Shinobi Reboot escrita por TheVoid


Capítulo 1
Tale 1 - Repetição




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Todas as Grandes histórias começam com pequenos acontecimentos. O que começa do alto, tende a cair, enquanto o que começa de baixo, tende a ascender. Tudo tende a buscar uma condição contrária a que se encontra, esta é a realidade. Um ciclo infinito de mudanças.
E, em algum ponto deste ciclo, encontra-se a história de um garoto. Esperançoso, hiperativo e determinado a buscar seus sonhos. Até os dias de hoje, contam a história de como ele lutou até o fim por seus amigos, especialmente por um, em particular. A história de como a paz foi estabelecida no mundo Shinobi, enquanto a folha descansou sob a sombra de seu sexto líder. Os tempos de caos e guerras haviam acabado.

Mas a verdade é que nada é “infinito”. O infinito é, na verdade, uma repetição. Se uma história se recusa a acabar e ser eventualmente esquecida e abandonada, sua única escolha...

É repetir-se.

Eventualmente, o mundo Shinobi foi esquecido. Aldeias deram lugar à bairros e zonas urbanas, feudos foram trocados por regiões, e os países tomaram um significado completamente diferente, no aspecto social, político, e militar. Kunais e Shurikens foram substituídos por projéteis, e, com o tempo, as histórias sobre Uzumaki Naruto – e o mundo shinobi em geral – tornaram-se apenas mitos, em que poucos sequer acreditavam. Tudo havia mudado, mas, a humanidade atual fora desavisada de um fato...

A corrente de caos e destruição que um dia assolou o mundo Shinobi... Estava prestes a se repetir.


–-850 Afw (After Fourth War), Udon Institute – Embertown; Blaze Country (País da Labareda)--

*Um garoto, por volta de seus 15 anos, andava pelo colégio com seus amigos, em direção à sua classe. Uma situação normal, em uma escola normal, em uma cidade normal, em um mundo normal, paralisado na repetição.*

– Ryokuro-kun~ fez a tarefa de matemática? – Falava seu amigo, Matt, aparecendo de repente e apoiando-se em Ryokuro, com o braço por trás de seu pescoço.

– Wha- Fiz, claro.

– Então está decidido, você vai me passar, né?

– Tanto faz, eu acho.

– Você tem que parar de ser tão deprimido, não vai conseguir uma namorada desse jeito – Matt gesticulava exageradamente, enquanto só queria ver a reação de ryokuro, sabia que estava o provocando.

– Baka, como se eu me importasse.

– Hehe, não tem como escapar disso, Ryokuro-kun, Se até o Flash tem namorada, não dá mesmo pra fugir do amor – Falava Matt, que começava a subir as escadas para o caminho mais rápido para a classe.

– He, Essa piada foi horrível. - Respondia o garoto, sorrindo levemente.

Ryokuro pisa no primeiro degrau, mas vê, um pouco acima deles, já no segundo andar, uma garota. Mas Hiya Mahi Não era uma garota qualquer. Bem, pelo menos não para Ryokuro. A garota sorria, enquanto segurava as mãos de um outro garoto. Eles conversam, enquanto riem um pouco, logo, suas faces começam a se aproximar.

Ryokuro fecha os olhos e sorri consigo mesmo, não um sorriso de felicidade, mas de desprezo. Desprezo por si mesmo, e aceitação, ao mesmo tempo.

– ...Matt, encontro você na classe.

– Huh?

– Vou andar um pouco, dar a volta, encontro você e o pessoal lá.

– Err... Ok, eu acho...

Ryokuro rapidamente se vira e toma outro caminho, enquanto Matt sobe as escadas. Um pouco mais, e ele finalmente vê o casal e percebe.

– Heh, então foi isso... Sério, Você tem que se recompor logo, Ryokuro-kun...

Enquanto isso, entre o pátio da escola, o garoto andava, enquanto se distraía, olhando para o Playground, perto dali, onde as crianças brincavam, e corriam em círculos.

– Heh, a infância... Eu imaginava tantas coisas... Criava tantos cenários, eles eram... Tão reais para mim... Hoje, nada disso faz sentido. Aposto que até o pior dos cenários que eu imaginei naquela época é melhor do que esta “realidade”. Esta vida é tão... Sem propósito. Por mais cliché que seja, eu não me encaixo, e peças que não se encaixam não tem a menor utilidade aqui, droga.

