Resident Evil: Undead Nightmare escrita por Goldfield


Capítulo 6
Cenas XLIV a LII




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Cena XLIV

 

O suntuoso hall da Torre do Relógio, visto de cima, como se a câmera estivesse junto ao teto. O ambiente é quase idêntico ao retratado no game “Resident Evil 3: Nemesis”, com escadas e adornos.

O grupo de sobreviventes do qual faz parte Leon S. Kennedy é focado examinando o recinto de pisos claros, alguns rastros de sangue aqui e ali. Vemos Ford e Harper averiguando vãos entre as paredes, sombras atrás de colunas e pilastras. Em seguida é mostrado Brad da cintura para cima, olhando ao redor com expressão facial repleta de medo.

 

BEN – O lugar parece estar vazio!

 

FORD – Não me parece!

 

O espectador descobre então o motivo da afirmação de David: de costas para a câmera, ele e Douglas se encontram de frente para os destroços de madeira de uma porta derrubada, havendo aparentemente estantes de livros na sala do outro lado.

 

Ford e Kennedy trocam um olhar apreensivo, o segundo se aproximando dos dois, seguido pela câmera. O primeiro faz um gesto para Leon, que aponta sua arma para o cômodo adiante. Ele avança pé ante pé, a imagem se alternando entre seus olhos e a pistola em suas mãos. Adentrando a biblioteca em ruínas, a tela assume sua visão enquanto examina o ambiente... Até que o súbito “click” de uma arma sendo engatilhada é ouvido. Leon pára de imediato.

 

VOZ FEMININA – Não se mova!

 

É mostrada outra pistola, diferente da portada por Leon e segurada por uma bela mão feminina. A câmera se desloca para o lado, mostrando lenta e gradualmente o braço da personagem... Até que revela um atraente rosto de traços orientais: Ada Wong.

 

Recuando, a imagem exibe em seguida a cena num panorama maior e mais nítido: pegando Kennedy desprevenido, a mulher aponta sua arma para a cabeça do rapaz.

 

LEON – Abaixe a arma... Não sou um zumbi!

 

ADA – Não me lembro de ter perguntado o que você é ou deixa de ser!

 

LEON – De qualquer forma, sou um policial! E você, quem é?

 

Wong é vista mudando sua expressão facial de desconfiança para um aparente conformismo, ao mesmo tempo em que abaixa a pistola.

 

ADA – Uma sobrevivente!

 

Cena XLV

 

O hall torna a ser mostrado numa tomada mais ampla, os dois grupos de sobreviventes se unindo quando Ada, Claire e Irons adentram o local. Este último parece um tanto surpreso por ver alguns de seus homens diante de si.

 

IRONS – Eu sabia que o R.P.D. não cairia totalmente! Vocês vieram para nos salvar!

 

Só então nota Harper entre eles, a câmera denotando um quê de ironia na face do delegado. Eles então se encaram, mostrados de lado.

 

IRONS – E quem diria... Você também!

 

Douglas dá um soco na face de Brian, arrancando-lhe sangue dos lábios. Este recua aturdido, enquanto o espectador vê Leon e Ford segurarem Harper para que ele não volte a investir contra o desafeto.

 

HARPER – Se não fosse por você, tudo isto poderia ter sido evitado! Você é um maldito corrupto comprado pela Umbrella, contribuiu para que as atividades deles ficassem encobertas até que fosse tarde demais! Até contribuiu para a exposição dos S.T.A.R.S. ao ridículo para que as experiências dos desgraçados continuassem acontecendo!

 

O foco passa para Claire, que está consternada.

 

CLAIRE – Isso é verdade?

 

A imagem se centra em Irons por alguns instantes, que está perceptivelmente atordoado. Ele limpa o sangue da boca, faz alguns movimentos tensos com os braços, por fim cruzando-os, até que se vira de costas para os demais, distanciando-se nervoso.

 

IRONS – Eu não faço idéia do que esse maluco está dizendo! A situação deve tê-lo deixando um tanto... Desequilibrado!

 

Harper se agita, tentando se soltar dos braços dos companheiros, porém continua contido.

 

HARPER – Mentiroso filho da mãe!

 

Claire se aproxima de Leon na tela, sem demonstrar bem de qual lado está na discussão.

 

CLAIRE – Há mais sobreviventes?

 

LEON – Além de nós... Não tenho certeza.

 

CLAIRE – Eu não sou daqui, cheguei à cidade em meio ao pânico nas ruas!

 

LEON – E por que veio para cá?

 

CLAIRE – Estou procurando meu irmão.

