Tirei o celular do bolso enquanto praticamente corria pelas ruas de Holmes Chapel e disquei o número dele, uma foto nossa apareceu no visor, mas por mais que chamasse ele não atendia.

–Que merda Styles, me atende!

Harry encarou o celular que estava jogado no chão ao seu lado, uma foto de nós dois piscava no visor, ele a encarou e segurou a garrafa com mais força.

–Deveria estar ligando para o Malik não pra mim. – falou dando mais um generoso gole na tequila. – e tira esse sorriso do rosto seu imbecil, ela não se importa com você.

Depois de discutir com a foto do celular ele encarou mais uma vez as luzes de Holmes Chapel.

–Cidade de merda.

Me enfiei por baixo daquela maldita pedra e consegui chegar com muita dificuldade ao nosso lugar secreto, quando enfim o avistei, percebi que ele não parecia bem.

–Harry?

Ele se virou, quando o fez quase caiu de lado.

–Seu idiota, o que está fazendo aqui?

–Vim para fugir das batatas assassinas. – ele falou rindo feito um imbecil.

–O que?

–Ah sei lá. – ele falou rindo ainda mais. – eu nem sei o que estou dizendo.

Olhei dele para a garrafa que estava de pé ao lado do celular.

–O que você fez? Você bebeu?

–E daí?

Eu o encarei enquanto ele tentava dar um passo na minha direção, mas antes que conseguisse ele caiu sentado.

–Seu imbecil! – falei desesperada, Harry era idiota ou o que? Ele não podia beber e pior ainda em um lugar como aquele aquilo era um abismo, se ele se desequilibrasse para o lado errado... Tremi inteira só de imaginar.

–Eita quem me empurrou? – ele falou rindo feito um idiota.

–Você é imbecil ou o que? O que diabos deu em você Styles? Por que bebeu dessa forma? E onde você conseguiu essa garrafa de tequila?

–Calma perguntas demais, perguntas demais... Só me lembro da última, consegui no pub no fim da rua. – ele falou tentando ficar de pé, dessa vez antes de conseguir ele cambaleou agora para a direção errada.

Algo dentro de mim simplesmente explodiu, eu não tive o mínimo controle sob meus pés, quando dei por mim tinha saltado a pedra mais próxima e o agarrado pela cintura, Harry cambaleou, o peso dele acabou nos derrubando no chão, meu coração disparou mais ainda quando vi o abismo a nossa frente, lágrimas sem controle começaram a rolar dos meus olhos e a minha única reação foi abraçá-lo com força como se ele fosse uma criança e eu o estivesse protegendo.

–Liz...

–Shh! – falei enquanto ainda o mantinha firme contra o peito, o meu coração estava a mil enquanto eu o apertava a cada segundo mais.

Alguma coisa dentro de mim queria ficar a vida toda ali, grudada nele, abraçando-o daquela forma.

–Por que você fez isso? – perguntei segurando o rosto dele entre as mãos e o olhando de perto, Harry estava suado, o rosto vermelho e os olhos brilhavam de uma forma diferente.

–Por que está aqui? – ele perguntou, a voz embargada pela bebida, quase incompreensível.

–Que pergunta é essa? Eu estou aqui porque me importo.

–Não deveria. Eu escondi coisas de você.

–Foi para me proteger, agora eu entendo, eu teria feito o mesmo. – falei finalmente me dando conta daquilo.

–Mas, à uma hora dessas você poderia estar com seu namorado e não aqui, estou bêbado te dando trabalho, vai lá, vai ficar com ele.

–Eu estou exatamente onde quero estar. – falei firme enquanto ele me olhava como se não compreendesse o que eu estava dizendo.

–Por que você se importa?

Os olhos dele transmitiam uma doçura e uma incompreensão que me deixaram ainda mais abalada.

–Porque você é minha vida Harry Styles, não importa quantas vezes você me diga para me afastar, quantas vezes você tente me tirar da sua, eu sou parte de você e você é parte de mim.

Vi com desespero a hora em que ele começou a chorar, eu o apertei ainda mais contra o peito me sentindo inútil por não ter conseguido evitar aquelas lágrimas.

Fiquei apenas abraçada a ele, sentindo o desespero daquelas lágrimas por tempo suficiente para que ele dormisse e eu constatasse algo. Eu não suportava vê-lo chorar, não suportava que nada de ruim acontecesse com ele, cada vez que ele sofria, era como se algo dentro de mim fosse destruído e aquela sensação era horrível. O que era aquilo?

Fiquei mais um segundo encarando-o enquanto ele ainda dormia, o rosto continuava manchado pelas lágrimas, os cabelos estavam desordenados, mas ele me parecia mais lindo do que nunca. Meus olhos foram desviados diretamente para os lábios dele, como eram bem desenhados, rosados e perfeitos. De imediato a resposta veio a minha mente, eu sabia exatamente o que era aquilo.

–Eu acho que te amo. – falei baixo me debruçando e lhe dando um beijo delicado na cabeça. – não sei por que, não sei quando começou, mas te amo.

Agora aquilo já estava mais do que claro na minha mente. Como eu tinha sido tão cega?

Fiquei mais algum tempo ali sem me mover, apenas sentindo o calor do corpo dele contra o meu. Eu ficaria minha vida toda ali se meu celular não tivesse tocado.

–Lizzy?

–Ah, oi Lou.

–Você encontrou ele?

–Sim, encontrei.

–E por que está sussurrando?

–Ele está dormindo.

–Dormindo?

–Sim, longa história.

–Onde vocês estão?

–Não posso te dizer, mas você poderia vir encontrar comigo na entrada da cidade, naquela pedra?

