-Entra seu louco.

Abri a janela e ele saltou para dentro com um sorriso enorme no rosto.

-O que estava fazendo? Não estava dormindo, espero.

-Claro que não. – falei voltando e me atirando de costas na cama, ele se aproximou, colocou o pote de sorvete em cima da mesinha do computador e se atirou ao meu lado, mas com as pernas para o lado oposto, nossas cabeças ficaram grudadas e o cabelo dele bateu no meu rosto.

-Controla isso. – falei empurrando o cabelo dele, ele sorriu puxando-o.

-Desculpe.

Ficamos como de costume encarando o teto do meu quarto sem nada dizer durante alguns minutos.

-Ei me dá sua mão. – ele falou e eu ergui minha mão para que ele a pegasse. – agora fecha os olhos e imagina um lugar bem bonito.

-O que está fazendo? – perguntei sorrindo, ele sorriu junto sem tirar os olhos do teto.

-Vai imagina.

-Ok. – falei fechando os olhos e imaginando uma montanha toda cheia de neblina e uma casinha lá no topo de onde eu conseguia ver tudo.

-Pensou? – ele perguntou enquanto eu ainda permanecia de olhos fechados.

-Sim e agora?

-Deixa eu ver se acerto o que você pensou.

-Você nunca vai acertar.

-Vou sim. – ele falou. – não abre os olhos e continua pensando.

-Ok.

Permaneci da forma que ele me pediu, apenas imaginando minha montanha fria e nebulosa.

-Uma casinha no topo de uma montanha nebulosa. – ele falou e eu abri os olhos encarando-o perplexa, ele se virou no mesmo minuto para me encarar e nossos narizes se bateram, aquilo nos fez começar a rir de imediato.

-Como soube? – perguntei quando parei de rir, ele deu de ombros ainda deitado.

-Sei lá devo te conhecer um pouco.

-Besta! – falei ficando de pé e seguindo na direção do pote de sorvete. – sorvete de que?

-Adivinha?

Quando abri vi que era meu favorito, limão.

-Você não existe, sabia?– falei e ele sentou na cama e mais uma vez deu de ombros.

-Sim eu sabia!

Eu peguei a tampa do sorvete e atirei na direção dele.

-Tonto.

Peguei o pote, abri a gaveta da minha escrivaninha, tirei as duas colheres que eu já mantinha lá caso ele aparecesse e sentei no chão ao lado da cama, Harry deslizou e sentou ao meu lado.

-E como foi com o Malik?

-Não foi nada, ele só me trouxe até em casa e que fique claro que você quase me obrigou a aceitar. – eu falei entregando uma colher para ele.

-Desculpe achei que seria algo legal para vocês, não sei ele gosta de você.

-Não acho não, o Zayn sei lá, ele tem muitas garotas atrás dele, não que ele seja como você, mas...

-Ei. – ele protestou com a boca cheia de sorvete.

-Ai Harry fecha a boca, que nojo!

Ele sorriu mais ainda, agora se aproximando mais de mim, o sorvete da boca dele quase pingou em cima de mim.

-Sai seu porco! – falei empurrando-o, ele sorriu engolindo o sorvete antes que pingasse e sujasse tudo.

-Ei. – ele falou deitando a cabeça no meu colo e erguendo a colher no ar. – estava pensando em uma coisa agora.

-Fala.

-Hoje o Jay estava no estúdio dele ensaiando e bem...

-O que? – falei encarando-o e começando a passar a mão pelos cabelos dele.

-Ei estica o pote de sorvete pra cá. – ele falou e eu obedeci, Harry deu uma colherada e ficou segurando-a acima da cabeça. – bom, é que eu meio que entrei no estúdio e cantei o refrão da música dele com ele e...

-E? – falei impaciente.

-Ele disse que sou bom.

-Como assim?

-O Jay disse que minha voz é boa.

-Sério? – falei sorrindo, mas ele fechou a cara. – ih o que foi?

-Não é para ficar feliz, quer dizer, sei que ele estava apenas sendo sarcástico. 

-Por que estaria? Ele é seu irmão.

-Por isso mesmo.

Eu não discuti, continuei a passar a mão pelos cabelos dele.

-Ei, pergunta. – ele começou de repente, eu nunca ia me acostumar com como o Harry mudava de assunto tão rápido.