 

A imagem é transferida para o topo das escadas, no andar superior. E discretamente, sem serem percebidos por ninguém no andar inferior, dois pequenos braços cobertos pelas mangas de um pijama de marinheiro seguram barras do beiral da estrutura. O ângulo muda, deixando à mostra os olhos e parte do rosto de Sherry Birkin, lágrimas vertendo sobre seu semblante.

 

Cena XLVI

 

Um local escuro. A visão da câmera é confusa, sendo que sons acabam sendo uma das poucas coisas perceptíveis. Um vulto se move nas sombras... Até que, deixando-as, revela ser um bizarro braço sem pele, músculos vermelhos à mostra pingando sangue. Há um leve zoom, até que algo no membro se abre... Um grande e inumano olho de tom rubro, que pisca algumas vezes diante do espectador antes de subitamente desaparecer nas trevas.

 

Cena XLVII

 

De volta ao hall, os sobreviventes são mostrados brevemente por cima, circulando pelo local, Claire sentando-se nos primeiros degraus da escadaria. A imagem em seguida a foca.

 

CLAIRE – Vocês também estão aqui devido ao plano de evacuação?

 

Vemos Leon se aproximando da moça.

 

LEON – Sim, nós ficamos sabendo através de uma transmissão de rádio. Segundo o que ouvimos, é preciso badalar os sinos como sinal para que o helicóptero de resgate venha.

 

ADA – É isso mesmo.

 

Leon e Ada trocam um olhar de desconfiança mútua, e então a câmera retorna para Claire.

 

CLAIRE – Nós deveríamos procurar mais sobreviventes neste prédio antes!

 

IRONS – Se for apenas uma aeronave, então ela já ficará lotada!

 

O foco passa para Bertolucci, o qual faz gestos irônicos.

 

BEN – Proteger e servir... Alguém ainda se lembra disso?

 

Súbito, um urro totalmente inumano, assemelhando-se a um rugido de um animal selvagem ou ao brado de uma besta indomável, ecoa por todas as salas do local. O grupo é visto ligeiramente de cima, seus membros olhando assustados ao redor.

 

BRAD – Oh, meu Deus, o que é isso agora?

 

FORD – Definitivamente não é um daqueles zumbis.

 

HARPER – Nós temos de nos dividir em dois grupos: um sobe até a torre para tocar os sinos, o outro vasculha as outras salas à procura de mais pessoas vivas!

 

BRAD – Você está louco? Nos dividirmos com todos esses monstros à espreita? Morreríamos ainda mais rápido!

 

David, ignorando Vickers depois de bufar, é mostrado distanciando-se de costas na direção de uma outra porta de madeira no hall, intacta. Antes de atravessá-la, o espectador vê o policial virando-se para trás.

 

FORD – Vou procurar mais pessoas. Quem vem comigo?

 

Vemos Ben, Brad, Claire e Irons juntando-se ao tenente. Depois a câmera se centra em Ada, que começa a vencer os degraus da escada.

 

ADA – Eu cuido dos sinos!

 

LEON – Eu irei com você!

 

HARPER – E eu também... Nunca se sabe o que é possível encontrar no alto de uma torre numa cidade infestada de mutantes, senhorita.

 

O rosto de Wong, focado na tela, não demonstra aprovar muito a idéia, porém logo acena em sinal de afirmação.

 

Cena XLVIII

 

A breve cena começa mostrando o chão de um corredor um tanto desgastado, a câmera estando sobre as tábuas como alguém deitado no solo. Súbito, toda a estrutura de madeira treme, um pouco de poeira sendo liberada. Instantes depois, tudo estremece mais uma vez, agora com maior intensidade. Com o terceiro tremor, o espectador pode notar que certamente se trata de passos, mas de forma alguma normais.

 

Com o quarto passo, surge na imagem uma grande e pesada bota, o foco se ampliando... Para revelar T-00 caminhando lentamente, a maleta do G-Virus em uma de suas mãos. A câmera volta para junto do assoalho, a cena terminando justamente ao mesmo tempo em que a criatura titânica dá mais uma pisada sobre-humana, seguindo seu caminho.

 

Cena XLIX

 

A tela mostra um outro corredor de aspecto igualmente envelhecido, porém com as paredes cobertas por algum tipo de composto branco. Vemos o grupo de Ford avançando por ele durante um momento, até que, num close, o tenente examina com uma das mãos a pegajosa substância, que é revelada ser algum tipo de teia de aranha.

 

FORD – Eu nunca vi nada como isto!

