Capitulo 23:

- Mãe, por favor, para de chorar! – Eu implorei.

Hoje estou voltando para Londres. Mas dessa vez vou pra ficar. Em poucas semanas começam as aulas na universidade e eu quero aproveitar esse restinho de férias lá.

No primeiro dia do ano eu tinha perdido meu voo, mas graças a Deus consegui trocar minha passagem a tempo e embarquei de volta pro Texas no dia seguinte.

- Shannon, ela não ta indo pra guerra. Se acalma, querida. – Peter, o namorado da minha mãe, disse tentando acalmá-la.

- Obrigada Peter, mas foi desse jeito que ela ficou quando eu fui embora pela primeira vez. – Disse.

Ouvimos o ultimo aviso dizendo que o avião já ia decolar.

- Tchau irmãozinho, vou sentir sua falta! – Eu disse dando um abraço de urso em Colton que estava com os olhos cheios de água.

- Também vou sentir sua falta, pirralha! – Ele disse bagunçando meus cabelos e me soltando do abraço.

- Peter, por favor, cuida da minha mãe. Até mais. – Abracei-o e ele assentiu com a cabeça o meu pedido.

Dei um ultimo abraço em minha mãe, que estava em prantos e sussurrei em seu ouvido um “eu te amo”, logo fui em direção ao embarque.

(...)

- Senhorita! – A aeromoça me deu um cutucão e me acordou. Deparei-me com um avião completamente vazio. – Sinto muito, a senhora não estava respondendo. Todos os passageiros já desceram.

- Ah, sim! Me desculpa! – Disse tropeçando com as palavras e sai do avião com pressa.

Assim que vi uma Erin extremamente preocupada no saguão pensei seriamente na possibilidade de voltar pro avião.

- VOCÊ TÁ QUERENDO ME MATAR? – Ela gritou.

- Shhh, todos estão olhando. Eu acabei dormindo e não percebi quando o avião pousou. Sossega! – Eu disse brincando e dando um abraço de urso nela.

Pegamos minhas malas e fomos pro carro. O sol já estava se pondo, e estava um pouco frio, mas nada comparado ao frio de verdade que faz no começo de ano.

Chegamos à Cambridge: por que tão perfeita?

Parecia um castelo bem antigo. As janelas todas de vidro, a grama bem aparada, o lago com os caiaques todos organizados. A única palavra pra descrever tudo é: perfeição.

Erin estacionou o carro na vaga para os alunos. Liam chegou e ajudou a gente com as malas. Fomos caminhando na estrada de pedras até chegarmos ao prédio feminino. Nosso apartamento fica no primeiro andar. Eu peguei o menor quarto por culpa de Erin. Uma cama de solteiro, um guarda roupa espaçoso, uma mesa de estudos próxima à porta de vidro da varanda. Isso mesmo, embora morássemos no primeiro andar, o apartamento ficava um pouco acima do gramado do jardim.

Arrumei minhas coisas no quarto e resolvi trocar de roupa pra Erin me mostrar o colégio. A noite havia caído e a iluminação do lugar deixava tudo mais bonito.  

Estávamos saindo do prédio quando eu encontrei olhos conhecidos. Congelei, eu não conseguia andar mais, meus pés se prenderam ao chão.

Zayn estava aqui.

Meus olhos não conseguiam desviar dos dele. Minha visão ficou turva.

- Não vai me ajudar não, Zayn? – Sai do transe com a nasalada voz de Evelyn pedindo ajuda. Ele sacudiu a cabeça e pegou as malas dela em seguida.

Senti um puxão. Era Erin me arrastando pra uma direção totalmente oposta a qual nós estávamos indo.

- Perdeu o juízo? – Ela disse segurando meu braço.

- O que foi?!

- “O que foi?!” – Ela repetiu minha frase com um tom de deboche. – Vai ficar secando o menino que mais te magoou? Sai dessa vida!

- Eu não estava secando ele! Ele estava me secando. É diferente. – Menti na maior cara de pau.

- Aham, é claro. Agora diz pra mim que você vai seguir em frente. – Ela disse deslizando sua mão do meu braço e segurando as minhas mãos.

Eu fiquei em silêncio.

- Diz, Heather! Esse menino só te faz mal, e você mal o conhece! Como é possível amar uma pessoa que você não conhece?! – Ela disse com a voz alterada.

- Você tem razão. Eu me precipitei. – Eu disse derrotada. O que ela acabara de falar fazia sentido. A única coisa que eu sabia sobre Zayn era o nome e sobrenome dele. Como eu pude-me “apaixonar” por ele tão rápido? Não tem cabimento.

- Isso ai! No começo eu até concordava com o relacionamento de vocês. Mas eu percebi que tem alguma coisa faltando. – Ela disse diminuindo o tom de voz e entrelaçando nossos braços durante a caminhada.

- Tipo o que?

- Amor? – Ela disse e eu fiquei em silêncio. – Desculpa falar, mas pra mim isso é só atração...

- Não tem problema. Você pode estar certa. – Disse olhando para meus pés enquanto caminhava.

- Posso? – Erin disse com a voz alterada novamente.

- Ok. Você está certa. – Disse me rendendo, mas eu ainda não tinha certeza se era isso que eu achava.

Sim, eu me precipitei dizendo que o amava, mas na época eu pensava que era realmente amor. Agora acho que cai na real. Ele seguiu em frente, eu segui em frente. Se houvesse amor de verdade nós teríamos lutado pra ficarmos juntos. Mas não foi isso que aconteceu. E eu nem o conheço, não sei onde ele nasceu, não sei sua banda preferida, não sei se ele gosta de aventuras, de sol, de passear. Nada.

Talvez eu esteja errada. Talvez não.

Continuamos a caminhada e Erin falava sobre alguma coisa, mas eu francamente não estava ouvindo nada.

Senti uma dor muito forte.

- HEATHER! MEU DEUS TÁ TUDO BEM? – Ouvi gritos de Erin, mas minha visão estava escura. Minha cabeça doía muito.

- O que? – Senti braços me tirando do chão e me deitando em uma superficie lisa. Fechei meus olhos.

- Abra os olhos Heather! Por favor. – Ouvi uma voz familiar me chamar. Abri os olhos lentamente.

- HARRY?!? – Gritei assim que abri meus olhos. Levantei num pulo. Mas fiquei tonta e me sentei em seguida.

- Calma, Heather. Eu sinto muito. Estava jogando com meus amigos e a bola bateu na sua cabeça. – Harry disse me ajudando a levantar.

- O que você faz aqui? – Perguntei sem acreditar no que estava vendo.

- Longa história. Depois nós conversamos. – Ele disse. – Tenho que ir. Sinto muito! – Gritou enquanto corria pro campo onde ele e os amigos estavam jogando.

Ótimo dia pra me jogar de uma ponte.

Tudo indica que Harry e Zayn estão estudando aqui. Maravilha.

Tem como ficar pior?