Andando quase que automaticamente enquanto observava o Playgound, Ryokuro nota que já chegou nas outras escadas. As turmas do seu turno não usavam muito essas escadas, por suas salas ficarem no bloco C da escola, que era bem mais rápido de ser alcançado pelas escadas que Matt havia usado. Portanto, a essa hora, as escadas e corredores onde Ryokuro estava eram vazias, e mergulhadas em silêncio. Ryokuro podia ouvir apenas seus pensamentos, e seus passos, lentos e automatizados, quase rítmicos.

– Mahi-chan... Tsc, até o amor está rindo da minha cara agora...

Ryokuro sobe as escadas, e chega até os corredores.

– Do que eu estou falando? Nada vai mudar, tenho simplesmente que me concentrar nos estudos, conseguir um trabalho e, então, seguir com uma vida normal, até o fim... – Ryokuro fechava os olhos por um tempo, e suspirava, tendo que aceitar aquilo.

Enquanto pensava e se conformava, Ryokuro andava até sua classe, dobrando em vários corredores, caminhando ao lado de várias portas, cujas pequenas entradas revelavam salas vazias. Ryokuro andava, e andava mais, perdido em seus pensamentos. Assim foi por um momento, caminhando sem atenção, até que... Ele começou a perceber algo estranho. O corredor era grande, mas não tanto assim! Havia se perdido no caminho, distraído? Não. O lugar era grande, mas não dava pra se perder desse jeito, ele já estudava la por um bom tempo. Ryokuro olha ao seu redor, ele estava no caminho certo, sem dúvida. Com essa certeza, ele continua andando, e dobra. Sua sala era para estar naquele corredor. Mas, espere! Havia algo errado. Ele estava no mesmo corredor de antes! Havia sido aquilo só uma impressão? “Bem, que seja, é no próximo, de qualquer forma”, ele pensa, andando até o fim do corredor, e, mais uma vez, dobrando... E percebendo que estava no mesmo. O que estava realmente acontecendo? O garoto não fazia idéia. Continuou andando, agora mais preocupado. Ao dobrar, novamente, percebeu que estava no mesmo corredor. Aquilo não fazia o mínimo sentido.

– “Tsc, só percebeu agora?”

O garoto se vira, e vê, em sua frente, uma figura estranha, ameaçadora. Um homem com vestimentas negras, que, por algum motivo, deixava-o paralisado de medo. O que era tudo aquilo?!

– O-o que você quer?! - Perguntou o garoto, tentando não demonstrar medo, mas obviamente paralisado.

– He, não se importe comigo, estou aqui apenas para assistir – Falava o homem, rindo levemente.

– Assistir?

– Sim, garoto. Assistir ao seu desespero.

– Do que você está falando? – Em seu tom de voz, o garoto aos poucos se afastava de seu medo, e dava lugar à raiva.

– He, pois bem, deixe-me explicar: Tudo que você tem que fazer é chegar a sua sala. Simples, não? Ponha um pé no chão de sua sala, e eu desapareço. Bem, pelo menos por enquanto.

– Chegar à sala... Quem é você, afinal?!

– Isso não importa agora, garoto. O que realmente importa, é quem você é. Apenas chegue a sua sala, e encontre seus amiguinhos. Antes de ir, vou até deixar uma dica. Para achar a saída... – O Homem repentinamente aparece ao lado de Ryokuro, e sussurra em seus ouvidos – Você deve ver além de seus olhos. - Ryokuro, confuso, se perde em seus pensamentos por um segundo, para logo depois perceber que o misterioso homem não estava mais ali. O garoto, então, se volta para o corredor. Sua única opção é continuar indo, certo?

– Tsc, nem eu conseguiria pensar em uma frase mais clichê.

Enquanto procurava a resposta, Ryokuro dá mais algumas voltas, inutilmente, sempre voltando para o mesmo lugar. O garoto checa o relógio: Já estava atrasado. “Vou acabar logo com isso”, pensou Ryokuro, enquanto acelerava seus passos. Antes que percebesse, já estava correndo. Não havia lógica em correr, mas sua ânsia o obrigava a continuar, como se, de alguma forma, ir mais rápido fosse ajudar em algo. Mas, não. O garoto continuava chegando no mesmo lugar.

– Grr, isso nem sequer faz sentido... Espera... É isso! – Ryokuro abre sua mochila, procura um pouco, e retira um marcador vermelho. – Se eu fizer uma marca aqui, posso pelo menos saber exatamente em que ponto eu volto. – Então, rapidamente, Ryokuro remove a tampa de seu marcador e faz um círculo, com um “X” dentro. Em volta de si, com cerca de um metro de raio, ryokuro fez outro círculo, para saber se iria parar exatamente no mesmo local ou somente em uma zona próxima. Incerto sobre no que exatamente isso ajudaria, concluiu que isto pelo menos o faria entender melhor o que se passava.

