Beatrice POV

Meus olhos não paravam de escorrer lágrimas. Qual era o problema de Lucas de me deixar ser feliz? Ele ainda não havia percebido que jamais ficaria com ele? Que eu não seria umas das que se rendeu? Já estava na hora dele se ligar nisto. Mas como sempre estava ali estragando meu momento de felicidade.

– Você só sabe atrapalhar minha vida. Eu te odeio Lucas. – disse em meio as lágrimas. Doía em mim ver Liam com aquela carinha triste. Ouvi um estrondo e me assustei. Estava parada em pé. Enquanto Lucas estava no chão caído. Sangrando, morto? Como?

– Vocês estão bem jovens? – perguntou um senhor com uma espingarda na mão, era o caseiro?

– Você o matou? – perguntei assustada.

– Não sei, acho que ele só está desmaiado. Temos que chamar uma ambulância.

– disse o caseiro.

– Que me perdoe, mas ele vivo eu não queria. Mas não sou ninguém pra desejar a morte de uma pessoa. – eu disse sério fitando o corpo, dava pra ver que ainda respirava.

– Vão para a casa, sofreram trauma. – disse ainda o caseiro já se retirando.

Eu fitei Liam por um instante e meu coração se acelerou, eu deixei as lágrimas então caírem sobre minha face e o abracei forte enterrando meu rosto em seu peito.

– Sabe que me deve algumas respostas né? – disse Liam passando as mãos em meu cabelo.

– Sei, desculpa por tudo. Hoje mesmo vou te esclarecer tudo. – eu disse olhando em seus olhos, e sorri de leve ao ver que iria tudo ficar bem. Selei meus lábios aos dele rapidamente e então ouvimos a ambulância chegando e nos separamos.

[...]

Haviam já levado Lucas ainda com vida ao hospital. A policia já tinha pego nossos depoimentos e do caseiro que com sorte saiu ‘’ileso’’ da situação, com certeza teria alguma pena, mas não precisaria ir a cadeia, um pobre homem que só ajudou a gente não merecia isto. Ele salvou nossas vidas, na verdade ele devolveu a minha vida, a minha paz que eu nunca tive. Liam me acompanhou até o quarto onde ele dormia. E eu me deitei sobre a cama enquanto ele pegava algumas coisas.

– Vai dormir aqui hoje, neste quarto. – disse Liam me fitando e sorriu e leve.

– Mas e os meninos? – perguntei.

– Vão se ajeitar na sala. – disse ele se aproximando e sentando na cama me olhando.

– Que foi? – sorri.

– Pensei por um instante que iria te perder. Não iria agüenta. – disse ele passando uma de suas mãos sobre a maça de meu rosto e acariciou.

– Eu também, só havia medo, eu sentia cada vez mais. E me desculpa por não falar as coisas antes, talvez tivesse sido melhor e evitava isto. – eu disse e ele me deu um selinho.

– É, acho que chegou a hora de você me contar tudo que de fato aconteceu. – Liam disse e eu me pus sentada ao seu lado, não tirei meus olhos dos dele.

– Tudo bem, só não irá ficar bravo por esconder a verdade? – perguntei medrosa.

– Não ficarei amor. – amor? Meu sorriso se abriu rapidamente, que lindo ele me chamando assim.

– Lá vai. – suspirei. – Na verdade eu sou órfã mesmo, nunca nem conheci meus pais, eu vivia em um orfanato, onde ninguém nem se importava com as garotas que estavam ali, nos éramos mais um tipo de empregadas para aquele lugar imundo o qual eu odiava. Todas as meninas sonhavam em sair de lá e poder viver sua vida. Encontrar um cara legal, namorar, casar e ter seus filhos. As vezes algumas conseguiam sozinhas ao completar 18. As vezes um cara ia lá, ele ajudava nas despesas do local e também levava as garotas iludindo elas ‘’Vou te deixar famosa, sairá daqui e te ajudarei, não precisava me dar nada, faço isso por amor no coração’’ E é claro que todas iam. Éramos-nos muito inocentes, a maioria que vivia ali estava desde que tinha nascido. O mundo para a gente era só aquele lugar. Vivendo aprisionada, e alguém dizendo ter alma boa nos oferecendo ajuda? É claro que aceitaríamos.

– E foi o que você fez? – perguntou Liam e beijou minha testa.

– Exatamente. Ele me levou para a sua enorme casa. Bajulou-me com presentes de roupas e eu adorei aquilo. Até saber que havia virado sua paixão, sua obsessão, coisa que nunca tinha sentido por nenhuma garota do orfanato que tinha pegado para ele. – disse e suspirei fundo.

– E o que houve com as garotas? – Liam perguntou.

– Garotas de programa. Era com isso que Lucas ganhava mais dinheiro. Negócios por fora. – eu disse. – Calma ai, mas eu não. Todas as vezes que ele ia ao orfanato me olhava diferente já. Fiquei sabendo que ele sempre teve planos para mim, desde mais nova. Ele tinha realmente uma obsessão por mim. E é isto. Desde então, ele vive tentando fazer com que eu me apaixone. Mas não. – eu disse e sorri fraco.

– Que história. – disse Liam boquiaberto.

– Está bravo? – perguntei cabisbaixa.

– Lógico que não meu anjo, você é linda e minha. Não conseguiria ficar bravo por isso. Você já sofreu demais e agora vai ser feliz. Ao meu lado. – disse ele me beijando com ternura.