Seria normal passar a noite de olhos abertos? Com a visão
limpa e a mente cheia e confusa?

Um tanto quanto sabia não, não era, tinha uma palavra que o
Mundo utiliza a torto e a direito.

Amor, mas como podia eu apaixonar-me pelo perfeito
imperfeito?

Seria o amor assim tão louco, tão prudente quanto o meu
coração exigia?

Se sem certezas vivia, imagino o meu coração ao ser amado de
volta.

E vivo com o medo de descobrires um ser mais perfeito, um ser
mais belo e mais genial.

Amaras-me de manhã , de tarde , ou mesmo à vida dos
nocturnos?

E desejo secretamente que penses em mim em actos banais, como
se isso alegrasse o meu coração.

Tu riste-te para mim porque sou diferente. Eu ri-me para ti
porque somos iguais.

Então tudo me faz crer que a minha memória de ti é melhor que
tu.

Porque duas palavras dão razão da minha existência e tudo o
que necessito és tu, és tu no teu melhor e no tu no teu pior.

Ninguém é perfeito, todos errados, perdoamos e seguimos em
frente.

E nunca seremos tão jovens como esta noite, uma noite de
pensar e repensar.

E só a promessa de quando vires uma estrela pensares em mim
,faria de mim feliz.

Só consigo respirar a vida, com a certeza de que tudo nasceu
para acabar.

Tu és o ponto perfeito no infinito que eu sempre procurei e
agora peço-te não te vás, não te vás sem aviso, ou vai sem ele e quando a minha
dor começar a passar não voltes.

Tu mostraste-me algo que eu não conseguia ver. Tu abriste-me
os olhos e fizeste-me acreditar.

E aqui estou eu , a tentar.

THOMAS
POV

Duas semanas.

Todos os dias vejo e revejo  Marie , com os óculos redondos, com o cabelo
perfeitamente esticado preto e com a sua pasta com nomes de bandas.

Sempre que podia sentava-me ao lado desta, e falava
calmamente ( o quanto o meu coração conseguia).

Cheguei no meu jipe à escola, ouvindo os habituais murmures  sobre mim por parte das raparigas­.

Avistei ao longe Marie, como uma criança feliz , corri em sua
direcção.

- Hei rose – falei , e com uma deliciosa tortura os seus
olhos olharam-me para numa consequência o seu torto e perfeito sorriso
aparecer.

- Olá Tomas…- disse esta com uma voz doce mas marcante.

Agarrei-a pelo ombro e empurrei-a para a sala, ouvindo as
suas reclamações que me faziam rir.

Marie  era uma pessoa
com opiniões um tanto fortes, possuía uma personalidade no mínimo respeitável.

E quando perdia as certezas do que sentia por ela, esta
surpreendia-me de forma  natural.

Sentia-me um monstro quando no almoço a deixava sozinha , por
ter de fingir um romance com Clark, o 
perfeito casal de High School John Kennedy.

Odiava tudo nela, desde o seu cabelo à sua personalidade
estúpida e fraca.

Em quantas vezes pedi a Rose mil desculpas por o almoço e
esta só me sorria, um sorriso fraco e pouco convicente.

Com o passar do tempo descobri tudo sobre Rose, sei quando
está feliz ou não, e notava uma certa amargura nos olhos, aumentando de dia
para dia.

Tocou e como habitual dirigi-me para Educação Física.

- Rose mais uma vez desculpa…-disse com um certo recear.

Rose olhou de esguelha para mim e por breves segundos não se
pronunciou , nem mesmo esboçou um sorriso.

-Qual é a tua ideia comigo ? Porque juro Tomas que não a
encontro!  A clark não te chega?
Necessitas de mim para o banal?

Após ouvir, tentei falar , mas só sentia uma enorme dor no
coração.

-Eu preciso de ti para muito mais...

Sem me deixar acabar Rose gritou:

-não, não precisas! Tu és tão falso como eles todos!

Agarrei-a mas arduamente ouvi:

-Tomas, fim.