Tendo feito isso, então, Ryokuro vai rapidamente até o fim do corredor, mas mantendo seu olhar na marca que havia feito. Na hora de dobrar, Ryokuro tenta manter a marca em vista o máximo que consegue, mas, inevitavelmente, sua visão é bloqueada pela parede. O garoto, sem querer, acaba olhando para baixo... E percebe que está pisando exatamente no centro da marca que fizera. Volta a olhar para o corredor, ele não estava mais dobrando, estava exatamente onde começou.

Ryokuro sorri, confiante.

– De alguma forma, isso é um truque com os meus olhos... Então eu só tenho que fechá-los, certo?

Ele então fecha seus olhos, e começa a andar.

– Eu sei perfeitamente chegar à classe assim, não vai ser problema.

Com os olhos fechados, ele chega ao final do primeiro corredor. Ao dobrar, consegue controlar sua ansiedade e manter seus olhos fechados. Logo, ele chega. Tem que ser ali, mas ele não podia abrir agora. Ao tocar a parede, passava sua mão por ela, procurando por uma porta, uma maçaneta, qualquer sinal da entrada de sua sala. Logo, suas mãos sentem um extintor de incêndio, assim como havia do lado de onde ele estava inicialmente: Ele havia voltado. Assim, então, abre os olhos.

“Por quê? Porque nem assim funciona?” – Pensava o garoto, enquanto encarava o extintor.

– Heh, você não é muito inteligente, não é, garoto? Eu disse para você ver além de seus olhos, não sem eles. Você não está progredindo, mas regredindo cada vez mais. Foi uma boa lógica, mas qualquer pessoa pode fechar os olhos. O que eu quero que você faça, é algo que só você pode fazer.

– Porque você não me fala logo o que eu tenho que fazer? Essa pequena performance também estava no seu contrato?

– Isso não é algo que eu possa explicar, tolo. – Disse o homem, curvando-se um pouco em direção ao garoto, e o encarando, com um sorriso, confiante por saber algo mais – Você terá que descobrir por si mesmo.

– Tsc, isso é perda de tempo. Se você não vai ajudar, não atrapalhe. – Falava o garoto, olhando em sua frente, em direção ao limite de sua visão do corredor.

O garoto então pega sua mochila, de Nylon, e começa a cuidadosamente desfiar um ponto dela, formando uma grande linha. Pega, então, seu caderno, retirando uma folha, e rapidamente fazendo um avião de papel. Pega também seu estojo, retirando uma caneta, e usa sua ponta para fazer um pequeno furo na traseira do avião. Então, cuidadosamente, amarra a linha pelo furo, e o segura por baixo, preparando-se para lançá-lo.

– É agora, me tire daqui! – Fala Ryokuro, lançando o avião de modo que vá se curvando para dobrar no fim do corredor. – Vamos! – Ele espera um pouco e começa a correr, seguindo o avião, e enrolando a linha em sua mão aos poucos, deixando a mão em um ângulo de visão no qual também pudesse ver a porta quando ela aparecesse.

“OK, isso tem que funcionar.”

Ryokuro então finalmente dobra o corredor, e, para sua surpresa, ainda se vê no mesmo, mas ainda está vendo a linha se enrolando em sua mão! Ele olha e checa o avião, e ele está longe novamente! Volta a olhar para sua mão, e, a linha não estava mais em volta! Ele havia, novamente, voltado ao começo. Ao perceber isso, para e encosta na parede.

– Porque? Tsc, Porque?! Grr, quem se importa! - Ele começa a correr em direção ao fim do corredor para, inutilmente, tentar dobrar, e volta ao começo, mas continua correndo, como se achasse que sua velocidade e insistência o fariam quebrar o que quer que isso fosse. Mas não era isso, ele simplesmente queria descontar sua frustração: Ele não tinha mais planos. Poderia até criar outro, mas estava irritado. Irritado demais para isso, irritado demais para qualquer coisa. Ele estava correndo para escapar. Escapar não apenas daquele ciclo, mas de sua própria vida. Já estava cansado de pensar e raciocinar uma forma de mudar tudo, naquele momento, ele apenas correu.

Correu, até seu limite. Até suas que suas pernas tremeram, até que sua respiração tornou-se exaustiva, até que seus olhos começaram a perder o foco.

– D-droga. – Sussurrava o garoto, bruscamente se apoiando na parede e sentando, descansando antes que desmaiasse por exaustão. – Não há saída, tsc. Só posso esperar que isso seja um sonho e que eu acorde logo.

– Ah, mas isso não funcionou muito bem com a sua vida, não é, garoto?

– Você...

– Fiquei observando esse tempo todo e, bem... Sinceramente, patético.