 

BEN – E por acaso você também já tinha visto zumbis de verdade antes? Nada mais me surpreende!

 

BRAD – O que pode ter feito isso?

 

A câmera em seguida foca uma pequena parte do teto... Onde subitamente surge algo como uma espessa pata peluda listrada, aderindo-se à gosma branca para melhor se locomover.

O foco então retorna aos heróis.

 

CLAIRE – Espero escapar desta cidade viva...

 

IRONS – Eu a protegerei no caminho, mocinha...

 

O delegado ainda fita a irmã de Chris Redfield com um olhar obsessivo.

 

Súbito, desgruda-se do teto, caindo sobre as patas diante do grupo, uma tarântula dezenas de vezes maior do que seu tamanho original, bloqueando a passagem e movendo suas presas ameaçadoramente. A imagem passa a alternar seu ângulo, oscilando entre a frente e as costas dos sobreviventes.

 

FORD – Fogo, fogo!

 

O espectador vê os personagens abrindo fogo contra o artrópode mutante, mas as balas não parecem surtir muito efeito. Com as patas da frente erguidas em posição de ataque, ele investe contra os inimigos, estes saltando para trás para escapar da investida... David, porém, não é tão rápido.

 

O tenente acaba preso num emaranhado de teia disparado pelo monstro, a câmera acompanhando cada movimento do intenso combate. Os tiros prosseguem, mas a aranha gigante se recusa a cair, cobrindo o policial capturado com seu corpo peludo.

 

FORD – Não, não, não!

 

A criatura lança mais teia, agora cobrindo todo o rosto do policial e impedindo-o de respirar. A imagem acompanha a agonia de Ford, que se debate tentando se livrar da tarântula, porém aos poucos perde as forças. O resto do grupo volta a ser mostrado, com Claire à frente, todos assistindo impotentes à triste cena. Os gritos de David são altos e angustiantes.

 

CLAIRE – Não, isto não pode estar acontecendo!

 

BRAD – Corram, antes que ela faça de nós suas próximas vítimas!

 

CLAIRE – Mas...

 

IRONS – Não há mais nada que possamos fazer por ele!

 

BRAD – Corram!

 

Todos acabam assim agindo, a imagem mostrando o quarteto de frente, fugindo velozmente pelo corredor. A aranha ignora-os, continuando a se alimentar. Num breve zoom, Claire olha desolada para Ford, que aos poucos deixa de se mexer, e então volta a avançar chorosa junto com seus companheiros. Visto agora pelas costas, o grupo desaparece por uma porta no final do corredor, que é fechada com força por Brad assim que ele a cruza por último.

A câmera então foca um dos braços ensangüentados do tenente, cujos dedos da mão executam seus últimos movimentos entre espasmos... Até desfalecer de vez, mais gotas vermelhas respingando ao redor.

 

Cena L

 

Um corredor do segundo andar. Visto primeiro de frente e depois ligeiramente por cima, o trio composto por Ada, Leon e Harper, na ordem, avança cautelosamente, armas em punho.

 

O foco é transferido depois para o rosto intrigado de Wong, e logo em seguida para o semblante ainda mais curioso de Kennedy.

 

LEON – Parece até que você está procurando algo...

 

ADA – A escada para o alto da torre deve ficar em algum lugar por aqui.

 

Fazendo uma curva no trajeto relativamente iluminado, o grupo, mostrado de frente, pára de modo súbito, faces surpresas, a câmera então abaixando para revelar o motivo do susto: o cadáver ensangüentado de um mercenário da Umbrella no chão, a boca aberta fixada para sempre numa incrédula expressão de horror.

 

ADA – Acho que isto confirma que eles planejavam mesmo usar este local como ponto de extração!

 

HARPER – Algo parece tê-los impedido, porém.

 

LEON – Vamos logo em frente!

 

Mostrado por outro ângulo, o trio desaparece através de uma porta solitária.

 

Cena LI

 

O grupo de Claire entra numa espécie de capela, com vários bancos enfileirados diante de um altar simples, ao lado do qual há uma mesinha com uma perceptível máquina de escrever. Ambiente e personagens são vistos de cima, depois estes últimos de costas, conforme adentram o lugar.

 

BEN – Alguém quer se ajoelhar e rezar?

 

CLAIRE – Deveríamos rogar pelo tenente... Ele morreu bravamente!

 

BEN – Antes ele do que eu!

 

Bertolucci é mostrado de frente ao mesmo tempo em que se senta num dos primeiros bancos diante do altar, pernas abertas enquanto alonga os braços e dá um longo bocejo. O espectador consegue notar que Redfield olha com cara fechada para o jornalista.

