Poderia ser um belo dia em uma bela organização do mal com uma bela Mitsue acordando tranquilamente e totalmente relaxada. Mas não, não é isso que acontece. Nunca aconteceu desde que cheguei aqui.

Acho que devem ter se passado quase duas semanas desde que pus meus pés neste lugar pela primeira vez. Não tem como manter alguma noção de tempo trancada em uma caverna sem um único contato com o mundo real.

Eram 5 da manhã quando dormir se tornou impossível devido ao barulho que vinha lá de fora. Se algo sério estava acontecendo, eu não queria saber o que era. O mais sério que tinha acontecido até agora fora Sasori perder uma de suas marionetes. Na verdade perder não foi bem o que aconteceu. Tobi tivera uma grande influência nisso. Assim como o excesso de comerciais da Barbie.

Não que eu estivesse com raiva disso tudo. Até que era divertido. Um tempo atrás nunca passaria pela minha cabeça que eu me divertiria fazendo loucuras com assassinos profissionais. Mas a saudade começava a bater. Ainda que eu não ficasse em um mesmo lugar por mais de um mês, estava com saudades de respirar ar puro. De ver as árvores, mesmo que secas. Ver os rios e lagos, e os animais. Estava com saudades de sair por aí sem nenhuma razão específica.

Então alguém bateu à porta e eu me levantei para abri-la. Esperava não estar com o rosto amassado depois de dormir (ou pelo menos tentar dormir).

Kisame: Bom dia, novata – disse ele, sorrindo.

Mitsue: Bom dia, Kisame. O que foi?

Kisame: Pain está te chamando. Não sei o motivo, mas de qualquer jeito, boa sorte.

Mitsue: Obrigada.

Fui ao banheiro depois que ele saiu e fiz minha higiene matinal, vestindo as mesmas roupas velhas. Saí do quarto e andei pelo corredor até a porta do que achava ser o quarto de Pain, e dei três batidinhas. Ele abriu e me convidou para entrar.

Pain: Bom dia, Mitsue.

Mitsue: Bom dia.

Havia uma mesa com duas cadeiras num canto e meia-parede separava aquilo do resto do quarto. Lá estava uma cama enorme de aparência macia, daquelas que você tem vontade de pular em cima assim que vê. Agora eu sabia porque Konan vinha aqui com tanta frequência. Ou pelo menos era o que eu queria acreditar.

Mitsue: Porque me chamou, Pain?

Pain: Se eu fosse você não teria essa intimidade toda, Ishikawa. – ele me fuzilou com o olhar.

Mitsue: Ok, ok, desculpe. Líder está bom? – falei, sem graça.

Pain: Eu estava brincando. – ele começou a rir. – Aiai, eu me admiro com as minhas próprias piadas.

Mitsue: Ahnnnn, tá bom então.

Pain: Mitsue, era pra rir.

Mitsue: Hahaha, Pain você é hilário!

Pain: Caham – eu sei – mas vamos ao ponto.

Eu me ajeitei na cadeira.

Pain: Eu conversei com Konan e os outros e decidimos que você deve fazer logo o teste para entrar oficialmente na Akatsuki. Na verdade, oficialmente não é bem verdade, porque teria que ter um anel desocupado, mas todos concordamos que isso não tem importância agora. No entanto, Konan decidiu fazer uma festa idiota para o idiota do Tobi, então não vamos ter tempo para fazer isso.

Mitsue: Então você me chamou só para dizer que vou ter que fazer uma coisa mas não agora?

Pain: Exatamente.

Mitsue: Nossa. Tudo bem então.

Pain: É brincadeira. Te chamei para falar que Konan mandou você e Deidara colherem flores para ela.

Mitsue: Como é que é? – eu levantei e gritei. - Mas que caralho, por que tudo o que faço tem que ter o Deidara envolvido? É uma sacanagem da porra.

Pain: Como é que é?

Mitsue: Ah, cale a boca, Pain! Eu não colher porra de flor nenhuma! Mande Konan se fuder e mandar o Kakuzu colher flores ou qualquer outro! Eu me recuso a fazer isso, e me recuso a ficar perto do idiota do Deidara!

Saí batendo a porta, deixando um Pain perplexo na cadeira de madeira. O que só serviu para me deixar arrependida menos de um minuto depois.