– Huh?

– Sua lógica naquela hora, com a linha... Foi perfeita. Se fosse um mero truque de percepção, você teria escapado. Mesmo deparado com algo que você não fazia idéia do que seja, você conseguiu pensar e procurar várias soluções lógicas. Impressionante, garoto. Mas, isso não é o suficiente. Por favor, criança, eu posso ver em seus olhos. Até exausto como estás agora, ainda posso ver o ódio, o desprezo por tudo ao seu redor. Olhos de alguém que não vê propósito nesta vida, e só continua vivendo por algo entre aceitação e esperança. Sim, garoto, talvez nem você mesmo saiba, mas você ainda tem esperança. Esperança de que sua vida possa mudar, esperança de que algo mais possa acontecer. Você vive cada segundo de sua vida esperando por algo mais. Mas, é inútil, certo?

O Garoto escutava, paralisado, como se estivesse ouvindo seus próprios pensamentos.

– Você acorda todos os dias, e tem que viver a mesma rotina. O mesmo ciclo, de novo e de novo. Mesmo com esperanças em um amanhã melhor, em um futuro melhor, você continua voltando para o mesmo lugar, preso na mesma rotina. E, não importa o quanto pense, o quanto você consiga manter a calma e raciocinar, o quanto sua lógica seja incrível, você não consegue escapar da rotina. Percebe agora, garoto? Sua vida é uma repetição. Assim como neste corredor, por mais que você se mova, não sai do lugar. Então, se é isso que quer, pare aqui. Feche os olhos e espere que tudo seja um sonho, espere até ser atingido pela realidade e apodrecer aqui, sem nunca conhecer o que existe fora do ciclo. Como eu pensei, apenas outra criança pat-

– Você não sabe de nada.

– Eh?

– VOCÊ NÃO SABE DE NADA!

Ryokuro começava a tremer, com a cabeça baixa, de modo que a sombra cobria seus olhos, fechando os punhos com toda a força que conseguia achar, em uma tentativa de suprimir a própria ira.

– Se você vai só ficar falando de como eu sou patético, vá embora. Me deixe aqui para apodrecer, apenas PARE DE DIZER O QUE EU JÁ SEI! Eu penso em uma forma de escapar disso, de mudar a minha vida, todos os dias! Você fala como se soubesse, mas, se quer matar a minha esperança, desista! Se você quer usar a minha aceitação, DESISTA! Apenas EU entendo os dois. Se você não vai me ajudar ou me dizer como sair daqui, como mudar tudo isso, você é inútil. Se você não tem uma resposta, apenas DESAPAREÇA! – Ryokuro de repente grita, levantanto sua cabeça e olhando fixamente para o tenebroso homem.

De repente, tudo começa a ficar vermelho. Ryokuro pode ver a realidade ao seu redor se quebrar; desmoronar. Pedaço por pedaço, caindo, enquanto o mundo se transforma através de seus olhos. Logo, quando para pra pensar onde está, sente-se como se tivesse acordado de um longo sono. Olha para si mesmo: Não está mais soando, não está mais fraco, e seu corpo não está mais cansado. Apenas sua mente estava exausta. Logo ele se lembra. Olha ao redor, sem sinal do homem sombrio. Ryokuro simplesmente se levanta e caminha, meio receoso, em direção à sua sala.

Dobra o corredor, estava, finalmente, no outro corredor.

Caminha em direção à porta, ainda receoso, e toca na maçaneta.

Para pra pensar por dois segundos, e rapidamente abre a porta e dá um passo na sala.

Vê seus amigos lá, ainda conversando, e fica completamente sem entender a situação.

– Yooo, Ryokuro-kun! – Fala Matt, quase gritando.

– Ryokuro-san. – Falava uma garota de cabelos verdes, sorrindo.

– Matt-kun, Shitsu-san, yo....

Então, sente um toque nas costas, um empurrão. Percebe que é outro aluno, querendo entrar. “Os alunos ainda estavam entrando? Mas, haviam se passado horas...” Sua mente começa a sussurrar dúvidas sem resposta, Ryokuro as ignore e simplesmente entra, procurando sua cadeira, e finalmente, sentando-se. Nesse momento, ele sorri.

Durante alguns segundos, a vida que ele odiava o pareceu agradável. Mas, as dúvidas ainda ecoavam em sua mente, juntamente com uma certeza de que veria o misterioso homem novamente.

Homem que, aliás, o assistia de longe, como um vulto em sua janela.

– Excelente. Demorou um pouco, mas você foi bom, garoto. Pode ter certeza que nos encontraremos novamente, Uchiha Ryokuro.


To be Continued.


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