-Diz.

-Você ainda tem aquelas fotos que tiramos das outras vezes?

Eu sorri apontando o meu mural que ficava acima da minha cama, estava cheio de fotos de nós dois, a maioria fazendo caretas horríveis.

-Nossa estão velhas. – ele falou pulando de joelhos em cima da minha cama para vê-las mais de perto. – puts como essa está horrível.

Eu sorri observando-o, o Harry era incrível.

-Você já parou para imaginar a cara do Liam se ele descobrir que você está afim do irmão dele? – Debby perguntou jogada no chão do quarto enquanto Aline estava atirada na cama, o quarto estava uma bagunça por causa da guerra de travesseiros.

-Não e ele nem precisa imaginar, isso não vai sair desse quarto Débora Cristina.

-Claro que sim Aline, não se preocupe. – Debby falou sorrindo. – mas é que sei lá, e se ele se interessa por você também e aí?

-Se interessar por mim um cara lindo como o Nathan? Não seja tonta Debby, claro que ele não vai se interessar por mim.

-Vocês tem a mesma idade.

-Eu sei, mas eu tenho cara de pirralha.

-E daí?

-Ah não começa.

-Você tem é autoestima de pirralha isso sim.

-Olha só quem fala.

-Comigo é diferente. – Debby se defendeu.

-É mesmo? Falaria com o Zayn se ele não gostasse da Lizzy?

-Claro que não, ele é lindo, é um dos caras mais adorados da escola, está louca?

-E depois a minha auto estima que é de pirralha.

Debby atirou o travesseiro na amiga.

-Ai meu Deus que coisa horrível. – eu falei ao olhar a foto no visor do celular do Harry. – nossa estou parecendo um monstro, apaga isso.

-Apagar a foto não vai acabar com a sua feiura, deixa aí.

Eu o encarei.

-Styles está dizendo que sou feia?

-Mais ou menos isso, quando você entra nos lugares as pessoas se viram para te olhar, mas é meio que imaginando como uma pessoa pode nascer uma vez só e ser tão feia, sério era melhor você nascer de novo ou se virar ao avesso.

Eu fiquei encarando-o firme, ele sorriu.

-Por que você vem aqui só pra me dizer essas coisas? - falei com um sorriso, ele sentou em cima da minha escrivaninha e me encarou.

-Porque se eu não vier, você me liga chorando feito uma desesperada, ai onde está o Harry? Por que ele não veio?

Ele começou a me imitar chorando de uma forma exagerada, sério se eu chorasse daquela maneira me mataria.

Eu pulei em cima dele e o derrubei no chão sentando na barriga dele em seguida.

-Seu imbecil. – falei encarando-o direto nos olhos, Harry sorriu. – só porque tem esse sorriso e esses olhos acha que pode me dizer essas coisas?

-Lizzy sai de cima, não consigo respirar.

-É esse o objetivo.

A porta do meu quarto se abriu bruscamente e nós olhamos naquela direção, era minha mãe.

-Só vim para dar boa noite, boa noite filha, boa noite Harry.

-Boa noite Carol. – ele falou com dificuldade.

-Liz filha sai de cima do Harry, vai machucar.

-É obedece sua mãe, sai desinfeta!

Eu fiquei de pé, mas não antes de puxar o cabelo dele.

-Ai sua louca desequilibrada!

-Harry vai dormir aqui hoje? Quer que ligue para sua mãe?

Ele me encarou, eu dei de ombros.

-Ok eu durmo, faria isso?

-Sim claro que faço ah e outra coisa, próxima vez entra pela porta, já te pedi isso um milhão de vezes, daqui a pouco vai acabar caindo lá de cima e se machucando e sem falar nos vizinhos que ainda não se acostumaram com isso.

-Ok vou tentar, prometo.

-Não sei por que não acredito nessa carinha de anjo.

Ele sorriu.

-Ok então até amanhã meninos, Harry quer que eu venha te acordar mais cedo para você ter tempo de ir em casa se vestir para a escola ou você ainda tem roupa por aqui?

-Acho que tenho algumas aqui. – ele falou abrindo o meu armário. – é sim, tenho algumas não se preocupe.

-Ok então, boa noite meninos, até amanhã.

Minha mãe se aproximou dando um beijo em cada um de nós e seguindo quarto afora.