Melissa Narando

Era adrenalina suficiente para matá-lo,eu não queria aquilo,mas fiz por ele,ele não queria sofrer,eu não queria ver ele sofrer,então sofreria no lugar dele,sem ele.O barulho ensurdecedor do aparelho que ele mesmo tinha conectado a si indicava que tudo estava acabado.Guardei a agulha em minha bolsa e o olhei,me aproximei ficando a centímetros de seus rosto,já gelado.Encostei meus lábios nos dele e sai daquele quarto,em meio de muitas lágrimas,com a angustia de só poder  vê-lo em meus sonhos,dele só existir e minha memória,no meu coração.Minhas lágrimas caiam descontroladamente enquanto eu caminhava com a aquela carta na mão,não esperaria nem mais um segundo para entregá-la a Lívia.O relógio marcavam 11:57,entrei na escola e o sinal tocou,diferente dos outros dias ela foi a primeira a sair,quando me viu revirou os olhos,ela deveria revirar os olhos pra vida dela,porque por causa dela Pedro morreu,morreu porque a amava e não suportaria viver daquele jeito,ela não era digna do amor dele,não o merecia,era apenas mais uma menina mimada e tudo que o Pedro fez foi dar a maior prova de amor,e ela o ignorar.Parei na sua frente e ela me fitava com curiosidade,talvez por causa de meus olhos inchados.

-Toma,ele mandou te entregar isso,espero que não faça descaso desta vez,espero que você tenha consciência que tirou de mim a pessoa que eu mais amava,mas ele amava você.—Entreguei a carta da mão dela e sai,não suportaria ficar mais um segundo de frente pra ela.

Narrado em Terceira Pessoa

Após a saída de Melissa,Lívia encostou em uma parede e fitou a carta por um tempo,não havia entendido uma palavra sequer que saira da boca de Melissa.Abriu o envelope e começou a ler inúmeras linhas de uma letra que ela não reconhecia.

“Oi, sim começo com um simples oi, algo que durante muito tempo nunca tive coragem de lhe dizer, foram muitos anos da minha vida esperando você me corresponder com algum sinal, um olhar que fosse, mas isso nunca aconteceu, passava perto de você, sorria de tudo que falava, tentava entrar de forma direta e indireta na sua vida, participar de um pequeno momento que fosse, isso virou rotina, passava mais tempo pensando e me preocupando contigo do que comigo, aquilo já estava me consumindo, não conseguia dormir sem antes imaginar vários momentos ao teu lado que nunca aconteceram, e aqui estou eu no meio de tanta ilusão dizendo coisas para alguém que talvez nem saiba meu nome, me escondi durante muito tempo por trás de uma ilusão achando que em algum momento você iria me dar atenção, eu pretendia ser mais que uma mera pessoa que você revirava os olhos, pretendia ser aquela pessoa que iria te cuidar, te fazer sorrir, olhar em teus olhos e dizer o quanto te amo,mas nada disso ocorreu, prometi a mim que se um dia qualquer uma dessas coisas acontecessem; Um olhar, um abraço, um sorriso sendo eu a razão, você mencionar meu nome, iria queimar esta carta, mas se estás recebendo a carta é porque nada disso aconteceu, e também um dos piores males me aconteceu, com certeza não estou mais vivo, pedi a minha melhor amiga que te desse ela caso eu morresse sem ter tido um momento com você, mas mesmo assim, posso não ter morrido feliz, mas aqui onde estou no momento estou feliz por saber que estás lendo, e um dos meus desejos também irá se realizar diante de um segundo de palavras; Você agora vai saber meu nome, prazer me chamo Pedro.”

 Ao terminar de ler a carta Lívia conseguiu derramar algumas lágrimas,não porque amava Pedro secretamente,e sim porque tratou tão mal quem só queria o seu bem ,quem a amava a ponto de dar a maior prova de amor que pode existir no mundo,a morte.Estava arrependida,e mesmo não amando Pedro,poderia ter evitado que ele tirasse sua vida por alguém que não merecia um terço de seu amor.Ela mesmo.

FIM