 para o Brasil, dirijam-se ao portão de embarque de número 5“

Mal terminei de escutar o comunicado e já corria como nunca, desviando de algumas pessoas e esbarrando em outras. Nada importava no momento, ele ainda estava ali afinal. Ao chegar lá haviam 7 pessoas passando pelo portão de embarque e entre elas eu o vi. Ele estava quase entregando a passagem para o moço da entrada, não tive outra reação se não gritar...

– LOOOUUUIIIISS

Ele olhou em minha direção rapidamente, um tanto quanto assustado, e quando seu olhar encontrou o meu ele o desviou sem ao menos responder, voltando-se para o moço que aguardava, impaciente, que Louis o entregasse a passagem.

– LOUIS não vai, por favor, eu preciso de você!

Corri até ele antes que conseguisse ter uma atitude e arranquei a passagem de suas mãos.

– H-Harry, o q-que você veio fazer aqui, e-eu.. Por favor, me devolve minha passagem!? Eu preciso embarcar, preciso ir embora daqui!

– NÃO, EU JÁ TE PERDI UMA VEZ, NÃO VOU TE PERDER DE NOVO!

Eu disse em alto e bom som, o deixando surpreso, já que eu sempre fui um pouco orgulhoso e dificilmente faria aquilo.

– Eu, eu, é...

– Eu NUNCA mais vou deixar você ir para longe de mim!

– Por favor, deixa eu seguir meu caminho,e segue o seu com aquela, aquela...

– Vadia?

– É, aquela vadia! Espera... o que?

– Olha, eu juro para você que ela me beijou a força, ela, ela me pegou de surpresa! Eu nem sequer conheço aquela garota, ela é completamente maluca! Eu juro, eu nunca te trairia Louis, ainda mais com uma garota!

Enquanto dizia aquilo, algumas lagrimas começaram escapar dos meus olhos.

– E-eu não sei o que dizer. Você... quer dizer, ela...É...

– Diz que fica!? Olha, eu juro que nunca menti para você antes, e não vou mentir agora! Me dê apenas uma chance para te provar isso...

Peguei em suas mãos e olhei diretamente em seus olhos. Eles brilhavam pelas lagrimas que até aquele momento estavam contidas, mas sem esperar mais, criaram vida escorrendo lentamente por seu delicado rosto. Ficamos assim por um tempo, até que ele soltou um risinho de canto e me olhou de cima a baixo, o que fez com que eu ficasse um pouco confuso.

– Hey, você percebeu que esta de pijama?

– Não! – disse, um tanto quanto surpreso, enquanto olhava meu próprio corpo - juro que nem tinha reparado nisso. Depois que li a carta que você deixou em minha mesa eu peguei o celular e vi que eram 09h45,não pensei duas vezes e sai correndo para tentar te impedir, e só deu para pegar meu casaco.

Naquele momento eu estava bastante corado com a situação.

– E valeu a pena vir até aqui?

– Bom, acho que quem tem que me responder isso é você, valeu a pena eu ter vindo?

– Não, não valeu a pena.

– Mais eu pensei q...

Ele me interrompeu chegando mais perto e colocando suas mãos em minha cintura, fazendo com que nos aproximássemos mais. Parou a centímetros de distancia, nossos narizes se encostarão.

– Valeu MUITO a pena!

Puxou-me para um beijo intenso. Suas mãos faziam carinho em meu rosto enquanto eu o abraçava forte, ainda com medo de que ele pudesse partir. Não era um beijo apressado, não era apenas desejo. Era um beijo lento, carinhoso. Um beijo de reencontro.

Era mais apaixonante do que nunca!

Todos ao redor que assistiam toda a cena, aos quais eu nem havia notado até então, começaram a nos aplaudir. Uns assoviavam, alguns gritavam e outros vaiavam. Afastamos-nos pela falta de ar ainda nos olhando nos olhos, mas agora com um enorme sorriso no rosto. Fui escorregando minhas mãos por seus braços lentamente, até chegar em suas mãos, entrelaçando nossos dedos com carinho e firmeza.

– Te amo Boo bear...

– Te amo muito mais bêbe Hazza.!

Sorri dando-lhe um abraço de urso bem apertado, e em seguida o distribuindo vários selinhos.

– Então – comecei com um sorriso divertido em meu rosto - vamos para casa comer umas cenouras?

– Ô se vamos! – Disse soltando uma gargalhada.

Pegamos as malas e saímos de braços dados, sorrindo como da primeira vez.

Realmente... aquilo havia valido muito a pena!

FIM