Os sobreviventes são vistos de uma outra posição.

 

BRAD – Nós podíamos descansar um pouco, aqui parece ser mais seguro.

 

CLAIRE – Não há tempo!

 

IRONS – Talvez Vickers tenha razão. Os outros tocarão os sinos para nós. Não temos com o que nos preocupar, a não ser que os zumbis consigam entrar aqui.

 

CLAIRE – Mas pode haver mais sobreviventes!

 

De repente um alto grito feminino é ouvido, vindo de alguma parte da torre, a câmera testemunhando o susto e confusão dos personagens, que olham aturdidos ao redor.

 

A imagem começa a se alternar entre os falantes.

 

BEN – De fato!

 

CLAIRE – Temos que ir dar uma olhada! Deve ser alguém em apuros!

 

BEN – Fique aqui com o chefe, mocinha. Eu e o Vickers daremos uma olhada. Se não voltarmos dentro de uns dez minutos, voltem para o hall e aguardem até que os outros retornem. Creio que vocês ouvirão os sinos, se eles ainda estiverem vivos!

 

BRAD – Eu? Por que eu tenho que ir com você?

 

BEN – Para proteger minha retaguarda. Mesmo sendo um covarde, você tem treinamento do S.T.A.R.S., e isso conta!

 

BRAD – Mas...

 

IRONS – Vá logo com ele, Vickers. Eu tomarei conta da senhorita Redfield. E além do mais, a mulher em apuros pode estar sendo devorada neste exato momento...

 

Ben e Brad dão as costas para a câmera, caminhando até a porta da capela e saindo, o segundo ainda relutante. A cena termina mostrando Irons fitando Claire com olhos cobiçosos mais uma vez, sem que a jovem, de pé apoiada no altar, perceba o perigo que corre.

 

Cena LII

 

Leon, Ada e Harper vagam por outro corredor, possuindo marcas de sangue no chão e paredes. Depois de mostrar o trio em si, a câmera foca Kennedy e Wong à frente, a música “With You”, do Linkin Park, tocando ao fundo.

Depois os três são mostrados de costas, parando diante de uma porta no final do trajeto.

 

LEON – Aqui é o único local que ainda não inspecionamos, a escada para o alto da torre deve estar aí!

 

Vemos uma mão tocando a maçaneta, unhas pintadas de vinho... Pertence a Ada, que mal espera o policial terminar de falar e já segue em frente, passando a correr depois de atravessar a porta. A face perplexa de Leon é mostrada, boquiaberta.

 

LEON – Ada, espere!

 

E desata a correr no encalço da oriental.

 

Douglas fica sozinho na imagem, visto de frente e olhando com uma cara de inconformismo para a direção tomada pelo casal.

 

HARPER – Mulheres... E novatos!

 

Passa então a seguir lentamente, passos sem pressa, pelo mesmo caminho.

 

A trilha se intensifica. Ada avança em meio às sombras, esbarrando em vários objetos e móveis cobertos de pequenas teias de aranha e pó pelo escuro ambiente. Segura uma lanterna com uma mão e sua pistola com a outra, a câmera acompanhando o feixe luminoso conforme revela cada canto da sala. Até que, subitamente, é visto um vulto humano próximo de uma parede, e a tela logo em seguida mostra a expressão de espanto de Wong, que aponta a arma para a penumbra.

 

ADA – Quem está aí?

 

Focando a área perto da parede, vê-se algo como um jaleco branco vagamente iluminado pela lanterna... E então um tiro, cujo clarão toma o local por uma fração de segundo. Durante o curto período de luz, a câmera consegue mostrar alguém saltando na frente de Wong, empurrando-a para o chão... E recebendo o disparo em seu lugar.

 

A cena torna-se confusa, Ada erguendo-se do assoalho com a lanterna voltada para baixo: a câmera assume a posição da mesma, mostrando primeiro o rosto iluminado de Leon, que morde os lábios e sua, depois passando para seu ombro... Onde, coberto por uma de suas mãos, há um ferimento a bala que mancha seus dedos e uniforme de sangue.

 

ADA – Você...

 

O rosto da mulher é exibido de frente, parcialmente iluminado.

 

ADA – Aquela mulher... Preciso ir atrás dela!

 

A última tomada da cena mostra a sala escura vista de cima, os passos de Wong sendo ouvidos e a luz da lanterna se afastando conforme ela assume o mesmo trajeto tomado pela atiradora misteriosa. A música pára de súbito.

 

Continua...


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