-Mãe quem está aí? – minha irmã perguntou quando as duas se esbarraram no corredor.

-O Harry, ele vai dormir aqui.

-Não acha que já está na hora da senhora não permitir mais isso? – ela falou encarando minha mãe.

-Como assim?

-Os dois já estão bem crescidinhos e bem, sei lá dormindo juntos.

-Ai meu Deus Mariana, é o Harry, não seja tonta ele e sua irmã são como irmãos.

Mariana ficou encarando a porta do meu quarto enquanto minha mãe se afastava.

-Ei vamos pegar água, o último a chegar na cozinha é a mulher do padre. – ele falou abrindo a porta rápido.

-Harry isso não tem mais graça. Na verdade isso nunca teve graça.

-Só porque você sempre perde. – ele falou e começou a fazer barulho de galinha. – có có có, franguinha com medo.

-Ai meu Deus, você não cresce nunca?

-Não e você também nunca me vence, vamos, topa?

Antes de responder eu saí correndo porta afora.

-Ei não vale, trapaceira volta aqui.

Mariana ficou observando enquanto a gente corria escada abaixo, antes de chegar ao último degrau Harry me puxou pela camisola e eu tropecei, nós dois caímos rolando escada abaixo,acabamos chegando até mais rápido lá em baixo, Mariana correu para ver o que estava havendo e  a cena que viu foi eu e Harry um deitado em cima do outro rindo feito dois idiotas.

-Se eu fosse minha mãe ficaria de olho nesses dois, se ela não quer, eu fico.

-Lineh? – Debby chamou no meio da noite. – está acordada?

-Sim amiga, o que foi?

-Estou com sede.

-Ah não Debby, sério? – Aline falou descrente.

-Sim, vamos na cozinha comigo?

-A cozinha é lá em baixo, é muito escuro.

-Eu sei, se fosse claro eu iria sozinha.

-Ai que droga. – Aline resmungou.

-O que foi?

-Adivinha, também não gosto de escuro, deveríamos ter trazido água aqui para cima.

-Pois é, mas estávamos tão entretidas batendo papo. Você falando do tal de Nathan, culpa sua.

As duas sorriram.

-Vamos lá, não existe nada de aterrorizante na minha casa. – Aline começou enquanto abria a porta do quarto.

-Por que diabos não tem luz no seu corredor?

-Porque não foi feito para andar de noite. – Aline falou rápido. – agora shh, vamos logo.

As duas começaram a caminhar de mãos dadas, Aline  ia na frente.

-Ai Debby meu pé poxa.

-Desculpe, mas se não percebeu não consigo ver nada.

-Eu também não e nem por isso estou pisando no seu pé.

-Você está na frente, só pisaria se fosse o curupira.

As duas começaram a rir.

-Shh vamos logo.

Pé ante pé elas caminharam pelo corredor escuro até chegar ao topo da escada.

-Pior parte agora. – Aline falou tateando no escuro para encontrar o corrimão.

Quando as duas se apoiaram desceram rápido, na cozinha Aline acendeu a luz.

-Enfim consigo ver um palmo na frente do meu nariz. – Debby falou indo até a geladeira pegar água.

-Ok agora vai, pega a garrafa, um copo e vamos subir.

Debby obedeceu.

-Pronta para correr? – Aline perguntou com o dedo na tomada.

-Quando você quiser.

-Ok no três, um, dois...

No dois Debby já estava correndo escada acima.

-Ei sua chata. – Aline gritou desligando a luz e correndo atrás da amiga, aquilo tinha sido injusto.

Me atirei na cama enquanto Harry estava no banheiro escovando os dentes e se aprontando para dormir.

-Ei Harry. – falei enquanto ele ainda estava lá, eu podia vê-lo de frente ao espelho.

-Oi.

-Posso te fazer uma pergunta bem íntima?

-Ih lá vem bobagem. – ele falou parando no arco da porta com a escova de dentes na mão. – fala.

-Com quantas garotas você já dormiu?

Ele sorriu.

-Só com você.

Eu atirei a almofada nele, ele sorriu atirando-a de volta.

-É sério.

-Sim é sério, você é a única garota com quem durmo, com as outras eu não faço exatamente isso.

-Ai que nojo seu pervertido. – falei escondendo meu rosto com o travesseiro.

-Ei. – ele se aproximou pulando em cima de mim e puxando o travesseiro, quando ele enfim descobriu meu rosto estava sentado em cima da minha barriga. – não seja assim, posso contar as garotas que dormi em uma mão se quiser.

-Sei se essa mão tiver uma calculadora ou até mesmo um ábaco.

Ele sorriu saindo de cima de mim e voltando para o banheiro.

-Por que perguntou isso?

-Só curiosidade, queria saber o quanto o cara que vai dividir a cama comigo é sei lá, cheio de doenças.

-Engraçadinha. – ele falou voltando para o banheiro com um sorriso no rosto.

Quando terminou de se aprontar, ele deitou ao meu lado, agora estávamos mesmo um ao lado do outro, ele encarou o teto mais uma vez, eu fiz o mesmo.

-Eu gosto de dormir com você. – falei de repente, ele se virou e me encarou.

-Como assim? Por quê?

-Não sei, me sinto segura, você é a presença masculina que eu nunca tive, mesmo que às vezes pareça uma bicha ou até uma criança.

Ele pareceu não escutar a segunda parte, apenas ficou me olhando sem piscar com um sorriso no rosto.

-Não sabe como é bom pra mim ouvir isso, eu te amo demais Liz, você é uma irmã para mim, sério. – ele falou me dando um beijo na testa.

Eu sorri, eu sentia o mesmo. Puxei o braço dele e deitei em cima, usando-o como travesseiro, me aconcheguei no peito dele e fechei os olhos.

-Boa noite Styles. – falei batendo palmas duas vezes e as luzes apagaram.

-Boa noite Liz.