–Sim, estou indo.

Louis desligou o celular e eu fiz o mesmo encarando o Harry que se moveu se aconchegando ainda mais no meu colo.

–Sty?

Ele apenas gemeu.

–Sty acorda, a gente precisa ir.

Ele abriu um dos olhos com dificuldade e me encarou.

–Lizzy você está aqui mesmo? Achei que tinha sonhado.

–Não, você não sonhou. Agora vem comigo, o Louis está vindo pra me ajudar a te levar para algum lugar.

–Ele está vindo pra cá? – ele falou espantado.

–Não, vai nos esperar lá fora.

–Ah, ok.

–Acha que consegue andar até lá fora?

–Se você me ajudar quem sabe.

Eu o ajudei a ficar de pé, Harry se apoiou em mim e nós seguimos caminho, até a entrada da caverna foi fácil, difícil foi quando tivemos que nos abaixar para passar por baixo da pedra, já era difícil depois que crescemos, imagina na situação em que estávamos agora?

Quando nos abaixamos, ele simplesmente tropeçou e caiu em cima de mim, nós rolamos caverna afora, quando chegamos do outro lado eu estava deitada em cima dele e nós dois riamos feito dois idiotas. Eu parei de rir de imediato quando o encarei nos olhos, Harry me olhava fixamente, eu me perdi por um minuto nos olhos dele, mas consegui voltar à realidade quando escutei a voz do Louis.

–Espero não estar atrapalhando nada.

Eu fiquei de pé rapidamente me sentindo extremamente envergonhada, Harry tentou se levantar, mas foi inútil.

–O que houve com vocês dois?

–Estávamos saindo da caverna e oops alguém me empurrou. – Harry falou. – alguém pode me ajudar a ficar de pé?

Só então Louis pareceu perceber o estado em que o amigo se encontrava.

–Cachinhos, você bebeu?

–Só um pouco.

Eu e Louis nos aproximamos e com esforço o colocamos de pé.

–Não podemos levá-lo para a casa dele. – falei rápido enquanto Harry me encarava e começava a rir de forma desesperada.

–O que foi?

Ele ergueu a mão desajeitadamente e tocou o canto dos meus lábios com uma delicadeza fora do comum.

–Estava sujo de terra. – ele se justificou quando viu que eu não me movi.

–Acho melhor levarmos ele pra minha casa. – Louis deu a ideia.

Eu também achava.

–Quando chegarmos lá eu ligo pra Annie dizendo que ele vai dormir lá comigo, né cachinhos?

Harry sorriu fazendo um gesto positivo com a cabeça.

–Agora vamos nessa antes que fique ainda mais tarde.

Seguimos guinchando o Harry na direção da casa do Louis, quando chegamos lá paramos na porta, afinal Louis precisava ver se não tinha ninguém olhando quando entrássemos.

Quando ele voltou nós seguimos o mais silencioso que os tropeções do Harry permitiram. Quando chegamos ao quarto do Louis Harry simplesmente se jogou sentado em cima da cama.

–Bom gente vou deixar vocês então, preciso ir para casa. – falei quando Louis se aproximou e sentou ao lado do amigo, Harry encostou a cabeça no ombro do amigo e bocejou me encarando. – a gente se vê amanhã.

–Lizzy! – Louis chamou antes que eu saísse. – obrigado.

–Não precisa me agradecer Lou, eu faria qualquer coisa por esse imbecil de cabelos cacheados.

Harry apenas sorriu me lançando um beijo.

Eu segui caminho deixando os dois a sós. Quando viu que eu já tinha saído Louis encarou o amigo.

–O que deu em você? Pirou de vez?

–Você deveria ter visto a forma que ela cuidou de mim. – Harry começou com um sorriso bobo no rosto. – ela se preocupa Louis.

–Isso não é nenhuma novidade seu imbecil, novidade é você ter bebido dessa forma, Harry você pirou de vez?

–Não, não pirei. Eu simplesmente não consegui me controlar, você não sabe o que é ter ela tão perto e ao mesmo tempo tão longe todo dia. É frustrante cara, toda vez que o Zayn segura a mão dela é como se ele estivesse me apunhalando, quando eu olho nos olhos dela enquanto ela o olha meu estômago simplesmente sofre um dano quase irreparável, porque eu fico pensando a razão de ela não me olhar da mesma forma.

–Isso é loucura.

–E eu não sei? Mas, não posso evitar. Hoje eu quase falei, quase disse tudo o que queria, tudo o que sentia, mas quando ela me abraçou, quando me protegeu eu não pude, eu congelei. Eu não podia falar, não queria estragar o momento.

–Que momento? O momento no qual ela quase enlouquece atrás de você? Ou o momento no qual você pareceu um idiota bêbado nos braços dela?

–O momento no qual ela me olhou nos olhos e disse que aquele era exatamente o lugar em que queria estar, não com o Zayn e nem com mais ninguém, comigo.

Louis balançou a cabeça em um gesto negativo, aquilo estava saindo do controle.

–Isso está saindo do controle cara, escuta o que eu estou dizendo, isso vai dar merda.

–Eu escuto a pulsação do meu coração acelerar cada vez que estou perto dela.

–Acho que o Zayn sente o mesmo.

Harry o encarou, Louis agora o olhava firme, parecia não ter se importado com a forma que aquele simples comentário o machucara.

–Não precisava ter dito isso.

–Claro que precisava, preciso que você caia na real, preciso que se lembre que é com o Zayn que ela está, que é dele que ela gosta, não de você.

Harry respirou fundo, por mais que doesse admitir, Louis estava certo.